setembro 30, 2007

Hora da diversão II

O livro “As impublicáveis pérolas da propaganda. Agora publicadas” já está nas livrarias. Nada melhor que se divertir com a criatividade de uma publicidade impublicável. No site www.desencanes.com.br podem ser vistas algumas dessas pérolas.

Do "Imperialismo"...

Se há uma palavra que não me diz nada é “imperialismo”. Seria a influência cultural americana? Seria assistir filmes americanos? Seria domínio político? Domínio econômico? Nada disso faz realmente sentido. O Brasil é um país livre. Os habitantes são livres para imigrar para qualquer lugar. São livres para andar em qualquer lugar do País. São livres para escrever o que querem e mais livres ainda para ler o que querem, mesmo sabendo que muita coisa não é traduzida para o português, mas o que é escrito em português pode ser lido.

Se existe algo a ser pensado deve ser se o que é escrito é de interesse. Se for de interesse, qual o motivo que não o faz ser mais difundido? Claro, isso se explica em muito pela própria situação. Mais uma vez eu citando Engenheiros do Hawaii:

“Todo mundo tá relendo
O que nunca foi lido
Todo mundo tá comprando
Os mais vendidos (...)”

O Papa é Pop – (1990)

Voltando, certos mitos são criados de forma a atender interesses. Basta saber quais interesses estão em jogo. O que mais impressiona são exatamente os interesses nem sempre são aqueles acusados pelo interlocutor. Chamar de “imperialismo” é o mesmo de falar em “monopólio” da Rede Globo, por exemplo. Estes são aqueles critérios utilizados como temas para realmente tratar de imbecil algo que tem uma profundidade muito maior. Acusar é idiota. É nítido constatar que existe algo de massa. Só pensar que todos os jornais somados não atingem a metade da população brasileira, sobra para a televisão informar. Mas educar não é função da televisão. Até poderia ser, mas não atingiria nunca o desejável por um simples detalhe: o de não ter retorno daquilo que é transmitido. É basicamente um curso sem avaliação. É como um livro fechado. Se não for lido, suas informações não servem de nada. É algo de consumo quase descartável. E dificilmente seria diferente. E se o fosse atingiria os mesmos índices de um curso, pequenas parcelas, pequenas audiências. Não se inverte aquilo que é utópico. Nunca a física de Albert Einstein será algo de consumo popular. Não é algo para não iniciados, mesmo que muita gente tenha o “sonho” de um dia isso acontecer.

Outro dia achei uma publicação que dividia em décadas os discos mais vendidos. Li com atenção o que se referia aos anos 1980. Acredito que da década de 1970 aos anos 1990 o critério de maior vendagem de discos é um bom critério para saber que artista era mais popular. Mas não creio que este critério hoje em dia faça sentido, lembrando da pirataria em diversas escalas, desde o mp3 até o cd pirata no camelô. Como avaliar quem é mais popular sem um critério de aferição baseado em algo material? Um momento de mudanças de mídia, do cd ao mp3, tem sua diferença histórica. Assim como não creio que o sucesso possa ser medido pelo número de discos vendidos nas décadas de 1950 e 1960. Toda época acha seus critérios de avaliação, muito provavelmente depois da passagem do período histórico.

Agora chamar de “imperialismo” sobre os moldes de um “novo tipo de império”, recordando os impérios passados, principalmente o Romano, é algo um pouco rasteiro, um tanto superficial. A idéia de domínio mundial, a idéia de uma superpotência. Se os Estados Unidos fosse tudo isso que eles são acusados, garanto que a primeira questão a ser comentada seria o porquê uma nação assim deixaria as acusações sem censura. Queria entender como a censura feita em muitos países, governados por ditadores, impede a acusação destes. Claro que com a atual guerra no Iraque o anti-americanismo tende a crescer, mas é algo que em condições normais deveria ser sim desmistificado. Um pouco do que representa os Estados Unidos poderia ser definido como vítima de si mesmo. Deixando liberdade de expressão para todos, deixa liberdade também para aqueles que por essa liberdade, tentam acabar com a liberdade.

Pontuando um pouco sobre a academia, professores universitários produzem pensamentos às vezes bastante distantes da realidade histórica. E o pior, além de não estarem a par das ambições de uma sociedade, imaginam uma nova sociedade. Como um professor, que corre o caminho contrário dessa tendência, falou certa feita, “o importante não é por o mundo na cabeça, mas a cabeça no mundo”. Um exemplo bastante presente é o aumento dos fieis em igrejas protestantes. Vejo somente acadêmicos criticarem a religião como causadora de inúmeros males sociais, mas ao se analisar a sociedade a religiosidade, ou o que chamam por ai de “espiritualidade”, só cresce. E cresce de maneira desordenada abrindo espaço para especuladores e outras ordens de pessoas de má fé. Agora o nítido é que se a academia investigasse os critérios que levam a uma sociedade buscar por isso seria muito mais útil do que a acusação vazia, outra vez, do fenômeno. Algo como Max Weber fez no passado.

Além disso, certas organizações atuantes em nível mundial ter por objetivo diminuir as desigualdades e os conflitos entre nações. Mas o trabalho é muito complexo ou pautado por interesses. Um exemplo de complexidade seria o protocolo de Kyoto, cujas nações mais poluidoras do mundo não o assinaram. O interessante das acusações sobre o imperialismo americano é justamente esquecer do que representa a China no atual quadro mundial. Continuo achando que a troca de um imperialismo de livre expressão por um que no fundo não se tem idéia do que seja, é uma troca um tanto quanto pior e mais suicida. Mas, citando Engenheiros, de novo:

“(...) Você sabe, o que eu quero dizer
Não tá escrito nos outdoors
Por mais que agente grite
O silêncio é sempre maior (...)”
Além dos Outdoors – (1987)

setembro 29, 2007

Micro Tendências

Ontem estava escrevendo sobre a Tais, a personagem da Alessandra Negrini e por coincidência toquei de leve num assunto, que hoje, ao ler o blog da jornalista Patrícia Campos Mello, correspondente do “Estadão” nos Estados Unidos, tratava indiretamente do mesmo assunto. Falava sobre o livro de Mark Penn, “Microtrends – the small forces behind tomorrow big changes”, (aqui) que trata justamente de pequenas tendências que podem ser mercados interessantes. Ao se adaptar isso à questão da televisão, podemos supor que existam mercados televisivos para 1 ou 2% da população. Isso é em torno, no caso do Brasil, entre um milhão e oitocentas mil a três milhões e seiscentas mil pessoas. Seria este um mercado pequeno? Talvez. Tudo depende do negócio. Mas há de convir que muitos negócios hoje existentes não chegam a ter trinta mil clientes.

O pior de tudo é ouvir que a escala de negócios não é interessante... Realmente um país que pensa em números, crise superada, não consegue visualizar a crise dos indivíduos. Engraçado que isso nada tem a ver com economia, administração, novos negócios, etc. Tem mais a ver com um discurso do arquiteto francês, Christian de Portzamparc, que tratou de apontar a sua teoria das quadras abertas esse dado pertinente sobre a crise dos números e a crise dos indivíduos. Pois, na França, o governo sabia o número do déficit habitacional e produzia conjuntos habitacionais de cinco mil, dez mil unidades. Ao se encerrar este ciclo, o dos números, se iniciou o processo de qualificar as quadras, a rua e o ambiente. Isso dada do começo dos anos 1970. É por sinal uma das maiores críticas do movimento modernista.

A maneira francesa, não só francesa, como alemã ou inglesa, foi industrializar a construção civil. Ou seja, com uma escala, as cinco mil, dez mil unidades, as construtoras tinham como trabalhar a melhoria do valor dos imóveis. Valor da construção, mais específico. Nada mais moderno do que isso. Era realmente a industrialização da habitação. Não seria a máquina de morar, mas seria a máquina de fazer moradias. Isso pode ser estudado mais profundamente no livro de Paulo Bruna, “Arquitetura, Industrialização e Desenvolvimento”, datado do começo dos anos 1970. Só para dar um norte, até hoje a industrialização da construção no Brasil é pequena. E ninguém sabe qual o déficit habitacional brasileiro, nem mesmo de cidades se sabe. Isso por que hoje temos um ministério das cidades...
Sinto em dizer que não é uma questão também de críticas ao governo, mas de despreparo de corpo técnico para atuar nessas questões. Ainda temos hoje muita divergência em implantar sistemas de industrialização e também a divergência a respeito de como gerir estes empreendimentos. Como o ex-governador do estado de São Paulo Mário Covas afirmava, o problema do Brasil é falta de capitalismo, ou em suas palavras, falta de um choque de capitalismo. O interessante que esta parte, lembrada ano passado em carta de Fernando Henrique Cardoso, nunca é estudada a sério pelos “perseguidores” dos “imperialistas” e do “capitalismo”. Ou melhor, dizendo, para ser mais exato, eu acho até que os “perseguidores” nem tem noção do que dizem, tamanha as barbaridades que exclamam.

setembro 28, 2007

Tais

Quem matou a Tais? Bem, não interessa. Nem faço idéia de quem seja Tais, além de personagem de Alessandra Negrini. Não assisti a essa novela. Não por nada, não tive lá muita vontade para tal. Não acredito que só há novelas ruins. Assisti “Pé na Jacá”, e dava muita risada com o “peladão” (personagem de Marcos Pasquim). Parecia muito com uma outra novela, de uns anos atrás, também com Pasquim, com Carolina Ferraz e Danielle Winits. Não lembro o nome. Isso, por sinal, é uma constante. Não lembrar o nome da novela e nem da novela de uma forma geral. A novela que esta sendo reprisada no “Vale a Pena Ver de Novo” só lembrava da tal família Sardinha. Da trama, não faço idéia.

É só puxar pela memória e me vem à mente “Que Rei Sou Eu”. Poderia dizer que foi a melhor novela que vi. Lembro de muita coisa e a trama era interessantíssima e mais ainda, tinha um fundo de crítica maravilhoso. Mas além dessa tinha “Top Model”, que no final da minha adolescência, ao lado de uma série – Shop Shop - que não virou série, tratava da tal “geração shopping”. Era a primeira vez que assistia a um modismo virar tema de novela. Assim se passou com “Vamp” e até uma outra, cuja atriz principal, Daniela Perez, ao lado de Eri Johnson, tratava do tema dos góticos e darks. Foi o ultimo papel de Daniela. Ela, que fora bailarina numa produção fantástica da extinta TV Manchete, “Kananga do Japão”, teve sua vida tirada quando iniciava seu estrelato global. E ai que eu faço uma das primeiras questões: Por que todo ator quer trabalhar na Globo?

