dezembro 29, 2014

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – acabei por descobrir este livrinho contendo três textos de Rem Koolhas, chamado Três Textos sobre a Cidade. Estes textos poderiam estar contidos nas coletâneas de Kate Nasbitt, Uma Nova Agenda para a Arquitetura, e de A. Krista Sykes, O Campo Ampliado da Arquitetura. De certa forma fico extremamente feliz de ver estes textos em português. Quando era estudante, mal existiam textos teóricos além da década de 1970... Eram somente as poucas entrevistas de AU e livros editados em espanhol pela GG. O que, segundo os professores era muito mais do que na época deles como alunos, que nada existia além de Le Corbusier.

Aliás, erro meu – o texto Junkspace está na coletânea de Krista Sykes...

dezembro 04, 2014

Renzo Piano e a responsabilidade

Estou aguardando com ansiedade a encomenda que fiz do livro A Responsabilidade do Arquiteto, de Renzo Piano. Mais especificamente, Renzo Piano, conversas com Renzo Cassignoli. O lançamento foi em 2011, mas não tinha prestado atenção ao título e nem mesmo as sinopses sobre o livro. Vai ser de certa forma uma surpresa.

Lembro de uma revista/livro editada pela GG, que tratava da obra de Renzo Piano e de outros arquitetos. Tenho as duas: referente a obra do arquiteto Antoine Predock e sobre Dominique Perrault. Lembro-me bem de quando consegui cada uma delas. A de Dominique Perrault comprei na já clássica livraria do Toninho, hoje uma livraria gigante dentro do prédio do IAB. Foi logo após a visita de Perrault ao Mackenzie, em 1999. A de Predock uma amiga trouxe de uma viagem a Europa, em meados de 2000 ou 2001. Lembrei desta revista justamente porque o número com Renzo Piano eu nunca consegui encontrar a venda. E lembro que o texto tratava de sustentabilidade, já em 1998...

Sempre gostei muito da diversidade arquitetônica de Renzo Piano e seu Renzo Piano Building Workshop. Quando era estudante Renzo Piano estava fazendo a restauração de seu primeiro projeto de envergadura mundial, o Centre Georges Pompidou. Fico sempre pensando em como foi a concepção dessa obra em 1970. E quanto desdobramento teve desde então, positivos e negativos.


Eu vou aguardar e ler sem pressa mais este livro.

dezembro 03, 2014

Novos Horizontes

“(...) chuva de containers, entertaines no ar
eu presto atenção no circo que nos cerca
chuva de containers, entertainers no ar
começo a achar normal algum boçal detonar

se tudo passa, talvez você passe por aqui
e me faça esquecer tudo que eu vi
se tudo passa, talvez você passe por aqui
e me faça esquecer que...

… falta pão, o pão nosso de cada dia
sobra pão, o pão que o diabo amassou (…)'

Toda Forma de Poder
e música incidental: Chuva de Containers
Engenheiros do Hawaii - Novos Horizontes (2007)

Toda vez que escuto esta música, nesta versão acústica, do segundo (terceiro) álbum acústico dos Engenheiros do Hawaii eu consigo ver finalmente a reinvenção de Toda Forma de Poder. Sempre esperei por uma versão melhor que a gravada ao vivo em 1989, no álbum Alívio Imediato. E em Novos Horizontes foi possível. O estranho é esperar sete anos para escrever isso...

Lembro de ter escrito algo a respeito em 2007... Mas não tinha escrito o quanto me agradou esta versão. Eu já citei mais de uma vez alguma parte de Toda Forma de Poder, mas sempre algo na versão original me deixava com uma sensação de querer algo mais, uma versão diferente, não sei dizer se esta foi a materialização plena desse desejo, mas com certeza a mistura com Chuva de Containers, do álbum GLM (1992), foi tão interessante, tão densa. Lógico, só para quem é fã. Não sendo fã de Engenheiros nem sequer dará conta que houve a música incidental... Eu mesmo tenho consciência disso e nem me importo. Continuo gostando muito da versão.

