setembro 06, 2014

Seis segundos de atenção

Humberto Gessinger, o eterno baixista do Engenheiros do Hawaii (para que escrever está apresentação? Todo mundo sabe quem é o Humberto Gessinger), lançou em 2013 mais um livro, Seis Segundos de Atenção. São crônicas e letras de músicas, princialmente de seu último disco Insular. Bem que gostaria de falar de Insular, mas nunca escutei... (Que tipo de fã é este que lê o livro, mas não escuta o novo cd?)

O livro mescla crônicas sem uma organização temática, aliás como também é Nas Entrelinhas do Horizonte, seu livro de 2012, e são de forma geral provenientes de seu blog, que atualiza sempre que a segunda-feira se transforma em terça-feira.

Mas falar de um Gessinger escritor é para mim mais que uma alegria. O Gessinger músico conheci em 1989, quando escutava no rádio suas músicas - de já alguns anos, porém, novas para mim naquele momento. E imaginava o que ele lia para conseguir escrever aquelas letras. Mas na entrada dos anos 1990 que ele se tornou uma referência para mim. Era ouvir Rush, Pink Floyd e, claro, Beatles e Rolling Stones por culpa de Gessinger. Hoje em dia acho que só Rush permanece na minha trilha sonora (aliás, nunca saiu). E na época dos álbuns Várias Variáveis e GLM tive o prazer de assistir vários shows e até tentar participar de um Programa Livre – na época com Serginho Groisman.

Agora, o Gessinger escritor eu não acompanhei o comecinho, com o Meu Pequeno Gremista, livro infantil de uma série, cujo Meu Pequeno Corintiano foi escrito por Serginho Groisman e Meu Pequeno São-Paulino por Nando Reis. Depois vieram os autobiográficos Pra ser Sincero, de 2010 e Mapas do Acaso, de 2011. Todos trazem muitos assuntos variados e dá para dizer que há um escritor ali, e eu aqui, esperando mais um livro. Só o que realmente me irrita é a repetição – mas como diz Luiz Felipe Pondé em A Filosofia da Adultera, que sem se repetir, sou um nada – e a organização temática. Mas isso não é problema do Humberto; é meu mesmo.

setembro 05, 2014

O Palmeiras e seu centenário

Sou corintiano. Mas nada impede que se fale, de certa forma descontente, do momento delicado de um dos rivais de meu time, que é o risco de queda para a segunda divisão no Campeonato Brasileiro deste ano de 2014. Tendo caído recentemente, em 2012, vinha se recuperando e inovando.

Inovação em termos, pois já teve outros técnicos argentinos antes de Ricardo Gareca, que teve sua demissão anunciada nesta segunda-feira, dia 1 de setembro.

O que chamo de inovação é justamente chamar um técnico estrangeiro após a derrota na Copa do Mundo no Brasil, tendo a seleção brasileiro sofrido com times sem tradição como a Colômbia e o Chile, que eram comandadas por técnicos argentinos. Porém, após as seguidas derrotas, tudo acabou e o meio sósia de Roberto Carlos está desempregado.

O que afeta a queda de um time para a segunda divisão, como o Palmeiras são fatores múltiplos, tanto econômicos como também a dificuldade de se contratar jogadores de melhor nível. E, claro, a total falta de interesse em ver times sem tradição jogando. O clássico sempre foi e acredito que ainda será por mais algum tempo o que mais atraem expectadores, tanto ao estádio quanto à televisão.

E ainda durante o ano do centenário, com um novo estádio totalmente remodelado prestes a ser inaugurado, é para torcedor de qualquer time ficar descontente. Fica assim o meu apreço ao adversário Palmeiras para que ele perca muitos jogos ainda, tanto em seu estádio remodelado, quanto no Itaquerão, mas que seja sempre na primeira divisão.

setembro 02, 2014

Vivendo a história

Quanto aos acontecimentos das últimas semanas eu já os poderia apresentar como históricos. Estava eu escutando rádio, trabalhando, quando repentinamente fui acometido pela notícia da queda do avião em que estava o candidato a presidência Eduardo Campos. Liguei a televisão e passei então a acompanhar a eleição.

Não vinha prestando muita atenção na campanha eleitoral. Campos já havia, no âmbito nacional, conquistado certo destaque durante a última eleição, quando seu partido, o PSB, crescerá em todo o Brasil o número de prefeitos e houvera sido considerado como o grande ganhador da eleição pela mídia especializada. Como governador de Pernambuco em seu segundo mandato vinha tendo altos índices de aprovação. Nunca prestei muita atenção em seu governo, mas já era uma referencia regional de grande envergadura. Nascia ali uma nova liderança. Neto do ex-governador histórico de Pernambuco, Miguel Arraes, vivia a política desde muito cedo e já apresentava aos 49 anos uma carreira política bastante sólida.