Ou melhor, nem respondo isso. Simplesmente complemento, dizendo que praticamente os melhores atores do Brasil trabalham na TV Globo. A Globo já fez novelas boas, até antes do meu nascimento, assim como também já fez produções lastimáveis, como em 2006, a mini-série “Amazônia”. Digamos que nos últimos anos vem fazendo produções sem muita qualidade. E o resto das televisões? A Record fez uma regravação de “A Escrava Isaura” e teve muito sucesso, assim como outras novelas. Não assisti nenhuma delas. Não posso comentar nada sobre as novelas propriamente ditas, a não ser que estão com inúmeros atores que foram da Globo. Mas a estética, os temas, a crítica não me parece ter mudado em nada. Fora o tal “realismo”, que eu dispenso, parece que nada mudou e que a guia intelectual das produções da Record é a Globo. Sem contar que não entendo os horários das novelas. Assim como o SBT, a Record não tem grade fixa. Certo que todo o dia vai ao ar o “Fala que eu te escuto”, onde normalmente tenho tempo de assistir TV. O que me sobra de alternativa é Amaury Jr. ou algum reprise de filme. Logo, se faz TV somente pensando no grande público.

A Globo tem atendido em muito a expectativa de quem tem insônia. Os filmes são bons da sessão “Corujão”. Outro dia passou “Laranja Mecânica”. Que alternativa foi criada pelas TV´s abertas? Tudo custa caro e é difícil, segundo os críticos. Só lembrando que o “Perdidos na Noite”, programa inicial do apresentador Fausto Silva, era num horário tardio e alternativo. O que falta é criatividade na televisão. Ou melhor, nem criatividade, mas pessoas interessadas em atender pequenos grupos. Tenho um amigo que tem um programa de TV alternativo. Muitas vezes vejo o programa dele e acho fantástico já ter rompido mais de 5 anos no ar. É muito fácil reclamar da Globo e da novela, mas fazer alguma coisa realmente diferente pouca gente faz.

Ao se tratar de audiência, acredito que fazendo um bom trabalho, a audiência aparece. Veja o caso da Rede TV, em seu projeto mais recente exibe “Donas de Casa Desesperadas” e já vai colhendo os frutos disso. Não vai bater 50 pontos de audiência. Mas para quem sabe ser democrático, sabe que isso pouco importa. Saber que existe alternativa e que trabalhada possa se tornar viável é uma grande trabalho. O futuro da Globo é sim, perder audiência. Não deter 50% dos domicílios grudados ao seu canal. Tanto é assim que hoje a Globo pode somente ser comparada a estúdios de cinema, por suas produções. Mas isso se deve ao fato que se passaram mais de vinte anos da redemocratização e a única alternativa que se fez em termos televisivos foi a TV Manchete. Dizer que a TV da Igreja Universal um dia poderá chegar perto da Globo é por si só uma grande incompatibilidade, só pelo fato de ter já em sua origem uma regra. Como ter uma programa judeu na Record? Isso é só um exemplo de como uma TV segmentada não poderá nunca ser pragmática ao ponto de atender a todos os públicos.

E pensar que falei tudo isso para dizer que ontem entrou no ar o canal Record News, que não será transmitido pela TVA cabo, somente no sistema digital. Ao lado da TV Pública, teremos duas televisões segmentadas (isso se a TV Pública realmente acontecer). Isso tem lados bons. Os que todos falam por ai. Mas afirmo: nada disso ira tirar a liderança da Rede Globo. E eu acredito que a Globo deverá se reinventar em breve, assim como a RCTV esta caminhando. Quando assisti ao fim da TV Manchete pensei que algo novo poderia vir. Nada. Como já afirmei antes, ruim com a Globo, pior sem ela.

setembro 27, 2007

Mr. Soares

Assistir ao Programa do Jô é às vezes interessante. Quando não é entrevistado um médico, algo que me faz pensar que Jô seja hipocondríaco, as entrevistadas são de pessoas curiosas, mas quase sempre sem lá muita graça. Às quartas-feiras deixa aberto o debate para as “meninas do Jô”. São convidadas as quatro jornalistas para analisar o quadro político brasileiro. No programa de ontem lá estavam elas de novo. De um lado ficam Lílian Witte Fibe e Lúcia Hipólito e do outro lado Cristina Lôbo e Ana Maria Tahan. Os assuntos são os mais variados possíveis, uma mistura de tudo que praticamente não sobra muito de conteúdo.

Mas um assunto de ontem foi extremamente feliz. Falaram sobre as ONG´s. Ou melhor, não falaram mais deveriam ter falado que não era ONG (Organização Não Governamental) e sim ONGG (Organização Não Governamental - Governamental), como coloca Reinaldo Azevedo em seu blog. Ou a ironia de Cristina Lôbo, durante o programa, chamando de Organização Neo Governamental. O que irrita é Jô Soares nunca ter falado sobre isso e pior dizer que nem sabia que uma ONG recebia dinheiro governamental. Mas a crítica foi boa, dizendo que existem mais ONG´s sobre crianças de rua do que crianças de rua no Rio de Janeiro. Se a pauta do programa fosse de temas interessantes talvez se pudesse chamar aquilo de repertório para uma crítica fundamentada. Digo sobre este quadro específico de quarta-feira. Ao fim do programa Jô até faz uma analise do que foi ou não falado, para ficar para outra semana. Bem, com o atual quadro político, de um marasmo total, fica meio difícil de achar temas...

Outra parte interessante foi mostrar cenas da TV Senado, com depoimentos dos senadores Artur Virgílio, Mão Santa, Ideli Salvatti e Heráclito Fortes. Não me contive em risos sobre os comentários de Jô sobre Ideli. E sobre sua tentativa de não acatar a CPI sobre as ONG´s, principalmente aquela ironizada pelo jornalista Carlos Chagas ano passado. E isso nem sequer foi comentado no programa.

Como disse antes, muito de vez em quando aparece um programa interessante no Jô Soares. Pena que a repercussão será pequena, como sempre. Isso faz lembrar a frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons.”

setembro 25, 2007

Rápidas IX

Xadrez é esporte?
Só complementando, segundo aquelas forrações de bandeja do Mc Donald´s, falava que o jogo de xadrez é tido como esporte mental. E ainda complementava com um aspecto cultural, se referindo ao ataque decisivo no jogo, o “xeque-mate”, oriundo do persa “xah-mat”, que significa o rei esta morto.

setembro 24, 2007

250

Só para marcar, esta é a postagem de número 250. Falei sobre futebol (muito mal, por sinal, pareço um comentarista esportivo...), política, arquitetura, literatura, comportamento e outras variedades. Para quem nunca escreveu nada antes (depois de adulto...) estou gostando bastante. Com uma média atual de mais de 40 acessos diários e praticamente sem comentários, escrevo sobre assuntos que nunca havia falado antes e preparo para breve novos textos. Quem sabe um dia um livro. Para não dizer que não escrevia nada antes, escrevi mais de 100 páginas do trabalho de graduação intitulado “A Arquitetura e o Espaço Coletivo”. Escrevi os trabalhos para a pós-graduação: “Duas Faces de Santo Amaro”, de 2006, e “Industrialização, Sub-centro e Espaço Coletivo”. E em 2000 tinha feito uma disciplina, que fora tirada do currículo, onde tinha feito uma monografia intitulada “Visão Serial das Margens do Rio Pinheiros”. Isso sem contar os pequenos textos sobre a Catedral de Santa Sophia em Istambul e notas sobre o Império Bizantino. Sem contar algumas poesias que não nunca termino batizadas por mim, aos 18 anos de idade, de “Sombras da Noite”. Iniciei também uma música e também nunca terminada, batizada por meu irmão de “Lamentos do Inferno”, no ano de 1993, aos 17 anos de idade. De lá pra cá tive inúmeros outros momentos, muitos deles poderiam compor um quadro possível de “Notas Autobiográficas da Juventude...” O nome “Lamentos do Inferno” é baseado num filme, “Todas as Manhãs do Mundo”, que aborda a obra de Marin Marais.

setembro 23, 2007

Record News

Ao que parece teremos um novo canal de notícias: Record News. E o melhor de tudo é que será em TV aberta. Ocupando o que era a Rede Mulher, o Record News, o canal de notícias da equipe de jornalismo da Rede Record de televisão entrará no ar em breve. O interessante que estará também disponível para assinantes da Net, pelo menos por enquanto, já que a Rede Mulher é transmitida atualmente. Agora basta saber se o jornalismo da Record News vai ser igual ao de Paulo Henrique Amorim...

A Arquitetura Assassina

Falando um pouco sobre a recente história brasileira, tentava ver casos em que a arquitetura, ou melhor, aspectos ligados à arquitetura, podiam tirar vidas. Podia se chamar de engenharia ou de tecnologia assassina, também. Um dos casos que foi colocado como caso estranho à época, até hoje muita gente passa por este transtorno e nada mudou. O caso da morte do Ministro Sérgio Motta em 1998, contaminado por bactérias devido à falta de limpeza dos dutos de ar condicionado. Depois de sua morte ocorreu uma manutenção em todos os sistemas de ar condicionado de todos os ministérios e autarquias federais. Até hoje conheço muita gente que tem alergia ao ar condicionado e tenho quase certeza que estes aparelhos não têm manutenção adequada. O ar condicionado não é assassino se a manutenção é bem feita, mas com certeza se mal feita é uma das coisas mais maléficas. Uma questão é óbvia, se sua resistência esta baixa, o contato com este meio não propicio, caso do Ministro, o caminho é extremamente delicado.

Outras duas questões são as obras que desabaram da construção do Metrô em janeiro, onde a engenharia falhou nas contenções de segurança. Um acidente que gerou a morte de sete pessoas. Uma questão de lógica invertida é pensar que poderia ter acontecido com a obra pronta. Não, não poderia. Pois a contenção é feita somente no período de obras. Foi uma tragédia, mas não foi anunciada. Caso do acidente da TAM, onde a pista já havia certas restrições e gerou então, a partir de uma falta de prevenções de engenharia, o pior acidente da aviação brasileira. Nota-se que Congonhas já havia problemas desde outro acidente da TAM, o do jato que caiu sobre o bairro do Jabaquara a mais de 10 anos. Isso sem contar as várias vezes em que o trânsito foi interrompido em São Paulo, causado por caminhões que danificarem as pontes mais baixas. Uma delas foi a passarela em frente ao Aeroporto de Congonhas. Em todos os casos tenta-se só por a culpa no motorista, no piloto, na chuva... Não na falta de uma estrutura de engenharia e arquitetura. Nem é falta de estrutura, mas sim projetos mal feitos. Se estes fossem mapeados, pelo menos se saberia quantos problemas temos para resolver e cobra-los das administrações públicas.

