agosto 25, 2009

Bons tempos...

Perdem-se por aí
A ingenuidade no tempo
Antes coisas pequenas
Faziam tanto bem


Onde andará
Aquela simplicidade
Hoje é tão difícil
Enxergar um pouco além


Bons tempos aqueles
Era muito mais fácil ser feliz
Ainda pode ser assim


Está dentro de mim
Escondido em algum canto
Aquele dom de criança
De lidar com o coração


Não sei o que acontece
Se cresce, se esquece
Que nem sempre dá
Pra se agir pela razão

Bons tempos aqueles
Era muito mais fácil ser feliz
Ainda pode ser assim.


Ainda Pode Ser – Cavalo Vapor - 1997

Era uma época em que tudo fazia sentido. Tudo era coerente. Os sonhos pareciam se tornar realidade a cada dia. Uma nova realidade dia a dia se transformava. A vida não era nada fácil, mas a alegria de viver e os encontros casuais ou mesmo marcados faziam cada vez mais sentido. A troca de informações, a curiosidade e a vontade de romper os limites levavam a todos nós para um lugar mágico. Não poderia ser só o lugar; era toda aquela agitação, aquele contato, aquela vontade crescente de viver todos aqueles momentos. Se era felicidade até hoje não se sabe. Seria a felicidade algo assim, tão inquieto e agitado? Não. Deveria ser mesmo um momento mágico. Uma magia que sempre há de se perseguir em vão.

Ele era inquieto. Ela era inquieta. Os dois se aquietavam na reflexão daqueles dias e daquelas noites. Sim, as noites. Tão importante quanto os dias, as noites tinham vida. A magia daqueles tempos estava em não distinguir a noite do dia. As atividades permeavam esta divisão que a noite faz. Uma noite era mais um momento mágico. Não havia mais a importância dos dias da semana. Eles agora não dialogavam mais com o filósofo Garfield das segundas-feiras. Não havia mais rotinas engessadas. A liberdade não era mais vermelha, azul ou branca. Os dias seguiam sempre com a ansiedade de um novo momento. Um novo dia, um novo sonho, uma nova emoção. Para eles dois tudo era novo. As revistas, as roupas, os discos, as danças; tudo era novidade. Tudo parecia ter sempre um “outro lado”. Tudo era mágico. Todo dia existia uma nova determinação.

Assim caminharam por aqueles bons tempos. Nada se construiu além de uma dimensão cultural de fontes distintas. Os dois liam, ouviam e discutiam. Nem sempre Friedrich lhes dava razão. Jean-Paul também não era unânime. Mas Albert sim; ele sempre teve razão. E assim o tempo passou. As coisas simples paravam de ter importância. A vida tomava o tempo. O tempo já não era igual para eles. Tudo parecia acabar lentamente. Assim eles seguiram; distantes. Caminhos diferentes, resultados iguais. No final tudo parece estar igual. E assim eles voltaram ao momento anterior, onde tudo parecia ter apenas duas cores. E mais tempo passou. Sempre na angustia da retomada daqueles dias.

Um dia se reencontraram. Eles continuavam a andar. Caminhavam nas conquistas daqueles velhos sonhos. Agora Viktor lhes emprestava teorias. Tudo parecia incerto. Mas os textos de René sempre alertavam para os tempos que viriam. Agora se sentiam sozinhos. Mais sozinhos ainda com a distância entre eles mesmos. Andavam só. Até que um dia ele passou a andar do “outro lado”. O lado de trás de uma rua sem saída. Ela passou a andar nos campos perdidos dos sentimentos mortos. Não havia mais harmonia. Agora disfarçavam as diferenças. Agora tinham objetivos. Agora os sonhos pareciam distantes; pareciam vazios; pareciam mortos. Nem mesmo Arthur, que nunca foi um grande motivador, conseguia levá-los de volta aos bons tempos. Era o final de tudo? Ou o recomeço de uma nova fase? Nunca se soube. Mas eles um dia se reencontraram. Foi na divisa entre o campo dos sentimentos mortos com a rua de trás. Um elo se refez. Um novo caminho se criou. E eles voltaram a andar na mesma estrada. Na estrada que leva ao campo das liberdades. E John então dava as cartas. As cartas que levariam de novo a todos os novos bons tempos. E assim seguiriam, nas ruas, nas estradas e nos campos...

