junho 30, 2009

O século XX acabou mais um pouco

Desde o ano da “virada”, entre 1999 e 2000, falamos de um novo milênio, um novo século. Mas tudo ainda estava ainda preso ao período anterior: o século XX... Na música ainda se fazia um misto de recordações dos anos 1960 e 1970, e pouco tempo depois se iniciou aquele período que dura até agora, de recordações daqueles anos 1980. Foi deste período que atualmente ressurgem aquelas canções e bandas, daqueles “anos perdidos”. Tanto no Brasil quanto no exterior foi um momento de exagero, daquilo que já era exagerado nos anos 1970, piorado em muito nos anos 1980. E o principal ícone destes anos 1980 era Michael Jackson, morto na semana passada, aos 50 anos de idade.

Fez carreira de sucesso nos anos 1970, com seus quatro irmãos no grupo Jackson 5, onde, inegavelmente, tinha maior carisma. Um talento que pode ser comprovado pelas inúmeras homenagens que ocorreram desde quinta-feira, 25 de junho, data de sua morte. Dentro de sua discografia, não numerosa, são dez álbuns desde seu primeiro em 1979, destacam-se os dois álbuns Off the Wall (1979) e Thriller (1982), este último simplesmente o álbum mais vendido de todos os tempos. E dificilmente algum outro artista conseguirá repetir este feito. Thriller também inicia uma nova fase, tanto na carreira de Michael, como na história da música ao fazer superproduções para seus videoclips. Ao inventar aquele passo, o Moonwalk, apresentado pela primeira vez em 1983, torna-se além da música uma personagem do mundo da dança, imitado e referenciado inúmeras vezes no cinema. Não à toa sendo considerado o Rei do Pop. Sobre sua vida após o final dos anos 1980, envolta a excentricidades, não tenho muito a acrescentar e ainda há muitos mistérios, talvez nunca revelados. E nunca mais ressurgiu aquela veia criativa daqueles primeiros anos, com uma carreira que se arrastava pelo menos nos dez últimos anos. Reinaldo Azevedo escreveu o melhor texto para retratar o que sentia Michael Jackson em seu interior. Foi mais um momento que terminou deste século XX que tantas personagens correram o mundo; na música, na política, na religião. Não sei se em algum momento trouxe uma mensagem ao mundo, mas a morte de Michael Jackson é mais uma vez um fim para século XX.

A Enigmática não é ficção...

A segunda vez agente nunca esquece...

Cabelos negros e curtos. Nem tão curtos. Uma postura incrível, ereta, corpo perfeito. Dançava a noite inteira, em movimentos discretos. Aquela saia cumprida, pouco além dos joelhos, tão negra quando a blusa que vestia. A pele branca, muito branca; delicada e bem tratada. Um contraste incrível, que até o mais desavisado prestaria atenção. Não sabia que já a havia visto antes. Fora em seu trabalho e a sua simpatia e beleza teriam que ter sido inesquecíveis. Mas foi naquele dia que soube seu nome. Na segunda vez. Inicialmente achei que falava francês... Será o nome francês? Não lembro. As visões daquele diz parecem estar confusas. Mas seu sorriso e o convite meio truncado não saem da memória. Conforme nos conta o bruxo, nem sempre o que deveria ser é. Ou melhor, foi. Talvez seja um dia. Mas a segunda vez agente nunca esquece... Os olhos castanho-escuros e o convite para seu aniversario naquele bar de motivos temáticos dos anos 50 não saem da minha mente. Nem o fato de não ter ido. Naquele dia todos pareciam ter somente olhos para ela. Mas eu fui o único a conversar e ouvir aquela voz. Tudo na esperança de uma terceira vez.

junho 29, 2009

Micro Ondas

Mais um micro conto.
*
Nas ondas daquela lagoa eu me arrastei. Eram enormes, maior do eu. Estava sempre ali na beira prestes a entrar, mas algo me dizia para primeiro aprender a nadar. As ondas sempre batiam nos barcos ancorados. Eram enormes os barcos ancorados. Do outro lado da ilha as ondas eram maiores ainda. As dunas de areia e a cor verde do mar eram diferentes da lagoa do centro da ilha. Tudo era tão grande. As dunas eram gigantescas, tal qual o Everest. Eu tentava me equilibrar e caia muitas vezes naquela partezinha de areia entre os barcos. Detestava. Era meio suja. Não era mole tanto quanto as areias das dunas e do mar verde, onde o vento também me derrubava. Mas lá parecia que a mulher de Zeus pousava suas mãos a me segurar; sentia-me protegido, como se aquela presença feminina estaria lá para todo o sempre.

Certa vez rolei pela duna. Eu e aquela mulher. Ela conduziu aquela pequena prancha verde, preta e amarela, com aquela imagem gravada; uma imagem masculina, porem de cabelos longos encaracolados. Era um dia de muito sol e havia em meu rosto uma pasta branca. Meus braços e minhas pernas eram roliços. Dormi outra vez envolto em seus braços, ao zumbido daqueles ventos. As lembranças são poucas desse tempo, não passando da mulher, dos barcos e do mar verde.

Hoje, vinte anos depois, já com vinte e dois anos de idade, olho para os barcos e eles são tão pequenos. As ondas hoje não passam da minha perna magra, mas continuam verdes, assim como a brisa ainda sopra com força. E nunca soube quem era aquela mulher, que parecia ter vindo de Atenas. De pele branca como as areias das dunas, era também macia e quente. Agora havia mais pranchas lá, nas mesmas dunas, que se mexem e parecem me perseguir. São verdes, pretas e amarelas, com a bela imagem gravada, que para mim não passa do primeiro a ter vida saindo de uma prancha, ainda a cantar Get up, Stand up... Stand up for your rights... Mas a mulher permanece misteriosa. Um mistério, assim como o que transformou em micro ondas aquele maremoto da minha infância. Um dia reapareça e dirá seu nome...

junho 28, 2009

Um sonhador

Hoje vou falar de algo totalmente inusitado. Certa vez estava falando sobre músicas no geral e alguém chegou ao tema da música sertaneja. Não sei nem ao certo como foi que escutei este disco, provavelmente não foi em casa, mas algumas estruturas musicais chamavam atenção. As letras também diziam algumas coisas, outras nem tanto, mas as rimas pareciam muito boas. Depois soube que se tornou um “clássico” do universo sertanejo, justamente por ser o último disco da dupla Leandro & Leonardo, que ao contrario de João Paulo & Daniel, fizeram enorme sucesso em praticamente todas as classes sociais no começo dos anos 1990. A carreira de Leonardo posterior a morte de seu irmão Leandro nunca chegou ao mesmo sucesso. Este disco possui algumas músicas que o cantor Leonardo diz que não podem faltar em seus shows. No caso de João Paulo & Daniel, a carreira posterior de Daniel é de um sucesso muito maior, hoje ele “substituindo” Sérgio Reis em papéis na televisão e no cinema, em suas novas versões.

Não tenho nenhuma simpatia pelo ritmo e nem muito menos pela moda que o consagrou na década de 1990 como um dos mais populares, mas em muitos casos, principalmente no interior é música de sucesso, ou simplesmente a música dominante. São daqueles regionalismos do qual não se tem noção sendo morador do maior centro urbano do Brasil. Assim como também já me falaram que no nordeste há bandas e músicos de enorme sucesso que são desconhecidos por aqui, no sudeste. Tenho que falar do meu ponto de vista, já que não posso supor o sucesso de algo que não tenho contato e nem muito menos tenho simpatia. Ou seja, este é um pequeno e despretensioso texto pautado na produção musical e nas letras que o disco disponibiliza, já que não consigo mensurar o sucesso que este disco possa ter.

“Eu não sei pra onde vou
Pode até não dar em nada
Minha vida segue o sol
No horizonte dessa estrada
Eu nem sei mesmo quem sou
Nessa falta de carinho
Por não ter um grande amor
Aprendi a ser sozinho”

Um Sonhador – Leandro e Leonardo (1998)
A faixa título já dá o ar das letras que mesmo sendo bastante abstrata trata bem do tema. Já certa vez falei aqui sobre as palavras, que nem sempre se consegue dizer o que quer com elas. Talvez seja este o grande mistério da poesia, que pode dizer tudo ou nada, dependendo de todos os sentimentos que cercam aquele universo. Quando musicadas, às vezes, as palavras ganham uma dimensão muito interessante, e, este disco em especial, acaba por ser um daqueles casos em que a seqüência das músicas e a repetição dos refrões parecem se comunicar. De certa forma a música sertaneja tem seu sucesso nos refrões simples e na perfeita mistura entre temas cotidianos de observação assim como certas amarguras de amor, como no caso da faixa título que tenta trazer um universo solitário, onde na cadencia da melodia e no trabalho de vozes tornam esta música muito maior do que até mesmo os autores imaginavam. Não sei quem produziu o disco, mas fez um trabalho muito bem feito, com timbres bons dos instrumentos, além de trabalhar sonoridades para que o fundo do disco não ficasse seco, dois fatores comuns nos discos tanto de axé quanto de sertanejos. Realmente se um dia tiver o leitor de escolher um disco de música sertaneja, opte por este. Existem outros trabalhos muito bem produzidos, caso recorrente da dupla Zezé Di Camargo & Luciano, que também não tenho nenhuma simpatia. Obviamente eu já escrevi aqui sobre o que me conduz em minhas opções musicais e normalmente tenho que recorrer a ele.

Sem lógica; ou melhor, que medo!