Mas todas essas, por mais escondidas que possam ser, são visíveis por sua escala. Mas aquelas sobre as bactérias nos dutos do ar condicionado, a LER (Lesão por Esforço Repetitivo), a falta de postura e a iluminação não adequada nos escritórios só mostram sua cara um bom tempo depois. As grandes empresas já têm programas para LER, manutenção dos dutos e filtros de ar condicionado e preocupação a respeito da iluminação. Além até de questões relacionadas à ergonomia dos mobiliários utilizados em seus ambientes. Agora que este debate fica sempre num ambiente muito restrito, sabendo-se que existem normas técnicas a muito tempo, a mais de década, sobre todos estes aspectos. Assim como atualmente a NBR 9050, da ABNT, sobre acesso aos portadores de deficiência, vem sendo usado como critério de aprovação de novas construções, deveria se ter um debate mais atendo a outras normas e a proibição de certos produtos, principalmente as lâmpadas fluorescentes de origem chinesas, que não atendem as especificações de normas técnicas. Para ser mais exato, fabricar uma lâmpada não é como produzir uma alface. E para as duas coisas existem problemas sérios envolvidos, como atualmente o problema da infecção por ingestão do Trypanossma cruzi na poupa de açaí, outra época fora a cana-de-açúcar, as lâmpadas chinesas são muito mais baratas e podem ter saída de raios UVB em maior quantidade que o permitido na norma e não ter a capacidade de iluminação suficiente. Tudo relacionado a um processo de desinformação.

A solução para isso é informação, debate, fiscalização séria e, principalmente, uma lei de proteção contra produtos, tanto de origem estrangeira como nacional, que não seguem as normas oficiais brasileiras. Se a empresa não tem condição de fabricar uma tomada sob conformidade da norma esta deve ser definitivamente fechada. Apontamos isso para uma questão de qualidade e não de quantidade e valor. Ao se querer fazer de uma arquitetura, uma engenharia ou uma tecnologia não assassina e promotora do progresso, só existe o caminho da qualidade.

setembro 22, 2007

Manifesto pró Suplicy 2010

Com o lema “vote num careca em 2010”, expresso minha total simpatia pelo Senador Eduardo Matarazzo Suplicy para ser o candidato do PT para eleição presidencial de 2010. Imagine esse meu lema aplicado a qualquer candidato, tanto Serra, como Alckmin – o Aécio estraga tudo...
Veja pelas entrelinhas que simpatizo com a idéia de Suplicy ser candidato, somente. E sem esquecer que se o DEM (Partido dos Democratas) lançar candidatura própria qualquer um dos dois nomes viáveis - César Maia ou José Roberto Arruda – se encaixam perfeitamente ao lema.

setembro 21, 2007

Notáveis horas de uma história recente

Se um dia tivesse que fazer um relato da minha vida talvez buscasse ver nos fatos que acho interessantes tentar completa-los com as datas associadas a eles. Não sei por que, mas já tentei pensar em todos os candidatos que já votei na vida e não consigo lembrar de vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Lembro das copas e olimpíadas, cidades e lugares, pessoas ou locais de estudo, cursos e locais de trabalho. Tudo tem uma história.

Das eleições eu não vou ficar falando em quem votei desde 1992, não creio ter interesse. Os candidatos que votei e não ganharam ou os candidatos que ganharam e foi um lixo, mas de certa forma não me arrependo de nenhum voto, muitos deles numa situação de falta de opção. Somente me arrependo de ter votado presidencialismo naquele plebiscito de 1993. Nunca fui praticante do voto útil. Acho desnecessário. Não votei no plebiscito sobre o desarmamento, em 2005, que, como o outro de 1993, não debatia as questões realmente relevantes.

As copas e as olimpíadas eu sempre assisti. E marcaram de formas bastante distintas. A primeira copa que recordo é a de 1982. Lembro de adorar ver as bandeiras dos times e daquele resultado de Hungria 10 x 1 El Salvador. A Espanha, país sede daquela competição, havia empatado com o Brasil em um estranhíssimo 0 x 0. Fora isso lembro da tristeza daquela derrota contra a Itália. Ainda sobre aquele mesmo ano e sem sair do tema de futebol, o Corinthians foi campeão paulista, com a famosa democracia corintiana.

Em 1984 ocorreram os jogos olímpicos de Los Angeles. As minhas memórias daqueles jogos são as medalhas de prata no vôlei e futebol. Lembro da medalha de ouro no atletismo, mas a maior de todas as lembranças foi na natação, a medalha de prata de Ricardo Prado. Naqueles anos minha maior vontade era fazer natação. Acho a natação um dos esportes mais interessantes.

A copa de 1986 aconteceu no México. Foi ali a primeira vez que torci por um time além do Brasil. Era a seleção alemã de Franz Beckenbauer. Infelizmente a seleção de Maradona se fez bicampeã mundial naquela copa. O Brasil perdeu para a França de Michel Platini, mesmo tendo até aquele jogo o goleiro Carlão invicto. O técnico Telê Santana tinha feito seu bom trabalho.

1988, a olimpíada que não assisti praticamente nada. Foi em Seul, Coréia do Sul. Lembro da medalha de ouro de Aurélio Miguel. Lembro bem mais da minha professora de português. Não sei por que, foi ela naquele ano talvez mais marcante do que a competição. Deve ser por ela ter proibido os alunos de lerem Jorge Amado. Três anos depois, o tal Jorge, em “Quincas Berro D´água”, era o livro indicado por outra professora, sem nenhuma ressalva.

Eis que em 1990 a Alemanha se consagra tricampeã na copa da Itália. A Argentina retira o Brasil nas oitavas de final. Uma professora de geografia quase incita um linchamento por agradecer a única aluna argentina da classe pela retirada do Brasil na copa. Era uma professora meio louca, que só falava que os alunos notas “A” seriam estudantes da USP dentro de alguns anos. Péssimo ano. Foi um ano preparatório para os seguintes. Tive uma ótima professora de matemática e a mesma de 1989, muito boa de português. Esta professora de português certa vez achou que havia “sócios” durante a realização das provas. Suspeita que fora declarada quando da sua certeza de que eu não fazia parte dessa sociedade. Fiquei feliz naquele momento em ver meu mérito reconhecido. Afinal, eu não era um estudante muito apegado aos métodos. Para ser mais exato, acho que o autodidatismo já se anunciava. Como escreveu um leitor, na verdade quando se estuda algo sozinho, seus mestres podem ser aqueles dos livros. Hoje mesmo, quando ao tentar chegar a uma solução arquitetônica tive a ajuda do mestre Vilanova Artigas.

Barcelona, 1992. Os jogos olímpicos que o Brasil brilhou muito no vôlei. Ouvia dizer que depois dessa vitória o esporte iria crescer muito no Brasil e etc. Não vi nada acontecer. O bom vôlei apresentado pela seleção até hoje não tem reflexo nos clubes e em campeonatos regionais, como também não teve naquela prata de 1984. Tudo permanece sempre igual no Brasil, mesmo mudando tudo.

Tetracampeonato de 1994. A copa dos Estados Unidos foi o início de uma geração campeã mais outra vez, em 2002. Mas 1994 foi um ano atípico. Comecei a trabalhar naquele ano. Fui dispensado do Exército, foi meu último ano de Escola Técnica Federal e início de um ciclo de dúvidas que ainda hoje me acompanham. Foi o inicio das seleções de “se”. Como uma grande amiga me disse, ao pensar no “se” forja-se um simulacro de uma vida possível, mas não da sua vida necessariamente. Tudo errado poderia resumir bem o que se passou comigo dali para frente. Mas ao se tomar uma decisão esse é o preço. Enfrentar isso é difícil, mas não impossível.

Vôlei de praia talvez seja a maior novidade daqueles jogos olímpicos de Atlanta, realizados em 1996. Foi uma competição muito interessante. Ouro e prata para o Brasil no vôlei de praia. Primeiro ano com TV a cabo. O fiasco de Zagallo ao ganhar o bronze no futebol, recebendo a medalha um dia antes do previsto. Era bixo na faculdade e inicia uma nova fase. Estava em delírio. Um bom ano, repleto de pequenos detalhes que começaram já no reveillon, passado em Boa Esperança, MG. Naquele ano assisti a três shows, sem exagero, inesquecíveis, tanto pelo momento pessoal como pela formação das bandas: Yngwie Malmsteen, Ritchie Blackmore´s Rainbow e AC/DC.

Tudo se esperava da seleção de 1998. O vice-campeonato até hoje parece estar na garganta. O pior de tudo foi se repetir a dose em 2006... A copa de 1998 foi a que assisti praticamente a todos os jogos e onde me divertia rindo sem parar das crônicas de Mário Prata sobre as aventuras bretãs. Na TV Globo surgiu Olivier Anquier, o padeiro. Ele foi o escolhido para apresentar a França aos telespectadores globais. Este ano também marca a saga que se mantém pelas duas copas seguintes: o fato de estar desempregado durante o período da competição. Nesta competição o Chile voltou a participar, após punição de duas copas devido ao incidente ocorrido no Maracanã nas eliminatórias da copa de 1990. No jogo contra o Brasil, o Chile simplesmente amarelou, tomando 4 gols.

A América e a Austrália. Poderia assim relatar o ano de 2000. Primeira vez que estive nos Estados Unidos. Foram quase dois meses nas terras de Tio Sam. Nada mais que cruzar os Estados Unidos do Atlântico ao Pacífico, passando mais de oitos estados (dentro de um Grayhound). Diria que ver a Olimpíada de Sydney depois do meu retorno foi um fantástico quadro de boas vindas. Daquela olimpíada lembro do Jô Soares ser enviado para lá com seu programa, e mal entrar no ar. A apresentadora Ana Paula Padrão, a mais gata jornalista acima dos trinta anos de idade, foi o grande destaque televisivo. Das competições, lembro de ter ficado madrugadas assistindo basquete e jogos estranhos. Mas não consigo recordar de nada além do australiano Ian Thorpe na natação.

Uma copa disputada em dois paises ao mesmo tempo. Sim, em 2002 a copa foi disputada no Japão e na Coréia do Sul. Brasil pentacampeão. Cafu escreve em sua camisa “100% Jardim Irene”. Algo tão inesquecível como o “Obrigado Sena” (somente com um “N”) esticado pelos jogadores em 1994 na vitória do Tetra. Como pude esquecer de comentar: em 1994, nos últimos minutos da final, eis que se não quando, entra em campo Viola! Sim, o jogador que tinha feito o Corinthians ser campeão brasileiro com seu 1 x 0 sobre o Guarani, em 1988. Tão bom quanto ver os jogos da copa de 2002 nas madrugadas, normalmente em bares, esta copa pareceu ser a copa sem adversários para o Brasil. O jogo de Brasil x Inglaterra foi um dos destaques daquela competição.

Em Atenas, os jogos olímpicos de 2004 foram os que mais gostei de ver. Adorei ver a faixa da torcida “Camisa 12” (do Corinthians) esticada durante os jogos de vôlei da seleção de ouro. O incidente com o maratonista brasileiro segurado pelo imbecil no último dia de competição foi lastimável. A seleção de futebol não foi classificada, assim como a de basquete masculino. Fazia um frio em São Paulo durante a competição. Lembro de comprar pacotes de bolacha (ou seria biscoito?) Negresco para acompanhar os jogos, debaixo dos cobertores...

