dezembro 29, 2008

2 - Duas músicas: Let It Ride

“Good Bye, Hard Life
Don't Cry Would you let it ride?
Good Bye, Hard Life
Don't Cry Would you let it ride?
You can't see the mornin', but I can see the Light
Ride ride ride let it ride
While you've been out runnin' I've been waitin' half the night
Ride ride ride let it ride

And would you cry
if I told you that I lied
and would you say goodbye
or would you let it ride? (…)”

Let It Ride – Bachman-Turner Overdrive (1973)
Estava lendo o edital de uma revista, normalmente onde se pode notar a opinião geral da linha editorial seguida, e lá estava o editor falando sobre objetos que mudaram a vida. Ele, claro, falava de dois objetos em especial: uma guitarra e uma motocicleta. Estava já bastante satisfeito que ali iria encontrar uma linha editorial de alguém que tinha uma experiência de “deixar rolar as coisas”. Interessante que é deixar rolar com um objetivo, no fundo: o de ter novas emoções. Mas, como bem colocou no edital, com responsabilidade. Disse ele que seu pai havia dado a moto e isso era a maior prova a qual deveria passar.

São certas etapas que se deve passar na vida. Eu já tive vontade de possuir uma motocicleta, mas não tenho a mesma emoção que teria com outros veículos. Desde a infância existe um carro que não sei explicar, sempre me emocionou: um Opala duas portas 1974, com capota de vinil. De preferência na cor vinho. Até hoje lembro de um comercial de muitos anos atrás falando que o coração bate mais forte dentro de um Chevrolet...

Naquele edital falava que muitas vezes na vida somos ligados a objetos. Diria que sim. Emoções e objetos. O importante que estas emoções nunca fizeram dirigir a minha vida. Fico sempre pensando que tudo que eu escrevo sobre música seria completamente diferente se fosse músico (profissional). O ato de criar tem outra responsabilidade, diferente do ato de prazer puro e simples.

Quando penso em como é a vida de músico, fico pensando em quando começou o processo de criação e a diferença entre os que fazem sucesso e os que não fazem. Imaginei alguém leigo em música lendo este texto sobre estas músicas. Primeiro, sem conhecê-las, já que diferentemente de outros textos que fiz (aqui, aqui e aqui) são músicas e artistas pouco conhecidas do grande público (menos populares).

Quando morei nos Estados Unidos, assistia num canal de televisão um seriado antigo, que assistia na minha infância: The Dukes of Hazzard. Era incrível lembrar daquele Dodge laranja. Nada melhor do que as tramas, as meninas e o carro. A trilha sonora que não me é familiar. São destes detalhes, como na postagem anterior, os fatores que montam esse universo. E disso não pode falar em “filosofia de vida”. Pode-se falar de curtir um momento, como já escrevi aqui. São histórias da juventude, muitas delas que permanecem por toda uma vida.

1 - Duas Músicas: Ebony Eyes

“Well, have you seen that girl in the corner?
I'd like to take her out of her chains.
'Cause if I had my way with you, baby,
I would be changing your life today.

Your eyes got me dreaming.
Your eyes got me blind.
Your eyes got me doping
That I'll be holding you close tonight.
Your eyes got me dreaming.
Your eyes got me blind.
Your eyes got me doping
That I'll be holding you close tonight.

She was the same as a hundred ladies,
But when my eyes looked at her, I learned
That she was keeping a secret fire,
And if I got too close I'd burn.
So it looked like I had to move slowly
Just like a cat at night in the trees,
'Cause I was waiting for her to show me
The way that she'd like the love to feel (...)”


Ebony Eyes – Bob Welch (1977)

Já tentei compreender o que a música trás de prazer para o ouvinte em muitos aspectos. Uma vez lembro de ter colocado uma música num momento especial e lembrar dela sempre. Era uma música do Whitesnake e essa história fica para uma outra postagem. Esta música do Bob Welch não era uma música que estava entre preferidas da adolescência, onde normalmente fazemos uma seleção musical que acaba por nos acompanhar por toda a vida. Não conhecia a carreira de Welch fora do Fleetwood Mac. Para ser mais exato, não conhecia quase nada sobre o Fleetwood Mac.

Logo, é uma música relativamente nova na minha vida. Marcou certo momento, a fase de fazer downloads. Não peguei o começo disso, com o Napster, mas foi logo depois, logo no início dessa década. O fato de baixar uma música nova, completamente desconhecida para mim, e sem nenhuma indicação, a não ser o fato de saber um pouco sobre o Fleetwood Mac (o que não era praticamente nada) foi uma nova descoberta, que tem muito a ver com o que escutava na adolescência, claro. Mas até hoje ainda fico a pensar em como certas músicas, inicialmente por sua sonoridade, depois por uma letra que não me trazia uma mensagem direta é ainda algo que não compreendo e me surpreende.

Existe um universo “montado” com certa dose de imagens dos inúmeros filmes, das inúmeras bandas, inúmeras histórias daquela década de 1970. Até outro dia lia uma crônica de Mário Prata a respeito de um amigo (dele) que havia falecido na juventude. Era o único que não tinha cabelos brancos, sem rugas. Sua imagem jovem é a que esta no imaginário da turma. Com os “astros” do rock isso também acaba por acontecer. Fato atual completamente distinto de tudo que aconteceu antes: vários músicos daquela época com idades avançadas, acima dos cinqüenta anos de idade. E todos, com raras exceções, bastante perdidos em o que fazer com a idade que tem. A música apresenta muitas lições, mas a mais complicada é saber envelhecer.
Este “culto” das músicas e certas “lendas” da década de 1970 vem ficando mais fácil de entender, principalmente com a distância de tempo. Existe certa mitologia nos discursos. Existe certo exagero no “mau exemplo”. Tudo isso passa e o que fica são momentos. E nestes momentos estavam lá mais coisas escondidas que uma simples ”liberdade”. A responsabilidade que está liberdade trás é mais importante. No limite entre o prazer e a responsabilidade está aquilo tudo que serve para aprender e “deixar rolar”.

dezembro 23, 2008

Destaque... e valor

“Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz (...)”

Balada do Louco – Mutantes (1972)

Nunca prestei muita atenção nos Mutantes. Eu já vi seus discos em listas internacionais como algo extremamente inovador da década de 1970. E deve ser mesmo, pois, como a música da introdução, é uma banda boa de ouvir. Sei lá eu se há inovações absurdas no disco. Não gosto de relativismos de uma época que não vivi. Sempre há dois discursos: o de hoje e o da época. Lembro do Raul Seixas, inclusive de uma de suas músicas numa novela da TV Globo. Logo vê-lo como alguém distante da “indústria” fonográfica é uma tolice. Ele é produto e até hoje. E as pessoas que defendem algo contrário, acredito eu, estão equivocadas. Ele era um independente, mas é produto. Não é nenhum “pensador filosófico”, “guru” ou coisas do gênero. E os Mutantes? Normalmente, quem gostava da banda à época, segundo depoimentos (e todos são muito semelhantes, diferente dos a respeito de Raul Seixas), o som deles era moderno, algo que nunca haviam escutado. Era alucinante, em uma única palavra. E a influência de música internacional era grande (a influência das pessoas, não da banda). Então, acho eu, que a banda é interessante e mereceu o destaque que tem até hoje. Essa coisa de mito que não se justifica pela sua própria música...

Numa palestra, Arnaldo Jabor falou a respeito das Megastores e da qualidade dos produtos. Disse, não exatamente dessa forma, de que nem tudo que está na mesma prateleira tem o mesmo valor. É importante saber qual o valor dado para certas manifestações artísticas. A música mais que outras traz isoladamente revelações interessantes para músicos e público de formas diferentes. Eric Clapton disse ter tido influência de Jimi Hendrix; os Beatles também. Para o público, não sei dizer, talvez a influência dos Beatles seja maior, muito maior, que a influência de Hendrix para a guitarra, de modo geral. Difícil demais escrever sobre isso. É claramente aquele momento de reflexão que não consigo explorar ao máximo. E pensar que tudo isso começou ao fazer uma lista de dez filmes que mais gostei de ter visto.

Essa lista seria a postagem, mas não consegui concluir. Diga-se de passagem, lia um amigo, escritor, a respeito de textos de gaveta. No passado, antes dos blogs, os textos ficavam numa gaveta, num caderno, lidos por um pequeníssimo grupo, normalmente simpatizantes, amigos e familiares. Se pérolas ou não dificilmente se saberia a não ser que o autor acreditasse muito no potencial daqueles textos. Nisso uma infinidade de livros nunca foram publicados, filmes nunca foram rodados e musicas nunca foram executadas. Com as inovações tecnológicas muitas coisas nesse sentido ficam disponíveis, como esse rascunho de texto. E disponível para qualquer pessoa. Para qualquer um criticar, achar ruim, e, o melhor de tudo, dar luz a soluções. Mas muita coisa fica ainda na gaveta, como a lista dos filmes.

E logicamente a listinha vai ficar lá até que eu tenha a segurança de saber quanto a lista é mais ligada às indicações que tive ou às sensações que tenho a respeito. Por não ser um apaixonado por cinema meu repertório no assunto não é grande e tenho interesse por críticas bem feitas. Os filmes vagam a respeito de momentos, de ingenuidade. Um dos filmes que poderia falar a respeito é Lost Boys. Um filme sobre vampiros, poderia afirmar. Um tema que não tenho nenhum conhecimento maior, mas me disperta curiosidade. E nesse tema lembrei-me também de Entrevista com Vampiro. Outro filme que gostei, mas nunca estaria nessa minha lista. Para mim não tem a mesma importância que Lost Boys, mesmo sendo, em teoria, melhor filmado, melhor produzido. São momentos diferentes, filmes diferentes.

Enquanto não tiver a certeza de detalhes eu não consigo analisar o tema. Já tentei simplesmente montar a lista sem justificar as escolhas, e aí que mora outro perigo, o de ser julgado por uma escolha sem maiores justificativas. E isso tudo tem uma história, uma fase até romântica da minha vida. Por sinal, mais interessante a escrever.

Por cerca de quatro anos desisti de assistir qualquer filme de lançamento. Melhor dizendo, de ir ao cinema. Nunca gostei da sala de cinema. E essa foi uma revolta contra o gênero. Era mais ou menos como dizer que não vou escutar música por um ano. Uma revolta produtiva para aquele momento, hoje avalio. Era uma febre por vídeo locadoras. Nunca vi fenômeno tão burocrático. Como a TV a cabo engatinhava no Brasil, os filmes eram coisas quase “inacessíveis”. Basta ler em algumas postagens de Zeca Camargo a respeito de uma série chamada Twin Peaks. Ele afirmava que se pedia quando alguém ia ao exterior para trazer episódios inéditos da série em VHS. Era uma espécie de pequeno tesouro.

O vídeo era então uma forma de “modismo”. Isso se mantém (ou se manteve) em termos até hoje. Assistir a todas as indicações do Oscar é ainda hábito (saudável) para muitos amigos. Mas a febre é bem menor. Alguns hoje tentam me convencer a assistir peças de teatro modernas. Eu só vou assistir a certos clássicos do gênero. Estou para ver Antígona de Sófocles. Por sinal é comum encenarem peças do teatro grego nos cursos de teatro. Há cerca de dois anos fui à Praça Roosevelt assistir De Profundis, de Oscar Wilde.