Sempre quis falar sobre o Mackenzie. Mas nunca tive, como dizer, uma oportunidade, ou um tema, que não fosse tendencioso ou que não soasse um pouco de petulância. Mas recebi um comentário em que não entendi absolutamente nada. Comparava alhos com bugalhos numa falta total de lógica. Primeiro que o meu texto era um tanto quando polido, como todos que aqui posto; pois, pode não estar escrito na apresentação, mas a primeira questão aqui levada à máxima potencia é a polidez e o simples desprezo por mal educados. Comentários mil já foram jogados fora e não obtiveram resposta alguma de minha parte, principalmente por não entrar de forma alguma em debate algum de natureza nenhuma. Tem gente demais discutindo o mundo hoje... É simplesmente a minha opinião, se é contrario, escreva educadamente e não haverá nunca uma réplica ou resposta. Minha maior contribuição é justamente refletir e não debater. Mas este comentário que recebi é próximo do descabido. Leiam:

Prezado Fernando,
Você quer perder seu diploma de arquiteto e urbanista?

Á princípio, pelo prezado, parece ser polido. Mas ao tratar de comparar algo que encontra no meu próprio texto resposta, fiquei preocupado (pela primeira vez exponho aqui). A postagem que se refere o comentário é Adeus a obrigação do diploma! onde trato polidamente sobre o final da obrigação do diploma de jornalista para exercer a profissão, defendida na carta maior brasileira, a Constituição, que neste ano faz 21 anos de idade, e era ainda uma das heranças do Período Militar de Exceção, a chamada Ditadura. Artur da Távola, como deputado constituinte lutou para atender estes anseios da liberdade de imprensa, entre outros, além de que desde 2006 já não havia a obrigação, consolidada pelo STF recentemente, conforme link na mesma postagem. Esta tudo lá, com fontes e tudo, além de depoimentos que poderia ter sobre os jornalistas que leio. Aliás, aqui nem precisaria ir aos principais, mas só colocaria que não faço idéia da formação do Zeca Camargo, mas com certeza, com ou sem diploma de jornalista continuaria a ler o que escreve e o acompanharia da mesma forma no Fantástico e No Limite (quer dizer, este novo projeto talvez não por se tratar de reality show, que não sou lá muito amigo). Continuo a ler o Marcos Guterman, formado em Jornalismo talvez na melhor escola de jornalismo, a Cásper Líbero. Assim como também continuo a ler o Daniel Piza, formado em Direito, e trabalha desde o começo dos anos 1990 como jornalista, e também continuo a comprar seus livros. Continuo a ler também o Reinaldo Azevedo, que tem diploma de Jornalismo e de Letras, porque escreve muito bem. Nada mudou.

Talvez a birra esteja na possibilidade de um arquiteto escrevendo sobre a não obrigação de diploma de outra área. Área esta que posso dizer não contribui na divulgação e discussão da arquitetura brasileira. E isso posso cobrar dos caros jornalistas; dos com ou sem diploma da mesma forma.

Agora, a comparação com o diploma de Arquiteto e Urbanista é descabida demais, para qualquer que seja a formação do autor do comentário. No meu texto esclareço: “Não se podem confundir uma profissão orientada por uma Ética com uma profissão onde pode haver danos irreparáveis para a sociedade e ao ser humano, como os recentes exemplos das cirurgias plásticas em clínicas clandestinas ou sem médico especializado.” Ou seja, compara alhos com bugalhos. Mas, ao insistir nessa comparação, tendo a falar um pouco do Mackenzie. O Mackenzie foi fundado em 1870, e foi a segunda Faculdade de Arquitetura do Brasil. Tem uma tradição, como se pode notar no mercado de trabalho, muito além de outras faculdades. E teve durante o tempo em que as faculdades de arquitetura e engenharia eram juntas o diploma de engenheiro-arquiteto, que, com a divisão das faculdades em 1947, sendo a primeira faculdade de Arquitetura do estado de São Paulo, a dissolução deste diploma. Mas os formados com este diploma, nunca “perderam” seu diploma. Inclusive, se vivo ainda estiverem, trabalhariam da mesma forma. Este era o diploma de Oswaldo Arthur Bratke, um dos maiores arquitetos brasileiros, que se formou no Mackenzie nos anos 1930 e trabalhou até o final de sua vida nos anos 1990. Se o autor tivesse o mínimo conhecimento disso, saberia, que, por exemplo, o jornalista Cásper Líbero (1889-1945) conhecia de perto esta história tendo se formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco... Ou seja, ao falar de tradição universitária, posso dizer que o Mackenzie e sua Faculdade de Arquitetura parecem ter uma história um tanto quanto mais profunda do que qualquer curso de Jornalismo no país, inclusive o da própria Universidade Presbiteriana Mackenzie... Por isso já seriam alhos com bugalhos, e sem lógica alguma a comparação. Isso porque ainda poderia perguntar qual o papel da imprensa durante a idade média, ou no Império Romano, só para talvez colocar onde a categoria das artes e ofícios se coloca como real produtora da História Mundial. Entendo que é informação demais para quem defende um artigo da Ditadura Militar (1964-1985).
Mas o pior de tudo é que parece não ter sequer lido meu polido texto até o final. Se o leu, o leu muito mal, o que me deixa preocupado. Preocupado porque em nenhum momento falei em perder o diploma. De onde poderia vir tal aberração? A não obrigação não afeta os cursos, conforme escrevi: “Agora dizer que o diploma de jornalista não é necessário, não quer dizer que o curso deva desaparecer, mas é necessária revisão educacional no curso.” Esta revisão é feita o tempo todo nas áreas de informática, administração e até mesmo (com certeza com menos dinamismo) nas áreas de engenharia, tecnologia e arquitetura. Agora pergunto: você leria um jornal feito por não jornalistas? Se fosse bem escrito, por que não? Agora você se consultaria num feiticeiro e marcaria uma cirurgia plástica com ele? Ou construiria um edifício de 111 andares com um arquiteto ou engenheiro sem formação? Uma categoria de artes e ofícios, assim como categorias superiores, tais como a Medicina e o Direito, tende a carregar consigo conhecimentos específicos demais para que um não iniciado possa revelar ter. E isso não é de hoje. Se possuísse o autor do comentário o conhecimento sobre as artes liberais do trivium e do quadrivium, e sobre as artes superiores, com as titulações de doutores em artes liberais, saberia de onde vem este atual sistema de titulações. Por sinal o mundo não foi criado no século XX e a tradição normalmente foi o maior incentivo a transgressão e a liberdade. Entendo que normalmente um curso acadêmico como o de arquitetura, onde há um ofício a ser aprendido, é de difícil entendimento aos não acostumados a pensar numa cultura um pouco maior que o século XX.
E pela primeira vez respondo a um comentário em meu blog... Como dá trabalho... Poderia estar falando sobre cinema, televisão, arquitetura, matemática, filosofia e comportamento, ao invés de, plagiando Reinaldo Azevedo, dar aulas de Massinha I... E mais: acabei de lembrar que o arquiteto Zanine Caldas não tinha diploma de arquitetura, assim como, se não me engano, Tadao Ando também não. E quem falaria um “a” sobre isso?

Brasil tricampeão da Copa das Confederações

Numa partida que poderiam ser duas, pois no primeiro tempo perdia por 2 x 0 e no segundo tempo se consagra campeão com 2 x 3, sendo dois gols de Luís Fabiano e um de Lúcio, terceiro título da Copa das Confederações. O ponto mais inacreditável é que Dunga, tetracampeão de 1994, se mantém no cargo com mais um título. Acompanhei por aqui a partida, postando quatro vezes sobre esta final de hoje (1, 2, 3 e 4). Estava preocupado com uma derrota tal qual a de 1999, em que o então técnico Emerson Leão perdeu seu cargo com a derrota na final para o México. Não foi um jogo fácil, mas ao passo do gol de Luís Fabiano, aos 39 segundos do segundo tempo, o Brasil retoma a confiança para a vitória. A participação de Robinho em todos os jogos que assisti foi abaixo do esperado. Por incrível que possa parecer, a seleção brasileira parece estar mal justamente por falta de ataques.

Bem, parece uma nova época mesmo no futebol. Uma época em que goleiros começam a ser estrelas, como Julio Cesar; os Estados Unidos chega a uma final de campeonato no futebol; Dunga, grande jogador e capitão da seleção de 1994, sem nenhuma experiência anterior como técnico já conseguiu mais títulos na seleção brasileira que Wanderlei Luxemburgo, um dos técnicos com mais títulos no futebol brasileiro (aqui)...

Luis Fabiano: o nome do jogo!

Aos 39 segundos fez o primeiro gol. Acaba de fazer o segundo, aos 28 minutos do segundo tempo, depois da entrada de Daniel Alves e Elano, depois de um gol não considerado...

39 segundos...

Luis Fabiano diminui... 2 x 1 até o momento... E dizer que a Copa das confederações não emociona...

Boca Maldita!

Até agora os Estados Unidos vencem de 2 x 0... Mais uma vez o Brasil se deixa levar por uma seleção menor (a outra vez foi contra o México em 1999).

Copa das Confederações: a final...

Hoje é a final da Copa das Confederações, onde Brasil e Estados Unidos farão a final. Deste campeonato todo, do qual assisti mais jogos da seleção dos Estados Unidos que até mesmo do Brasil, acabou por dar uma zebra na final: os Estados Unidos! Passaram na semifinal pela Espanha, considerada a melhor seleção do momento, ganhando ainda de 2 x 0. África do Sul, na mesma semifinal, perdeu para o Brasil num gol emocionante de Daniel Alves aos 43 minutos do segundo tempo, e o técnico Joel Santana não conseguiu a superação... O detalhe: Daniel tinha entrado em campo fazia 5 min. Dos outros times nada tenho a falar, além do Egito, que jogou razoavelmente bem, porem não se classificando. As duas grandes zebras foram a África do Sul e os Estados Unidos, se classificando junto com o Brasil e a Espanha para as semifinais. O Iraque, assim como a Nova Zelândia, nem sequer assisti aos jogos, para saber se poderiam ser melhores ou piores que o time da casa. Foi uma surpresa os Estados Unidos se classificarem, tendo no mesmo grupo Itália e Egito. Porém, depois do jogo com a Espanha, o Brasil que se cuida na final... Será a primeira vez que os Estados Unidos podem ganhar qualquer coisa no futebol...

junho 25, 2009

Na livraria...