Finalmente a copa da Alemanha. Havia estado em 2005 na Alemanha e sentia que os alemães não acreditavam em sua seleção. E o pior: acham a do Brasil maravilhosa. Após derrota do Brasil, queria uma final com Portugal e Alemanha. Mas a Itália foi inacreditável com aqueles dois gols.

Complemento

Como pude esquecer: o melhor da copa de 1994 foi ver Roberto Baggio batendo o pênalti para fora. Em 1998 pediu silêncio quando acertou o pênalti contra a França, o que não adiantou muito para sua seleção.

setembro 20, 2007

Prisioneiro

“(...) Prisioneiro, prisioneiro, prisioneiro não
Se você me pegar eu vou chamar meu irmão
Com tanta gente roubando ninguém vai me pegar
Sigo tranqüilo no meio ninguém vai me dedar
Vivo bem com o tráfico e com a corrupção
Se o negócio sujar é só tomar um avião (...)

Duvido que um dia isso possa mudar
Tem prá todos ninguém irá tentar
Me tirar o apoio e a posição
Me colocar enfim numa prisão (...)”


Prisioneiro - Ultraje a Rigor (1987)

E depois me falam que o tal rock nacional não dizia certas verdades. Não vejo muita mudança daqueles anos em que o Brasil voltava a ser uma democracia e dava liberdade plena para que a voz, muitos anos sem poder pronunciar grandes coisas, pudesse de novo falar sobre tudo. O que acho estranho nos dias atuais é exatamente a falta de liberdade e um silêncio. Uns falam o que querem e outros não podem falar. Eu nunca falei nada que tivesse sido sumariamente censurado, mas temo um dia isso acontecer. Afinal, que existe certo patrulhamento existe, isso é inegável. O bom de ter um blog quase sem leitores é exatamente esse: eu escrevo o que quero e ninguém me irrita. Se algum desavisado ler, sem problema.

O que eu não consigo é ver um futuro nessa situação. Li um bom texto de Daniel Piza, publicado no caderno de domingo no “Estadão” (Diálogo de Macacos). Realmente mostrava duas versões sem conseguir sair do lugar. Mas, o mais interessante é o fato dos dois macacos estarem presos e nem sequer em momento algum isso entra em nenhum dos dois lados. Logo me fez lembrar da minha “velha infância” e da música do Ultraje a Rigor. Às vezes me pergunto se essa influencia desse rock nacional me “faz bem ou será que me faz mal”? Pouco importa. Eu não parei ai. É uma pequena referencia para quem foi pré-adolescente naqueles anos. Como Zeca Camargo disse no programa “Sempre um Papo”, da TV Câmara, tudo que fizemos dos treze, quatorze, aos vinte anos de idade temos a impressão de ser o melhor de tudo. Isso se deve ao espírito jovem. Essa juventude explorada politicamente, pelo menos durante a minha adolescência foi. Era um “direito” ao voto aos 16 anos de idade, um lema de que “a juventude vai mudar esse país” e outras coisas correlatas. Só vejo depois de mais de quinze anos que a política não se renovou. São os mesmos nomes e com toda a biografia alterada. O melhor mesmo é seguir o conselho de Nelson Rodrigues aos jovens: “Envelheçam!” (Essa eu tirei do almanaque da Rede Globo – Nelson Rodrigues sendo entrevistado por Otto Lara Resende, em 1977).

O problema maior é estudar a história recente do país. Um dos nomes que para mim são uma das maiores incógnitas é José Sarney. Tem bibliografia sobre ele já. Seus anos de governo foram marcados por um desarranjo enorme na economia, o que de certa forma foi importante para não errar no Plano Real. Depois de Sarney, acredito que Collor rompeu tantos outros fatores econômicos que é impossível saber o que se deve a Sarney ou a Collor. Mas é inegável a liberdade total da imprensa naqueles anos. Isso, só para recordar bem, era complicado, mas a Globo teve um de seus programas humorísticos de maior sucesso naqueles anos: TV Pirata. Era tamanha a liberdade que o programa teve inúmeros problemas. Na extinta Manchete, Agildo Barata Ribeiro tinha o “Cabaré do Barata” que era talvez um dos melhor programas políticos que consigo me lembrar. As charges atuais não chegam nem perto da produção daquele programa com os bonecos. Certo que estes bonecos me lembram um pouco aquele (boneco) “Zé do Muro” que o PT usava nas eleições de 1982 e que em 2000 a deputada Luiza Erundina fez ressurgir das cinzas. O mais interessante que meu “primeiro conto” chamava “A Traquinagem do Zé do Muro”, baseado naquele boneco. Era um misto de “Boneco Assassino” com Saci Pererê. Lógico, nem cheguei a ser cogitado como participante naquele miserável concurso de contos da biblioteca... Isso foi em 1988. Biblioteca que esta lá até hoje... O Colégio também, mesmo não tendo mais turmas de quinta a oitava séries... Coisa de Mário Covas...

Nada melhor que o tempo mesmo para ver acontecer situações que já previa. O problema não é individualmente não acreditar em algum governante ou gestão, isso até é o normal. O que parece ter se criado atualmente é uma falta de critérios para a “massa” avaliar a atividade política. Não se tem mais a diferenciação de quem era ruim ou bom. Por isso Sarney volta a ser uma incógnita. Não sei se a atual bibliografia o defende baseado no relativismo atual ou se os fatos (estes difíceis de apontar) são representativos das reais posições daqueles momentos. È difícil entender um momento atual onde Lula é o presidente, Sarney e Collor fazem parte de sua base de apoio e a oposição era aquela que ficou ao seu lado em 1989, contra Collor. Se colocar Maluf (é, ele ainda existe) nesse bolo, aí que a realidade e a fantasia se transformam em uma só coisa.

Esta perda da realidade é interessante para certos grupos políticos que podem se esconder e não ter reflexos dessas atitudes no campo eleitoral. Como Rodrigo Constantino escreve, falando sobre Lord Acton: “(...) A democracia, porém, não pode ser vista jamais como simples ditadura da maioria. Para Lord Acton, se é ruim ser oprimido pela minoria, é ainda pior ser oprimido pela maioria. Afinal, existe uma reserva latente de poder nas massas a qual, caso seja despertada, a minoria raramente consegue resistir.(...)” Agora, no longo prazo isso deve se dissolver. Sempre o partido que está no poder de certa forma aglutina em torno de si algo que não esperava. Faz parte da arte da política. Isto que estou falando acima já foi citado em inúmeros artigos de vários autores, o que estou fazendo é colocar estas questões de uma maneira a entender em que momento isso aconteceu. Só acho que, mesmo Sarney tendo deixado o governo em 1990, estes dezessete anos ainda não são suficientes para entender o que aconteceu naquele período.

Algumas questões podem ser colocadas. Sarney esteve sozinho em grande parte do tempo de seu mandato, sem partido e sem base de apoio. O que pode ser apontado pela enorme quantidade de políticos candidatos à sua sucessão, a criação do PSDB, com dissidentes do PMDB entre outros. Pode-se notar que duas figuras importantes no processo de abertura política – Ulisses Guimarães e Leonel Brizola - tiveram pouco reconhecimento por parte dos eleitores, que buscaram na novidade de Collor e Lula sua maior representatividade. O fato de Brizola ficar em terceiro lugar não prova absolutamente nada. Mario Covas ficou em quarto lugar, seguido de Paulo Maluf e Guilherme Afif Domingos. Em 1994, teve Brizola menos votos que o candidato do PRONA, Enéas Carneiro. Quanto mais se afasta o fantasma da ditadura, menos importância estas personagens têm.

O momento político mundial durante o governo Sarney era um dos melhores: Ronald Reagan, Margaret Thatcher e Michael Gorbachev. Sem crises mundiais como as do petróleo nos anos 1970 ou guerra do Iraque, por exemplo. Certo que sabemos que a onda de crescimento mundial aconteceu no final dos anos 1990 (não à toa, tudo sempre tem um reflexo anterior).

Com esse quadro, o máximo que conseguimos ver que alguns fatos comprovam que a maturidade democrática pode levar mais uns vinte anos se continuar dessa maneira. A cada pequena crise temos simplesmente a troca das decisões e uma total falta de continuidade de planos. E isso já não é novo, pois já com Juscelino Kubitschek tinha o Brasil passado por isso. Vejam só, tudo isso para dizer que a mudança de Fernando Henrique Cardoso para Lula em 2002 foi uma péssima escolha e a permanência dele em 2006 mais um retrocesso.

Depois não posso dar razão aos Engenheiros do Hawaii...

“(...) Somos quase livres
(Isto é pior do que a prisão) (...)”

Exercito de Um Homem Só II – Engenheiros do Hawaii (1990)

setembro 19, 2007

Rápidas VIII

O que aconteceu para tudo ficar tão caro? Certo que algumas coisas não existiam há alguns anos, mas o que existia custava mais barato... Ou será que custava o mesmo? Seriam os salários que ficaram iguais?

Rápidas VII

Por que muita gente confunde a Ucrânia com a Rússia? Tudo bem que estes dois paises foram reunidos no que foi a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, mas seria o mesmo de chamar a República Tcheca e a Eslováquia de mesma coisa. Ou pior, de achar que Sérvia, Monte Negro e Croácia são a mesma coisa. Um dia tudo isso e mais um pouco foi Iugoslávia... Será que preciso dizer que Uruguai não é Brasil? Se fosse, o Brasil já seria heptacampeão mundial de futebol... E como ficaria a copa de 1950?

Rápidas VI

Na postagem “Foto Clássica” ao me referir ao concurso de projetos de arquitetura para a construção do Farol de Colombo, na República Dominicana, gostaria de complementar dizendo que o único arquiteto brasileiro a participar foi Flávio de Carvalho. Frank Lloyd Wright fez parte dos jurados desde concurso, ocorrido em 1931 (corrigindo).
Na foto estão na casa da Rua Toneleiros, projetada por Gregori Warchavchik. O interessante que Warchavchik nasceu em Odessa, Ucrânia, Lúcio Costa em Toulon, França (por seu pai ser engenheiro naval, e estar na França a trabalho). E estes são os precursores da arquitetura moderna brasileira.

Stephen King no cinema...