De certa forma, acho que falar de Engenheiros e lembrar de pelo menos dois momentos marcantes na minha vida que os escutava muito e que parecia encontrar nas letras algo que me tocava profundamente. Não sei dizer porque eles estavam lá, mas estavam e esta é a história. Poderiam ser outras bandas, outras composições, outras histórias. Mas não, lá estava o Humberto e os músicos, fazendo um som...

Falar dos nossos momentos é sempre interessante. E essa postagem de hoje fala mais de mim mesmo. Um pouco autobiográfica, mesmo sem ser. Um pouco daquilo que é e que não sei dizer porquê. Um pouco de nada que diz tudo...

O disco é mais uma experiência interessante. Músicas novas gravadas ao vivo ao lado de versões acústicas de músicas consagradas. Novamente, deve ser interessante para um pouco além dos fãs, mas não muito. Minha opinião.

Foi praticamente o último disco antes de Humberto começar a se dedicar a literatura. Depois se dedicou ao projeto Pouca Vogal e ao atual Insular, seu primeiro disco solo. E foi por enquanto o último disco dos Engenheiros do Hawaii. Já era hora de abandonar este nome...

setembro 06, 2014

Seis segundos de atenção

Humberto Gessinger, o eterno baixista do Engenheiros do Hawaii (para que escrever está apresentação? Todo mundo sabe quem é o Humberto Gessinger), lançou em 2013 mais um livro, Seis Segundos de Atenção. São crônicas e letras de músicas, princialmente de seu último disco Insular. Bem que gostaria de falar de Insular, mas nunca escutei... (Que tipo de fã é este que lê o livro, mas não escuta o novo cd?)

O livro mescla crônicas sem uma organização temática, aliás como também é Nas Entrelinhas do Horizonte, seu livro de 2012, e são de forma geral provenientes de seu blog, que atualiza sempre que a segunda-feira se transforma em terça-feira.

Mas falar de um Gessinger escritor é para mim mais que uma alegria. O Gessinger músico conheci em 1989, quando escutava no rádio suas músicas - de já alguns anos, porém, novas para mim naquele momento. E imaginava o que ele lia para conseguir escrever aquelas letras. Mas na entrada dos anos 1990 que ele se tornou uma referência para mim. Era ouvir Rush, Pink Floyd e, claro, Beatles e Rolling Stones por culpa de Gessinger. Hoje em dia acho que só Rush permanece na minha trilha sonora (aliás, nunca saiu). E na época dos álbuns Várias Variáveis e GLM tive o prazer de assistir vários shows e até tentar participar de um Programa Livre – na época com Serginho Groisman.

Agora, o Gessinger escritor eu não acompanhei o comecinho, com o Meu Pequeno Gremista, livro infantil de uma série, cujo Meu Pequeno Corintiano foi escrito por Serginho Groisman e Meu Pequeno São-Paulino por Nando Reis. Depois vieram os autobiográficos Pra ser Sincero, de 2010 e Mapas do Acaso, de 2011. Todos trazem muitos assuntos variados e dá para dizer que há um escritor ali, e eu aqui, esperando mais um livro. Só o que realmente me irrita é a repetição – mas como diz Luiz Felipe Pondé em A Filosofia da Adultera, que sem se repetir, sou um nada – e a organização temática. Mas isso não é problema do Humberto; é meu mesmo.

setembro 05, 2014

O Palmeiras e seu centenário

Sou corintiano. Mas nada impede que se fale, de certa forma descontente, do momento delicado de um dos rivais de meu time, que é o risco de queda para a segunda divisão no Campeonato Brasileiro deste ano de 2014. Tendo caído recentemente, em 2012, vinha se recuperando e inovando.

Inovação em termos, pois já teve outros técnicos argentinos antes de Ricardo Gareca, que teve sua demissão anunciada nesta segunda-feira, dia 1 de setembro.

O que chamo de inovação é justamente chamar um técnico estrangeiro após a derrota na Copa do Mundo no Brasil, tendo a seleção brasileiro sofrido com times sem tradição como a Colômbia e o Chile, que eram comandadas por técnicos argentinos. Porém, após as seguidas derrotas, tudo acabou e o meio sósia de Roberto Carlos está desempregado.