“You know the day destroys the night
Night divides the day
Tried to run
Tried to hide
Break on through to the other side
Break on through to the other side
Break on through to the other side, yeah

We chased our pleasures here
Dug our treasures there
But can you still recall
The time we cried
Break on through to the other side
Break on through to the other side (…)”

Break on Through – The Doors - 1967

agosto 24, 2009

A Rosa

De seu perfume
Nasce a mescla
O sonho de voar
Sobre a terra, a água e o mar

Num dia sem fim
Que tende a terminar
Sempre antes do que deveria
Para que a saudade cresça

E faça parecer que tudo,
Tudo possa acontecer
De novo um dia
Como da primeira vez
O seu sorriso

agosto 15, 2009

Diary of a Madman VI

Os shows

Toda vez que se fala em música sempre há a diferença de ter visto um show de determinada banda ou artista. A apresentação de um artista é sempre algo surpreendente. Há sempre aquela idade de empolgação de querer ver todos os shows e sempre ocorre um festival de música. Passei por essa idade e ainda hoje assisto a alguns shows, até mesmo em estádios ou experiências sinistras como o Autódromo de Interlagos. Este ano assisti ao Jeff Scott Sotto, John Lord e Iron Madein, este num show histórico.

Numa outra época assisti a uma boa quantidade de shows e uma enorme quantidade de festivais, entre eles Philips Monsters of Rock e Skoll Rock. O maior arrependimento até hoje foi não ter visto os festivais Hollywood Rock, do início dos anos 1990, principalmente o que teve num único dia, Dr. Sin, Engenheiros do Hawaii, L7 e Nirvana (descrito por Zeca Camargo como um dos mais incríveis que assistiu). Festivais são famosos justamente por apresentar bandas completamente diferentes num mesmo dia, e bem por isso cansativo demais. De shows e bandas que não tive o prazer de ver está o Mr. Big, daquele início dos anos 1990, e o Van Halen com Sammy Hagar. E, claro, o mais de todos, Aerosmith - este que por três vezes não consegui assistir. Poderia dizer que o Kiss estaria numa lista um pouco maior, mas eu era criança demais para ter visto o Kiss de Creatures of the Nigth.

Meu primeiro show, de uma banda grande, foi aos 15 anos de idade, em 1991. Mas hoje vou me deter em somente três shows históricos que tive o prazer de assistir. Incrivelmente não vou falar de Yngwie Malmsteen, talvez o artista internacional que mais assisti até hoje. Vou falar do Monsters of Rock de 1995, mais precisamente 2 de setembro de 1995, com a presença de Megadeth, Faith No More, Alice Cooper e Ozzy Osbourne. Mais precisamente do show do Ozzy, o primeiro em São Paulo. Já havia tocado no Rock in Rio, em 1985 e este show de 1995 era o retorno de Ozzy aos palcos depois da suspeita de que Ozzy estaria doente.

Para mim não importava que o guitarrista fosse um desconhecido, ex-aluno de Randy Rhoads, mas era Ozzy ali no palco. Cantou inúmeras músicas do Black Sabbath e foi pela primeira vez que fiquei em êxtase com uma banda. Já havia ficado emocionado no mesmo dia com a apresentação do Megadeth, que a partir dali se tornou uma das minhas bandas prediletas, assistido-os mais outras vezes e comprando praticamente todos os álbuns. Mas Ozzy ao vivo foi incrível. Estava como sempre, doido, andando de um lado para outro e tocando um clássico atrás do outro. O Pacaembu tremia. Estava ali, pela primeira vez, vendo um ícone do mundo do rock. Uma lenda viva. Aquele palco foi pequeno para o grande Ozzy.