Tudo isso o credenciou a disputar a eleição de maior importância no período pós democratização (ou seria pós ditadura, a que cassou os direitos políticos do avô de Campos). Mas um dos fatos mais importantes eu nem sequer me dava conta: a aproximação de Campos com Marina Siva. Foi uma jogada política de grande habilidade, conduzida de forma muito bem articulada. O que garantiria ao partido uma gama de votos muito maior do que os velhos e já desgastados integrantes de seu partido – tais como Luíza Erundina e Ciro Gomes. Porém, com o incidente de sua morte tudo mudou. Não vejo mais o PSB como um partido a crescer e ampliar sua base no parlamento. Vejo o Rede Sustentabilidade o novo partido que deverá crescer, principalmente com a vitória de Marina, ou melhor, Silva, como é chamada pela imprensa internacional.

A cerca de duas semanas, ouvi Diogo Mainardi falando que Marina Silva ganharia a eleição. Novamente fui descrente em seu comentário. Passada a primeira pesquisa, já colocando Marina como candidata, Aécio Neves começa a comer poeira...

Tempos atrás eu disse numa conversa sobre o futuro da política no Brasil e falei que eu não vejo uma longa vida nem para o PSDB e nem o para o PT. Acredito que, fora da presidência, o PT murcharia, já que nunca foi um partido de governadores, fora em poucas localidades – o Acre e o Rio Grande do Sul, por exemplo. O PSDB já dava sinais de esgotamento e não renovação nas eleições municipais de 2012. O PT, nesse quesito, as disputas municipais, começa a trafegar no espaço que pertencia ao PMDB e da mesma forma, sem grande similaridade com sua ideologia inicial. Campos, iniciava um novo caminho. Mesmo o PSB tendo este nome retrógrado, ele já se reinventava e iniciava realmente uma nova fase.

De certa forma, eleições onde não há mais PMDB naquele formato (partido repartido), agora transmutado em PT, e sem a polarização PT x PSDB, nos faz ver que envelhecemos. O próximo passo é ver Lula como uma figura folclórica, e saber que Dilma longe da presidência não é absolutamente nada além de um poste. E, claro, ver os partidos sem seus donos, ou melhor, ver partidos desaparecendo com seus maiores representantes (como o PPS de Roberto Freire, o PP de Paulo Maluf – certo que nesse quesito os partidos já se renovaram: o PSD de Gilberto Kassab, o Solidariedade, de Paulo Pereira da Silva e o fenômeno de persistência em existir: o PDT, mesmo sem Leonel Brizola).

Bem, há muito ainda até as eleições e tudo pode mudar, como foi a disputa pela prefeitura de São Paulo em 2012.

setembro 01, 2014

Os caminhos e a vida, ou, a vida e os caminhos...

Os caminhos da arquitetura nos levam desde estudante a viver num ambiente cultural, bastante crítico, rico e criativo. Durante a vida profissional vamos perdendo um pouco disso e caindo em algumas rotinas. As vezes, a impressão é que tudo aquilo ficou num lugar distante. E, quando menos esperamos, tudo reaparece. Reaparece a vontade de fazer, de realizar e de novidades, sempre aprendendo.

Na academia é também uma constante. Aprender. Tem certas horas que me perguntam o que eu farei com esse “acúmulo” e na hora que alguém cita, numa reunião ou num contato comercial, um dos pintores prediletos de meu pai – segundo minha opinião – conseguimos levar para outro clima um breve comentário. Um clima onde o abstrato toma vulto e alimenta a alma. Carente é aquele que não sabe o valor da cultura ou seu prazer abstrato que alimenta mesmo na fome. A felicidade nunca é completa se não existe a abstração.

Nos caminhos da vida, fui aprendendo a entender, ou melhor, a tentar entender as perdas. Dizem que quando alguém querido se vai, continua a viver um pouco dentro de nós. Eu acho que morremos um pouco também. E quanto a morte, esta parece sempre ser algo incompreensível. Aceitar não é compreender. Conviver com a falta é, como diz o poeta português em inspiração, uma dor que doí no peito. Passam as décadas e a perda continua lá, tão intocada quanto no momento em que a perdemos. Quando é recente e buscamos nela compreender todos os seus valores e sua natureza, buscamos também tentar dar o melhor de nós e o que de melhor podemos dar. Encaramos a fragilidade humana, entendemos o quão simples é o ser humano. E vemos o tempo passar, inseridos na história, com a nossa história.

A recordação, a lembrança, a homenagem, o simples pensamento. Um ato, uma simples palavra. Tudo tem a emoção e a história daqueles momentos que nos acompanharam. Tudo o que nos alimenta no caminho da vida. Lembrar da escola, do colegial, da faculdade, da pós e de tudo que nos acompanhou e nos pequenos momentos do dia a dia, dos sabores, das massas e das maças, como dizia a letra daquela música. Uma música que ouvia no rádio antigo junto com outras e uma mais especial, na voz da Elis Regina, que dizia para iluminar a mina escura e funda, o trem da minha vida. Mesmo nos últimos tempos, ao ouvir as músicas do seu músico predileto, ia vendo que se distanciava e abstraia, relembrando aqueles caminhos que foram traçados, caminhados, trilhados, vividos.

Quando me vejo a frente da folha em branco, vejo que cada caminho leva a um processo que deve ser o mais rico possível. De que vale a vida, sem a graça e sem a riqueza que ela pode ter?

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...