O que afeta a queda de um time para a segunda divisão, como o Palmeiras são fatores múltiplos, tanto econômicos como também a dificuldade de se contratar jogadores de melhor nível. E, claro, a total falta de interesse em ver times sem tradição jogando. O clássico sempre foi e acredito que ainda será por mais algum tempo o que mais atraem expectadores, tanto ao estádio quanto à televisão.

E ainda durante o ano do centenário, com um novo estádio totalmente remodelado prestes a ser inaugurado, é para torcedor de qualquer time ficar descontente. Fica assim o meu apreço ao adversário Palmeiras para que ele perca muitos jogos ainda, tanto em seu estádio remodelado, quanto no Itaquerão, mas que seja sempre na primeira divisão.

setembro 02, 2014

Vivendo a história

Quanto aos acontecimentos das últimas semanas eu já os poderia apresentar como históricos. Estava eu escutando rádio, trabalhando, quando repentinamente fui acometido pela notícia da queda do avião em que estava o candidato a presidência Eduardo Campos. Liguei a televisão e passei então a acompanhar a eleição.

Não vinha prestando muita atenção na campanha eleitoral. Campos já havia, no âmbito nacional, conquistado certo destaque durante a última eleição, quando seu partido, o PSB, crescerá em todo o Brasil o número de prefeitos e houvera sido considerado como o grande ganhador da eleição pela mídia especializada. Como governador de Pernambuco em seu segundo mandato vinha tendo altos índices de aprovação. Nunca prestei muita atenção em seu governo, mas já era uma referencia regional de grande envergadura. Nascia ali uma nova liderança. Neto do ex-governador histórico de Pernambuco, Miguel Arraes, vivia a política desde muito cedo e já apresentava aos 49 anos uma carreira política bastante sólida.

Tudo isso o credenciou a disputar a eleição de maior importância no período pós democratização (ou seria pós ditadura, a que cassou os direitos políticos do avô de Campos). Mas um dos fatos mais importantes eu nem sequer me dava conta: a aproximação de Campos com Marina Siva. Foi uma jogada política de grande habilidade, conduzida de forma muito bem articulada. O que garantiria ao partido uma gama de votos muito maior do que os velhos e já desgastados integrantes de seu partido – tais como Luíza Erundina e Ciro Gomes. Porém, com o incidente de sua morte tudo mudou. Não vejo mais o PSB como um partido a crescer e ampliar sua base no parlamento. Vejo o Rede Sustentabilidade o novo partido que deverá crescer, principalmente com a vitória de Marina, ou melhor, Silva, como é chamada pela imprensa internacional.

A cerca de duas semanas, ouvi Diogo Mainardi falando que Marina Silva ganharia a eleição. Novamente fui descrente em seu comentário. Passada a primeira pesquisa, já colocando Marina como candidata, Aécio Neves começa a comer poeira...

Tempos atrás eu disse numa conversa sobre o futuro da política no Brasil e falei que eu não vejo uma longa vida nem para o PSDB e nem o para o PT. Acredito que, fora da presidência, o PT murcharia, já que nunca foi um partido de governadores, fora em poucas localidades – o Acre e o Rio Grande do Sul, por exemplo. O PSDB já dava sinais de esgotamento e não renovação nas eleições municipais de 2012. O PT, nesse quesito, as disputas municipais, começa a trafegar no espaço que pertencia ao PMDB e da mesma forma, sem grande similaridade com sua ideologia inicial. Campos, iniciava um novo caminho. Mesmo o PSB tendo este nome retrógrado, ele já se reinventava e iniciava realmente uma nova fase.

De certa forma, eleições onde não há mais PMDB naquele formato (partido repartido), agora transmutado em PT, e sem a polarização PT x PSDB, nos faz ver que envelhecemos. O próximo passo é ver Lula como uma figura folclórica, e saber que Dilma longe da presidência não é absolutamente nada além de um poste. E, claro, ver os partidos sem seus donos, ou melhor, ver partidos desaparecendo com seus maiores representantes (como o PPS de Roberto Freire, o PP de Paulo Maluf – certo que nesse quesito os partidos já se renovaram: o PSD de Gilberto Kassab, o Solidariedade, de Paulo Pereira da Silva e o fenômeno de persistência em existir: o PDT, mesmo sem Leonel Brizola).