Havia citado na postagem abaixo o filme “Maximum Overdrive” (1986), cuja trilha sonora fora feita pela banda AC/DC – tendo como hit a música “Who made Who” – é um dos muitos livros de Stephen King transformados em filme. A quantidade é tal que resolvi citar alguns. Não fiz uma pesquisa aprofundada sobre todos os seus livros transformados em filme, mas os que de memória consegui lembrar. O primeiro que me veio à mente foi “Carrie – A Estranha” (1976), baseado no livro “Carrie” de 1974. Depois “Cemitério Maldito” (1989), baseado no livro “Pet Sematary”, de 1983. Cuja trilha sonora tinha Ramones. Soube em um programa de TV (Biografias – People and Arts) que escreveu este livro baseado nos inúmeros animais atropelados na auto-estrada que havia ao fundo de sua casa. Mas abandonou a obra pronta quando seu próprio filho foi atropelado na auto-estrada.
O mais famoso diretor que filmou King foi Stanley Kubrick. Mesmo sendo o filme que King achou que mais desvirtuou seu romance, “O Iluminado” (1980), baseado no livro “The Shining” de 1977, é interessante. Como não li a novela de King, não posso avaliar o desvirtuamento. Mas depois de Kubrick nenhum diretor conhecido filmou algo de King. “A Espera de um Milagre” (1999), baseado no livro “The Green Mile” de 1996, contava no elenco com Tom Hanks. Foi um dos poucos livros que li e assisti ao filme depois, materializando muito do imaginário do livro. Agora, sou obrigado a dizer, o pior de todos os filmes baseados em um livro, “It” (1990), baseado em romance de mesmo nome, escrito em 1986, deve ser o campeão. À época que o assisti no cinema, uma amiga que havia lido o romance teve que me explicar o filme... Ela também não gostou do filme...

setembro 18, 2007

100 álbuns...

Achei uma série de livros que comentam os álbuns mais vendidos nas décadas. É a melhor forma de avaliar as vendas. Eu detesto esse comparativo de saber qual álbum mais vendeu no mundo. O que agrada muito nessa série, que chama “Os 100 álbuns mais vendidos nos anos...” (50, 60, 70, 80 e 90), é exatamente a separação temporal. Por ela podemos ter um panorama um pouco mais restrito. Pois o que era vender 100 mil discos em 1955 e quanto é vender 500 mil em 1998? Saber que em 1960 a dinâmica das gravadoras e a divulgação era completamente diferente que nos anos 70. E nem se fala dos anos 80 e 90. Vamos postular algumas situações: Nos anos 80 tivemos a mudança de mídia, do vinil para o compact disc. Nos anos 90 tivemos a música passar do compact disc para o MP3. Dos anos 90 para agora então, digamos que a música é totalmente universal, onde o fator vendas não quer dizer mais nada, praticamente.

Como avaliar esses nossos anos daqui para frente? Bem, isso não é tema dessa postagem, mas voltando à coleção, é interessante que os álbuns são colocados em ordem decrescente, com capas de todos os álbuns, as músicas, os integrantes e músicos e até o tempo total do álbum. Por exemplo, nos anos 80, o álbum mais vendido foi o de Michael Jackson, “Thriller” (1983) - notinha: este álbum tem a participação em “Beat It" do guitarrista Edward Van Halen. E o segundo álbum mais vendido da década foi “Back in Black” (1980) do AC/DC. É óbvio que “Back in Black” deve continuar a ser vendido ainda hoje, assim sendo possível continuar sendo um álbum de sucesso mesmo depois de quase três décadas de seu lançamento. Isso se deve ao facto de os AC/DC (isso foi muito típico do livro, que leva grafia do português de Portugal) continuarem sendo uma banda em atividade.
Com esta forma apresentada por décadas, creio que a situação fica mais real. Estou esperando pelos outros da série, para ter uma avaliação mais fiel de cada período. Pois alguns dos álbuns eu nem sequer conhecia (desta dos anos 80). Tenho que destacar que algumas trilhas sonoras fazem parte desde 100 selecionados. No caso dos anos 80, como “Footloose” (1984), “Dirty Dancing” (1987), “Flashdance” (1983) e “Top Gun” (1986). Isso mostra uma integração fantástica entre cinema e música. Inclusive uma trilha sonora de AC/DC, para o filme “Maximum Overdrive” (1986), baseado no romance de Stephen King, esta colocada também como uma das mais vendidas da década.

David Lee Roth

Notícia antiga. O Diamond está de volta ao Van Halen. A turnê ainda conta com novo baixista: Wolfgang Van Halen, filho de Edward Van Halen. Não estou animado com isso. Na verdade nem acho que vai ser o espetáculo que esperam, mas comercialmente é bom ao Van Halen. O que acho estranho que tanto o Van Halen quanto David Lee Roth em sua carreira solo, eram duas bandas maravilhosas. A banda de David contava com Steve Vai, Billie Sheehan e Gregg Bissonette, respectivamente na guitarra, baixo e bateria. Van Halen era então mundialmente famosa com "5150", tendo Sammy Hagar nos vocais, em substituição a David.
Os discos mais conhecidos, digamos assim, pois não encontrei em lugar algum para saber quais são os álbuns mais vendidos do Van Halen, são “1984” (1984), último com David, “5150” (1986) e “Balance” (1995) com Sammy. Sammy também explodiu com a música “Right Now”, sucesso de “For Unlawful Carnal Knowledge" (1991), cuja turnê gerou o primeiro álbum ao vivo do Van Halen. Depois de “Balance” a banda foi praticamente parando, tendo uma participação na trilha sonora do filme “Twister” (1996). Com a saída de Sammy, a entrada de Gary Cherone, lançando “Van Halen III” (1998), minha opinião um fracasso, e com a volta de Sammy em 2004, o Van Halen pouco produziu. Agora se espera tudo de David, que também, após a banda com Steve Vai, caiu numa total falta de novos rumos. Nessas horas que prefiro Sammy Hagar, com sua bandinha, fazendo um bom e velho “rock´n roll”, sem mais ter que se preocupar se vai vender ou não. Poucas bandas conseguiram fazer isso.

Foto Clássica

Da esquerda para direita: Lúcio Costa, Frank Lloyd Wright e Gregori Warchavchik. Esta é a casa de um deles (Lúcio ou Gregori) na Rua Toneleiros, no Rio de Janeiro. Esta foto data de 1931, aparentemente única vez em que Frank Lloyd Wright veio ao Brasil, em função do concurso do Farol de Colombo, a ser construído na República Dominicana.

setembro 17, 2007

Rápidas V

Se a Net fosse patrocinadora do Corinthians teria muito em comum em seu momento atual com essa campanha dos chefes russos...

Rápidas IV

Será o Daniel Piza são-paulino? Como Milton Neves também afirmou, é fácil ser são-paulino desde 1992. Se o time não for o maior do Brasil em poucos anos é por seu setor de marketing é muito ineficiente...

Rápidas III

São Paulo mandou ver o Santos... Esse sim, cada vez mais perto do título! Até Wanderley Luxemburgo (não aquele Wanderley do Casseta & Planeta, mas o técnico do Santos) disse que o time é campeão...

Rápidas II

O Coelho bateu na Foca... Belíssima jogada do Foca do Cruzeiro (jogada da foquinha), infelizmente Coelho, jogador do Galo, fez feio ao interceptar daquela forma o jogador. Como Milton Neves afirmou aquilo parecia um zoológico: Galo jogando contra a Raposa, no Mineirão, onde Coelho (o jogador do Atlético Mineiro) bateu no Foca (jogador do Cruzeiro). E o Cruzeiro mandando ver em busca do título...

setembro 16, 2007

Sonhos...

“(...) Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo
Mas não há mais muito tempo pra sonhar (...)”


A Revolta dos Dândis II – Engenheiros do Hawaii (1987)

“(...) é muito engraçado
que todos tenham os mesmos sonhos
e que o sonho nunca vire realidade (...)”


A Verdade a Ver Navios - Engenheiros do Hawaii (1988)

Quando alguém fala em sonhos normalmente se confunde com fantasias. Ou então ocorre aquela velha noção de questões universais, como a paz mundial, o fim da fome, a despoluição do meio-ambiente. Mas um sonho normalmente deve ser uma meta, em toda e qualquer estância, tanto governamental como pessoal. Um governo deve ter em mente qual meta quer atingir em educação, saúde, crescimento, etc. É visível que o planejamento disso é complexo e dizer claramente onde vamos chegar ao máximo é politicamente desastroso em muitos casos, principalmente no Brasil, país em que sempre se espera por um “milagreiro” para resolver tudo ao mesmo tempo. Não se tem consciência de que as questões devem ser precedidas por planos para acontecerem.

Quando da disputa eleitoral de 2006, o candidato do PDT, atual senador pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque, elegeu como meta a educação, salientando que era um projeto de longo prazo. Trouxe para discussão o tema da educação, negligenciado pelo atual governo, onde ele mesmo fora Ministro da Educação. Outro exemplo é o planejamento da cidade de Curitiba, que teve por três gestões à frente o arquiteto Jaime Lerner como prefeito. Foi prefeito nos períodos de 1971/75, de 1979/83 e de 1989/92. A continuidade desses mandatos possibilitou a implantação de inúmeros planos de longo prazo, trazendo para a cidade qualidades sócio-ambientais exemplares mundialmente. Não sou simpatizante de nenhum dos dois sob o ponto de vista político, porém são poucos exemplos que trazem questões de planejamento de longo prazo.

O PT foi por mais de vinte anos montando o seu plano de poder, para ganhar cargos representativos nas eleições, tendo seu auge em 2002 com Lula. Mas este plano de poder não trazia junto um plano de desenvolvimento, ou plano de governo, ou qualquer meta, em suma. O “povo” foi abduzido por uma forma de solução para tudo com nada de planejamento. O grupo que elegeu Lula em 2002, ao qual não pertenço, era divido em três partes, sendo a primeira os militantes petistas, que votam compulsivamente no PT, não importando. A segunda era uma parcela de pessoas que queriam mudanças nas formas de governo, estando infelizes com os mandatos de Fernando Henrique Cardoso. E a terceira formada por interesses pessoais. Esta sendo a que mais cresceu durante o primeiro mandado de Lula, o que em parte explica a vitória petista na reeleição.

Olhando o quadro político completo, esta vitória pode ser considerada quase uma derrota aos planos petistas, pois exige de Lula um mandato de melhores resultados. Sabe-se que para 2010, algo tão discutido hoje em dia, sabe-se lá por que, afinal há tanto trabalho a ser feito até lá, onde o PT (e também PSDB, DEM, PMDB, só para citar os maiores) não possui nomes novos para renovação política. O PT é mais grave por não ter realmente um nome forte para substituição de Lula. Com este quadro na mira, o máximo que temos é um monte de especulações vazias. Se o PT fosse um partido com lógica, o candidato óbvio para sucessão de Lula seria o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, que já havia disputado convenção internado do PT em 2002 para ser candidato à presidência. Nem vou especular aqui o porquê ele não será nem sequer cogitado para tal.

Mas voltando aos sonhos e saindo um pouco da política, algumas metas pessoais dependem de uma sociedade melhor estruturada culturalmente e com estável crescimento econômico. Não adianta achar que se pode fazer algo em paralelo, saindo por tangentes para imaginar um futuro sonhado. Num exemplo claro, uma pessoa que hoje inicia uma pequena empresa, sabe que dependerá de uma cultura para superar seus objetivos. Existe ai uma atualização tecnológica, uma questão de sentir o mercado, de sentir onde se pode chegar, onde e como planejar as expansões, melhorar sua logística, melhorar seu atendimento, ampliar seu mercado, ampliar sua linha de produção entre outros fatores. Fatores externos podem ser favoráveis ou não, como a moda, nichos de mercado não explorados por grandes concorrentes e tradição de mercado. É tão complexo que o sonho, no fundo, não passa de um jogo de xadrez, onde cada movimento pode ser calculado ou não por seu adversário, mas de certa forma sempre existirá uma reação.