Ao passar pela Livraria Cultura, do Conjunto Nacional, acabei por me deter em uma porção enorme de livros. O principal lançamento destes últimos tempos foi o livro de João Pereira Coutinho, Av. Paulista. Ainda não posso dizer nada do livro que é a reunião de crônicas escritas para o jornal Folha de São Paulo. É a reunião em forma de livro daqueles textos que passaram pelas páginas do jornal nestes últimos anos. Já tinha saído em Portugal e agora chega ao Brasil. Não é uma fórmula nova, já que este tipo de reunião, organizada pelo próprio autor, é bastante recorrente nestes últimos tempos. No passado se esperava pela morte do autor e faziam aquelas antologias enormes, em volumes. Acho esta fórmula muito mais interessante, já que trata de organizar também o pensamento do autor. Quando acabo por destacar este livro primeiramente, o trato por minha vontade em ler mais sobre o João, que já escrevi alguma coisa por aqui. No terceiro volume da revista Dicta & Contradicta também tem um artigo de sua autoria. Quando nos interessamos por um autor, acabamos por conhecer tantos e tantos veículos em que este se apresenta...

Continuando meu passeio pela loja, não poderia deixar de citar os vários livros de Philip Roth, como Indignação, recém lançado no Brasil. São tantos títulos que nem saberia por onde começar a lê-lo.

Há também os relançamentos: Lygia Fagundes Teles com As Meninas e Antes do Baile Verde. Tenho enorme vontade de ler a obra de Lygia. As meninas fez parte da minha bibliografia para a FUVEST. Há também relançamentos da obra de Zelia Gattai, com Anarquistas, Graças a Deus. Ao contrário de Lygia não tenho muita vontade em conhecer toda a obra de Zelia. Tem horas que temos que escolher o que não ler. Assim como o relançamento de O Capital, algumas leituras vão demorar muito para me interessar. Como certa vez João Pereira Coutinho disse, como pode ago de 150 anos ainda ser “vanguarda”? Só entendo essa “vanguarda” quando penso no livro de Diego Casagrande, A Vanguarda do Atraso.

Fora destes embates políticos, que sangram na literatura brasileira, a literatura estrangeira tem seus best sellers de outras tendências. O caso mais espetacular do momento é justamente o de Stephenie Meyer e sua Twilight Saga. O quarto livro acaba de chegar às livrarias. Estive pensando justamente nesta demora para este lançamento. Não acompanho há muito tempo a série, mas em dezembro consegui os dois primeiros volumes, Crepúsculo e Lua Nova, a um preço bem interessante. Em janeiro foi o lançamento de Eclipse, ao mesmo passo em que Crepúsculo estava nos cinemas. Não assisti ao filme. E agora em junho lançam Amanhecer. Sempre gostei de histórias de vampiros, mas a de Stephenie tem um ritmo interessante, mas como Zeca Camargo escreveu certa vez sobre outro livro, mas que se aplica bem neste caso, a série poderia ter livros menores, mais compactos, cortando certas partes da história. Mas quem sou eu para falar de Stephenie Meyer? Conseguiu ela vender suas histórias por todo mundo. Tenho curiosidade em ler seu livro e ficção científica The Host. E por seu site parece ter uma visão do vampiro Edward num quinto volume sugerido chamado Midnight Sun. Basta esperar.

Quando se fala em Meyer sempre fica alguma comparação com o mestre do terror Stephen King. E sobre outra campeã de vendas J. K. Rowling. E ainda vou mais longe: Anne Rice. King ao falar de Meyer simplesmente parece deixar claro que não se interessou muito pela saga. Compará-lo com ela seria uma besteira, pois os livros de Meyer nada têm de mistério ou de terror; são livros de ação e de um romance que só poderia estar na ficção, mas com pitadas de outros autores, até com certa tendência a uma análise metafísica de Bella Swan. Já a escritora de já clássico Harry Potter, o menino mágico, é carregada de pequenos mistérios e de ação, de uma criatividade impressionante. Não acompanhei todos os livros e nem os filmes, mas é nítido que a inspiração da autora está nos contos lendários de origem celta e outras abstrações da idade média. Agora Anne Rice. Uma escritora que venho desde 2002 conhecendo pouco a pouco. Quando seu livro da década de 1970 foi transformado em filme nos anos 1990 – Entrevista com Vampiro – a legião de fãs de todas as histórias de vampiros se mobilizou para iniciar uma verdadeira cultura sobre o tema, que tem variações musicais, visuais e de comportamento, além das literárias. Neste caso Meyer seria uma extensão desta cultura; uma parte dela, um produto.

Talvez eu seja um grande entusiasta de culturas novas (o termo seria sub-cultura pop urbana). Pois da mesma forma que acho interessante, sem, no entanto, tomar partido além da leitura, existem outras sub-culturas que praticamente tenho pouco conhecimento, mas cada vez mais vem tomando conta das produções atuais. Os quadrinhos talvez sejam as que têm maior vertente, com os lançamentos da Marvel nos cinema, tais como X-Men, Homem de Ferro, Homem Aranha, ou mesmo no caso dos quadrinhos adaptados ao cinema como Watchmen e Sin City. Existe ali mais do que a simples especulação de uma ficção científica, há quase a criação de universos completos.

Voltando ao passeio pela livraria, parece que hoje os livros voltaram a ocupar lugar de destaque, não importando a temática. A área de DVD´s e CD´s parece estarem perdendo parte de sua presença, tão marcante nos anos 1990 quando surgiram no Brasil estas grandes livrarias, cujo termo em inglês parece ainda sem tradução: megastore. E o efeito disso é multiplicador. Não há quem hoje não saiba do valor da informação e da cultura, pelo menos dentro das classes que tiveram acesso mínimo. Inclusive, acho esta vertente dos HQ´s uma fonte incrível de propagação de cultura.

Pelé e Andy Warhol em 1977.
Daria para também iniciar um breve debate se esta facilidade de acesso acabou por banalizar a cultura e por baixar a o nível médio. Mas escapando disso e colocando como pré-condição que toda a vanguarda influencia um pequeno número de agentes, existe para mim ainda uma questão maior não resolvida: se algo que é elitizado e de vanguarda consegue ser popular e campeão de vendas? Esta pergunta me consome não somente quando faço um breve ensaio sem maiores pretensões como este, mas também quando busco questões profissionais ligadas a arquitetura. Logo nos primeiros anos de faculdade me impressionei muito com a obra de artistas da classificada vertente pop art, entre eles em especial com a obra de Andy Warhol, quando de sua obra exposta na XXIII Bienal de São Paulo, em 1996. Desde então já passei por fases em que gostava mais e em fases que gostava menos dessa vertente. Nos últimos tempos venho tentando ler a parte “acadêmica” desta vertente, como sempre, num trabalho entre curiosidade e busca de um caminho. Mas ainda não consegui chegar a uma conclusão. E ficam as questões.

junho 23, 2009

O show do milhão!

Acabo de ler no blog da Cristiane Padiglione que Gugu parece ir para a Record. Isso pouco interessa. Não gosto do senhor Augusto Liberato. Prefiro o “menino” Celso Portiolli. Mas isso não é importante; ou melhor, só interessa ao Gugu que vai levar três milhões de salário. Mas o que é realmente importante é a risada do homem do baú.

Segundo Padiglione, Gugu parece ir para a Record mesmo; mas parece que Justus e Eliana vão para o SBT. Eliana também pouco interessa, acho até que já escrevi sobre ela algumas palavras por aqui. Mas Justus, este sim, me interessa e muito! Não ele propriamente dito não, logicamente, mas seu programa O Aprendiz. Sempre disse que O Aprendiz era uma fonte incrível de patrocinadores. Nesta ultima temporada assisti a quase todos os episódios - só não assisti à final. Achei uma ótima forma de renovar o programa com os universitários, mas que eu saiba a Record já anunciava O Aprendiz 7. E agora como ficará?

Realmente o homem do Show do Milhão não para. E sua risada foi melhor até agora, pelo menos.

OBS: Nem tinha em conta quantas vezes já havia citado a apresentadora Eliana por aqui. São no mínimo quatro textos, sendo um que acabo de relembrar de uma entrevista que fez com Sandy & Junior; em outros dois falava sobre programas específicos, da Rede Globo e ela entrava como simples menção (aqui e aqui). No último ela até aparece no título (aqui)... Todos datam de 2007.

Olhos Negros

No começo deste ano participei do concurso de contos da Livraria Cultura. O texto básico surgiu deste conto que publico agora na integra. A versão final tinha que ter somente 2000 palavras. Este passa longe dessa marca...

Escrevi este texto pensando na Virada Cultural, e o nome veio de uma música do folclore russo, muito conhecida pelos descendentes da comunidade.
Olhos Negros
Ando pela cidade na madrugada. Uma noite agitada, culturalmente agitada. Virando vinte e quatro horas, com seções de cinema, palestras, tudo acontecendo no meio da madrugada. Nada melhor para acabar com a insônia causada por aquela rotina cansativa de trabalho daquela agência de publicidade, que começa com o sol a nascer e termina quando a Livraria Cultura já está fechada.