Bem, há muito ainda até as eleições e tudo pode mudar, como foi a disputa pela prefeitura de São Paulo em 2012.

setembro 01, 2014

Os caminhos e a vida, ou, a vida e os caminhos...

Os caminhos da arquitetura nos levam desde estudante a viver num ambiente cultural, bastante crítico, rico e criativo. Durante a vida profissional vamos perdendo um pouco disso e caindo em algumas rotinas. As vezes, a impressão é que tudo aquilo ficou num lugar distante. E, quando menos esperamos, tudo reaparece. Reaparece a vontade de fazer, de realizar e de novidades, sempre aprendendo.

Na academia é também uma constante. Aprender. Tem certas horas que me perguntam o que eu farei com esse “acúmulo” e na hora que alguém cita, numa reunião ou num contato comercial, um dos pintores prediletos de meu pai – segundo minha opinião – conseguimos levar para outro clima um breve comentário. Um clima onde o abstrato toma vulto e alimenta a alma. Carente é aquele que não sabe o valor da cultura ou seu prazer abstrato que alimenta mesmo na fome. A felicidade nunca é completa se não existe a abstração.

Nos caminhos da vida, fui aprendendo a entender, ou melhor, a tentar entender as perdas. Dizem que quando alguém querido se vai, continua a viver um pouco dentro de nós. Eu acho que morremos um pouco também. E quanto a morte, esta parece sempre ser algo incompreensível. Aceitar não é compreender. Conviver com a falta é, como diz o poeta português em inspiração, uma dor que doí no peito. Passam as décadas e a perda continua lá, tão intocada quanto no momento em que a perdemos. Quando é recente e buscamos nela compreender todos os seus valores e sua natureza, buscamos também tentar dar o melhor de nós e o que de melhor podemos dar. Encaramos a fragilidade humana, entendemos o quão simples é o ser humano. E vemos o tempo passar, inseridos na história, com a nossa história.

A recordação, a lembrança, a homenagem, o simples pensamento. Um ato, uma simples palavra. Tudo tem a emoção e a história daqueles momentos que nos acompanharam. Tudo o que nos alimenta no caminho da vida. Lembrar da escola, do colegial, da faculdade, da pós e de tudo que nos acompanhou e nos pequenos momentos do dia a dia, dos sabores, das massas e das maças, como dizia a letra daquela música. Uma música que ouvia no rádio antigo junto com outras e uma mais especial, na voz da Elis Regina, que dizia para iluminar a mina escura e funda, o trem da minha vida. Mesmo nos últimos tempos, ao ouvir as músicas do seu músico predileto, ia vendo que se distanciava e abstraia, relembrando aqueles caminhos que foram traçados, caminhados, trilhados, vividos.

Quando me vejo a frente da folha em branco, vejo que cada caminho leva a um processo que deve ser o mais rico possível. De que vale a vida, sem a graça e sem a riqueza que ela pode ter?

novembro 19, 2013

Start from the Dark...

Toda vez que um caminho se abre eu penso em quantos caminhos trilhamos ao mesmo tempo e onde é que vamos chegar. Nos últimos dias vejo as pessoas falando sobre biografias, justamente falando sobre as biografias derretidas com o caso do “mensalão”. Se há alguma coisa da qual eu não quero nem ouvir falar é do PT – o partido dos trabalhadores. Tanta coisa boa e gostosa a ter de falar nesses “malas”...

Começando de novo, o importante é que a vida é muito mais ampla e no tempo em que estive muito ocupado demais para escrever aqui tive uma produção incrível. O problema é que muita coisa acaba passando e não fica registrado por aqui. E isso sempre foi umas das muitas intenções de se escrever neste blog. A marcação das coisas sem importância, dos momentos de diversão, como o lançamento de alguns filmes, de livros, eventos. Algo sempre se perde...