Com uma sociedade de cultura baixa, muitas relações entre cliente e empresa são despercebidas pelos dois. As desculpas depois são sempre as melhores. Uma das piores é a total separação entre acadêmicos e práticos, para depois os acadêmicos acabarem parando nas empresas de consultaria fazendo custar muito mais caro aquilo que se poderia ter se o posicionamento cultural fosse mais prioritário. Sem contar que treinamento é algo “novo” e ainda não sedimentado no mercado. Certos “líderes” acham que existe o funcionário certo para aquele cargo, simplesmente ignorando a possibilidade de treinar um perfil para aquela função. Existe, claro, natureza de certas pessoas que são imutáveis, mas não existe a possibilidade de se atravessar fases de conhecimento. Uma expressão que eu gosto muito é “que não se pode correr sem saber andar”.

De certa forma, a distância que parece existir entre o que ocorre na política nacional, nas estruturas de Estado, e aquelas praticadas por empresas, funcionários e clientes é sim relacionada. Não se pode dizer que o Governo, Congresso, Senado ou Judiciário seja o reflexo da sociedade como um todo, mas que a sociedade reflete sim a situação geral detsa instituições. Seriam como aquelas questões de exemplo, entre professor e aluno. Quando o professor começa a aprender com o aluno aquilo que ele deveria ensinar existe aí um enorme problema. E estes reflexos são maiores ainda, mesmo sendo muitos deles simplesmente ignorados, onde uma das principais causas é a baixa cultura geral, que não eleva a capacidade crítica. Como renovar a política sem renovar as relações mais próximas da sociedade? Como escreveu Rodrigo Cosntantino: “(...) Marcelo, um oficial do reino da Dinamarca na mais famosa peça de Shakespeare, afirma que "há algo de podre no Estado da Dinamarca". De fato, o país poderia estar numa situação muito melhor com menos impostos, por exemplo. Mas se a Dinamarca tem algo podre, o Brasil já está em estado de putrefação!” (aqui)

setembro 15, 2007

Amadurecimento Democrático

Pode ser isso amadurecimento democrático:

Ex-blog do César Maia, dia 13 de setembro de 2007:

“ENTRE PARA O MNHHPM!

Este Ex-Blog se soma ao: Movimento Nacional Heloisa Helena Prefeita de Maceió!”


César Maia, prefeito da cidade do Rio de Janeiro, do partido dos Democratas (DEM), e Heloisa Helena, ex-senadora por Alagoas, pelo partido Socialismo e Liberdade (PSOL), são hoje oposição ao atual governo, mas também em escala nacional são oposições entre si. Mas apoiar um movimento em escala regional demonstra uma maturidade democrática do prefeito do Rio. Depois de mais de 23 anos de abertura política, a maturidade democrática ainda é bem ruim no Brasil.

Ex-blog do César Maia, dia 14 de setembro de 2007:

“(...) AS PROVAS!

1. Parece que alguns senadores não entenderam - ou preferem não entender - que o senado não é poder judiciário. Ele não julga no sentido judicial, onde se exige provas documentáveis, etc... O poder legislativo trata é da falta de "decoro parlamentar". O deputado Barreto Pinto em 1947 - fotografado de smoking em cima e cueca embaixo, foi cassado por falta de decoro parlamentar. Collor foi cassado sem provas documentais, mas por evidências de corrupção desencadeada por seu homem de confiança.

2. Independente da declaração de imposto de renda ter sido bem coberta em suas formalidades por especialistas, independente da cara e local da atacadista não bater com o volume de negócios de boi e as notas existirem ou não, independente de se provar por documentos ser sócio oculto de emissoras de rádio, independente de ter ou não ocultado a paternidade... Houve ou não houve quebra de "decoro parlamentar?” Os senadores que se consideraram desembargadores, na verdade encontraram uma desculpa para suas decisões. E assumam a responsabilidade política por elas. (...)”

Mais uma vez vemos a desmoralização política brasileira por falta de vozes. O Senado Federal nunca tinha sido alvo de nada, em seus quase 200 anos de existência. Agora cabe aos senadores resgatarem seus méritos.
Alagoas é hoje o foco da política nacional. Teve uma candidata à presidência em 2006, Heloisa Helena, um ex-presidente a substituiu no Senado Federal, Collor de Mello, e é hoje a maior expressão da “vergonha nacional”: Renan Calheiros. Vamos supor que alguns senadores votaram “não”, para que Renan (PMDB-AL) não fosse cassado. Quem seriam estes? Foram 40 ao todo. 6 se abstiveram. Digamos que Collor (PTB-AL) fosse um, Sarney (PMDB-AP) fosse outro. Não podemos saber e nem acusar ninguém. Mas alguns podemos saber. Suplicy (PT-SP) votou pelo “sim”, Mercadante (PT-SP) se “absteve”, Ideli Salvatti (PT-SC) votou pelo “não”. Mas como César Maia (DEM-RJ) coloca, não assumem sua responsabilidade política. Isso é falta de maturidade política, falta de maturidade democrática.

setembro 14, 2007

Rápidas I

Heloisa Helena prefeita de Maceió: Fico sabendo que existe até um movimento para tal - MNHHPM - Movimento Nacional Heloisa Helena Prefeita de Maceió.

setembro 13, 2007

Eu, Christiane F. (Eu não, saí fora).

Assisti a um dos clássicos dos anos 80, “Eu, Christiane F. - 13 anos, drogada e prostituída” (1981). Nunca me perguntei por que realmente eu nunca havia assistido a este filme antes, mas para dormir é um excelente filme. De cenas extremamente fortes, porém datadas. É uma terrível viagem ao submundo das drogas, mas eu não creio ser um filme hoje polemico a ponto de ser algo que deva ser visto. A idéia de penumbra do filme é interessante, gosto do efeito de silhueta, muito bem utilizado em “Apocalipse Now”, por exemplo, mas muito exagerado em “Eu, Christiane F.”. Em certo momento até achei que meu DVD poderia estar muito escuro. Muito do que gosto no cinema europeu é a dinâmica das cenas e fotografia. Uma cena muito interessante é a do por do sol sob a cobertura de um edifício, após a cena do furto. Eu não sou conhecedor da obra de David Bowie, mas a música do filme é muito interessante, mesmo sendo bastante chato o seu clip incidental no filme. Dou destaque à faixa “Station to Station”, que em muitos momentos emoldura a fotografia do filme.
Mas voltando um pouco, este filme mostra a parte decadente de uma Europa, por assim dizer, tomando a Alemanha daqueles anos 1970 como amostra, de uma sociedade um pouco sufocada. Não sei dizer, mas aqueles anos pareciam ser mesmo de uma sociedade parada, à espera de algo acontecer. Para reforçar mais esta minha impressão, lembro de cenas de “Munich” (2005) que aborda o caso do Setembro Negro (5 de setembro de 1972, onde ocorreu um atentado de muçulmanos fundamentalistas à atletas israelenses durante os jogos Olímpicos de Munique, Alemanha, em 1972) e mostra uma sociedade européia que vivia sobre certo perigo eminente. Mas como eu sempre digo isso não justifica nada. Mas disso tudo eu só digo que prefiro a Alemanha de hoje, unificada, dos surfistas do Rio Izar, a aquela dos anos 1970. Acredito que os submundos continuam a existir e continuarão a atravessar os séculos, mas isso não é o estado da arte da sociedade e nem muito menos algo que se possa tratar como uma sociedade doente ou algo assim. Seria o mesmo de tentar polemizar ou pior, mitificar, algo que pode sim acontecer. Como informado na capa do DVD: “Um verdadeiro retrato do inferno!”
Bem, mas terminando, tenho que dizer que durante uma aula no segundo semestre da faculdade, uma pequena parte do livro – “Christiane F. Wir Kinder Vom Bahnhof Zoo” – foi explorada numa aula de teoria da arquitetura. Essa parte é exatamente o inicio do filme, onde Christiane narra como era morar naquele condomínio. Por não ter sanitários no térreo, as crianças faziam suas necessidades atrás da escada entre outros lugares, já que era necessário transitar pelo elevador por 10 ou 11 andares, onde ficariam sujas antes de chegarem aos seus apartamentos. Era uma boa crítica ao movimento moderno, calculado pela crise dos números e não pela dos indivíduos.

Filtro Solar

Lembram daquele vídeo que o rapaz falava que o único conselho que poderia dar é o de usar filtro solar? Circulou a internet, acho que o recebi em 1999. Pedro Bial fez uma versão para o português. Mas não é que passados todos esses anos, hoje, após uma pequena cirurgia que fiz a médica só me disse: “Use filtro solar”. Não só para tomar sol, mas mesmo aquele sol que pegamos quando dirigimos, em suma, qualquer solzinho. Importante para que não fiquem manchas na pele. E o maior detalhe que este sábado eu irei a um casamento ao porto do sol, e serei eu, de filtro solar. Gostei dessa amostra que ganhei, acho que se tornará a minha marca de filtro solar – FPS 30. Meu Armani está prontinho, chegou do Paraguai hoje...

Mas voltando aos assuntos de saúde, estou muito melhor que dois meses atrás, e os exames mostram que estou indo bem. Mas a observação continua. Quem sabe é hora de parar com os poucos excessos de comida que faço. Mas, só para ficar registrado, eu continuo achando que os gordos dominam o mundo, por isso o Senador Marco Maciel era o vice-presidente invisível.