Saindo de Oscar Wilde e voltando aos Mutantes, o interessante é como a literatura clássica permeia quase todas as manifestações artísticas. No caso dos Mutantes, um de seus discos chama A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, sem contar as inúmeras citações nas letras das músicas. O fato de se desconhecer os clássicos faz tudo ter o mesmo valor. Quando tento entender por que a literatura me chama mais a atenção do que o cinema, dos que as séries de televisão, das artes plásticas, eu somente tenho a dizer que ela me acompanha desde sempre, enquanto que a todo o resto eu já tive manifestações de amor e ódio mais intensas. A literatura para mim sempre foi o equilíbrio e a melhor das introspecções. Nunca pensei em ser cineasta, mas escritor é algo que tenho quase que por ambição, por estilo de vida. Um dos filmes que tenho dúvida a colocar na lista é Encontrando Forrester, justamente por se tratar de um escritor, de um estilo de vida, de dúvidas existenciais muito além da literatura. Um filme que até hoje quando pego na sessão Corujão me mantém acordado, além da minha insônia. Bem, o importante é “ser feliz, mas louco é quem me diz e não é feliz”.

dezembro 22, 2008

Insônia

Talvez a pior solidão seja aquela da televisão. Ela fala, e nem sabe o que você quer ouvir. Mas quando se esta com insônia, mal que há muito me acompanha, ela não é o melhor remédio? Vinte minutos e estou morrendo de sono...

O pior quando se está com o sono atrapalhado, quando se dormiu exausto logo ao entardecer e lá pelas tantas da madrugada o sono some. Lá está a televisão outra vez. O pior que naquele horário não existe nenhuma programação “inteligente”. Não há reprises de programas de entrevistas. Só filmes, e normalmente alguns deles que nunca mais gostaria de rever.

O lado engraçado de certos filmes está justamente por estar acordado nestes horários. Muitos filmes que nem imaginava ver assisti nas madrugadas acordado, sem sono. Outras vezes tentei, e com certo sucesso, o rádio. São impressionantes as entrevistas ruins durante a madrugada na CBN; no entanto, naquele período por volta das dezenove horas, o horário do sono “marginal”, as entrevistas são incríveis. Até o programa do Juca Kfouri é legal. Mas o interessante que o sono neste horário é absurdamente maior. Nem as boas entrevistas sustentam tamanha “siesta”.

O que também é interessante que muita gente faz cursos de inglês, espanhol, pós-graduação ou até mesmo faculdade nesse belo horário de sonolência. Não à toa o desempenho de cursos noturnos é afetado. Bem, o que se pode fazer, só sobra este horário. O dia em que se puder ter uma maior liberdade nas leis trabalhistas, sem prejuízo dos funcionários (pois hoje se pode trabalhar um dia por semana, como informal...) talvez se possa pensar no melhor desempenho para estudo, trabalho e ócio.

Realmente sempre me pergunto como se consegue adaptar rapidamente horários para não ser aprisionado no rodízio de automóveis, em São Paulo, tendo as chegadas antecipadas para antes das sete da manhã e saídas por volta das dezesseis horas. Para ser mais exato: quando se é chefe se chega após as dez da manhã e encerra o expediente por volta das dezesseis; quando se é funcionário, antes das sete da manhã e depois das oito da noite...

Prefiro voltar aos filmes e deixar para lá essas pessoas presas a horários, momentos e leitoras de best sellers de motivação. Acabo por entender que inspiração, projeto, detalhamento, requer mais que disciplina de horários. Os prazos são importantes. Acertos são importantes. Horários nem tanto.

dezembro 20, 2008

Bruna Lombardi

Ontem a encontrei em frente ao Cine Belas Artes. Agora chama HSBC Belas Artes e está todo reformado. Esperava por dois amigos para ir a outro lugar e lá era o ponto central para o triplo encontro. Ela estava de roupas pretas e óculos escuros e junto com seu marido Carlos Alberto Riccelli. Ele esta mais em forma do que eu. E ele tem 62 anos de idade. Por sinal muito mais simpático. Bem, eu, como fã de Bruna, fiquei observando, pensando se falava ou não, se pedia uma fotografia, ou não... Fãs são sempre umas bestas, ainda mais pegos de surpresa.

Bruna me lembra, não sei por que, uma outra mulher, que também, nos anos 1980 me chamava muito a atenção. É Nancy Wilson, a vocalista e guitarrista da banda Heart, que tive o prazer de assistir em 2006, na Arena do Hard Rock Cafe, em Hollywood (na Florida). Dois anos mais nova que Bruna Lombardi, fez um show espetacular começando com uma música do Led Zeppelin e terminando com outra, passando no meio do show por mais outra, além de cantar a clássica Barracuda. Tudo isso tocando numa belíssima Gibson Les Paul negra. Um timbre de voz magnífico, um show inesquecível.

Bruna Lombardi me traz ótimas recordações e ao lado de Maitê Proença são as duas mulheres mais lindas da televisão brasileira nos anos 1980. Bruna tinha um lado ainda mais fantástico: o de ter desaparecido das telas nos anos seguintes. Isso traz um mistério fantástico no imaginário, lembrando sempre dela bela e maravilhosa, mesmo numa novela como Roda de Fogo. Uma novela bastante intrigante, cheia de nuances. Uma trama que permaneceu um tanto quando viva por causa do programa TV Pirata, que com sua paródia Fogo no Rabo, manteve Roda de Fogo por pelo menos mais três a quatro anos no imaginário popular.

Seria difícil falar mais de Bruna Lombardi, se há pouco tempo seu filme, O Signo da Cidade, está ainda na minha mente. É incrível, Bruna hoje com 56 anos de idade é ainda uma referencia de beleza. Lembro-me ainda de seu programa na extinta TV Manchete, Gente de Expressão, que era na verdade um programa de entrevistas que fazia nos Estados Unidos. Lembro de entrevistar Van Halen, no inicio dos anos 1990, logo após o lançamento de F.U.C.K. (1990). Para quem era adolescente naqueles anos nada melhor que ver a bela Bruna entrevistando a banda de um dos melhores guitarristas do mundo (e detalhe: na época com Sammy Hagar nos vocais).

O mais interessante que há poucos anos soube que também escrevia. Infelizmente não consegui ter acesso a seus romances lançados nos anos 1980. Não sou um conhecedor de poesia e normalmente me impressiono facilmente, o que não me faz um bom crítico dessa arte; acabo gostando de tudo... E por isso nem me atreveria a comentar nada de suas poesias. Mas é sempre interessante ressaltar que no Brasil uma pessoa bonita, famosa, como Bruna, não possa também ser uma ótima poetisa. Só no Brasil que isso acontece. Uma falta de critérios de saber que uma pessoa pode fazer bem várias coisas, sem o estigma que cada uma dessas ações trás consigo.

Gostaria de me aproximar mais do cinema e da poesia, mas não estão nas minhas maiores paixões. Vejo o cinema como diversão, não como produto cultural de alta cultura. Gostei muito, por exemplo, de ter lido um grande ensaio sobre o filme O Silêncio dos Inocentes, tratando de todas as questões simbólicas que o filme trás. Se talvez esse hábito comum nos anos 1960 ainda existisse, talvez meu interesse por cinema fosse maior. Hoje existe uma indústria da especulação sobre as pequenas histórias das produções e atores que são mais importantes que os filmes que atuam. Um exemplo disso é O Homem da Máscara de Ferro, onde um ator como Leonardo Di Caprio fica perdido em meio a John Malkovich, Jeremy Irons e Gerard Depardieu.

Bem menos pretensioso, o cinema nacional não forma astros, estes, quando surgem, estão ligados à televisão. Mas de certa forma nunca são valorizados erroneamente pela crítica e público. Até diria que no Brasil são poucos os péssimos atores que duraram mais que uma temporada. Outro dia, num teatro de São Paulo, Paulo Henrique Amorim falou uma das poucas verdades sobre cinema brasileiro: este é acompanhado pelo jornalismo; “todo mundo leu a entrevista de Walter Salles, mesmo sem ver o filme” (estou escrevendo a frase de memória).

Não sei ao certo os caminhos que levaram Bruna e Carlos a morarem no exterior, mas com certeza as causas estão no Brasil, de fato. Outra questão que não é difícil pensar é que nos Estados Unidos a oportunidade de trabalho em produtoras deve ser muito maior, sem contar crises e outros fatores bem tipicamente brasileiros. Fico às vezes a imaginar andar pelas calçadas, como a do Teatro Chinês, em Hollywood (agora sim, na Califórnia) e encontrar com eles outra vez. Los Angeles me pareceu uma cidade igual a São Paulo: com uma bela história nos anos 1960, mas no presente uma cidade suja e cheia de problemas decorrente da superlotação de habitantes.

Até pensei em começar escrevendo este texto pensando São Paulo como uma cidade pulsante, em poder encontrar com Bruna Lombardi e Carlos Riccelli numa esquina próxima à Avenida Paulista. Em poder assistir a quantidade de show de bandas nos mais variados locais, desde Morumbi (Estádio Cícero Pompeu de Toledo), Pacaembu (Estádio Paulo Machado de Carvalho) como no Citibank Hall e Bourbon Street. Mas aí lembrei-me do Rio de Janeiro, que na minha primeira visita à cidade me dei de frente a Maria Mariana (autora e atriz na série Confissões de Adolescente, ícone na minha adolescência) na praia da Barra da Tijuca. Ou seja, isso não é nenhuma característica exclusiva de São Paulo. Talvez aqui seja mais estranho por a cidade ser tão agressiva, afinal, aquele local da Rua da Consolação onde se deu o encontro, que foi o início dessa postagem, não é nenhum local de prazer como a praia citada.
É até emocionante narrar isso, pois a quantidade de pessoas que ali estavam e nem sequer devem ter percebido que se tratava de Bruna Lombardi é algo até para um ensaio maior. E essa indiferença tem sentido: se não fosse fã de Bruna, talvez me fosse tão indiferente quanto aquela massa toda. E o que nos faz ver diferença nessas pessoas que não vemos nas outras? Isso sim, um ensaio daqueles de cem folhas com inúmeras citações e uma bibliografia gigantesca, que deixo para algum psicólogo, sociólogo ou curioso qualquer escrever. O que me interessa é ver que a Bruna é bonita e me emociona.

dezembro 18, 2008

Os sapatos para Bush

Semana passada, um jornalista iraquiano arremessou os sapatos em direção ao presidente George W. Bush, durante sua visita surpresa ao Iraque. Um protesto que tomou conta dos noticiários no mundo inteiro.

É hora de pensar que Bush vai embora, em pouco mais de um mês, e em seu lugar entrará Barack Obama. Seria difícil pensar que não aconteceria algo semelhante com Obama, que tem pela frente a tarefa de mediar três outros conflitos, se não quatro, ao mesmo tempo: Irã (Iraque), Índia e Paquistão (Afeganistão – Al-Qaeda) e Coréia do Norte, além de um possível problema com a Rússia. Isso sem contar a posição na América Latina na Colômbia e na Venezuela.

Bush vai embora, com numa democracia deve ser. Conseguiu avanços no Iraque e Afeganistão, o maior deles é nenhum outro ataque em terras americanas. O que não é pouco, se não porque se estaria mantendo para o governo Obama o mesmo secretário de defesa, Robert Gates?