Minha última postagem falava justamente sobre política, sobre o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ir embora. Nisso se passou um enorme processo eleitoral, bastante interessante de ser avaliado. Uma das coisas de que mais gosto é do processo político – muitas vezes as pessoas confundem isso como falar de política e de políticos, quando o que realmente me motiva é o processo. Na política internacional, Barak Obama se reelegeu – eu torci contra, mas os Republicanos não tinham candidato... Mas vai embora logo mais, em 2016. O que é muito bom. Bom para quem gostou e melhor ainda para quem não gostou. Uma das grandes vantagens das democracias é justamente a possibilidade de restauração do foi ruim e possibilidade de se manter o que foi bom. Já temos um pouco disso na prefeitura de São Paulo.

Por mais que a politicagem eleitoreira impeça o debate real de idéias e mais ainda a “fantasia” sobre os fatos, a verdade é que se inaugurou uma forma de gerir a cidade com a administração da atual ministra da cultura Marta Suplicy e houve continuidade nos governos Serra e Kassab. É lógico que houve fatos que merecem um demorado estudo, mas que ali se iniciou uma transparência que sempre motivou debate. As escolas de lata de Marta se chocam com a transparência dos salários divulgada por Kassab, assim como a continuidade dos CEU’s nos governos Serra e Kassab e a maior bomba de todas: a inauguração do tal fura-fila do Celso Pitta e Paulo Maluf – este último aliado de primeira hora no processo eleitoral do atual prefeito petista, o super-coxinha Fernando Haddad.

Alias, super coxinha ou super-coxinha, sei lá eu, foi uma invenção do jornalista Reinaldo Azevedo, que continuou nestes anos todos batendo de frente com a política petista, algo da qual eu não quero nem saber! Ainda bem que ele está lá... Já falei com ele que o preferia escrevendo outro Contra o Consenso, um dos meus livros queridos! Quando escrevo assim já falei com ele, fica parecendo que tenho enorme intimidade, mas não é nada disso. Falei com ele no lançamento de O País dos Petralhas II, neste ano de 2013 ou será que foi em 2012? Acho mais provável ser em 2012...

Eu tenho uma brincadeira entre os amigos mais próximos de falar que o Dave Mustaine me telefonou para falar do show, etc... E em setembro tive o prazer de assistir ao show de Mustaine e banda na abertura para o show do Iron Maiden. Mais do que isso, em 2012 havia comprado sua biografia em Londres e enviado um e-mail para a Editora Benvirá para que lançassem em português esta biografia. Não é que um colega de trabalho me falou que haviam lançado a biografia dele, tempos depois? Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Triste por ficar sabendo assim, por um colega que leu num jornalzinho de metrô, sem nenhum cuidado por parte do editor – que, se eu que sou fã da biografia nem fiquei sabendo, imagina quem sequer sabe do que se trata?

O que é legal voltar a falar de biografias – tema que iniciou esta postagem. O nome desta postagem também é sugestivo. O disco de retorno da banda Europe, uma das grandes bandas suecas da década de 1980, em 2004, foi exatamente Start from the Dark. Não é um dos álbuns que mais me marcaram, mas o nome é interessantíssimo!

Falta falar de arquitetura. Talvez o maior fato destes últimos anos que não escrevi com freqüência tenha sido o de Oscar Niemeyer ter falecido. É claro que eu imaginei que a notícia fosse ser mais forte e presente no debate arquitetônico, mas não. Inúmeras homenagens e a arquitetura passou novamente a não ser mais assunto. Uma vez ou outra aparece uma notinha aqui, outra lá. Mas Paulo Mendes da Rocha ainda é um nome desconhecido do público – digo mais: não só do público geral, mas até dos círculos mais esclarecidos. Uma pena...

maio 01, 2012

E o Kassab vai embora...

2012. Não escrevo aqui desde 2011, devido inúmeras questões, mas a principal é falta de paciência e aquela preguiça de escrever sobre aqueles temas derivados das questões que deveriam ser óbvias e que paira uma grande nuvem cinza, onde debate de ideias simplesmente não existe. Bem, isso eu já estava avisado a um bom tempo, por muitas fontes diversas. Outro dia, durante o lançamento dos livros de e sobre a obra de Louis Lavelle, veio à tona uma de suas características: a distância dos debates sem sentido, das polêmicas e dos argumentos vazios. Uma obra de vulto que comecei a tomar contato este ano. Como sempre aprendendo e descobrindo algo novo e de qualidade, com aquela frase típica de algo que empolga: “como não conheci isto antes?”