Brasil 3 x 1 México

Como eu esperava, o jogo foi muito melhor que o de domingo. Mesmo em certa hora eu estando com sono e ter mudado de canal, o que me fez perder o gol do México e o primeiro gol do Brasil, que ocorreram aos 44 e 46 minutos do primeiro tempo. Mas a armação dos jogadores foi muito boa, principalmente com Kaká, Robinho e Ronaldinho Gaúcho. O México marcava muito bem a saída de bola. Parecia até que o campo estava menor. O time brasileiro mostrou maior entrosamento, mas estava um tanto apreensivo, cometendo muitas faltas e não acertando nas finalizações. Achei engraçado o Dunga ser expulso do campo, pouco depois de Elano. Reclamou muito menos que o técnico mexicano...

setembro 12, 2007

Pressa

É de se estranhar a pressa que temos hoje para tudo. Pressa para chegar, pressa para saber, pressa para chegar aos resultados. Mas, algo de novo aprendi. Ao se construir alguma coisa, tem-se que ter em mente que o somatório de vários elementos forma o todo. Que o trabalho de pouco em pouco forma a construção no tempo. Que a paciência é o melhor alívio para a pressa. A pior pressa é a de se escrever algo. Tenho tentado ao máximo escrever vagarosamente, mas em muitas ocasiões tenho me precipitado. Assim como Graciliano Ramos expõe em “Memórias do Cárcere”, escreve parágrafo por parágrafo lentamente, trabalhando ao máximo as palavras e a compreensão delas. Algo que de certa forma Arthur Schopenhauer também fazia questão de expressar. Mas o que me empolga muito e ao mesmo tempo me motiva ou não motiva é exatamente o não saber aonde chegar. Tenho pensado muito em Arthur Schopenhauer, como aos trinta e um anos de idade já tinha exposto completamente seu sistema e a partir daí até o final de sua vida tudo que escreveu são acréscimos que em nada alteram as linhas mestras de seu pensamento filosófico. Seria pressa? Outro dia ao assistir uma entrevista de Bruno Tolentino disse que seu livro mais rápido demorou nove anos, citando Goethe e Dante Alighieri. Acho que ele não tinha pressa. Bem, tenho encontrado caminhos, mas nunca fins. O que me faz refletir, como em minha primeira postagem nesse blog, se realmente se chega a ver o todo do caminho.

setembro 11, 2007

11 de setembro

Texto escrito por mim em 25 de abril de 2004.
Onde você estava em 11 de setembro?

Daquela manhã lembro-me muito bem. Tinha acabado de levantar, quando soube por meu pai que um avião havia se chocado ao Word Trade Center, em Nova York. Até aquele momento era somente então um acidente. Um momento mais se passou e eu diante da televisão vi a segunda colisão. O Datena já estava no ar, narrando um dos piores acidentes de toda história americana.

Naquela manhã fui trabalhar pouco mais de quarenta minutos depois da segunda colisão, por volta das dez horas da manhã. Chegando ao escritório, estavam todos conectados na internet, já atrás de noticias sobre o, até aquele momento, acidente. Trabalhei o dia todo, mas o rendimento foi bastante baixo. Todos à espera de noticias. A certa hora da tarde, tinha-se a noticia que no espaço aéreo americano somente tinham autorização para voar o Força Aérea Um e aviões militares. Certo tempo depois, a internet estava lenta, praticamente parada. Dizem que existiu uma sobrecarga, mas até hoje não sei a verdade. A partir daquele dia então ouvi inúmeras histórias sobre aquele momento, aquele dia.

Passados quase três anos ainda escuto histórias inéditas daquele dia. Certa vez comprei um cd do Sting, gravado ao vivo em 11 de setembro de 2001, na Itália. Soube que o Bruce Springsteen gravou um disco em homenagem às vitimas. O Paul McCartney assistiu a queda das torres pela janela do avião no aeroporto de Nova York. O então governador do Paraná, Jaime Lerner, estava ao telefone com sua filha, residente em New Jersey, no momento do acidente. Além das personalidades, tenho algumas de pessoas próximas como de um amigo na Califórnia, que narrou da seguinte forma: Estava dormindo, eram umas seis ou sete da manhã, quando um amigo me telefonou e me falou para ligar a televisão correndo. Os pais de uma amiga iriam voltar para o Brasil exatamente naquela manhã, estavam no aeroporto, só souberam do ocorrido mais tarde. Outra bastante significativa ocorreu há muito pouco tempo, um outro amigo, que trabalhava no período noturno, disse que tinha chego durante a madrugada e acordado por volta das dezenove horas. Até aquele momento não sabia de absolutamente de nada. Uma das mais estranhas foi a de um professor que estava voltando de Moscou naquela manhã e assistiu em uma televisão no aeroporto, sem entender uma só palavra do que se passava. Só via as imagens, sem saber se era um filme ou realidade.

Acredito que em todas essas histórias, e nas muitas que existam, o maior ponto em comum, em maior ou menor grau, é certa mudança ou ruptura da rotina. Essa ruptura dada talvez pela velocidade da informação. Pela curiosidade de se ter uma solução para o que aconteceu. Saber o que houve ou que esta acontecendo agora. Depois ao medo, do receio, do que poderia vir a acontecer. Será que só em Nova York? Da evacuação de alguns edifícios em todo o mundo, após a noticia de um possível atentado. Da mudança de hábitos nos momentos seguintes. Nas preocupações posteriores em eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas ou mesmo na comemoração das passagens de ano em todo mundo. Todo o lugar que existir um aglomerado humano irá existir agora também uma preocupação a mais.

Realmente, o mundo mudou depois desse dia. Nós mudamos mesmo sem saber o porquê isso tudo aconteceu.

Guardas da Fronteira

”Antes de atirar o vaso na TV
eu ouvi o que ela dizia:

”quando não houver mais amanhã
será um belo dia"
estranha coisa pra se dizer
antes de dizer os números da loteria
mas é assim que eles fazem
e fazem muito bem
e nós não fazemos nada, nada, nada nada
além além do mito
que limita o infinito
e da cegueira
dos guardas da fronteira
antes de atirar minha tv pela janela
eu ouvi o que ela dizia:
"quando não houver mais ninguém
será um belo dia"
estranha coisa pra se dizer
antes de vender mais mercadoria
mas é assim o mundo que nos cerca:
nos cerca muito bem
e as crises e cicatrizes não nos deixam ir além
além do mito
que limita o infinito
além da cegueira,
das barreiras das fronteiras...
foi então que eu resolvi jogar
as cartas na mesa e o vaso pela janela
só pra ver o que acontece na vida
quando alguém faz o que quer com ela...
acontece que eu não tenho escolha
por isso mesmo é que eu sou livre
não sou eu o mentiroso
foi Sartre quem escreveu o livro
não sou a fim de violência
mas paciência tem limite
além do mito
que limita o infinito
além do dia-a-dia
que esvazia a fantasia"

Guardas da Fronteira - Engenheiros do Hawaii (1987)
O ideal é sempre colocar quem escreveu a música antes da letra música, mas sendo Engenheiros do Hawaii prefiro inverter essa lógica. Mostrar uma letra com certa lógica, mesmo eu não gostando muito dessa música em específico, acho uma importante pista para algumas questões de cultura desse disco de vinte anos atrás. “A revolta do Dândis”, disco que praticamente inicia a fase de maior sucesso do trio formado por Humberto Gessinger, tem referencias de Jean-Paul Sartre e de Albert Camus, evidente na faixa título. Eu me pergunto sempre se outras bandas da mesma época tinham referencias da alta cultura? Quando me falam de Legião Urbana eu volto a me perguntar, mas fazendo música? Afinal quem era o guitarrista do Legião Urbana? Não que Augusto Licks seja alguma coisa, mas Engenheiros eram três pessoas, seus discos tinham temas, havia alguma influencia de rock progressivo, de Pink Floyd, de Rush, mas passava longe das técnicas musicais destas bandas. Mas as letras eram boas.

Já pensei em pesquisar um pouco letras de outras bandas, mas Engenheiros do Hawaii eu acabei por escutar desde os 13 anos de idade, nunca me preocupando em ver se suas letras fazem ou não sentido. Mais tarde, e não em virtude deles, comecei a escutar Rush, entre outras bandas, de estilos distintos. Mas não sei dizer por que suas letras para mim fazem sentido. Saber das pequenas influências me faz gostar mais ainda de suas letras. Hoje vendo bem, muitas são datadas. Mas valem como registro de uma época. Já escrevi aqui várias vezes que gostei desde sempre dessa geração rock nacional, mas hoje, eu acredito ser as letras de Engenheiros do Hawaii mais completas no que me interesso hoje. Além daqueles anos em que eu assistia aos shows dos Engenheiros, guardo muitas lembranças de vários pequenos trechos de suas canções. Um dia ainda organizo uma coletânea desses pequenos trechos. Por hora deixo esta letra ai para pensar em que escolha pode-se ter e por que dentro dessas escolhas podemos ou não ser livres?

Mas será?

Estou com certa dúvida da vitória brasileira amanhã contra o México. Espero que ganhe, pois se não começará uma crise a respeito de Dunga, o que vai tirar o foco da cassação do presidente do Senado Federal. Tudo acontecendo no mesmo dia. Certo que muito mais importante é saber se o Brasil vai para a Copa, que esta realmente vai ser realizada, a ver essa baderna generalizada em que está a política nacional. Realmente como falou um leitor, um dos poucos que escreve nesse blog – e escreve muito bem, até agora não sei por que não tem um blog, nem que seja para falar da administração da vinícola no mosteiro – o melhor lugar para se discutir a política nacional é a revista Playboy.

Mas voltando ao Dunga, ele tem uma enorme possibilidade de se manter no cargo. Basta para tal ter resultado. No fundo não depende dele. Mas veja só, quantas vezes se viu Ronaldinho Gaúcho fazer gol de falta na seleção brasileira? Certo que nem foi um gol tão bonito quanto o do Branco, na Copa de 1994, contra a Holanda. Aquela falta era mais longe e o goleiro era muito melhor que este dos Estados Unidos. Mas, vamos lá.

Antes eu torcia o nariz para o Dunga, agora quero que fique. São dois motivos diferentes. O primeiro que à época de sua escolha como técnico, eu achei estranho entrar um ex-jogador que nunca tinha sido técnico de nada ser escolhido. Era o capitão do time em 1994, mas isso não deixa, por exemplo, Cafú apto a comandar a seleção (da qual foi capitão em 1998 e 2002). Agora, o segundo, é que sendo Dunga o técnico mostra que o Brasil (como seleção) consegue se reinventar e dar responsabilidade de quanto é representativa a vitória para o “povo” brasileiro.

Detesto falar em “povo”. Fica parecendo que tenho interesses em coletivizar certas glórias do esporte como sendo algo genérico da cultura brasileira, o que não é. Brasileiro pode jogar muito mal e detestar futebol e ser legitimamente brasileiro. Mas o que é péssimo é ver a falta de preparo psicológico desses atletas. Ser um ídolo do futebol não representa ser rico. Representa ser ídolo do futebol, só. Bater bola, ir para seleção e ganhar títulos. Ficar rico veio depois, e logicamente bem vindo, pois afinal de contas, um dos maiores clichês do mundo, só intelectual é que gosta de pobreza. Aliás, intelectual, dos anos 60, é o que gostava de falar da seca do nordeste tomando uísque com gelo (péssimo) à beira mar, no Rio de Janeiro. Agora colocar futebol sob as máximas de uma cultura é diminuir as suas naturais possibilidades futuras. Ou seja, não há nada de intelectual em falar de futebol. Mas voltando aos atletas, eles sabem que são ricos e isso os fazem ser colocados em meios aos quais nunca antes tiveram contato e ainda acham que vão se sair bem. Bem, o que importa é jogarem e qualquer um por mais simples que possa ser espera isso deles. Ninguém reclama que andem de BMW ou morem em casas enormes, mas desde que suem a camisa por seus times e quando na seleção, por essa. Essa é a lógica da popularidade do esporte. Depois de popular começa o atleta a fazer propaganda de coisas. Aí que ele entra em terra estranha de vez e começa a fazer mais besteiras ainda. E aí então começa a fase Vicente Matheus: “O difícil não é fácil”. Depois se envolvem em política. Alguém perguntou para ele sua opinião? Normalmente não. Mas sempre tem um “gênio” da propaganda política que acha que uma pessoa vencedora no esporte pode influenciar e conseguir um votinho a mais para algum paspalho. Quando o próprio atleta se torna político, a primeira questão é saber para qual cargo está se dispondo a concorrer e quais são suas propostas. Normalmente são vazias. Se seus comentários sobre o próprio esporte já era fraco, como podem suas bases ser resistentes para a política, onde existe certa cortina de fumaça entre a verdade e o jogo político, entre a dramatização de um fato e sua suavização política?