Eu me sinto solitário falando que o governo Obama deverá ser mal sucedido e que os fatores serão vários, pesando a falta de habilidade de Obama, algo tão frágil como esta coalizão que tenta fazer. A escolha de Hilary foi péssima escolha. No fundo a tal coalizão, a mesma que Bush fez após o 11 de setembro, é a mesma. E como se viu, a coisa não andou da melhor forma. Óbvio que Obama é muito mais inteligente que Bush e fala muito melhor. Seu discurso esta conectado com atuais tendências de pensamento, que em si são ambíguas e conflitantes. Em teoria é fácil falar de uma “paz mundial”, mas na prática a idéia fixa de certos grupos (minorias) é conflitante com o diálogo e pelo menos um deles tem como meta a diluição do Estado Israelense, o que por si só já demonstra a dificuldade de articulação. Mais especificamente, Ney Matogrosso nos dá a resposta: “Se correr o bicho pega / se ficar o bicho come”.

Popularizar o tema é bastante simples. Já vi várias pessoas falando em ônibus e metrô que acham que Obama não assumira a presidência. Uns acham que será uma conspiração, outros acham que há situações mal resolvidas por trás da candidatura. Existem vários fatores desfavoráveis aos grupos que apóiam Obama, e ele, por sua vez, não esclarece as dúvidas. Uma breve pesquisa (o pior que já pude ouvir é uma pessoa pouco esclarecida e com fontes primárias me dizer que pesquisou a respeito de Obama e nada encontrou de suspeito...) apresenta alguns itens suspeitos, como seu nascimento, onde passou a infância, colégios, religião, alistamento militar, etc. Os especialistas falam sobre os itens com maior precisão, pois, eu não tenho interesse nesse assunto e nessa pesquisa. Veja bem, se eu, sem interesse algum no assunto encontrei algumas questões que não entendi a respeito do candidato eleito, imagino um repórter investigativo, o que não acharia estranho? Porém, como disse no início do parágrafo anterior, sinto certa solidão no assunto. E o pior seria dizer o que acho de McCain. Seria igual ou pior. Não havia muita saída no caso. É uma conspiração “Ney Matogrosso”.

Os discursos contrários a Obama se iniciarão em breve, ou melhor, já começaram no Irã (ou era Afeganistão?) e logo estarão nas bocas dos governantes latino-americanos como Hugo Chaves, que como se vê, é uma “sumidade” em termos de democracia, quase comparado a Fidel Castro... É vergonhoso ser latino-americano nestas horas. Basta comparar aos Estados Unidos, elegeram um presidente democrata, em eleições livres e diretas. O candidato vencedor tem um discurso geral e não um discurso das minorias. Estudou e nas melhores escolas. Era apoiado pelo mundo inteiro. Logo os discursos vão começar sempre em referencia de que não era bem assim... Triste ver que isso vai acontecer. Espero eu estar errado.

dezembro 17, 2008

Os descaminhos

Errar um caminho é muito fácil. Errar é na verdade um meio de buscar o acerto. Para ser mais claro, errar é muito mais viável que acertar. Existe até mérito consciente do erro. Pode refletir: quantas vezes já ouviram falar de prestigiar alguém por ter se esforçado a fazer algo, mesmo que tudo errado. Até num namoro isso é válido.

Porém, ao se colocar num caminho, seja este qual for, existe a possibilidade de se fazer enorme esforço, em vão. É um dos primórdios do método científico. Fazer sua hipótese ser sempre refutada. Para isso se criam mecanismos para que se possa seguir a partir de certos pressupostos, criados por outras pessoas e provados e reprovados pelo tempo. As verdades nunca são absolutas. Ou melhor, existem questões que são constantes e outras que são excepcionais. Mas será que o método científico serve para tudo? Tanto para a História como para a Geografia e a Matemática?

Sempre há adaptações para cada disciplina estudada. Não há regras gerais, mas há obviamente padronização de apresentação de dados, dados pelos resumos, apresentação do método utilizado, apresentação da bibliografia, apresentação dos pressupostos, em suma, a origem do assunto e suas hipóteses.

Isso é assim baseado nos ensinamentos de Aristóteles. É mais básico de tudo, saber que ele foi o mentor, o incentivador de se fazer uma metodologia de estudo. Em suma, ler Aristóteles é quase essencial para a abertura dos caminhos e para não cair nos descaminhos.

Cair nos descaminhos é muito fácil. Já cai e ainda acho que cairei em muitos deles. Agora, o que torna um caminho mais rico e aparentemente mais interessante é a capacidade de amarrar questões de ordens distintas e conseguir delas tirar o melhor proveito. Lendo as Reflexões Autobiográficas de Eric Voegelin, uma passagem me foi bastante interessante: a do confisco de livros pelos nacional-socialistas. O rapaz (enviado pelo governo) disse que aquela escrivaninha era a única que parecia ser de um verdadeiro professor. E ele simplesmente levou alguns exemplares, deixando muito da biblioteca dele preservada. Eis uma verdadeira história de respeito por um homem que durante a vida tentou e muito elucidar questões, e não confundir as mentes. Mas neste livro podemos ver a mensagem de alguém que sabia exatamente o que estudar e onde procurar as fontes para estes trabalhos. Imagine quando você não sabe ao certo o que será seu objeto, e seu orientador, no caso alguns orientadores, te confundem mais ainda tirando você do foco no qual acredita haver uma questão de relevância?

Muito já passei (e ainda passo) por isso. Não sei ainda como resolver, mas no entanto, continuo a buscar mais e mais, ainda sem direção.

Ainda não... Mas quase...

Ainda não é chegada a hora de ir embora de vez do Brasil. Já tive uma boa experiência e esta me motiva a ir embora outra vez, assim como ficar no Brasil somente se acontecer um acidente ou uma oportunidade de melhorar a capacitação para ir embora...

Quase que posso dizer que minha volta estava carregada de uma esperança que não aconteceu; não da forma que queria. Uma postura que acredito ser um “no mínimo” aceitável ainda não aconteceu e a tendência é do país estar cada vez pior nos próximos anos. Há de se ter enorme paciência para com as pessoas “mortais” e uma dose de frieza para encarar os “imortais” que só falam asneiras.

Certa vez me falaram que ser de uma forma aos dezoito anos de idade é normal e aceitável. Aos trinta já era doença. Imagine então aos setenta, oitenta, cem anos? É, chegar aos cem anos de idade, dentro de poucos anos, no máximo uma década, não será algo tão “impensável”. Há de se ter certo senso de futuro.

Já disse aqui uma vez que a população deve se manter numericamente em nível mundial, enquanto que a produção de alimentos deve superar a demanda mundial. Acabar com a fome parece ser viável e uma questão de lógica, se é que o ser humano não seguirá o caminho da extinção. Fácil, para seguir este caminho é só pensar que a Terra seria muito melhor sem o ser humano. A natureza estaria intacta, a poluição não existiria, o consumo, o capitalismo (nem o socialismo), nada, que pudesse tirar o “equilíbrio” ecológico. Viver significa ter que lutar contra a natureza, transformá-la, extrair da terra, do mar, do ar os nutrientes necessários para sobrevivência.

Ainda não tive tempo de ler todos os escritos de Bjorn Lomborg, os livros O Ambientalista Cético e Cool It – Muita calma nesta hora. Mas com certeza existe uma luz no fim do túnel. Novamente esta postura só poderia ser oriunda de outro país. Nunca vi algo semelhante no Brasil. E o pior de tudo, que estes escritos me foram apresentados por economistas, jornalistas e não é conhecido pelos “caminhos universitários”, pelo menos dentro do ambiente que ele deveria, no mínimo, ser conhecido. Pode ser contestado, claro. Mas não é bem isso que se vê.

Gosto muito de assistir ao History Channel. Vejo quase tudo o que passa lá, desde as aventuras dos caminhoneiros do gelo, como as hipóteses da civilização Viking, assim como documentários sobre a América. Não que os americanos sejam muito melhores, mas que suas universidades se dispõem a trabalhar em favor da população isso é incontestável. Hoje vi um documentário “suculento” em Os sabores americanos. Falava sobre como a pizza se popularizou nos Estados Unidos. Inicialmente em Nova York para depois tomar conta de todo o território, passando pelas redes como Pizza Hut e Dominos. Quando vi algo parecido com isso no Brasil? Para dizer que nunca vi nada semelhante, há um programa na TV Senado sobre a batalha do Contestado. Mas ainda assim, me fale: quantas pessoas estudaram o Contestado no Brasil? Se comparado à guerra de Canudos, nota-se a total falta de critérios dentro da universidade para tratar da história brasileira. Fale-me rapidamente quem estudou sobre a batalha do Contestado na escola? Quem já ouviu falar? São sempre coisas muito obscuras... Tem enorme valor (e é objeto de minha longa pesquisa), mas há de se ver que existem muitos outros temas do dia a dia que nunca entram na pauta de estudos de uma universidade (brasileira).

dezembro 12, 2008

Capitu

Bem, o Senhor Zeca Camargo escreveu sobre Capitu também. Antes dele Daniel Pisa já o havia feito, e por motivos diferentes. O que acho interessante na visão de Zeca Camargo é que suas postagens não são pequenas, o que gosto e muito.

Certo que esta postagem em questão ele se justifica, ou melhor, explora o que havia comentado na postagem anterior. De certa forma isso é muito interessante para quem tem um retorno de seus leitores. Para melhor dizer, de quem tem leitores...

O bom é que ele escreve o que acha legal, sempre ligado às questões culturais. Imagine só se abrisse seu leque de assuntos... As polêmicas já são grandes com o que escreve somente sobre cultura, o que em muitos casos acaba caindo em outros conceitos, é claro. Mas são abordados em segundo plano, preferencialmente se fala sobre cultura. Nisso são livros, músicas, cinema, arte e outras coisas mais.

No inicio, quando comecei a lê-lo, fiquei com dúvida se escrevia para adolescentes. Isso não me atraia, não por preconceito, mas eu já passo mal quando falo sobre alguns filmes e músicas dos anos 80, que eram para mim a infância e a adolescência. Coisas simples como Alexandre Frota ser casado com Cláudia Raia, TV Manchete, entre outras coisas bastante corriqueiras, sem maiores polêmicas. E Zeca Camargo cita certas bandas, como New Order, e explica um pouco sobre o que era na época. Um tanto didático, eu achei a princípio. Depois soube que ele escreve o que quer, mas se assusta ao saber que esta sendo lido por alguém de treze anos e que comenta estar gostando e perguntando o que não entendeu.

Eis que esta postagem de Zeca Camargo inicia falando sobre música e não para. Para ser exato, assisti somente partes da mini-série, não conseguindo o que Cristina Padiglione recomenda. Mas é incrível a trilha sonora. Totalmente “alternativa”, diria eu.

Capitu é baseada no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, cujo centenário de morte se comemora este ano de 2008 e esta é a maior homenagem a ele deste ano. Às vezes fico a pensar em quem não leu Dom Casmurro, ou que leu forçado, não conseguindo entender a mini-série, ou a acaba achando que é algo “elitista”. Ou, sem ler, acabaria gostando da forma que esta sendo feia, sei lá eu. Vamos saber disso em alguns dias, quando os índices de audiência ou de comentários sobre a série aparecerem.