Mas a ansiedade daquela noite era diferente de outras viradas culturais. Haveria uma película em especial que seria apresentada no Teatro Eva Herz. Como de costume, nenhum amigo estava disposto a assisti-la. Amigos; ao se tratar de programas culturais a grande maioria simplesmente evapora. Como diz uma amiga, nada melhor que a pizza após o cinema, dispensando o primeiro.

Lá estava eu sozinho, já andando por dentro condomínio projetado por Libeskind, já vendo ao fundo a entrada da livraria, quando vejo em minha direção uma pequena jovem, de pele muito branca, cabelos castanhos escuros lisos e longos e aquele par de olhos negros. Vestida com um belo vestido em forma de tubo, em tom vinho, segurava um bolsa com motivos indianos e uma pequena sacola da Livraria Cultura, contendo um exemplar de Anne Rice e algum outro livro não conseguindo identifica-lo tão rapidamente. Num piscar de olhos, muda ela de direção e vai seguindo na minha frente de volta a livraria. Nossa distancia diminuiu, e consegui identificar o segundo volume: Notas do Subterrâneo.

Seguimos praticamente lado a lado até adentrar a sala, no piso superior, sentada ela numa das ultimas fileiras e eu numa das primeiras, já que os óculos pedem a tempo uma revisão geral. Durante toda a projeção da película tive a impressão de que ela não assistia ao filme, olhando fixamente para mim. No início achei que era paranóia e tentei me controlar, mas ao meio da projeção transpirava, num sentimento ambíguo entre medo e emoção, torcendo para que terminasse logo tudo aquilo. Minha noite de prazer tornava-se um transtorno.

Ao fim da projeção olhei para o fundo, coisa que tive receio por todo o tempo, e lá estava ela, sentada, enquanto todos a sua volta estavam já em pé. Estava disfarçando, anotando algo num pequeno caderno, não conseguia ver do local em que estava. Logo se levantou e saiu da sala. Saí então pausadamente, como que preocupado com o que poderia acontecer na minha saída. A fome que sentia desapareceu, a pizza já estava noutra dimensão. Tratei de voltar logo para casa, desmarcando no caminho as outras atividades com os amigos e como que por milagre dormi rapidamente ao me deitar. No dia seguinte haveria uma reunião na agencia, sobre uma campanha de palitos de dente.

Uma noite incrível - bem dormida; acordei relativamente cedo e fui para a agência como um estagiário vai para seu primeiro emprego, nem parecia ter passado os quinze anos desde o final da faculdade e aquele sábado. Ao chegar, já estava tudo pronto para a reunião, o material sobre a mesa e a apresentação já testada e no ponto. Já sentado na mesa, os representantes do cliente e os redatores, o diretor de arte diz ter uma surpresa. Nada poderia ser mais surpreendente do que ver aqueles olhos negros entrar na sala de reuniões sendo apresentada como a nova modelo para as caixinhas de palitos. Fiquei atônito e ela exclamou numa suave voz de veludo:

- Olá, não era o senhor na Livraria Cultura ontem à noite? Te vi no momento em que eu anotava os créditos...

Alona Tal

Kristen Bell e Alona Tal em Veronica Mars

Certa vez falei sobre a série Veronica Mars e, conseqüentemente, sobre a atriz principal, a pequena Kristen Bell. Mas durante a escolha da atriz que faria personagem principal, uma jovem atriz israelense, e também pequena, se destacou tanto que acabou por ganhar um papel na série. E um papel incrível, tanto do ponto de vista dramático quanto a respeito do questionamento social. Esta foi Alona Tal, que representou Mag Manning na série Verônica Mars. Mais que este destaque, acabei por vê-la praticamente nos últimos meses, em que venho acompanhando as séries na TV aberta, em participações especiais em outros seriados, tais como Supernatural e Cold Case.

A pequena Alona trabalha muito bem. Tem um ar de garota delicada, frágil, mas seus personagens são bastante fortes, mesmo nas pequenas participações. É um rosto marcante, ou seria eu a gostar destas personagens secundárias? Não é a primeira vez em que aprecio pequenas participações de atrizes pouco conhecidas. Mas como dizia um professor de educação física do colégio, o Pelé não jogava sozinho...

O interessante é que em seu site, Alona fala de sua paixão pela música. Fez também parte de outras séries, gravadas em Israel. Desde que se mudou para os Estados Unidos vem tendo uma carreira com boas participações nas séries televisivas, mas ainda não fez um filme de destaque. Interessante ver que tanto Alona como Kristen parecem ser mais jovens que parecem. Alona realmente é mais jovem, tendo nascido em 1983. Já Kristen Bell nasceu em 1980. Mesmo assim, para serem protagonistas de uma série adolescente, estavam pouco acima da média. Por exemplo, Sarah Michelle Gellar ao representar Buffy tinha somente 20 anos de idade.
Alona em Supernatural
Quando falo de um futuro começo a refletir se realmente Alona terá mais destaque neste meio artístico tão competitivo. Minha torcida é grande e sempre existe espaço para todos. Mas fico a pensar em quantas atrizes já passaram pelas telas e me marcaram e quantas ainda passarão, além das que passaram e nem sequer consigo lembrar. Mas espero que Alona possa participar de um filme de destaque, uma nova Demi Moore, em que o primeiro papel era frágil e delicada (Ghost) e em Striptease já era forte e evidente! Que evidencia, diga-se... Sei lá porque lembrei de Demi Moore, já que nunca prestei atenção nela, mas seus filmes sempre eram muito comentados.

O mais engraçado foi a inspiração desta postagem. Fiquei feliz de ter ganhado uma nova leitora, que possui o blog Lua de Ouro, onde acabei por ler um texto sobre a série Supernatural, que não sou assíduo espectador e nem tenho nenhuma maior ligação. Porém, ao assistir um episódio com Alona, adorei sua participação. Também aconteceu que na mesma época, acompanhava Veronica Mars e acabei por ver também um episodio de Arquivo Morto (Cold Case) em que Alona era “o antes” de uma personagem. Não tenho como terminar esta postagem sem dizer que Alona Tal tem uma beleza que me inspira; uma gata! Acho que ter um rostinho bonito é importante, mas ela, além disso, também trabalha muito bem.

A praga das equações

Eu costumo usar a expressão “equação” para definir certas situações do cotidiano que tem começo, meio e fim. Coisas como entrevistas de emprego, dinâmicas de grupo e todo aquele teatro em que os recursos humanos acreditam realmente poder “avaliar” os candidatos. Afinal, para que ser objetivo e examinar características de meritocracia, se a subjetividade tem todo o mistério da alegoria substancial das emoções humanas? É a velha discussão ente substância e essência.

Minha ira aos profissionais dos recursos humanos veio de uma matéria da revista Você S. A. em que se afirmava categoricamente que nunca eles poderiam ser seus amigos! E, claro, por causa da arrogância de uma dita “psicóloga” que tentava avaliar os nomes dos escritórios em que trabalhei como se fossem “amigos” meus... E os cursos então? Ela deve ter imaginado que Aldo Rossi era um colega meu de faculdade... Ou como certa vez, numa entrevista, a psicóloga não tinha idéia de quem era Jack Kerouac, de On the Road – Pé na Estrada; Então, para quê pediu para falar de um livro marcante? Achou que ia falar de Onze Minutos? Certo que fiquei impressionado quando uma concorrente citou Ensaio sobre a Cegueira. Não por causa do livro, que é duro, triste e tem um argumento realmente marcante, mas em que ele modificou a vida dela? Eu posso dizer que fiquei talvez mais inconseqüente com a minha escolha, o que é péssimo do ponto de vista profissional, mas maravilhoso do ponto de vista criativo (caso específico da vaga). Mas com o livro de Saramago como a menina pode ter mudado a vida? É uma equação que não fecha para mim. Não há como somar as partes e chegar a um todo. Não há como ter um delta diferenciado. Ela enxergou melhor a vida? Seria isso? Bem, ela foi embora antes de mim do processo seletivo... O que não me diz grande coisa... Nem sobre a concorrente e nem sobre a psicóloga.

Mas voltando as equações, tive uma emoção sem limites com certa psicóloga. Era uma avaliação em grupo em que tinha que expor minha vida em cinco minutos. Fui tão prolixo que ao término tive ainda que falar mais cinco... Depois fui para uma avaliação individual em que minha resposta a uma determinada questão foi tão verdadeira que em menos de dois minutos estava falando que deveria vestir um terno para a próxima etapa... Etapa esta que acabei por passar no último minuto. Se fosse num jogo de futebol diria que fiz um golden gol no segundo tempo da prorrogação... Para ser eliminado na quarta etapa, por um excelente candidato, que continha uma experiência imbatível no ramo específico daquela empresa. Uma equação que fechava.

Fico feliz quando as equações fecham. Nem que sejam pelos mais absurdos motivos. Certa vez achei que um colega de trabalho estava a falar de algo um tanto quanto sem valor, uma ironia, uma brincadeira. Mas não: falou com certa postura e de forma simples e clara, que poucas vezes talvez tenha oportunidade de ouvir novamente. De tão simples desconfiei. Um erro. Mas era outra equação que fechava em todos os graus possíveis. Talvez tenha eu que perder certa emoção e tentar ser mais racional possível. Talvez enxergue melhor as equações, essas pragas que nos cercam de tantos lados...

junho 22, 2009

Mais um mini-conto!

Todo dia, toda hora, todo minuto

Ela era a mulher certa para o dia errado. Tudo nela estava certo: a altura, os traços fortes de origem eslava, o rosto arredondado e os olhos da cor do céu; da cor do mar. A altura talvez elevada, era um diferencial daquela marcante e bela senhorita de botas negras e óculos escuros. Estava tudo certo se não fosse aquela água, da chuva fora de hora. Um traço dissonante era exatamente a cor escura de seus longos cabelos, que com o vento pareciam a dançar uma polca; a polca dos deuses. Sim, deuses também dançam polca além de valsas. Pestana não precisaria se acanhar...