Porém, tenho que novamente voltar a um assunto de fundo bastante óbvio e que permeia um conceito fundamental, que em muitos momentos parece um tanto “esquecido” - propositadamente ou não. O fato de haver este ano algumas eleições que me interessam, justamente por estarem às vezes acima da política e evocando alguns conceitos mais amplos. Me faz voltar a escrever e fugir um pouco do meu dia-a-dia corrido e longe destas realidades – o que às vezes é muito bom!

Durante o ano passado e desde o começo do ano surgiram muitos nomes e especulações múltiplas para a sucessão do prefeito Gilberto Kassab, aqui em São Paulo. É uma eleição local, obviamente, mas que no passado teve uma tradição muito maior. Ser prefeito de São Paulo era um bom passo para a sonhada presidência do Brasil. Foram alguns dos ex-prefeitos que chegaram à presidência e um que perdeu a prefeitura justamente para um ex-presidente e que se tornou presidente posteriormente – este em especial iniciando um novo marco político após sua saída, que daria uma boa postagem.

O primeiro nome que surgiu nesta corrida eleitoral foi o ex-candidato à presidência, ao senado e que fez certo retorno à política a partir de 2006, sendo atual vice-governador do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Seu nome surgiu logo durante a eleição, fortalecendo a coligação entre o DEM e o PSDB. Com sua saída do DEM para o PSD, seu nome acabou inviabilizado. Após também a criação do PSD, justamente pelo próprio Gilberto Kassab, um dos nomes mais importantes a se filiarem ao novo partido foi o ex-presidente do Banco Central durante o governo Lula, Henrique Meirelles. Seu nome foi cogitado tanto como prefeito ou vice numa possível coligação do recém-criado PSD e o PT. Para o atual pré-candidato do PT, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, era o melhor vice-prefeito possível. 

No PT havia dois pré-candidatos: a senadora e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy e o escolhido por Lula, Fernando Haddad. Haddad é ainda um ilustre desconhecido, algo muito comum a todos os ministros de Lula, fenômeno que mereceria ser explicado num outro momento. Com Marta a coligação com o PSD não iria para frente e como Lula escolheu Haddad, o pré-candidato já estava definido e hoje o PT se articula para conseguir apoios. Estes apoios esbarram no PSDB e noutros pré-candidatos. Entre eles colocaria o cantor e apresentador, atual vereador e candidato derrotado ao senado, Netinho de Paula. O PCdoB, partido de Netinho, sempre foi um aliado do PT e muito provavelmente será uma coligação que tende a caminhar e uma candidatura que tende a naufragar.

Outro pré-candidato também da base de apoio do PT, porém exótico e beirando o bizarro, e que me parece não se viabilizar, é o atual deputado federal pelo PR e palhaço de profissão Tiririca. Uma das possibilidades avaliadas era sua candidatura fazendo chapa com o estilista Ronaldo Ésper – atual pré-candidato a vereador – como vice-prefeito. Esta possibilidade foi comentada pelo próprio Ésper durante entrevista ao programa de Danilo Gentili – Agora é Tarde.

Outro pré-candidato cujo partido faz parte da base de apoio do governo federal, é o sindicalista Paulo Pereira da Silva – que é deputado federal pelo PDT e já foi candidato à vice-presidência com Ciro Gomes em 2002. Porém, hoje o partido trafega nas duas esferas principais, o PT e o PSDB. E sua candidatura parece ser mais sólida a outros candidatos. Uma destas pré-candidatas é Soninha Francine. A apresentadora de TV já foi vereadora e candidata a deputada e prefeita, porém, sua principal desvantagem está em sua falta de votos... Suas ideias, seus argumentos, são interessantes, porém o que a inviabiliza como deputada é ainda mais importante numa eleição majoritária.