Eu acho que acabará indo parar no cinema, como foi o caso de Caramuru, em 2000 (ou seria em 2001?). O que daria para fazer a recomendação de Cristina... Claro, perdendo algumas cenas, quem sabe até muito da essência e dos detalhes da série, muito mais complexa que Caramuru. O mesmo também aconteceu com Alto da Compadecida. Não assisti ao filme Dom, que seria mais uma das adaptações de Dom Casmurro. Ainda não vi ninguém falar a respeito do paralelo da série e do filme. Um tema não tão simples, porém não acho que esteja sendo comentado como gostaria. Deve ser porque o filme deve ser muito inferior a série. Estou a esperar.

dezembro 10, 2008

Criacionismo e Evolucionismo

Liberdade

Com este subtítulo inicio este pequeno texto, daqueles que dão nó na garganta. Certa vez conversava com um amigo quando este me disse que não há maior liberdade do que não acreditar em nada. Sou obrigado a concordar. Se Deus não existe você está praticamente livre de tudo. Isso até me lembra uma das frases que não vou lembrar ao certo, de Ivan Karamázov, personagem de Fiódor Dostoiévski (isso me lembra da recente edição em dois volumes de Os Irmãos Karamázov pela Editora 34), onde declarava que se não existe Deus tudo é permitido. O que, obviamente, denota uma visão de que Deus existe, mesmo que muitos achem que isso queria dizer que Dostoiévski era ateu... Essas questões de inversão lógica são constantes das quais temos que fugir o tempo todo. Sem contar que confundir autor com personagem...

Até aí, não há problema algum, se volta àquela velha questão sobre a matriz moral do Liberalismo (aquele Liberalismo de John Locke...). O que não tenho lá muito a falar por falta bases teóricas mais profundas, principalmente de Eric Voegelin e Max Weber.

Ensino do Criacionismo em escolas cristãs

Recentemente saíram reportagens sobre o ensino do Criacionismo nas escolas de crença cristã, além também do estudo do Evolucionismo, como uma teoria, como sempre. Nada mais justo a dar liberdade de cunho religioso às escolas de crença cristã. Não acho que deveria ser adotado no ensino público, pois se não há nem aulas de português ou matemática, quem dera ter mais uma questão a dar margens a especulação de pessoas mal intencionadas.

No ensino público sempre há a falta de alguma coisa, há sempre má intenção de alguém. Se há alguma coisa que aprendi nos meus oito anos de ensino público é encontrar raras ocasiões de boa intenção ou verdadeiros educadores. E o engraçado que eram sempre as professoras em fase de aposentadoria que eram as boas professoras, as que realmente tinham alguma preocupação com educação (não na formação de manadas).

Agora, ser favorável ao ensino do Criacionismo não diz nada. Declarando: sou católico. E mesmo que não acreditasse em nada (quem não acredita em nada, acredita que não acredita) seria falta de liberdade não deixar ensinar o Criacionismo. Se os pais dos alunos não gostam, que mudem seus filhos para outra escola, não cristã.

Laico não significa não ter religião, mas sim respeitar todas as religiões. Há alguns ritos que não me incomodam, mas há outros que tenho mesma opinião de René Guenón, que era muçulmano. E nem por isso saio por aí a escrever sobre as minhas objeções.

Haja paciência

Questões que já abordei algumas vezes é que não gosto de falar sobre religião. Primeiro que é bastante pessoal, o que é bom; é individual e a opinião quando emitida sem o peso dos preconceitos é sempre de grande valor, conforme comecei este texto falando sobre a opinião de meu amigo, que mesmo pensando diferente de mim, teve um pensamento bastante interessante e digno de enorme respeito.
Não tenho paciência para questões de ordem dogmática. Não há como discutir sem a mesma base de dados. Para ser mais exato, discutir sem conhecer a obra de São Tomás de Aquino ou de Santo Agostinho, é muito complicado. Isso entre cristãos.

Conforme escreve um grande professor: “O processo é trabalhoso, mas simples: cumprir as tarefas tradicionais do estudo acadêmico, dominar o trivium , aprender a escrever lendo e imitando os clássicos de três idiomas pelo menos, estudar muito Aristóteles, muito Platão, muito Tomás de Aquino, muito Leibniz, Schelling e Husserl, absorver o quanto possível o legado da universidade alemã e austríaca da primeira metade do século XX, conhecer muito bem a história comparada de duas ou três civilizações, absorver os clássicos da teologia e da mística de pelo menos três religiões (...)”. Bem, eis mais um caminho.

dezembro 09, 2008

Ronaldo no Corinthians

Obviamente fiquei feliz em ver o Corinthians em todos os jornais do mundo devido à contratação de um dos jogadores mais conhecidos de todos os tempos. Sabe-se que há um marketing a respeito dessa contratação, o que também teria se um Flamengo tivesse contratado Ronaldo. Não há aí nenhum problema. Todos sabem que Ronaldo é muito maior do que um “reforço”. Isso nem sequer merece atenção. Ou se merece é por que há mais apostas favoráveis a Ronaldo.

Obviamente ele será cobrado pela torcida. Se for bem será um ídolo. Quem espera que vá mal? Ou melhor, alguém tem dúvidas que ele não se recuperará? Não vejo esta questão como aposta (posso estar sendo otimista demais).

O importante é esperar por sexta-feira, dia em que será efetivamente apresentado pelo Corinthians. A imprensa esportiva terá muito a falar nesse período de férias. Os jogos do Corinthians, ao menos os primeiros, estarão lotados. E eu que pensei que fosse só voltar a falar de futebol em janeiro...

Está chegando mais um louco!

Camiseta de Ronaldo - foto: Marcio Fernandes/Agência Estado

É isso ai. Corinthians nas páginas dos jornais do mundo inteiro dois dias depois do São Paulo ser campeão pela sexta vez. O mais interessante foi Muricy Ramalho afirmando que agora o campeonato está num nível altíssimo! Pois é, Ronaldo está jogando no Brasil, e no Corinthians!

São Paulo Tri, Hexa: só não venceu a Sulamericana...

E o São Paulo ganhou mais um título. Vejam: desde que o Corinthians ganhou o Campeonato Brasileiro só o São Paulo foi campeão... Mas o São Paulo nunca ganhou uma Copa Sulamericana. Bem, qual time ganhou uma Copa Sulamericana além do Sport Club Internacional, de Porto Alegre? Que foi campeão do mundo também. E mais: totalmente desacreditado.

Mas porque falo do Internacional? É um time que perdeu para o Goiás em 2007... Na reta final do Campeonato (assim desclassificando o Corinthians...), o mesmo que poderia ter dado o título deste ano ao Grêmio.

Voltando ao São Paulo, ganhou. Nem sei sobre as notícias que ontem tumultuavam as mesas redondas, a respeito da troca dos juizes. Mais certo é que o time nada tinha a ver com isso. Essa história de máfia dos juizes é assunto que o Internacional não engole até hoje... E porque o Corinthians de 2005 foi incompetente de fazer uma vitória a mais para tirar a dúvida...

Em janeiro volto a falar de futebol, sobre o Campeonato Paulista, onde espero que o meu time jogue no mínimo direito. Já é alguma coisa...

dezembro 06, 2008

Salário Mínimo

Muitas vezes fico a pensar na diferença entre salário mínimo nos Estados Unidos e no Brasil. E na grande diferença entre o salário mínimo e o salário mais alto recebido no país. Para ser mais exato, na diferença entre o salário do cargo mais alto numa empresa e o cargo mais baixo, na mesma linha de sucessão (claro, comparar o salário da copeira com o do presidente da empresa é o mesmo de dizer que morangos são mais saborosos porque mais caros que limões).

O fato que deixa muita gente feliz é com o tal indexador do dólar ao salário mínimo, do qual o presidente Lula sempre fez propaganda. E agora?

Do ex-blog do César Maia, de 5 de dezembro de 2008:

SALÁRIO MÍNIMO CAI A 166 DÓLARES!

E é sempre bom lembrar que Lula dizia que o piso do salário mínimo em seu governo seria de 200 dólares. Se analisarmos agora os números da economia brasileira em dólares, que é o que fazem lá fora, o PIB despencou, a proporção de pessoas abaixo da linha de pobreza no critério do Banco Mundial aumentou muito, o patrimônio das empresas desabou... Com o dólar baixinho era usado como propaganda. E agora?

Aprovação popular...

Outro dia alguém me disse que Lula era popular...

Do ex-blog do César Maia em 5 de dezembro de 2008:

“(...)E POR FALAR EM APROVAÇÃO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA! SARNEY FOI RECORDE HISTÓRICO NO ESTADO DO RIO!

Em 14 de junho de 1986, o Ibope divulgava pesquisa fechada no dia anterior de avaliação de governo. O presidente José Sarney tinha 81,6% de ótimo+bom, 15,5% de regular e 2,5% de ruim+péssimo. É verdade: em pleno Plano Cruzado.(...)”

Ta bom que ele vem com estes índices a um bom tempo. A economia continua acompanhando este bom desempenho, diferente do Plano Cruzado, onde a economia desandou muito mais rapidamente.

Bem, num recente livro sobre José Sarney, falava-se sobre o Plano Cruzado ter sido o grande laboratório do Plano Real. Enquanto a crise mundial estiver sob controle, a marolinha do Lula continuará. Mas já são notados muitos pontos de crise e recessão, principalmente para o próximo ano. Vamos ver quem serão os ratos a pularem do barco primeiro...

dezembro 05, 2008

Hotmail...

- Qual é seu e-mail?

Logo que iniciei minhas “navegações” na internet, essa é uma pergunta com certa constância comum. Naquele ano de 1997 não eram muitos que tinham e-mail e poucos que entravam nas salas de bate-papo do UOL. Eu, na época, tinha um provedor chamado STI e uma placa de fax-moden que era até veloz para a época, não vou lembrar das medidas. Era um Pentium 200MMX, com 32 de memória. Uma máquina “explosiva” para a época... E tinha um e-mail Hotmail, que é o mesmo até hoje, aquele que uso no MSN Messenger, quando uso... E mais nada (felizmente um amigo meu disse que para usar o Messenger não é mais necessário o Hotmail... Ótimo. Aqui.)

Mas nos meus currículos detestava colocar um e-mail Hotmail. Sei lá se é preconceito. Eu achava que é para alguém que nunca acessa o e-mail ter uma conta Hotmail. Mais tarde fiz uma conta num provedor conhecido e desaparecido chamado SOL (SBT on Line). Esse sim, era bom. Não sei por que, mas também nunca gostei do UOL. Deve ser birra da época. Bem, depois que o SOL resolveu passar todos os seus clientes para o UOL, num mesmo momento que apareceu o iG, migrei para a tão fantástica “internet grátis” do iG. Não passou nem um ano e eu já detestava tudo daquele portal. Fora o Morango, nada lá me agradava... Nem o Nizan Guanaes, à época a frente do iG. Bem, outros portais começaram a distribuir “internet grátis”. Fui assim até 2002 quando entrei finalmente no Ajato. Já era assinante da TVA, foi fácil a instalação e, por coincidência, foi na mesma época que começou a funcionar a AllTV, uma TV pela internet, que era extremamente interativa. Comecei a gostar das vantagens da banda larga. Hoje sou assinante Net Virtua, tenho até Net Fone... hahahahah

Mas voltando ao caso do Hotmail, mantenho aquela conta sei lá por que há mais de onze anos. Poucas pessoas ainda enviam mensagens para aquela conta. Nunca avisei a eles de que aquele não era meu principal e-mail. Afinal de contas, eu o acesso sempre, recebo o boletim da Borders, do Office Depot e mais uma monte de outras propagandas que quero receber, mas que vejo com menos freqüência,mas sempre leio todos os e-mails. Não sei dizer, mas parece que Hotmail, assim como Yahoo, são aquelas coisas que aconteceram antes do Google. Não interessam mais após a gama de serviços que o Google oferece. O Gmail é muito mais interessante que o Hotmail, e a busca no Google parece ser algo que nasceu com a internet, faz nos esquecer de outros sites de busca tenham existido, como o Yahoo (um dos poucos sobreviventes), Altavista, Surf, e sei lá mais qual.

