julho 22, 2007

Pequenas notas sobre o tópico Companhia S/A Auto-estradas

Santo Amaro se torna bairro da zona sul do município de São Paulo em 1935. É importante saber que no período de 1890 a 1930, tanto São Paulo quanto Santo Amaro eram cidades de hábitos rurais, porém neste período ocorreu a industrialização na cidade de São Paulo, enquanto Santo Amaro continuava com sua economia agrária. Com o advento da construção da represa de Guarapiranga em 1906, e posteriormente com a represa Billings e a retificação dos Rios Pinheiros, Jurubatuba e Tietê, Santo Amaro tem outro valor regional e que muito estava ligado à estrutura de São Paulo.

Não obstante, a região que hoje compreende os bairros todos até próximo do bairro de Campo Belo pertencia ao município de Santo Amaro. Eram regiões rurais e o que hoje se conhece como Avenida Santo Amaro foi a primeira ligação rodoviária ligando Santo Amaro a São Paulo, cortando uma região de fazendas e chácaras. A população paulista e satamarense eram até meados de 1930 bastante reduzidas, ao se comparar com a atual.

Conforme já havia feito uma pequena postagem falando sobre a importância dos rios nas cidades (A cidade e o rio) a questão de projetos como o da Companhia Auto-estradas formataram em muito as regiões da cidade de São Paulo. Numa outra postagem mencionei que a região onde está o parque do Ibirapuera foi cogitada para se construir a sede do São Paulo Futebol Clube, que funcionava no local onde hoje é a sede da Portuguesa de Desportos, no bairro do Canindé. Muitos projetos existiram para muitas regiões de São Paulo. Minha pesquisa acadêmica foca exatamente aspectos da conservação dos antigos centros urbanos, como o de Santo Amaro, onde se podem tirar muitas questões de não planejamento da instalação de projetos de grande porte que geram impactos ambientais e urbanos e estes por sua vez acabam com a identidade urbana.
No caso de Congonhas, é nítido que a cidade sufocou o aeroporto. O que antes também havia acontecido com o Campo de Marte. Assim como aconteceu com as saídas para o litoral paulista (caminho do Mar, Anchieta e Imigrantes). O crescimento urbano de São Paulo é muito maior do que alguém algum dia pudesse planejar, principalmente nas décadas de 1960 a 1980. Assim chegamos a um misto de crescimento desordenado, falta de medidas de planejamento específico, mais conhecidas como “operação urbana”, onde uma das mais conhecidas na zona sul é Operação Urbana Águas Espraiadas, e uma terrível especulação imobiliária. Nada do que a Companhia Auto-estradas fez é pecado. Especulação imobiliária é um negócio e como outro qualquer motivado por ter de um lado uma demanda e por outro uma iniciativa (empreendimento). O problema é isso não ter limites estabelecidos em macro-escala. Construir e vender não é pecado, o pecado esta na falta de critérios para estas construções e a falta de prioridades públicas, ou falta de política urbana. É mais um problema de opção política, às vezes impopular, para garantir um futuro com certas qualidades ambientais. Isso foi comum em todos os paises do mundo, pois o crescimento populacional ocorrido após a segunda metade do século XX, foi mundial. Existem muitas soluções. Basta ter vontade.

2 comentários:

Anônimo disse...

tenho lido tudo !
boa semana !
Adri

João Batista disse...

“Isso foi comum em todos os paises do mundo.”

Outra coisa comum em vários países do mundo são aeroportos sendo engolidos por cidades. No Brasil, Congonhas é tratado como verdadeira aberração. A falta de área de escape é realmente uma aberração. Apesar de existirem outros aeroportos em condição similar, nenhum destes se encontra em uma cidade como São Paulo. Área de escape a parte, KLAX está aí, com uma historia similar: http://en.wikipedia.org/wiki/Los_Angeles_International_Airport

“In 1928, the Los Angeles City Council selected 640 acres (2.6 km²) in the southern part of Westchester as the site of a new airport for the city. The fields of wheat, barley and lima beans were converted into dirt landing strips without any terminal buildings.”

Anos 30, construído no meio do nada.

“Starting in the mid-1990s under Los Angeles Mayors Richard Riordan and James Hahn modernization and expansion plans for LAX were prepared only to be stymied by a coalition spearheaded by residents who live near the airport angry at noise, pollution and traffic impacts of the existing facility. In late 2005 newly elected L.A. Mayor Antonio Villaraigosa was able to reach a compromise allowing some modernization to go forward while efforts are made to encourage future growth be spread among other facilities in the region.”

Mesmo problema para expandir o aeroporto englobado por uma cidade de moradores irritados com a fuzarca…rsrs…No caso de Congonhas, não há expansão possível mesmo, a não ser que o Brasil comece a transformar carvão em ouro.

“On July 29, 2006 Runway 7R/25L was closed for reconstruction until March 25, 2007. The reconstruction was to move the runway 55 feet south to prevent runway incursions and prepare the runway for the next generation of Airbus A380. The newly moved runway also has storm drains, and enhanced runway lighting, something that the other 3 runways do not have. The reconstruction of runway 25L made way for a central taxiway in between runways 25L and 25R. Currently, the central taxiway between runways 25L and 25R is under construction and is expected to be completed in 2008.”

Ao contrário do caso da Infraero que não fez nem uma coisa nem outra, a pista principal foi reformada tanto para atender à nova demanda como para aumentar a segurança. No caso, Los Angeles é atendida por outros aeroportos espalhados pela vasta área urbana da cidade, então o trafego não é concentrado no LAX. Não sei qual é o tamanho de uma pista possível no campo de marte, mas quem sabe o mesmo valeria para São Paulo. Guarulhos para os vôos internacionais, Congonhas para os nacionais e Marte para os regionais. Campinas fica com os vôos de carga. Que tal? Já posso ser diretor da ANAC? Rsrs...

O JFK em New York foi construído sobre um campo de Golfe. Será que haviam subúrbios em torno?

“Construction of the airport began in 1942 with modest ambitions. Only 1,000 acres (4 km²) of land on the site of Idlewild golf course were earmarked for use.”
http://en.wikipedia.org/wiki/John_F._Kennedy_International_Airport
KMIA também foi construido na época e também foi engolido, tadinho.

Mas é claro que outros aeroportos mantiveram-se longe da cidade, ou quem sabe o contrário, hehe. O próprio De Gaulle apenas está próximo de civilização, mas não totalmente cercado. Frankfurt, e Heathrow mantem-se isolados. Como? Proíbe-se a construção ao entorno, simples assim? De qualquer jeito, aberração o pobre Congonhas não é. Só é a pior alternativa.

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