Porém era como houvera dito: o dia errado. O que poderia ser não foi. O que era deixou de ser. O que um dia poderia ser ainda pode... Por que não? Mas não foi aquele dia. O dia era noite e a noite era negra. Tão negra quanto a escuridão da visão de um cego. Um dia errado. Pronto. Estar preparado todo dia, toda hora, todo minuto passou a ser seu lema a partir de então. E depois da chuva, a vida renasceu. Nascia então a nova polca do amanhecer. Mas ainda não era a valsa que Pestana tanto esperava... Seria outro dia errado? Não; só mais uma vez a prova de que a surpresa não poderia vir de onde não haveria de ser.

junho 21, 2009

Uma frase...

Estava assistindo a um programa, num canal estranho, daqueles que apelidei de TV Traço, que sempre dão traço no Ibope, em todos os programas, e vi um filosofo falando. Já havia visto um programa com ele, muitos anos atrás. Tratou de falar sobre temas semelhantes, tais como o enigma da Esfinge. Foi com ele que fiz a primeira incursão filosófica sobre o enigma da Esfinge. Uma avaliação incrível que até hoje levo comigo. Na verdade a primeira incursão foi no livro O Mundo de Sofia. Mas de tão estranha e rasa que foi, que até aquele programa nunca tinha feito a devida ligação entre uma coisa e outra. Numa aula, a pouquíssimo tempo, o enigma volta à tona, principalmente por causa do tema da aula que tratava da trilogia tebana. Mas neste segundo programa o filósofo, que não faço idéia de seu nome, tocou novamente na questão do enigma, mas foi mais um pouco mais além. Colocou uma frase, somente uma, que valeu por todo o programa. Era mais ou menos assim: Para uma vida só necessitamos de um único mandamento: nascer com dignidade, viver com dignidade e morrer com dignidade. Bem, somente para terminar, ele fala que dignidade é um valor absoluto, que não há relativismo cultural a respeito. Incrível que o mesmo filósofo aparece tantos anos depois e continuo sem saber seu nome. Para mim é um sofrimento não saber quem era o autor destes pensamentos que me fizeram refletir tanto em tanto tempo.

junho 20, 2009

Comer mal em São Paulo...

A arte de servir bem um prato de coisa valorizada no mundo inteiro. Também a arte de se servir porcaria de forma refinada é algo mundialmente famoso. Por mais que se possa falar mal do hambúrguer americano, este dificilmente é uma porcaria sem sabor. Claro, não falo daqueles hambúrgueres industrializados servidos de maneira rala. Mas falo principalmente das lanchonetes famosas. Sempre tem um sabor. Mesmo quando o pão não é o melhor exemplo, a carne costuma ser de boa qualidade e os ingredientes também.

Agora a arte de servir mal é coisa realmente especializada. Servir mal e algo com gosto discutível é a marca de certa rede de cafés de São Paulo. Um atendimento que tende a ser pior do que outra rede, agora de especialidades árabes (um tanto quanto suspeitas), que tem já como especialidade a arte de servir mal, mas pelo menos o preço vale o serviço. Agora, pagar caro por algo ruim e ser mal servido? Só nesta rede de cafés mesmo...

Titulação, certificação e diplomas

Falei abaixo sobre o fim da obrigatoriedade do diploma de Jornalista, mas não deixei claro outra questão: as diversas titulações e o momento atual de certificações. A não obrigação deste diploma não significa que qualquer um possa escrever; justamente o contrário: quem deve escrever é quem tem o que escrever, não importando seu diploma.

Existem áreas como a de informática onde os cursos superiores não conseguem suprir a demanda de novas tecnologias. Mas isso não significa o fim destes cursos; novamente, muito ao contrário: o curso tende a reforçar questões profissionais, tais como Ética, organização, administração, língua portuguesa, inglês (língua estrangeira) e tenta (muitas vezes mal sucedidamente) colocar questões de educação, metodologia e tudo aquilo que se pode dizer complementar as tecnologias de aplicação, estas conseguidas com cursos específicos.

O curso de Jornalismo tem igual valor neste sentido, assim como o curso de Administração. Agora, as inúmeras certificações, titulações, etc. de que valem sem o conhecimento comprovado destas? É o que sempre digo a respeito dos cursos de MBA, onde o conhecimento adquirido faz muita diferença nas aulas, onde o questionamento pessoal e a experiência administrativa dentro de corporações, a troca destas entre os colegas, faz mais diferença que o aspecto acadêmico e a titulação, certificação, etc. Hoje existe um momento em que praticamente virou um modismo cursar uma pós-graduação. Isso só mostra mais as deficiências dos cursos de graduação do que uma “evolução” na educação superior. Ao mesmo passo, os cursos livres vêm ganhando cada vez mais adeptos. Estes sim são os cursos de quem realmente tem interesse nos assuntos estudados e onde se encontra o verdadeiro ganho cultural, cada vez mais valorizado neste nosso tempo. Ou seja, não é a titulação que faz diferença – e nunca fez – mas o conhecimento adquirido e a experiência.
Lógico que estudar nas instituições de elite pode fazer diferença. Lá, não muito estranhamente, também vão se encontrar os melhores professores e provavelmente os melhores recursos, assim como os alunos mais interessados... Isso só prova que de onde não se espera nada, nada poderá vir mesmo... Contrariando certas expectativas desses tempos atuais...

Adeus à obrigação ao Diploma!

Estou a dias pensando na questão principal que envolvia a defesa do diploma do curso de Jornalismo. Não sabia quem era favorável e quem era desfavorável, dentre os jornalistas que leio. Só sabia quais eram suas formações acadêmicas. O que dava uma pista que a minha opinião não seria nenhuma ofensa a eles.

Não acho que o diploma de jornalista é importante para o bom desempenho dos profissionais da comunicação. Para ser mais exato, acho o curso “genérico” demais e um abuso para dar resposta a certas questões técnicas. Textos jornalísticos sobre arquitetura são, em muitos casos fracos, rasos e pobres de conceito e de repertório. Assim como certos arquitetos quando escrevem acabam por se tornar sociólogos, muitos jornalistas acabam por entender conceitos bastante amplos de forma genérica. Não é o caso do arquiteto Sérgio Teperman que escreve mensalmente nas páginas de AU. Tenho colegas que não gostam de seu texto, mas nunca vi ninguém falar que ele escrevia mal. Há outros arquitetos que escrevem muito bem, mas acho que as palavras de Daniel Piza colocam a questão de forma mais abrangente: “(...) Pode ver que temos arquitetos de projeção internacional, a começar por Oscar Niemeyer, mas não temos críticos de arquitetura de porte equivalente. A culpa não é do trabalho de pessoas como Lauro Cavalcanti, Hugo Segawa ou Fernando Serapião, mas da falta de interesse da sociedade em geral, da mídia e das editoras em particular. Não temos Kenneth Frampton, Giulio Carlo Argan, Lewis Mumford – não temos um pensamento sobre arquitetura e seu papel na vida urbana e no desenvolvimento humano. (...)“ (texto completo)

Agora dizer que o diploma de jornalista não é necessário, não quer dizer que o curso deva desaparecer, mas é necessária revisão educacional no curso. Como Marcos Guterman escreveu, “(...) um semestre na História tem uma bibliografia básica mais extensa do que quatro anos de Jornalismo, de longe.” (texto completo). Ele é formado em Jornalismo e em História. Agora, confundir isso com a eliminação de diplomas de outros cursos é uma aberração. Não se podem confundir uma profissão orientada por uma Ética com uma profissão onde pode haver danos irreparáveis para a sociedade e ao ser humano, como os recentes exemplos das cirurgias plásticas em clínicas clandestinas ou sem médico especializado. Falar que um arquiteto ou um médico possam informar melhor os leitores de um jornal sobre medicina ou arquitetura, ou até mesmo sobre cinema, não é nenhuma barbaridade. Isso me lembra a introdução de Stephen King, em Sombras da Noite, que sempre escuta de leitores a grande vontade de serem escritores; e que responde dizendo que sempre quis ser neurocirurgião... E vai além: diz que para ser escritor é só começar a escrever; porém, não recomenda o mesmo caminho a quem deseja ser neurocirurgião...

O melhor de toda esta liberdade é que muita gente incompetente vai perder seus empregos... Muita gente que “assina” textos dos até então “não permitidos” a escrever nos veículos de comunicação. E muita gente vai poder mostrar o rosto. A minha esperança é que a cultura continue a ganhar com a liberdade de expressão. Já havia escrito sobre este tema antes (aqui) e fico feliz com a decisão tomada esta semana pelo STF que derrubou a obrigatoriedade do diploma de Jornalista.

Jeff Scott Soto

Foto do show de Jeff Scott Soto no Blackmore (São Paulo 19/06/2009)
Tive o prazer de assistir ao show do cantor (ou poderia dizer multi-instrumentista, front man) Jeff Scott Soto! O show aconteceu nesta sexta-feira, dia 19 de junho no Blackmore Rock Bar (ou sei lá como chama exatamente o local). O show foi regado a muito hard rock da carreira solo e alguns hits conhecidos, como Crazy, de Seal. Os músicos que o acompanharam foram incríveis, principalmente pelo trabalho vocal de praticamente todas as músicas apresentadas. Só discordo de sua comemoração ao Los Angeles Lakers...