O interessante desse pequeno texto é que esbarrei em pelo menos três questões meio espinhosas para os profissionais da área de informática: 1- Hotmail e a Microsoft; 2- Google, Gmail, serviços e softwares; e 3- Menos relevante: Internet grátis, iG.

Lembrando que sou arquiteto, não tenho maiores ligações com empresas de internet ou de softwares e sou contra idéias como o “software livre”. Em miúdos: uso Windows, AutoCAD, Photoshop e outros softwares de gigantes como Autodesk, Adobe e Microsoft. Detesto, com todas as minhas forças, os “genéricos” Intelicad, BR Office e outras barbaridades. Mas, por outro lado, adorei o SketchUp, software gratuito produzido e oferecido pelo Google. Não me interessa se a Microsoft tem monopólio ou não, mas que produza algo que preste, onde possa rodar meu AutoCAD, meu Photoshop. E isso vinha acontecendo como tendência, desde o Windows XP (recente, eu sei), o que não consigo avaliar se é porque existem outros sistemas operacionais (o Linux) para rodar em PC (pois Mac sempre foi uma ótima alternativa, porém não tão completa, ou é completa demais, ou é um “sistema fechado”) ou se a tecnologia finalmente conseguiu chegar a resultados razoáveis.

Trabalhando sobre este perfil, de realidade de usuário, o que retira “ideologias” de que tudo vai se modificar no “futuro” e que já há softwares semelhantes, etc., o primeiro tópico é sempre aquele que fala dos fãs da Microsoft e dos contrários a ela. Coisa chata, que detesto e esta fora de questão. O segundo tópico é sobre o Google, que é moderno, mas que tem tendências a ser dominante na internet. Onde há especulações sobre monitoramento de conteúdo e que por isso muita gente prefere usar o Yahoo. Outras muitas teorias. O terceiro tópico até hoje rende “projetos” mirabolantes até de ex-prefeitas em fases desesperadas. Nessa hora tenho que lembrar de Milton Friedman dizendo que não existe almoço grátis. A idéia de se fazer um provedor gratuito estava atrelada à telefonia, que naquele momento da história do Brasil estava em processo de privatização. Tanto que é só lembrar quanto custava um telefone em 1993, 1994, por exemplo, e quanto custa hoje uma linha telefônica. Uma breve pesquisa no Google responde este questionamento com uma enorme quantidade de fatos, não de versões. Um projeto que popularizou mesmo a internet naquele momento, mas que comparado aos dias atuais, é uma “historinha” de tentativa.

Ao esbarrar também na AllTV, da qual fui entusiasta, que foi um projeto extremamente caro e sem lá muita repercussão. Hoje, vários portais têm suas “televisões”, com vídeos que tendem a ser menos interativos no conteúdo, mas com uma facilidade enorme de acesso. E para a interação, tudo hoje parece um grande blog, onde abaixo das reportagens existe espaço para a “opinião do leitor”. Mediadas sei lá por qual critério e por quem. Uma televisão, uma nova rede de televisão, sempre é um sonho. Sempre há entusiastas como eu, que apóiam a idéia de um novo formato, de interação, de algo novo. Mas porque será que nenhuma decola ou produz novos formatos, programas etc.?

Eis o que fico a pensar “navegando” pela internet, se nada de novo encontro. Poderia fazer um breve histórico de como começou a “interação” das pessoas com os portais e a tais “novas formas” de relacionamento, os tais “relacionamentos virtuais”. Mas isso é trabalho para sociólogos, e, de novo, eles continuam a estudar qualquer coisa na universidade menos o que há demanda. Acredito que os sociólogos devem ter repulsa ao povo, pois sempre estudam temas onde eles não têm interesse nenhum. Por exemplo: o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil. Os universitários estudam se Deus existe ou não, não se importando com o fenômeno presente à vida das pessoas, do tal “povo”. O tal relacionamento virtual é motivo para enormes especulações, mas sempre distante da realidade das coisas, pois, quantos são estes casais hoje no Brasil? É relevante? Ou são notícias do “bizarro” (aquelas que os veículos circulam por ser “diferentes”, mas que são de nenhuma relevância)?

dezembro 04, 2008

Jornalismo Cultural

Lendo uma breve crítica num blog qualquer, não lembro mesmo, mais para frente falo o porquê, lia que o “jornalismo cultural” no Brasil é muito ruim, principalmente ao tratar coberturas sobre bandas de rock e heavy metal. A crítica explorava a respeito da falta de qualidade até de se cobrir eventos, citando que basicamente eram noticiadas as datas e locais, sem maior opinião a respeito. E ainda citava que este jornalismo ao cobrir as bandas buscava no bizarro e não na música a notícia.

O que penso a respeito que há, sim, um tanto de falta de cultura no jornalismo cultural. Falta ler o Daniel Piza – Jornalismo Cultural – e saber as origens desse jornalismo. Há muitos jornalistas culturais bons no Brasil. Como já citei aqui, o livro Contra o Consenso, de Reinaldo Azevedo, é um excelente exemplo. Fala de cinema, de televisão, sobre o Cazuza, o Marcelo Taz, além das letras, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, etc.

O problema da música, mais especificamente do heavy metal, esta mesmo na cultura paralela desde movimento. O pequeno texto daquele blog trazia palavras de Jotabê Medeiros, um excelente colunista musical do jornal “O Estado de São Paulo”, falando que o público de “metaleiros” era o mais fiel e estava lá para ouvir música, para curtir a banda e não como mero entretenimento. Pois, para um “metaleiro” (termo que detesto), a música está no “sangue” (expressão que também detesto).

Nesta “cultura paralela” que acabei de citar acima, nascida dos movimentos de contra-cultura lá nos anos 1960, há busca por questões esotéricas entre outras. Mas também muito de críticas de costumes, de visão de mundo, de história, como na letra de Alexander The Great – Iron Maiden:

“(...) Near to the east
In a part of ancient Greece
In an ancient land called Macedônia
Was born a son
To Philip of Macedon
The legend his name was Alexander
At the age of nineteen
He became the Macedon King
And he swore to free all of Asia Minor
By the aegian sea
In 334 b.c.
He utterly beat the armies of Pérsia
Alexander the great
His name struck fear into hearts of men
Alexander the great
Became a legend mongst mortal men (...)”

Seria falta completa de cultura ignorar o fenômeno que são as bandas de rock, que há décadas mantém seus fãs pelo mundo todo, assim como lotam shows, às vezes nem divulgados na grande mídia. Ninguém é obrigado a cobrir os shows, porém, quando se dão a este trabalho, o mínimo esperado é seja bem feito, e por quem entenda do assunto. Para os mais velhos, de gerações que “amavam os Beatles e os Rolling Stones”, cujo acesso aos discos era muito mais difícil, me falam das reportagens feitas por Nelson Motta na televisão (anos 1970). Pelo que contam, naquela época, as reportagens eram de melhor qualidade as feitas hoje em dia.

Há espaço para todos os gostos, porém acredito que há certo preconceito. Nunca senti nenhum tipo de preconceito quanto usava “cabelos longos”, mas uma coisa é certa: o público de heavy metal realmente é exigente, diferentemente de outros que preferem pular, não se importando se a cantora esta rouca ou não, nem sobre o que fala a letra, afinal, para eles o que importa é “a levada”.

Já li excelentes reportagens sobre músicas feitas por jornalistas desconhecidos da grande mídia, em sites perdidos na internet, como já vi péssimas entrevistas de apresentadores de TV, que são considerados “intelectuais”... Em especial um meio gordinho, que acha que todo cabeludo não sabe nada...

Como começou esse tópico

Estava na internet buscando algum site ou blog que falasse de música (mais especificamente estava me divertindo lendo uma menina que escreve mal pra chuchu, mas que sabe contar bem uma história) e me deparei com um que havia uma bela postagem (algumas belas postagens), mas o tal blog não era atualizado há tempos. Então fui buscando um que fosse mais novo e tivesse boas postagens. Nisso fui perdendo a quantidade de blogs que entrei e nem consegui depois encontrar aquele, que mesmo sem atualização, era o melhor de todos.

Para ser exato, muitos têm atualizações excelentes, falam bastante de bandas praticamente desconhecidas e tem agenda de show; muitas agendas de show, e mais nada. Nada de crítica, nada de falar de disco antigos, nada de dar opinião. Um vazio total. Em matéria de blog de música (heavy metal e rock´n roll) sou obrigado a dizer que nos 100 mil blogs brasileiros não há nenhum que seja bom o suficiente. Para dizer bem a verdade, se eu, que sou arquiteto, consigo fazer igual ou parecido, é porque não encontrei mesmo nada melhor. Eu, ao escrever sobre música, discos, cantoras, escrevo sobre impressões, sobre lembranças, não me importando muito em descrever uma crítica geral ao disco, em fazer uma resenha ou sinopse do mesmo (resenha só se usa para livros? E sinopse, só para cinema?). E o faço por intuição, tentando ao máximo escrever certo, em português. E nem isso encontrei.

Encontrei alguns blogs específicos, de rock progressivo, de música brasileira, mas nada que eu gostasse e me motivasse a voltar lá. Outro dia, pela rádio CBN, fiquei sabendo de um blog sobre discos de vinil que não foram lançados em cd. Bastante interessante, mas no blog simplesmente tem as músicas para serem baixadas, as capas dos discos, e mais nada; nenhuma sinopse, nenhuma crítica. Eis que se não quando, volto eu a ler a grande mídia, a internacional, atrás de alguma crítica a respeito do que gosto.

dezembro 03, 2008

Hidden Treasures

O ano era 1995. O disco foi trazido por uma fantástica fã oriental (do Megadeth, e minha...). Era um lançamento bastante recente. Havia visto o Megadeth ao vivo pela primeira vez havia pouco tempo. Questão de pouco mais de um mês. O mais interessante era uma coletânea de tributo ao Black Sabbath, Nativity in Black, lançada em 1994, que continha a participação do Megadeth tocando uma das minhas músicas prediletas: Paranoid. Tinha ouvido a coletânea e ficado fascinado não só pela versão executada pelo Megadeth como também por uma versão de Sabbath Bloody Sabbath, executada por Bruce Dickinson. E Hidden Treasures trazia não só Paranoid como também No More Mr. Nice Guy, clássico de Alice Cooper. Sem contar outras pérolas esquecidas como Angry Again e Diadems. O nome não poderia ser mais apropriado.

Se há algo que guardo até hoje com certo orgulho é ter seguido uma indicação de uma rebelde menina, que ficava comigo ao telefone por horas, na madrugada, falando de bandas como Megadeth e Whitesnake, suas prediletas. Era interessante demais falar com ela. Tinha um ar meio superior, um pouco intelectualizada, mas no fundo era uma solitária rebelde que tinha uma pontinha de inveja da minha liberdade de tocar (muito mal) com os “caras” e meio que viver algumas aventuras impensáveis a ela, como aquelas noites em meio a bandas e amigos naquela fase do início dos anos 1990 da famosa Rua Treze de Maio, no bairro do Bixiga. Lá estavam pessoas, bandas, em suma, a música.