Ao contrário de Soninha, o ex-deputado e candidato derrotado ao governo Celso Russomano, agora num novo partido, tem de mais sólido. Não somente ele como também Gabriel Chalita, pré-candidato pelo PMDB. Estes dois me fazem pensar que a renovação na política paulista não tende a ser feita nem pelo PT e nem pelo PSDB – teoria esta que Kassab se encaixa mais do que exemplarmente.

Agora, avançando a já um dos pontos importantes dessa eleição, a pré-candidatura de José Serra mudou de sobremaneira o cenário, demonstrando, antes de tudo, que o PSDB tem nomes de sobra para o futuro político. A convenção do partido com a escolha de Serra, tendo ainda Ricardo Tripoli e José Aníbal, mostrou que o partido tem divergências, o que é normal, mas que é ainda um postulante forte na política regional e federal. Mesmo eu sendo um divergente do conceito da socialdemocracia, o PSDB é ainda um dos poucos partidos com base teórica – o que me interessa bem mais do que a mera política do dia-a-dia. O fato que preocupa e me irrita, conforme coloquei no início do texto, é que não há debate de ideias e logo esse vazio é preenchido por um monte de coisas sem importância e que a imprensa de forma mais geral anda separando o joio do trigo e ficando só com o joio...

Conforme escrevi em 2007, em relação a George Bush (aqui), falo o mesmo em relação à Kassab: Sim, em 2012 voltará para casa e ficará pelo menos 2 anos sem um cargo político. Essa é uma das principais vantagens da democracia: a alternância de poder, a possibilidade de novas ideias, de novos rumos, de modernização – mesmo com os riscos da involução ou de alguma quebra de ritmo. Este um conceito ainda pouco evoluído no Brasil.

Outro exemplo de uma eleição que acompanho é o da França, com Nicolas Sarkozy que não é o que eu esperava, porém ainda é melhor do que o resto... Mas tanto ele como Obama estão passando pela avaliação dos eleitores e Sarkozy já afirmou que caso seja derrotado vai se “aposentar” da vida política. O conceito institucional de ex-presidente no Brasil é algo ainda por também evoluir. Somente Fernando Henrique Cardoso largou a política do dia-a-dia – o que em sua avaliação abriu espaço que ainda não foi preenchido no PSDB – o que também não vou tratar aqui em detalhe.

Em suma, em termos políticos este ano promete. Acompanhei por alto as prévias nos Estados Unidos, mas aparentemente os candidatos já estão definidos. Em 2008 Obama saiu na frente por conta da crise econômica, porém neste ano as coisas mudaram. E, como sempre digo, a diferença de votos entre Obama e McCain na eleição 2008 foi muito inferior a que temos impressão via nossa “maravilhosa imprensa esquerdista isenta.”

outubro 28, 2011

Por que a Europa continua sendo o centro do Mundo...

Colocar um continente em crise, com um modelo econômico que não me agrada, uma sociedade que está hoje à beira do colapso (só este item já era assunto para um livro inteiro, não só mais uma postagem), como centro do mundo pode parecer uma contradição, mas no fundo não é. Obviamente existem outros lugares onde se vive muito bem, como exemplo a Índia, onde a cultura permanece ainda mais preservada (os costumes, aqueles que na Europa e Estados Unidos andam em crise, e que no Brasil só existia no “antigamente”...), os Estados Unidos, onde se há ainda uma enorme qualidade de vida, assim como modelo econômico de Singapura, etc. Mas nada substitui a Europa em termos de produção cultural. Li esta coluna que reproduzo abaixo e fiquei a pensar em quanto eu não pertenço à “classe média alta paulistana” e consigo concordar em praticamente tudo no que escreve a jornalista.

Além de não pertencer a classe média alta, esta para qual o texto está escrito, consigo entender muitas coisas que diz, principalmente a cada tempo eu observo ao meu redor e vejo as pessoas se pautarem nesse modelo fútil – ou, como diriam os comunistas, pequeno-burguês. Eu ando de transporte público com a mesma simplicidade com a qual eu janto num restaurante mais caro, assim como ando de carro com a mesma tranquilidade e, com certeza, bem menos stress que o pessoal do referido texto. Eu sempre acho irônico quando vou a alguma obra naqueles edifícios de escritórios, onde “executivos e executivas” desfilam com todo seu stress os seus trajes mais finos e suas maquiagens mais delicadas... A única palavra que vem a cabeça é “wannabe”.