Bem, esta foi a segunda vez que assisti a Jeff Scott Soto no Brasil, e quase sete anos depois ele continua com a mesma garra e técnica vocal. Jeff me acompanhou na adolescência, com um vídeo de 1985, ao lado do guitarrista Yngwie Malmsteen, com quem gravou dois álbuns – Rising Force (1984) e Marching Out (1985). Depois Jeff excursionou com o Queen, Journey entre outros projetos.
O próximo show agendado no Blackmore Rock Bar é do cantor Graham Bonnet. Este é outra lenda que almejo assistir.

junho 18, 2009

Revisitando Seixas...

Como é do conhecimento de meus amigos próximos, nunca gostei da obra musical de Raul Seixas, mesmo citando a cada tempo o tema de Metamorfose Ambulante e tendo no meu iPod além desta outras como Maluco Beleza, Tente Outra Vez, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, Gita e Sociedade Alternativa. Mas havia um disco que estava sempre em casa. Sim, um disco de vinil. E tinha também, ainda na Brasília branca (meu pai teve duas Brasílias: uma branca modelo 1976 e outra amarela modelo 1978; entre 1977 e 1981, quando comprou um “possante” Passat... Hoje parecem carros de filmes “Sala Especial”) uma fita K7 do mesmo álbum. Os dois desapareceram. Diziam que a fita era de minha tia e o vinil emprestado... Lembro bem pouco desta época. Tinha também uma fita K7 da Maysa, entre outras. Bem, mas aquele disco de 1973, Krig-Ha Bandolo, havia canções como Ouro de Tolo, Al Capone, Dentadura Postiça, Mosca na Sopa e, claro, Metamorfose Ambulante. O disco, ainda hoje, é muito bom de forma geral. Criativo, mas nem se compara à criatividade dos discos, da mesma época, dos Mutantes.

O fato que me chama atenção é uma recente propaganda do jornal Folha de São Paulo usando a letra da música Mosca na Sopa. Nunca imaginei que Raul Seixas seria festejado tantos anos depois de sua morte (mais precisamente 20 anos), sendo que, já nos anos 1980, sua popularidade não andava em alta. Seu último sucesso foi a música Cowboy Fora da Lei, de 1987. Seixas é hoje um mito, onde muita gente fala muita coisa a respeito (e cada coisa). Mas o que realmente sobra são belas canções. O que há por “trás do mito” são especulações e questões de fã. Raul nunca escreveu um livro, nunca fez um filme (mesmo tendo um projeto), era ótimo leitor e foi um ótimo produtor musical, como conta a jornalista Ana Maria Bahiana, em entrevista ao programa Sempre um Papo, da TV Câmara (aqui). Ela ainda contou uma história sobre a música Ouro de Tolo, que ele conseguiu escrever uma letra, sem refrão, igual às de Bob Dylan.

Realmente Raul Seixas é hoje referencia daqueles tempos. Não consigo imaginar o que ele pensaria dos tempos atuais, o que acho muito mais importante do que hoje achamos dele. Este diálogo nunca acontece; sempre temos que ter a visão deturpada de algum autor que diz o que ele pensava como se hoje as situações fossem as mesmas. Meu total descrédito nesses interlocutores vem de leituras bem colocadas como a da escritora Catherine Millet, que trás reflexão a respeito da imagem da escritora Simone de Beauvoir, em entrevista para a Revista da Livraria Cultura (edição 23, junho de 2009). E assim acabo por sempre desconfiar de alguma leitura tão conclusiva, tão biográfica, tão ao contrário do diz a letra:

“(...) Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo (...)”

Metamorfose Ambulante (1973)

junho 16, 2009

Calvino

Lembro-me que quando li O Jardim de Granito, de Anne Spirn, apareceu a primeira citação a respeito do escritor italiano Ítalo Calvino. Era uma passagem de As Cidades Invisíveis. Falava sobre o inferno. Por sinal certa vez a reproduzi aqui de tão interessante. Foi logo nos meus primeiros dias de blog, onde a impaciência e a ansiedade de escrever estavam a me corroer. Hoje identifico alguns assuntos, tento escrever sobre eles e já algumas vezes tive êxito em o texto parecer bom.

Até aquela citação nunca tinha ouvido falar em Calvino. A principio fiquei curioso se seria o mesmo Calvino, do teólogo francês João Calvino, logo esclarecido. Logo depois fui ler As Cidades Invisíveis; minha curiosidade era tamanha em relação ao livro. Nos anos seguintes muitos dos amigos arquitetos falaram deste livro e também do ensaio Seis Propostas para o Próximo Milênio, cujo título original é Lezioni Americane: Sei proposte per il prossimo millennio. Este ensaio foi uma publicação póstuma de notas para uma aula na Harvard University do verão de 1985, pouco antes de vir a falecer. O livro foi publicado em italiano em 1988, em português em 1990 e em inglês em 1993.
A minha apresentação ao ensaio Por Que Ler os Clássicos? foi puramente acidental. Estava numa livraria e li a lombada do livro, naquela pequena estante dos livros de bolso da Companhia das Letras. Tinha conhecimento, por via de um texto de Reinaldo Azevedo, sobre um livro de T. S. Eliot em que discutia a importância dos clássicos (aqui). Como se pode notar não sou profundo conhecedor de Ítalo Calvino, mas, ao começar a encarar os “clássicos”, ele surgiu. Agora fico sabendo que fora lançado em português o livro Assunto Encerrado, outro livro de ensaios. Minha ansiedade para ler este já encontra com a fila de leituras, que anda meio devagar ultimamente. E fiquei sabendo deste através de ensaio do jornalista Daniel Piza (aqui) deste domingo.

junho 15, 2009

A Odisséia e a Ilíada

Recentemente foram lançadas pela Ediouro versões caprichadas dos dois textos mais conhecidos de Homero, em tradução de Carlos Alberto Nunes. A versão é realmente fantástica. Sempre digo que ler a Ilíada ou a Odisséia é algo para quem já leu uma boa parte da literatura universal. Depois destes textos de Homero, diria que em minha listinha das obras mais complexas da literatura mundial, estariam Eneida, de Virgílio, A Divina Comédia, de Dante Alighieri, Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões e Fausto I e II, de Wolfgang von Goethe. Também teria que colocar o incrível livro de Miguel de Cervantes, Dom Quixote de La Mancha. A diferença de todas as outras obras, Dom Quixote é escrito em prosa, o que, para mim ao menos, é bem mais fácil. Fiz ano passado estudo sobre a obra de Homero no Programa Expedições pelo Mundo da Cultura (2008). Em 2007 no programa fora estudada a obra de Dante. Neste ano estão previstos os dois livros de Goethe.

junho 12, 2009

500 crônicas de Mário Prata

Bem, falei a pouco de Marcos Rey, de Mário Prata e de algumas outras leituras. Mas um caminho interessante é o que o próprio Mário Prata nos conta em sua crônica de número 500 no Estadão que reproduzo abaixo. Já reproduzi aqui outras duas crônicas de Prata (aqui e aqui). Na verdade, neste blog somente reproduzi, contando com este, seis textos completos de outros autores, em mais de 600 postagens.

O interessante dessa crônica e o porquê de reproduzi-la aqui estão na indicação dos cronistas que Prata lia: Nelson Rodrigues, Stanislaw Ponte Preta, Millôr Fernandes, Henrique Ponguetti, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Rubem Braga.

Vamos à crônica.

A qüingentésima

Por Mário Prata (O Estado de São Paulo, 24/07/2002)

Foi só fazer a conta e descobrir que esta é a crônica de número 500 que escrevo aqui. Nem minha mãe diria.

E, por falar em mãe, o fato me leva lá para os anos 60, no interior de São Paulo. Garoto, lia todo dia a Última Hora. E lá me deliciava com os mestres Nelson Rodrigues e Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto). Na quarta chegava O Cruzeiro, com o gênio Millôr Fernandes. Mas bom mesmo era a Manchete que vinha com quatro cronistas definitivos: Henrique Pongetti, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Rubem Braga. Resumindo: os sete melhores cronistas brasileiros de todos os tempos. A eles acrescentaria hoje o Verissimo. E eu, debaixo dos meus 14 anos, queria - um dia! - ser igual a eles: um cronista.

Hoje, pelo menos em termos quantitativos, sou. Me lembro quando o Aluísio Maranhão, então diretor de redação do Estadão, me chamou em 1993 e me propôs escrever aqui. Era tudo que eu queria. Já havia escrito livros, novelas, roteiros de cinema e, principalmente, teatro. Mas, lá no fundo, eu sabia que um dia um louco ia me dar a chance. E eu comecei com uma crônica chamada Envelhescência, cujo sucesso me assustou. Meu Deus, e amanhã, vou escrever o quê?

De lá pra cá, foram 500, incluindo as das Copas de 94 e 98. Quinhentas vezes, 500 idéias. Agora, neste exato momento, várias delas estão passando pela minha cabeça. Acho que eu já escrevi sobre tudo: vacas, satélites, futebol, mulheres, vôlei, vestibular, filhos, avós, papa (essa deu rolo...), mexerica, quebra-vento, política, corrupção, malufes, collors e etecéteras.

Até sobre o etecétera eu já escrevi. Dá para fazer a lista das dez melhores e - mais fácil - das dez piores. Eu sei que já escrevi coisas aqui que, antes mesmo de o jornal sair, eu já estava arrependido. E, algumas vezes, escrevi textos que não imaginava que iam repercutir e chover tantos e-mails.

Diariamente o Estadão entrevista 200 leitores sobre o jornal. E sobre a crônica do dia. Assim, fico sabendo quantas pessoas me leram e a nota de cada texto, semanalmente. E, até hoje, me surpreendo com sua reação, leitor.

E isso é importante para todos nós, saber como anda a cabeça do leitor. Sim, minha amiga, você não sabe, mas a gente te pesquisa.