Mas saindo dos bares de rock e voltando ao Megadeth, é talvez umas das poucas bandas que acompanho até hoje. E este pequeno disco, que é mais uma reunião de musicas a um álbum, ainda é dos que coloco para escutar com certa constância, ao lado de Countdown to Extinction e Youthanasia. Só posso dizer que é uma fase que vivi, dos lançamentos destes discos, da apresentação de videoclipes na MTV, e, como afirma o Zeca Camargo, tendendo a achar que é a melhor coisa do mundo.

O interessante que naquele ano de 1995 tinha tempo para me dedicar às tarefas mais complicadas, como trabalhar durante o dia, com gel nos cabelos, estudar num cursinho à noite e ainda fazer um curso de inglês aos sábados. No curso era normal ficar perguntando o que certas frases queriam dizer e ficar traduzindo letras de músicas. Hoje ainda faço isso, mas tenho já uma técnica apurada, trazida pela tecnologia Microsoft... Mas o dicionário é ainda o mesmo Michaelis de sempre. Para ser mais exato desde 1991. Assim como o de espanhol é de 2000, o de alemão de 2003 e o de francês, mais recente, 2006... Seguindo o que recomenda um grande mestre, o ideal é aprender pelo menos uma língua clássica (latim ou grego) e pelo menos dois idiomas além do inglês e espanhol, isso como básico, para ai sim, iniciar uma carreira acadêmica.

Bem, novamente voltando ao Megadeth, eu não consigo hoje ouvir Metallica, banda da qual Dave Mustaine fez parte, da mesma forma e com a mesma vontade que escuto Megadeth. Há alguns anos assisti na casa de uma amiga um DVD sobre o Metallica, onde Dave Mustaine se reencontrou com Lars Ulrich para uma conversa, uma reconciliação, algo muito esperado pelos fãs. Os últimos trabalhos do Megadeth não andam me empolgando muito, com exceção de The System Has Failed, de 2004. Acredito que minha exigência está em esperar sempre uma continuação dos álbuns de 1992 e 1994. Se eu não sou mais o mesmo, porque esperar que uma das minhas bandas prediletas seja a mesma, não mude?

dezembro 02, 2008

Jørn Utzon (1918-2008)

Megadeth e ao fundo a Ópera de Sydney, obra mais conhecida de Jørn Utzon.
Uma pequena homenagem a um dos grandes arquitetos do século XX, ganhador do Prêmio Pritzker em 2003, morto aos noventa anos de idade, no ultimo sábado, 29 de novembro.

A leveza do desenho de sua obra mais conhecida é um dos cartões postais mais conhecidos no mundo. Concebida em 1957, fruto de um concurso internacional, Utzon não havia conseguido concluí-la, deixando o projeto em 1966, voltando a fazer intervenções há poucos anos, a convite do governo de Sydney.

Se me fosse pedido falar da obra de arquitetura moderna mais bonita, com certeza a Sydney Opera House estaria em primeiro lugar. Ela inaugura uma nova fase na concepção de edifícios dentro do panorama da arquitetura moderna.

Especial Aprendiz 6

A próxima edição de O Aprendiz será composta de universitários. Pela edição especial que foi ao ar dia 1 de dezembro, o programa não será tão divertido. Lembrando que quem observa o programa como uma fonte de conhecimento, ou como uma das participantes descreveu certa vez, que participar do programa era como fazer um MBA, talvez seja de pouco interesse. Eu acho somente um entretenimento, de boa qualidade.

Não tenho como pensar no programa como uma extensão de conhecimento, como um aprendizado. Só, claro, não se pode negar que é para um público que tem interesse no universo executivo, quem têm outros interesses a aqueles expostos num Big Brother, por exemplo. Obviamente que os anunciantes são diferentes, com outro foco. Mas não ao compararmos com as fatias de mercado que o programa atinge, acho que têm melhores e mais caros patrocinadores.

Mas voltando a edição especial, esta era composta por 16 universitários, que passaram por testes de lógica na primeira etapa, onde foram divididos em dois grupos de 8 pessoas. Porém, a regra era excluir o grupo que fosse pior nas realizações. Ou seja, tirar 8 pessoas independente das características individuais. Bem, há de ter critério, e este era o critério. Depois foram para uma segunda etapa, onde dividiram em dois grupos de 4 pessoas para perguntas e respostas. Assim eliminando mais quatro candidatos. Os quatro últimos disputaram mais perguntas e respostas, onde uma das candidatas superou e muito as questões, indo para a fase final com o segundo colocado. A fase final foi baseada na letra do hino nacional e a disputa estava encerrada.

Duas coisas a respeito deste episódio: que a educação brasileira decaiu tanto, mas tanto, que nem o hino nacional esses meninos sabem mais. Era bastante chato ter que decorar a letra do hino para o sete de setembro, quando criança, mas até hoje sei grande parte da letra graças a isso. As datas, questões de “relativa importância”, foram piores que a encomenda: fora a ganhadora, praticamente ninguém sabia data alguma. Esta questão reflete uma tendência que escapa a articulação de idéias. Vamos a data em questão: Qual o ano da proclamação da República? Somente a vencedora acertou, dizendo 15 de novembro de 1889. Um colocou 1988. Esta foi a data da abolição da escravatura no Brasil, pela lei áurea. Menos mal, pois os fatos são interligados de certa forma. Mas há de convir que se fosse que os outros candidatos escrevem 1822, data da independência do Brasil, até seria aceitável. O que não é aceitável escrever 1840, que se não me engano, nada aconteceu. Poderia dar outro exemplo: Ao se perguntar qual foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto, dois participantes escreveram Tancredo Neves. Não é uma questão fácil saber que foi Prudente de Morais, um presidente sem maior projeção; é complexo mesmo. Mas Tancredo Neves já é demais. Justamente porque sua eleição foi indireta, fruto de uma enorme articulação, da derrota do movimento “Diretas Já”, que também foi resposta de uma das questões. As datas não têm importância quando se sabe o contexto, a interligação. O que poderia chamar de história interpretativa. Mas não se pode ignorar as datas e as interligações. Isso é ignorância.

A ganhadora desta etapa especial se saiu muito melhor aos seus companheiros, que não conseguem ir muito além de uma cultura pop mitificada. Um deles, até ironizado por Roberto Justus, tinha Vinicius de Moraes como resposta a tudo. Entendo que quando se coloca Heitor Villa Lobos e Caetano Veloso no mesmo patamar de qualidade musical, não se poderia ter mais do isso. Durante a minha geração ainda pairou a MPB com os mesmos nomes de hoje e desde os anos 1970, com boas pitadas de bossa nova. Mas houve nos anos 1980 uma cultura pop que importou um jeito de fazer um “rockinho”, bem brasileiro. Mas a matriz era muito mais externa que interna, sabe-se muito bem. Nos anos 1960 e 1970, essa matriz era mais aberta e a qualidade nacional muito pior. Certo que é difícil comparar um Roberto Carlos nos anos 1970 com um RPM nos anos 1980. Roberto tinha uma banda que o acompanhava, com instrumentos de época, com gravações em estúdios com pouca tecnologia. Já o RPM conseguiu o que havia de melhor em termos de tecnologia, num nível semelhante ao internacional. O sucesso de um não pode se comparar ao do outro, pois Roberto se reciclou e sobrevive até hoje, claro, falando a outros públicos (muito outros, talvez em parte até àquele que era jovem em 1970) enquanto que o RPM foi um “vento”, assim como muitos nomes naqueles anos. Mas nos anos 1990 não havia mais algo que fosse “o ruim” dos anos 1990, sem dar mãos àqueles mesmos nomes conhecidos da MPB. Quando digo “o ruim” é porque sempre a geração anterior fala que a outra atual é muito pior. Uma coisa de falar que os anos 70 eram melhores que os 80 que eram melhores que os 90 etc. E que tem muito de verdade, mesmo. Mas não se pode fazer disso um mito. Que é nítido que o Brasil teve uma enorme queda na qualidade dos produtores de cultura (escritores, poetas, músicos) a partir dos anos 1950, chegando ao nível atual. Claro, no mundo inteiro isso aconteceu, mas o caso brasileiro é pior.

Além da decaída cultural, o que mais atrapalha o desenvolvimento e a questão de impossibilitar as escolhas. Com o atual pensamento “politicamente correto” certas questões de ordem de escolha ficam truncadas, ao ponto de se perder o senso da qualidade das coisas. Bem, isso já foge um pouco desde comentário televisivo, mas é interessante deixar claro que não é porque gosto de algo que este algo é bom. Nem porque algo é uma “unanimidade”, como Caetano Veloso, que faz dele um “gênio”. E isso serve para tudo.

novembro 30, 2008

Altas Horas e a minha insônia continua...

Neste sábado assisti por momentos ao programa de Serginho Groisman. Já havia conseguido ter noites de sábado muito melhores - em bares e restaurantes – e mesmo dormindo antes do início de seu programa, que tende a ser bom. Tende a ser significa que muitas vezes é ótimo, caso do programa de ontem, com a participação de Selton Mello, Diogo Hypólito, a banda de Ana Cañas e Charles da Flauta. Setiveram mais pessoa não lembro.

O papo com Selton Mello sempre é bom; é um dos atores que poderia chamar “da minha geração”. Falou sobre seu trabalho como diretor e pegou no ato a música incidental do Led Zeppelin na primeira participação de Ana Cañas. Realmente é uma referência da minha geração, que parece que não envelhece.

Ana Cañas tem uma banda de segunda categoria. Fez um cover de Raul Seixas com uma música incidental de Led Zeppelin – Moby Dick. Essas coisas deixam o público adolescente, que não sabe o que é uma boa banda tocando, feliz.

Mas em termos musicais o que marcou realmente é a participação no programa de Charles da Flauta. E ele tocou muito bem. Já era um velho conhecido, pois em 1988 havia participado do Fantástico e gravado um disco. Depois de uma breve entrevista tocou o melhor do chorinho brasileiro. O chorinho de Charles é muito superior ao pop rock de Ana. Mesmo não sendo um conhecedor do chorinho, seu ritmo e suas melodias me atraem em um grau mais do que o de simples ouvinte. E esse foi o ponto alto da noite.

Depois desse programa fico apensar nas minhas influencias musicais, aonde venho adorando as letras e as músicas de Noel Rosa, a melodia do chorinho e minha tolerância à música sertaneja de raiz.

Enquanto isso, em Brasília...

Hoje estive especulando a possibilidade de como será a eleição para a presidência do Senado. O PMDB terá a possibilidade de continuar na presidência, porém desta feita com um senhor que tenho certa simpatia, mesmo sempre com um pé atrás: Pedro Simon (PMDB–RS). A disputa se daria entre Pedro Simon, apoiado pela ampla maioria da oposição com o petista Tião Viana (PT-AC).

Se esta disputa realmente acontecer, a chance de Michel Temer (PMDB-SP) de ser novamente presidente da Câmara pode sair prejudicada. Contudo tenho a impressão que Lula segue o caminho de seu grande amigo George W. Bush, mesmo tendo o contrário de aceitação popular, o que, em política, não quer dizer nada.