Pouco menos de um ano depois estava de volta ao Pacaembu, em 1996, para assistir ao, até hoje, melhor show da minha vida: AC/DC! A temporada de shows era em função do lançamento do álbum Ballbreaker e também o AC/DC havia tocado anteriormente naquele Rock in Rio de 1985. Já gostava de AC/DC logo aos primeiros clipes que assisti na MTV, ainda da temporada de The Razor´s Edge. Até hoje não faço idéia de onde surgiu Angus Young depois da queda do muro com aquela bola gigante de ferro. Não tenho palavras para descrever os tiros de canhões durante a execução de For Those About Rock e do sino gigantesco durante Hell´s Bells. Sem dúvida um show histórico. Não tenho mais palavras para descrever este show que foi emoção atrás de emoção.

Naquele emocionante 1996 também assisti a outra lenda do rock: Ritchie Blackmore. Foi uma formação incrível do Rainbow e um dos shows mais incríveis que já assisti. Se tivesse que escolher um show para assistir novamente, se isso fosse possível, este seria com certeza o escolhido. Aquele show foi a somatória que qualquer fã de Blackmore se emocionaria. Foram tocadas músicas do Deep Purple, tanto de Daved Coverdale quanto de Ian Gilan, assim como as já clássicas melodias do Rainbow, da fase com Ronnie James Dio. Também histórica foi a participação de Candice Night em Ariel, além de ter tocado uma versão alucinada de Anya do álbum The Battle Rages On, de 1993, do Deep Purple. Sem contar que a quase totalidade do álbum Stranger In Us All, álbum que apresentava Doogie White, foi executada. Após este show consegui entender o que era ver ao vivo um verdadeiro mestre da guitarra. Agora sonho em assistir Blackmore´s Night ao vivo, de preferência no solo do Velho Mundo... A emoção ainda não acabou.

Numa outra oportunidade ainda volto a falar dos shows que assisti no Hard Rock Arena, na reserva dos Seminoles, na Florida. Entre eles, o que até hoje me balança e me emociona só de lembrar: as meninas do Heart!

1996

Esta semana senti-me numa máquina do tempo. Em vários momentos, em vários carros diferentes, com pessoas diferentes, tocou nos rádios dos carros a mesma música. Uma música de 1996. Ontem à noite pus o álbum para rodar; álbum que não escutava há muitos anos. Realmente as melodias soam perfeitas tais quais como em 1996. Ao terminar o álbum coloquei outro para rodar. Coincidência ou não, de uma formação de banda que assisti ao vivo em 1996. Diga-se de passagem, histórica. Até gostaria de falar mais destes dois álbuns, mas ficará para uma próxima vez. O engraçado que não é uma questão de nostalgia, pois a coincidência das músicas foi totalmente aleatória. Isto está parecendo a Veja da semana passada, ao falar dos “acasos”... Que aquela reportagem ativou minha curiosidade não há a menor dúvida...

Problemas técnicos incontroláveis

Ou, os raios que caíram do céu...

Certa vez me disseram que nada ocorre por acaso. Ficar sem monitor (e duas vezes) no mesmo ano por problemas com descargas atmosféricas é algo quase inconcebível para alguém que tende a ter uma boa rede estabilizada. Porém sempre há uma brecha onde algo dará errado. E, claro, dá errado. Aí os orçamentos para reparo abusam da minha paciência. LCD é algo que agrada; e algo que desagrada muito mais quando não funciona. Que preços são aqueles para consertar? Se era descartável deveria estar escrito em algum lugar. Se aprendi algo com esta experiência é que nunca mais compro nada da Samsung e que ter garantia estendida é algo talvez interessante; afinal havia se passado nada mais que dois meses quando o primeiro monitor se foi. E tenho dito: a fila e o atendimento da autorizada da Samsung é algo incompreensível para alguém que diz ter qualidade no atendimento... E mais uma vez as forças da natureza venceram...

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...