Mas deixando de lado os que não sabem viver, talvez porque nunca se questionaram, vale a pela a reportagem.

Porque a classe média alta brasileira é escrava do “alto padrão” dos supérfluos

Adriana Setti

No ano passado, meus pais (profissionais ultra-bem-sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão surpreendente para um casal – muito enxuto, diga-se – de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.

Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana. Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos.

Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), moravam em apartamento próprio e quase nunca viajavam.

Milagre? Não. O que acontece é que, ao contrário do que fazem a maioria dos pais, eles resolveram experimentar o modelo de vida dos filhos em benefício próprio. “Quero uma vida mais simples como a sua”, me disse um dia a minha mãe. Isso, nesse caso, significou deixar de lado o altíssimo padrão de vida de classe média alta paulistana para adotar, como “estagiários”, o padrão de vida – mais austero e justo – da classe média europeia, da qual eu e meu irmão fazemos parte hoje em dia (eu há dez anos e ele, quatro). O dinheiro que “sobrou” aplicaram em coisas prazerosas e gratificantes.

Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.
Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais “sustentável”. Não doeu nada.

Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava, cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves,  tornaram-se mais portáteis (este ano, por exemplo, passaram mais três meses por aqui, num apê ainda mais simples).

Por que estou contando isso a vocês? Porque o resultado desse experimento quase científico feito pelos pais é a prova concreta de uma teoria que defendo em muitas conversas com amigos brasileiros: o nababesco padrão de vida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais. E isso sem falar na questão moral e social da coisa.

Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?). Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação auto-imposta de manter tudo isso – e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa – acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a “vítima” se dê conta disso. E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.
Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão).

É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte dosavoir vivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura.

PS: Não estou pregando a morte das empregadas domésticas – que precisam do emprego no Brasil –, a queima dos sofás em L e nem achando que o “modelo frugal europeu” funciona para todo mundo como receita de felicidade. Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo que, sim, esse texto se aplica ao pé da letra para um público bem específico. Também entendo perfeitamente que a vida não é tão “boa” para todos no Brasil, e que o “problema” que levanto aqui pode até soar ridículo para alguns – por ser menor. Minha intenção, com esse texto, é apenas tentar mostrar que a vida sempre pode ser menos complicada e mais racional do que imaginam as elites mal-acostumadas no Brasil.

outubro 07, 2011

Saxon - Unleash the Beast

Depois do show do Saxon, em 1998, um amigo – um dos mais próximos de todos os tempos -  me disse que parei de falar sobre Saxon. Faz sentido lembrando do show do Monsters of Rock...


Mas o álbum Unleash the Beast, ao lado de Innocence is no Excuse, é um dos meus álbuns prediletos desta banda que parece ser um pouco obscura para os padrões brasileiros. O Saxon não deve ter uma legião de fãs muito grandiosa, porém, estes álbuns caem tão bem aos ouvidos – ouvidos de ouvinte de Heavy Metal, diga-se; não tenho por objetivo ser “eclético” e nem mesmo “aberto à novos sons”. 


Faixa atrás de faixa, este álbum guarda muitas nuances que só o tempo vai mostrando. Claro, à primeira audição pareceu extremamente pesado, principalmente comparando ao que esperara encontrar. O ano era 1997 e o Saxon viria em turnê para o Brasil. Não vi outro show do Saxon, a não ser o já citado, em 1998. Mas todos me falaram que perdi um super show em 1997 (falam também do show do Scorpions em 1994 – pelo menos esta banda eu cheguei a ver em 1997). Nem sei sobre os lançamentos do Saxon no período posterior a este álbum, mas já é esperado um novo álbum este ano de 2011. Mas Unleash the Beast continua a ser um álbum que muito me agrada. Na época, a minha história com este álbum foi incrível. Nem lembro ao certo o que me motivou a comprá-lo, mas sem dúvida entrou para a minha lista dos álbuns mais interessantes.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...