Outro dia recebi uma crônica que eu escrevi, de um leitor, por e-mail. E eu não me lembrava de ter escrito aquilo. Cheguei a dizer que não era minha.

Foi necessário que o cidadão escaneasse o jornal e me mandasse. O que acontece também é de, depois de seis ou sete anos, escrever a mesma crônica.

Nem eu nem o jornal percebemos. Mas você, leitor, está sempre atento. E manda carta, reclamando. Nessas horas o mínimo que dizem é vagabundo.

Desculpa, cara.

Vendo agora o título da maioria delas, vejo que cumpri a velha e boa missão do cronista: registrar o tempo em que vivemos. Afinal, a palavra crônica vem de kronos (grego) e significa tempo. Eu sei, minha cara, que já devo ter escrito isso umas 17 vezes. As 500 crônicas passaram por três governos, três Copas, algumas namoradas, uma pneumonia, dois dentes quebrados, quatro casas e a perda de um pai. E o surgimento de um terceiro filho, o Pedro.

Por 500 vezes fui adjetivado de ignorante, de gênio, de metido a besta, de gostoso de se ler, de analfabeto. Não importa, pois apesar do adjetivo, o substantivo era sempre o mesmo: cronista.

Distante ainda estou eu dos meus mestres Millôr, Sabino, Braga e Nelson. Mas espero que um dia alguém fique famoso e diga que na adolescência lia o Mario Prata. Isso é gostoso.

Não sou nenhum Pelé da literatura, mas espero te encontrar aqui no número 1.000, em 2011. Para tanto, basta que eu continue escrevendo toda semana as minhas bobageras (no dizer do meu pai) e você a me ler toda quarta-feira.

Sim, meu querido e minha querida, como dizia o cancioneiro popular, "sem você eu não sou ninguém".

Obrigado por me aturarem, obrigado pelo leite e pelo uísque das crianças.

Quinhentas vezes obrigado.

junho 11, 2009

Diary of a Madman V

Leituras
Sempre fui um leitor, desde criança. Mas tinha o mal hábito de não ler por obrigação. Até hoje tenho problemas com isso. Acho que o prazer em ler veio muitos anos depois. Na infância (sei lá como chamar esta fase) havia aqueles livros da Editora Ática, da coleção Vaga-lume. Acho que todos da minha idade lembram-se dessa coleção. Livros como A Ilha Perdida, Os Barcos de Papel, A Serra dos Dois Meninos... O que me deixava curioso era um determinado título: Um Cadáver Ouve Rádio, de Marcos Rey. Talvez este seja o primeiro livro que comprei por conta própria. Foi numa feira do livro, no ano que estudei no Colégio Barão do Cerro Azul. Tanto que Marcos Rey é até hoje um dos autores que mais aprecio. Li depois O Mistério do Cinco Estrelas e Sozinha no Mundo. Sem contar que há bem pouco tempo vi uma citação sobre um texto chamado Quatro Bares, onde Marcos Rey relembrava suas andanças pelos bares Paribar, Nick bar, Brahma e Clube dos Artistas. Houve outros da coleção, como A Primeira Reportagem, de Sylvio Pereira, e Açúcar Amargo, de Luiz Puntel, este indicação de uma bibliotecária. Fora da coleção Vaga-lume, teve o famoso O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho. Este talvez tenha sido o primeiro livro obrigado a ler que tive enorme prazer. E à época falávamos da então recente continuação com Berenice Detetive, que nunca li.
Uma das questões mais esquisitas naquele chamado “primeiro grau” – hoje ensino fundamental – foi uma professora repreender uma aluna por estar lendo um Jorge Amado. Na opinião da professora, teria que ler muito até chegar a um Jorge Amado. Sempre tive ao meu lado, na biblioteca, inúmeros Amados. Todos de meu pai. Destacaria Tocaia Grande como meu predileto. Pouco mais de um ano após esta professora fazer todo este escândalo, outra professora de português, já na Escola Técnica Federal de São Paulo, indicava como leitura obrigatória A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água. Em 2001 conheci Zélia Gattai, numa noite de autógrafos. Guardo comigo o livro Códigos de Família autografado. Foi uma dos meus episódios mais engraçados até hoje. Disse a Zélia que enviaria o manuscrito do primeiro livro para que ela avaliasse. Não deu tempo.
Ainda no técnico (em 1994) tive aula com o professor Valério Arcary. Com ele estudamos O Príncipe, de Maquiavel. Numa outra disciplina estudávamos o livro de Ricardo Semler, Virando a Própria Mesa. Diria que nos anos 1990 quem me influenciou mesmo foi o cronista Mário Prata. Ler suas crônicas no Estadão era minha alegria das quartas-feiras. Aliás, o próprio Estadão foi o veículo para descobrir vários livros e autores. Diria que até hoje. Por ser assinante, o Estadão enviou o livro Cem Crônicas de Mário Prata e uma coleção com 20 títulos de clássicos como O Primo Basílio e Dom Casmurro. No próprio Estadão ainda acompanhei as crônicas do escritor Ignácio de Loyola Brandão. Mas estava mais afastado das leituras de ficção. Nos tempos de faculdade ainda lia com certa freqüência uma porção de coisas diferentes, grande parte relacionada à arquitetura. Já até contei por aqui sobre o livro de Vilanova Artigas, Caminhos da Arquitetura, que de certa forma é a obra que me fez batizar este blog.

Tempos depois, quase no final da faculdade (2001/2002), comecei a acompanhar a coluna Sinopse, também no Estadão, escrita pelo jornalista Daniel Piza. Com esta coluna comecei a revisitar alguns clássicos, como Machado de Assis e Eça de Queirós, e encarar alguns textos como os de Shakespeare, sem contar nas outras inúmeras indicações, como o livro organizado pelo próprio Piza dos textos de George Orwell. Além de Piza ser um dos poucos jornalistas a falar sobre arquitetura. Mas foi mesmo com o método do filósofo Mortimer Adler que tive um novo impulso nas leituras. O método e a orientação do filósofo e professor Olavo de Carvalho. O que acho absurdo é enxergar Olavo de Carvalho somente como o autor de O Imbecil Coletivo (que é muito bom também). Bastaria ler dois textos recentes (de 2006) onde trata de falar a respeito do problema do estudante sério no Brasil. Além também das questões levantadas por Ítalo Calvino em Por Que Ler os Clássicos? e o livro de Reinaldo Azevedo, Contra o Consenso, fonte sobre as letras e as leituras. Talvez a leitura posterior destes tenha sido tão interessante por uma base anterior.

O que às vezes fico a pensar é quando vejo escritores falando de Julio Verne e Monteiro Lobato, dois escritores que conheço bem superficialmente. Ainda Lobato tive a leitura de alguns contos durante as aulas de literatura da escola. Eram os contos adultos e não a famosa literatura infantil. De Julio Verne me interessei e muito quando do relançamento de alguns títulos com a tradução feita por Walcyr Carrasco.
Caricaturas de Belmonte
Ainda quando criança me interessava muita pelo tema da Segunda Guerra Mundial. Tinha um livro de caricaturas de Belmonte, com sátiras sobre a guerra. Mais velho perdi muito meu interesse pelo tema. Não sei dizer por quê. Lia aquele livro com muita vontade. Talvez sejam as duas coisas que mais gosto: desenhos e humor. O mais legal é que eram todos desenhos em preto e branco. O livro tratava de fazer um breve diário das batalhas com datas e depois seguia com inúmeras sátiras em formas de tiras.
As leituras que apresentei aqui brevemente mostram mais um caminho que fiz pela vida. Meio sem rumo, meio sem jeito. Lembro de quando era criança escrevia longas páginas em cadernos, dizendo que um dia seria escritor. Talvez um dia...

junho 09, 2009

A frase exata de Mário Prata

Fiquei em dúvida de quando e onde Mário Prata havia falado do Roberto Carlos, conforme citei no texto anterior. Fiquei procurando até achar. Lembrava de ter lido isso um bom tempo atrás, mas não sabia se ele falava sobre a Cássia Eller ou sobre a Rita Lee. Bem, achei. Era sobre a Rita Lee e o réveillon de 2001 para 2002. E a frase exata era esta: “Ela é a melhor cantora do Brasil, hoje. E nunca nos decepcionou como fez o Roberto Carlos quando descobriu Jesus. Largou os meninos de Liverpool e começou a cantar para a minha mãe.” O texto completo aqui.
É interessante este meu preciosismo com datas, frases perfeitas, citações. Mas tem função específica. Citar algo ao vento é muito fácil. E mais fácil ainda é se apropriar dos pensamentos alheios. Lembro de pelo menos duas frases que gosto muito: “Até relógio quebrado acerta hora duas vezes ao dia” e “quem tem dois relógios nunca sabe exatamente que horas são”. Mesmo sendo temas co-relacionados com a analogia do relógio, as duas frases tem uma profundidade incrível. E não são minhas; nenhuma das duas. E lembro bem de quem as escreveu ou falou. Mas no momento de usá-las com certeza vou citar a fonte e escrever a frase perfeitamente. Deve ser vício de escrita científica... Sei lá eu. Mas quando o Arnaldo Jabor me disse não era organizado com datas e citações incidentais eu quase disse que dá para ver de longe em seus livros... O legal de sempre falar com o autor é que se sabe destes pequenos detalhes. Nessas horas que fico a pensar no Raul Seixas e no Nelson Rodrigues. Que será que eles pensariam do que escrevem ou falam deles hoje? Uma vez me perguntei por que tenho esse jeito de ficar lendo e às vezes recortava do jornal a crônica e guardava numa pasta. Graças á internet isso melhorou bastante. Existem sites onde as crônicas ficam armazenadas; e com datas e onde foram publicadas. Um paraíso para mim! Estava agora mesmo vendo uma que deveria apontar aqui como “um caminho”. Um caminho que me deixou a época bastante empolgado. Bem, esta fica para uma próxima postagem.