Tenho uma aposta que o PMDB ficará na oposição à Lula muito em breve. Não numa oposição estúpida como a dos anos petistas de oposição, mas uma mais preocupada em já manter presença no governo sucessor de Lula, que muito provavelmente não será de um petista.

A máquina do governo quer impor um petista no Senado, para conter a única forma da oposição ainda ter alguma força e visibilidade. Esta vitória no Senado é essencial a uma possível candidatura do PT, daquelas mal constituídas como já apresentou outras vezes.

Sabe-se que hoje o partido que tem a maior possibilidade de articulação e de nomes fortes para a substituição de Lula é o PSDB e este sabe que poderá contar com o DEM para as eleições majoritárias, mesmo este já se desvinculando e tendo se renovado mais rapidamente que qualquer outro partido no Brasil. Existem alas favoráveis ao PSDB dentro do PMDB, como o senador Gerson Camata, que esteve junto com Serra em 2002 e o senador Mão Santa, que esteve com Geraldo Alckmin em 2006. O PR tende a ser mais um aliado do PSDB também, mesmo sendo hoje um pequeno partido, assim como o PPS, que já é uma oposição ao governo petista. Na verdade a base governista petista é bastante volúvel.

Já há articulações entre DEM e PSDB nos estados do nordeste, com objetivo de formar palanques fortes para 2010 na região de maior influencia do governo Lula. No sul do país o PSDB encontrará maiores dificuldades, porém tende a ter apoio no Paraná e em Santa Catarina, e grande dificuldade no Rio Grande do Sul, já que a governadora Yeda Crusius esta com sua popularidade bastante baixa e uma guerra interna com o DEM.

São Paulo quase lá...

Depois de um dos melhores jogos do campeonato inteiro, o São Paulo empatou em 1 x 1 com o Fluminense. Foi um jogo espetacular, mas este empate tira e muito a possibilidade do Grêmio ser campeão, mesmo tendo o Grêmio ganho hoje de 4 x 1 sobre o Ipatinga, em Minas Gerais. A noticia ruim dessa rodada é para o Flamengo que perdeu sua participação na Copa Libertadores deixando o Palmeiras na vaga, com um empate hoje com o Vitória.

A próxima rodada vai ser ainda pior que a de hoje, com o Grêmio jogando com o Atlético, no Rio Grande do Sul, com grande possibilidade de vitória e o Goiás enfrentando o São Paulo, num jogo que deverá ser feroz, já que hoje o Goiás conseguiu empatar com o Flamengo, também num jogo bastante disputado, aparentemente.

Minha vontade era o Grêmio campeão e o Palmeiras fora da Libertadores. Objetivo que depende e muito do Grêmio, do Goiás, do Flamengo, do Botafogo e do Cruzeiro. Mas existe esta possibilidade.

Em dezembro...

Eu me enganei. Em dezembro a televisão vai pegar fogo. Iniciando logo no primeiro dia com uma edição especial de o Aprendiz 6. Pode deixar que amanhã escrevo a respeito. Sempre tenho ansiedade pelo programa de Roberto Justus, mesmo sabendo que muito do que vai ali é um bom teatro, inclusive do Walter Longo, que é um cara muito chato!

Não sei qual dia, mas estreará ainda em dezembro a mini-série Capitu, trazendo o Machado de Assis que mais gosto para a televisão (Dom Casmurro). Já li a respeito e será uma das séries mais fieis ao texto, inclusive isso deu bastante trabalho aos atores. E vamos aguardar.

Fora da televisão, o blog do Reinaldo Azevedo vai migrar de plataforma, também amanhã. Além de novas ferramentas, tomara que seus textos fiquem de mais fácil acesso no arquivo, se não terá que publicar mais um País dos Petralhas – a continuação. Acredito que até 2010 o blog de Reinaldo Azevedo vai bater todos os recordes de um blog no mundo.

Show do intervalo

Nota rápida:

O Grêmio ainda tem chances!

Contexto: O Grêmio, na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro está ganhando de virada do Ipatinga (3 x 1) e o São Paulo, líder e preparado para uma grande festa hoje do seu sexto título brasileiro esta empatado, num belo jogo, com o Fluminense (0 x 0). E eu estou escrevendo no intervalo do jogo...

novembro 29, 2008

Pouca Vogal

Cidadão Quem e Engenheiros do Hawaii são duas bandas de Porto Alegre. O Pouca Vogal é um projeto do vocalista do Cidadão Quem com o vocalista (baixista, guitarrista, tecladista?) dos Engenheiros do Hawaii. É um projeto puramente artístico de vozes e violões e alguns outros arranjos. Gostei. Pena que hoje não estou nos dias de escutar algo assim, tão artístico.

O detalhe é que as músicas estão disponíveis em MP3 no site do projeto e não vão lançar um cd do trabalho. Quer dizer, não há nada escrito se vão ou não... Preciso fazer uma audição noutro dia, mais apurada para falar a respeito do projeto, mas a principio nada me chamou muito a atenção.

Praticamente desconheço a banda Cidadão Quem. E ela já tem certa história.

Architecture Of Aggression

“(...) Great nations built from the bones of the dead,
With mud and straw, blood and sweat,
You know your worth when your enemies
Praise your architecture of aggression (...)”


Architecture of Aggression – Megadeth - Countdown to Extinction (1992)

A Segunda Guerra Mundial ainda deixa um rastro de destruição nos dias atuais. A intenção de se estudar o período, produz ainda hoje uma série de questões relacionadas a inúmeras ordens, inclusive artísticas. Há coisa de algumas semanas me deparei com este DVD – Arquitetura da Destruição (Undergågens Arkitektur), um documentário que trata sobre relações do nazismo com o cinema e a arte. O documentário foi lançado em 1989 na Suécia é mais um dos momentos, como dizer, que trata de questões artísticas no período nazista.

Ao se estudar os modelos arquiteturais há passagens referentes a questões que levaram os nazistas (e fascistas) a adotar uma arquitetura de ordem clássica, greco-romana. Este documentário traz mais questões a esta realidade, falando do rebaixamento da arte moderna, já existente e influente no período entre guerras na Alemanha. Leva em alguns casos a lembrar de Hannah Arendt, uma estudiosa cujos trabalhos há tempos me são indicados e até hoje não estudei. Outro dia, na Livraria da Vila, me deparei com uma porção de títulos de sua autoria. Provavelmente seus estudos me serão bastante úteis para compreender as questões relacionadas ao totalitarismo numa pesquisa futura. Ao lado de Viktor Frankl e Eric Voegelin, acredito ser fontes mais do que necessárias para tratar deste assunto.

Não sei ao certo como cheguei a este tema, mas não consegui comprar este DVD ainda, mas cheguei a ver parte deste documentário num canal a cabo. Lembrei-me rapidamente da música do Megadeth homônima. Sabia que poderia haver e há ligação entre as duas. Lembro-me de ter comprado o álbum Coutdown to Extinction ao final de 1994 e já o ter escutado inúmeras vezes, em K7, entre 1993 e 1994. Acho até hoje várias das letras de Coutdown to Extinction e Youthanasia bastante fortes. Não à toa continuo a gostar de Megadeth tantos anos depois, como em muitas vezes já citei por aqui. Não sei o que chamam por aí de letras com “profundidade” ou quando chamam certos indivíduos de “gênios” por causa de alguma letra qualquer ou aquelas entrevistas onde falam sobre “azeitonas do pastel”, noticiadas como “históricas”.

Muitas vezes fico indignado com certas questões da cultura pop que simplesmente se tornam “históricas” e alguns meses depois são esquecidas. Uma prova disso é o filme Tropa de Elite, que até hoje não assisti. Os comentários, as piadas, as cenas e toda uma especulação sobre um Tropa de Elite 2 ou um seriado de TV mostram claramente que histórico mesmo foi o fato de ter sido visto por muito mais gente graças a pirataria, lançado nos camelôs antes mesmo do lançamento oficial. Ou não, mostra que artisticamente é muito bom, que mesmo só com a propaganda boca a boca foi um sucesso. Bem, vou avaliar isso daqui a alguns anos, se ele durar tudo isso. Eu aposto na pouca durabilidade...

Falar da arte, do cinema, da cultura pop, da alta cultura às vezes se torna chato demais. Principalmente quando me deparo com gente que nunca vai entender qual a diferença entre uma coisa e outra e como isso nunca vai fazer mudar uma vírgula na vida deles. Uma outra coisa que fico extremamente feliz é quando me vejo numa mesa de bar com amigos e amigos dos amigos e alguém me fala que foi viajar pelo nordeste e diz ter entrado em contato com a obra de Gilberto Freyre. Ouvi isto pelo menos duas vezes nos últimos anos. É uma alegria e tanto! Imagine que depois disso a pessoa acaba por ler Casa Grande & Senzala, que se sabe lá porque “sumiu” das universidades. Ao lado do pequeno Raízes do Brasil, sempre citado e pouco lido, de Sérgio Buarque de Holanda, acredito eu serem as duas obras mais básicas para começar a entender o Brasil.

É incrível que documentários não tenham lá grande divulgação ou acesso. Não sei dizer, mas parece que ficam recolhidos a pequenos meios. Venho tentado acompanha o festival É Tudo Verdade, para saber dos documentários. É talvez uma das poucas oportunidades de se conhecer os documentários produzidos no Brasil. Os livros, nestes casos, são mais comuns, mas que é interessante ver materializado além de fotos e letras é. Gosto de ver o History Channel por causa disso. E foi de lá que soube deste DVD, tema inicial deste pequeno texto confuso...

Nostradamus

“(…) La tentazione
cercando la gloria
il prezzo da pagare
e la caduta dell'uomo. (…)”


Pestilente and Plague – Judas Priest – Nostradamus (2008)

Eu já havia avisado que o novo álbum do Judas Priest, uma das bandas que mais marcaram minha adolescência, só poderia ser bom. Logo à primeira audição observei novas e antigas sonoridades ao mesmo tempo. Não tão inquietas e cruas como Breaking the Law, mas muito maduras e com uma produção fantástica, além da voz sempre incrível de Rob Halford, de volta e sempre presente.

O álbum Nostradamus é conceitual e todas as faixas tratam de falar alegoricamente sobre a obra do profeta francês. Não analisei profundamente as letras e nem o farei, mas algumas que chamaram a atenção justamente foi Pestilente and Plague cujo refrão inicia este texto, escrito em italiano.

Não é um disco para quem não gosta do gênero. Certa vez me pergutaram se algum disco de heavy metal poderia ser apreciado por alguém que não seja apreciador do gênero e com certeza tem pelo menos uns dois álbuns assim, mas a pessoa, no mínimo, tem que gostar de rock´n roll. Nem que seja um fã de Beatles...

Mas Nostradamus não é para fãs de Beatles e sim para quem está próximo das tendências atuais de bandas de doom metal, gothic metal e até melodic metal, que para mim são definições muito pouco específicas que surgem para atender justamente esse tipo de conclusão: sim, Nostradamus tem mais de novas sonoridades que de sonoridades de suas raiz; porém se sua raiz é a raiz das novas sonoridades, logo ele é o Judas Priest de sempre...
Difícil seria dizer que o trabalho não empolga. Em 2007 tiveram dois trabalhos de bandas bastante conhecidas que não me empolgaram muito. E um trabalho de uma banda nova, que sempre digo que além de mim deve ter mais uns dois ou três fãs com meu perfil, que foi excelente. Mas o Judas foi extremamente competente em seu álbum. Muito mais do que esperava. Não tive o prazer de vê-los ao vivo ainda, pois este ano não tive como ir vê-los, por inúmeros motivos, e em 2005 morava eu nos Estados Unidos. É duro dizer, mas Judas é uma daquelas bandas que já tentei ver e não consegui. Tem uma outra banda que segue o mesmo rumo... Parece até maldição...

novembro 28, 2008

Lendo, lendo e lendo...

Nem sabia, até hoje, que Washington Olivetto tinha um blog. Na verdade acho que meio mundo tem blog. Mas quem será que lê tudo isso? Leio constantemente o blog do Reinaldo Azevedo, a coluna semanal de Olavo de Carvalho, regularmente o blog do Zeca Camargo, o blog e a coluna semanal de Daniel Pisa e não tenho tempo para praticamente mais nada, a não ser ver o que os amigos escrevem. Às vezes passo horas lendo blogs de amigos e as loucas indicações que fazem. Mas já disse que leio bastante, na internet e fora dela. Estou atualmente com uma fila de leituras, mas no meio do caminho leio um ensaio ou outro de livros variados. Fora os livros que fazem parte das pesquisas, dos quais tenho sempre que fazer anotações, pois se não fico louco atrás do que havia lido e gostado, o que toma certo tempo e tenho que fazer com mais atenção e por períodos mais longos.

Tempos atrás peguei um livro do Walcyr Carrasco, que tem também um blog, e li de uma vez os três primeiros capítulos. Era um livro de fácil leitura, muito bom e o que mais gostei é da forma bem humorada que escreve. Era uma pequena autobiografia, cujo nome não recordo. Essas coisas acontecem.

Acabei de ler no blog do Zeca Camargo da lista de livros que lhe foi dada em seu primeiro emprego. Toda hora um livro é indicado. A dúvida é escolher quais serão lidos ou não. Eu uso um critério razoável e que tenho gostado para esta escolha: ler primeiro os clássicos e no meio do caminho, se der, algo de entretenimento e lançamentos. Os clássicos são os mesmos de sempre: Machado de Assis, Eça de Queiroz (do qual até hoje tenho certo medo de um, nunca iniciado), Shakespeare, Thomas Mann e mais uma porção. Normalmente tendo a seguir a indicação do curso “Expedições pelo Mundo da Cultura”. Outros livros são de interesse variado, como os que falam sobre os arquivos russos – um soube por Boris Casoy e outro que acabei por conhecer sozinho. Já devo ter falado sobre listas alguma vez por aqui, agora estou com certa preguiça de buscar o texto.

Bem, fora as leituras, tenho tempo para ouvir música, como agora escutando Secret Voyage, tenho tentado assistir TV e ir ao cinema. Estes dois com pouca freqüência. Foi-se o tempo que podia até acompanhar uma novela da Globo... Gostava de ver as novelas das sete, normalmente uma comédia. É bom se divertir com a televisão. Esperar dela educação ou informação de formação é esperar demais de um veículo tão ágil. Mesmo quando assisto ao History Channel, meu canal predileto no cabo, tenho por método tentar extrair fontes para buscar depois referencias. Da mesma forma com o Megacontruções do Dicovery Channel. Ver TV é bom, mas não é tudo. Irrita muito ver idiotas que “satanizam” a televisão. É um veículo, mais nada. Quando escuto rádio, a CBN na verdade, também creio na questão do entretenimento e da informação mais cotidiana. Não acho que uma entrevista vá “mudar minha vida”.

Falando em entrevista, lembro-me de um livrinho na época da faculdade que chamava Rem Koolhaas Conversa Com Estudantes. Não cheguei a comprá-lo, mas até hoje minha curiosidade é grande a respeito deste livro. Nunca o encontrei em livraria alguma para folhear e saber exatamente do que se trata. É um daqueles mitos editoriais que ainda rondam minha imaginação. Esse livro me faz pensar em o que se esta lendo hoje nas faculdades de arquitetura. Normalmente uma minúscula parcela dos estudantes lê alguma coisa, além da aula, se é que lê o que a aula pede. Mas há os mitos das leituras de faculdades de arquitetura. Como também deve haver os de outras faculdades.

A leitura ainda é a maior fonte de formação individual. Televisão, internet, jornal, revista, completam este conjunto de possibilidades. A formação universitária é amplamente ancorada em bibliografias e trabalhos práticos. E qual seria a “quantidade certa” de livros a ler em um ano? Se tivesse este resposta... Só uma coisa fica bastante clara: no mínimo mais que doze livros num ano. Sim, mais que um por mês. Isso sendo uma quantidade mínima. Claro, certos livros demandam mais tempo, como Crime e Castigo, de Dostoievski, mas, do mesmo autor, pode-se ler Notas do Subterrâneo ou O Jogador em muito pouco tempo.

novembro 27, 2008

Do blog de Washington Olivetto

Vou ligar na W/Brasil só para ouvir a espera telefônica...

Escute e leia aqui.

Arquitetando Caminhos e a liberdade de escrever

Certa vez uma pessoa me escreveu dizendo que eu não precisava responder que não lembraria de passar outra vez no meu blog. Imagino o que se passa. Já li inúmeros blogs dos quais nunca mais passei novamente. Alguns me indignei com o que lia, como certa vez um deles criticava a Sandy por cantar “standards de jazz” em sua carreira solo. Era um daqueles que acreditam que sem o mercado, sem o consumo e sem o capitalismo o mundo seria bem melhor... Em outros gostei do que lia, em partes; falava muito bem sobre política, sobre comportamento e um lixo sobre religião. Um outro fala muito bem em René Girard, que mal conheço, além das citações. Mas é um caminho, sempre.

Conhecer algo novo atrás de uma indicação é sempre legal. Descobrir também é bom. Como outro dia li no blog da Norma Braga, que é um dos blogs que volto constantemente mesmo sem conhecê-la nem nada, só para ver o que esta escrevendo, falando do livro Ortodoxia, de Chesterton. Um dos livros que estão na fila das minhas leituras.

Uma outra ocasião alguém me falou de um blog de nerds, onde havia um podcast de nerds, aliás, muitíssimo engraçado, porém longo demais. Gostaria de ter mais tempo para me divertir com essas coisinhas, mas ta difícil.

Bem, por fim entrei num blog há pouco tempo que falava dos grandes blogs e porque era um pequeno blog e porque existem mais de 100 mil pequenos blogs só no Brasil. E, resumindo, se trata de ter a liberdade de escrever o que bem entender, desde que dentro das regras do provedor e que não haja ofensas a outras pessoas. Nada mais natural. Nada mais do que faço. Se sou lido e detestado, ou se nem meus amigos me lêem não faz tanta diferença, afinal o que importa é ter este espaço para escrever a hora que eu bem entender e sobre o que quiser (dentro daquelas regras lá estabelecidas). Agora, agradeço muito aos muitos leitores que me lêem, da forma anônima e também daqueles que me escrevem.

Sinto às vezes decepcionar aos que aqui entram atrás somente de informações “arquitetônicas”. Afinal, a idéia inicial do blog, em 6 de abril de 2007, era a de que “do ponto de partida ao ponto final se traça um caminho. Este pode ser curto, longo, sofrido ou mesmo tranqüilo. Nunca saberemos qual caminho realmente tomamos à não ser no ponto de chegada. Assim inicio esse blog, timidamente e sem saber aonde vou chegar. Aqui vou falar de tudo um pouco: da arquitetura, do urbanismo, da literatura, da arte, da vida, da cultura, da música, do cinema e até do futebol. “Tudo ao mesmo tempo”, ou quase tudo, em tempos diferentes. Mas o importante é o caminho, sempre. Caminhar é preciso.” E continuo seguindo este princípio até hoje.

O interessante que ao longo desse período de tempo tive momentos que sofria muito para escrever. Outros que de tão cansado os textos saiam avessos, embolados, necessitando reescreve-los, coisa que até hoje não fiz. Muitos temas estão parados e muitas pesquisas travaram. Se um dia conseguir retomar parte já me dou por feliz. Fora isso, cada postagem é uma quase amostra dos temas que cuido e muitos deles são de entretenimento, pois nem só de pesquisa viva o homem. Paralelamente a este blog existe um arquiteto trabalhador e um pesquisador acadêmico que está travado entre um Aldo Rossi e uma Jane Jacobs, que está ansioso por ver o livro sobre a Fundação Iberê Camargo e o novo livro de residências de Sylvio de Podestá, além de abismado com a quantidade de informações de Trivium. Há também uma pessoa que almeja dar aulas, logicamente de arquitetura, mas pode ser de qualquer tema também.

Outro dia fui entrevistado para um trabalho de educação artística, por uma adolescente muitíssimo interessada, integrante do programa “aprendiz”, na empresa que trabalhava. Ela me disse que expliquei bem os tópicos relacionados à arquitetura. Se eu fosse dar aulas para adolescentes iria ser extremamente visual e iria enchê-los de datas e informações. Claro, não iria dar certo, mas fiquei apavorado com a postagem de Zeca Camargo a respeito da Bienal. Será que eles não querem fazer nada mesmo? Sinto que a internet só serve a quem se interessa ou a quem tem algum estimulo externo de busca.

Tenho certo receio de naufragar na possível investida da docência, mas seria um naufrágio somente meu? Lendo sobre Arthur Schopenhauer, ele não era muito popular com alunos. Bem longe do início do tema previsto para este tópico tenho ficado muito passivo a respeito de certas coisas, não xingando ninguém, e observo que muita gente mereceria Não é do meu feitio sair xingando, como certos cães de blog até grandinhos. Na verdade eu simplesmente ignoro. Tanto é que até hoje lembro de uma citação bastante interessante no site Arq!Bacana e no blog da revista portuguesa Atlântico. Das negativas não lembro de nenhuma, se é que há alguma... Devo ser também ignorado.

O importante mesmo é que o banco Real dá dez dias no cheque especial... Essa frase me faz lembrar de quanto gosto da profissão de publicitário. Recentemente estava vendo o livro de Washignton Olivetto, O Primeiro Agente Nunca Esquece, em que o marcador de páginas é uma alça cor-de-rosa de sutiã. São coisas que se poderia dizer que é feio e tal, mas se for racionalizar em termos profissionais, é um dos melhores trabalhos de edição gráfica que vi. Genial. Tenho muita curiosidade sobre os trabalhos publicitários, desde a concepção original até a execução artística do trabalho. E esse interesse é além da curiosidade uma questão profissional a ser tratada. Quando lembro de entrevistas do arquiteto Jean Nouvel que li, em muitos momentos ele dizia trazer para a arquitetura muita coisa do universo publicitário. Isso sempre me foi bastante interessante, porém pouquíssimas vezes consegui ir mais longe nestes temas. Ou seja, quanto mais para frente vou, mais temas me sobram. Lembro de um maravilhoso texto sobre a arquitetura residencial e o cinema dos anos 50 (Livre pensar é só pensar: casa, cidade e pax americana). Como se vê, tudo há uma breve ligação arquitetônica. Vamos em frente! Ou melhor, vou em frente, já que um dos pressupostos deste blog é justamente ser individual.

OBS.: Enquanto escrevia estas poucas palavras e orquestrava as muitas idéias, escutava o novo disco do Judas Priest - Nostradamus. Este merecerá em breve uma postagem...

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...