Palavras...

Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você

E não ha nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você

Nem mesmo o céu, nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Não é maior que o meu amor, nem mais bonito

Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você

Nunca se esqueça nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você

Nunca se esqueça nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você

Mas como é grande o meu amor por você


Como é grande meu amor por você - Roberto Carlos (1967)

Com palavras dizemos o que sentimos. Mais ou menos. Tentamos. Além disso, tentamos também por elas expressar certas questões quase impossíveis. Quem diria que um dia começaria um texto citando Roberto Carlos. Mas hoje lendo um texto sobre outro cantor ele foi citado. Quase sempre é uma referencia ao entrar nas questões mais populares da MPB. Não sei até hoje se é por saber colocar bem as palavras, ou se é por ter fãs incondicionais, mas, no especial Elas Cantam Roberto, transmitido na Rede Globo domingo passado, me chamou muita atenção ser referência para todas aquelas cantoras. E esta música fechava o show com a participação de todas as vinte cantoras; as “divas da MPB”. Como podem ao mesmo tempo estarem no palco Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Claudia Leite, Sandy, Zizi e Luiza Possi, Marília Pêra, entre outras tantas de gerações diferentes? Só Roberto faz isso... Como disse certa vez Mário Prata, havia um momento que Roberto cantou para sua geração; mas hoje ele canta para as mães e avós...

Falou de forma moderna em 2001, ao lançar o cd acústico. Roberto consegue ser discreto e alternar sempre conseguindo fazer algum barulho na mídia. Não é só por isso que é o Rei. O outro cantor do texto que lia não teve um final feliz. Gostaria que em 2001, antes ou depois, Roberto tivesse a chance de aparecer mais na MTV. Seria um teste ao mesmo tempo arriscado e inovador. Ao mesmo passo que acho interessante essa troca entre as gerações, falta um pouco a inovação. Não sei dizer, mas essa linha entre tradição e ruptura talvez seja mais complexa que a linha entre o inovador e o ridículo.

O interessante é que Roberto fez parte de vários momentos na minha vida. Certa vez lia uma entrevista de Fafá de Belém em que falava o mesmo. As letras dele são bem colocadas. Não são de forma alguma as melhores coisas do mundo, mas como a simplicidade também é um fator, nada mais justo a se dizer que as palavras que usa falam muitas coisas. Mas do que com palavras consigo dizer...

junho 07, 2009

Algumas reflexões sobre Copa do Mundo

Estava simplesmente pensando em quais seleções poderiam ter sido campeãs nas copas e não foram. Talvez a mais famosa seja a Holanda de 1974. E ainda mais estranho ver que perdeu a final em 1974 para a Alemanha Ocidental e em 1978 para a Argentina, que eram respectivamente os países sede da competição. E tudo isso começou porque o Uruguai foi campeão no Uruguai em 1930 e no Brasil em 1950. Depois não vi mais nenhuma participação relevante desta seleção.

A Itália poderia ser considerada talvez a mais importante equipe européia, campeã em 1934 na Itália, em 1938 na França, em 1982 na Espanha e em 2006 na Alemanha, e vice-campeã em 1970 no México e em 1994 nos Estados Unidos, sendo nas duas ocasiões derrotas para o Brasil. Claro, o Brasil é sem dúvida a seleção com maior número de vitórias, sendo campeão em 1958 na Suécia (única vez que uma seleção das Américas ganha na Europa), em 1962 no Chile, em 1970 no México, em 1994 nos Estados Unidos e em 2002 na Ásia (Coréia do Sul e Japão) e vice-campeão em 1950 no Brasil e 1998 na França. Assim sendo o Brasil a única seleção que venceu em todos os continentes, já que estas copas – 1970, 1994 e 2002 – foram as únicas disputadas fora da América do Sul e da Europa. O México sediou por duas vezes a Copa do Mundo, em 1970 e 1986, sendo campeãs seleções sul-americanas nas duas ocasiões. Por este motivo existe a grande expectativa da vitória do Brasil na África do Sul

Por sua vez, na Europa a Alemanha é a maior vice-campeã de todos os tempos. Foi campeã em 1954 na Suíça, em 1974 na própria Alemanha e em 1990 na Itália, sendo vice-campeã em 1966 na Inglaterra, em 1982 na Espanha, em 1986 no México e em 2002 na Ásia.

Na minha infância, desde os fins dos anos 1970 e durante os anos 1980, Argentina, Alemanha e Itália dominaram as copas. Era ainda Alemanha Ocidental, mas tinha no comando Franz Beckenbauer. Ainda na Copa de 1982 o Brasil ainda dispunha de uma grande seleção, talvez nem tão famosa quanto da Holanda de 1974, com Sócrates, Zico e Falcão entre outros. Já de 1986 a 1994 a seleção brasileira não fazia parte deste grupo seleto. Era um momento de baixa no futebol brasileiro. Zico perdendo pênaltis na Copa de 1986 foi talvez mais traumatizante que a derrota para Itália em 1982. Em 1986 minha seleção já era a Alemanha, derrotada em 1982 pela Itália na final. Não cheguei a torcer em nenhum momento para a Argentina, nem em 1986, nem muito menos em 1990 por ter eliminado o Brasil. Mas ao lado da Alemanha era a seleção que fazia os maiores espetáculos daqueles anos, com Diego Maradona no campo.

Falar em Copa do Mundo e não falar destas quatro seleções – Brasil, Itália, Alemanha e Argentina – é falar de outra coisa. Juntas conquistaram 14 das 18 edições do campeonato. O interessante que na renovação da seleção brasileira nos anos 1990, nenhuma das três protagonistas anteriores teve renovação igual. Esta seleção de Ronaldo, Rivaldo, Romário, Roberto Carlos, Cafú, foi vitoriosa por praticamente 12 anos – 1994. 1998 e 2002. A nova seleção, de Kaká, Robinho, Luis Fabiano ainda não apresentou sua marca. E no mundo mais nenhuma outra seleção desponta com a mesma emoção dos anos 1980 e 1990. Alguns momentos existiram como as seleções de Camarões e Nigéria, apresentando alguma novidade no panorama mundial. Mas nenhuma delas se estabeleceu. Diria que o futebol, em termos mundiais, vive um momento com um pouco menos de brilho. E nessa hora parece que o Brasil leva um pouco de vantagem. E esta vantagem se deve ao fato de ter mais de 500 mil jogadores profissionais brasileiros – desde times de várzea aos pequenos clubes do interior. Esse número chega a ser maior que a população de alguns países na faixa de idade dos jogadores profissionais para uma competição como a Copa do Mundo. Mas, de forma ainda um pouco estranha, se esperam novos Pelés, Maradonas, para que o espetáculo nunca termine.

O jogo entre Brasil e Uruguai e a corrida da F1

Brasil e Uruguai disputaram uma partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2010. Não acompanhei além do hino a partida. Estava na estrada, na velha conhecida BR-116 a caminho de São Paulo. Estrada que já foi muito pior, porém não havia 7 pedágios... Poderia escrever por horas sobre os pedágios. Acredito que eles estão em desacordo com o direito livre de circulação dentro do território nacional. Também questiono o tal IPVA, que, igual à jabuticaba, só existe no Brasil. Mas deixando de lado a total falta de critérios das obras governamentais e dos governos, retorno ao jogo. Primeiro imaginei que o jogo seria no domingo. Minha viagem já estava marcada e aí imaginei que junto ao meu domingo de descanso veria a corrida da F1 e o jogo. Claro, não assisti a nenhum dos programas. Assisti aos hinos no momento em que parava para reabastecer e tomar uma coca-cola. O programa do Luciano Huck estava terminando e iniciaram-se os hinos. Não cheguei a ver a bola rolando. Fiquei feliz em saber do resultado de 4 x 0 para o Brasil.

Havia acompanhado pelo jornal da noite anterior alguns comentários, entre eles do técnico do Uruguai afirmando que este era um dos jogos mais importantes do mundo (mais ou menos isso, por assim dizer). Certo. O Uruguai já foi uma potencia do futebol, ganhando duas copas do mundo, mas há tempos nem participa da competição. Não sei do que se referia, mas o Uruguai continua, na mesma quinta colocação nas eliminatórias sul-americanas. Quem sabe, disputando uma vaga na repescagem... Em 2014 poderia fazer a final da Copa no Maracanã... E vencer de novo!

Da corrida só posso falar que eu tinha razão: Rubens Barrichello é mesmo Rubens Barrichello. Falei do campeonato deste ano aqui e continuo a dizer: Rubinho é o mesmo piloto de sempre; nada mais, nada menos. Nunca vai ser um campeão mundial. Os outros campeões estão em situação pior, praticamente eu diria que esta é a pior temporada da F1 dos últimos quinze anos. Desde a morte de Ayrton Senna não via uma temporada tão ruim. Aquela e outras marcadas pela saudade e não pela falta de preparo técnico das equipes. Sempre fui um fã da McLaren e por causa de Senna. E ainda acho que cigarro é Marlboro pela propaganda no carro vermelho e branco... Hoje, por causa de tantas outras coisas, entre elas o tal do politicamente correto, nem propaganda de cigarro pode ser feita. Como se algum dia eu tivesse fumado um cigarro por conta de alguma propaganda. Lembro de criança da Lotus preta, com propaganda do Jonh Player Special. Senna ganhou o campeonato com ela... “Que tempo bom, que não volta nunca mais”, como diria Thaide.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...