Mas saindo um pouco da seara política ou comportamental do atleta, tem aquele que por amor ao esporte encontra um caminho depois de sua carreira, já que esta normalmente termina com a juventude do atleta. Muitos deles se empenham nas federações de seus esportes ou mesmo acabam chegando a treinadores e fazendo o trabalho da renovação do esporte. Estes sim, têm sólidas bases para avançar. Não param de aprender e não param de ensinar. Em outros termos, podemos generalizar que uma carreira de personalidade pública, como atleta, político, ator, músico, se espera sempre uma polidez baseada em valores arraigados no fundo da sociedade. Valores estes de certa forma universais. Aqui não entra religião, política, mas sim um norte que gera esperança. Uma vez uma pessoa me disse que a pior coisa que alguém pode fazer por um ser humano é lhe retirar a esperança, pois para muitos lhes resta somente isso.

setembro 09, 2007

Cabo Wabo

Tempo atrás postei algo falando sobre Sammy Hagar. Sammy foi vocalista do Van Halen, banda formada pelos irmãos holandeses Edward e Alex Van Halen. Sammy entrou para o Van Halen na saída de David Lee Roth. Porém ele já tinha uma carreira solo, que após o sucesso no Van Halen conseguiu maior projeção.

Mas, o interessante de falar de Sammy Hagar não esta somente na música. Sammy tem uma cantina chamada Cabo Wabo, em Cabo de San Lucas, no México. Nasceu numa região do centro da Califórnia, mais especificamente Monterey, e fora criado em Fontana, também na Califórnia. Cabo Wabo é uma faixa do álbum “OU812”, do Van Halen, de 1988, claro, já com Sammy Hagar. Cabo Wabo é hoje também uma marca, sendo também uma tequila. De certa forma, criou um mito sobre ele mesmo, fazendo uma banda chamada Sammy Hagar & The Waboritas... Com essa nova fase lançou alguns álbuns, entre eles “Red Voodoo” (1999) e um DVD de um show na cantina Cabo Wabo. Todos os anos faz sua festa de aniversário tocando em Cabo Wabo.

Sammy Hagar - 60 anos de idade em 2007...

www.cabowabo.com

Domingo

Descobri algo pior que sábado à noite na TV: o domingo à tarde. Ainda bem que nesse domingo, recolhido por estar com meia garganta, teve o jogo do Brasil. Quer dizer, muitos domingos são salvos pelos jogos. Mas e quando eu não via futebol? Que será que acontecia aos domingos? Nossa, será o desespero de ver Fausto Silva ou Gugu? Credo, melhor nem pensar nisso.

Mas estava pensando em que tanto faço para nunca estar em casa aos domingos. Antes, das 15:30 às 17:00 passava o programa “Direto ao Ponto”, mas este eu gravava em vídeo, quase nunca assistia ao vivo. Tem o parque, a bicicleta, a casa dos amigos. Realmente muita coisa sempre rolou aos domingos. Isso porque desde 2003 tento acordar cedo aos domingos. Mudei os hábitos e praticamente volto cedo aos sábados. Estou bastante contente com este novo hábito que já faço desde 2003. Outro hábito é ir ao cinema na seção da meia-noite aos sábados. Este preciso voltar a fazer. Não vou numa sala de cinema a tempos. Nem sou muito fã de salas de cinema, mas ultimamente venho gostando de ver os filmes logo, sem esperar sair em vídeo. E baixar pela internet não tenho paciência. Comprar de camelô? Nuca! Não que eu queira os camelôs entrando nas barcas (aquelas de Gil Vicente), mas para mim camelô deve vender outro tipo de produto. Daria um tópico só para falar de camelôs, mas estou sem vontade de escrever este tipo de conceito.

Ultimamente venho só escrevendo sobre entretenimento. Estou digamos relaxando. Colocar muitos conceitos aqui é uma forma bastante interessante, mas eles precisam ser apurados de tempos em tempos, o que venho fazendo a respeito da televisão, da música. Tentando ser menos radical e escrevendo mais solto. É difícil fazer um blog onde falo de tudo um pouco, sem me aprofundar, às vezes aprofundando, mas ainda com uma característica de introdução. Esta é uma das fases para depois montar outros blogs mais específicos, ou mesmo diminuir o número de temas, ou escrever um livro? Mas ainda demorará pelo menos mais de um ano para tal. A idéia de fazer um diário do blog é uma idéia que nunca me seduziu. Diário deve ser mais individual, reflexivo. Apresenta nomes, pessoas, respostas e o melhor de tudo, o estado em que se fica em ter estas respostas. Mostrar como se sente naquele momento. Este blog não é isso. Às vezes me apresento, mas no geral é um compendio de idéias. Algo mostrando um caminho. Os temas que escreve sempre me interessam de alguma forma. Escrevo sob um aspecto crítico, mas exaltando normalmente argumentos e não de um modo apaixonado, sem rumo. Crônicas de futebol são crônicas complicadas até certo ponto, pois podem ficar datadas. Ainda não melhorei minha escrita nelas, mas vou à luta. Nelson Rodrigues que me acompanhe...

Brasil 4 x 2 Estados Unidos

Terminando o primeiro tempo empatado, Brasil jogando razoavelmente mal, os Estados Unidos acabaram saindo na frente, fazendo seu primeiro gol num momento de desatenção do goleiro brasileiro. O gol brasileiro veio quase 10 minutos depois, e foi um erro do time americano, um gol contra. Num jogo contando com Cacá, Ronaldinho e Robinho, sendo um “preparatório” para a classificação para a Copa do Mundo, Lúcio fazer um gol me parece um desespero.

O mais engraçado é ouvir os comentários de Falcão, dizendo que quando tem um adversário fraco tem que matar o jogo logo para que a torcida não fique vibrando, que se não o time se empolga... Foi com estas palavras mesmo.

O segundo gol dos Estados Unidos foi resultado daquela preguiça que às vezes os jogadores sentem na seleção brasileira, aquele “param de jogar”, sabe-se lá por que, e a reação de Ronaldinho ao fazer o terceiro gol de falta foi ótima. Era ele e o goleiro, praticamente, naquilo que ele é conhecido e famoso. Marcou. Foi muito bem. Nessas horas é que o talento individual mostra sua cara. O quarto gol de pênalti. Aliás, a arbitragem também estava falha. Teria mais um pênalti, que acabou sendo um cartão amarelo para Robinho, próximo do final do primeiro tempo.
Bem, para variar foi um daqueles jogos sem sal. Agora que o gramado estava muito ruim, estava, mas não para que Robinho reclamasse. Sempre haverá uma desculpa para ele ter brilhado pouco. Ronaldinho fez sua participação, Cacá também, mas para variar quem anda brilhando é mesmo o Lúcio, o zagueiro. Realmente acho que reclamávamos muito das seleções das copas de 94, 98 e 2002, que foram duas vezes campeã e vice-campeã, mas em termos de resultado parece ser mais promissor que esta de 2006/2010... Vamos ver quarta-feira como será o jogo contra o México.

F1 - 2007

Voltei a acompanhar corridas de F1 em 2005. Nem sei por que ao certo, mas queria ver Michael Schumacher vencer tendo competidores à altura, como não foi o caso. Em 2005, o que não dava para agüentar era Rubens Barrichello. Era um sai daí Rubinho que não tinha tamanho. Saiu. Em seu lugar entrou Felipe Massa. Mas o espanhol Alonso continuava ganhando os campeonatos... Para mim foi uma decepção ver Montoya ir tão mal. Esperava dele uma corrida mais agressiva. Um pouco semelhante ao que vejo agora com Hamilton. E não poderia ser melhor, na minha equipe predileta, a McLaren. Espero que o Alonso não vire tricampeão. Se não ficara muito fácil de pensar em ganhar 7 vezes... Eu queria ver o Alonso vencer com uma Benetton, como o campeão de 1994. Quem tem história tem...

setembro 06, 2007

Chatos

Pessoas chatas existem em todos os lugares, mais em lugares de chatos, ou lugares chatos, a possibilidade se multiplica. Como falar mal de um local que no passado, bem recente por sinal, era muito bom e hoje simplesmente é um daqueles depósitos de gente chata? Gente que acha que sendo freqüentadora daquilo pode ser diferente. Gente chata é chata. Parece óbvio isso, mas eu tentava minimizar achando que essa gente estava numa fase. Uma fase de busca por alguma coisa, uma fase de conhecimento das coisas, de experimentar. Logo depois notei que estes preferem o rótulo ao conteúdo. Como se dizendo “eu vou lá porque eu sou eu”. E pior: não aceitam uma breve pergunta sobre se conhece outro lugar ou se notou que o lugar não é mais a mesma coisa. Se houve mudança, se houve certa decadência, perda de qualidade. Falta de autocrítica isso. Mas essa gente prefere “buscar a felicidade dos rótulos marcados” a ser um apreciador das coisas que lhe afagam o prazer. O pior é a incompetência de entender que gosto é uma questão pessoal, onde existe sim uma parcela maior de gente que gosta de certa coisa, mas não é unânime, nunca. Como já dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Mas gente chata pode não ser burra. Isso que é irritante. Alguém que não é burro apelar para a falta de amplitude de horizontes por uma questão pré-estabelecida. Era algo assim, como quando tinha quinze anos e achava o máximo Jean-Paul Sartre. Nem conhecia Albert Camus. Tinha visto um filme e comprei um livro do Sartre... Aos quinze, tudo bem. Depois dos vinte e tantos, parece ser um pouco de falta de vontade. Ou estupidez. Mas é isso ai. Desabafado. Seus chatos tomem o rumo da barca, me referindo ao Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.

setembro 05, 2007

Sono...

Estou com dois textos em aberto... Mas o sono não me deixa termina-los a ponto de publicá-los. Realmente continuo com certa tolice de me expor. Mas também não é do meu feitio e nem da idéia de ter um blog, publicar por publicar, qualquer nota.

Ontem, dia 04 de setembro, fui ao lançamento do livro de Biselli e Katchborian. Uma das primeiras questões que coloco é o fato de Alessandro Castroviejo iniciar suas colocações sobre o texto de introdução do livro citando Ortega y Gasset. Muito boa a pequena explanação dada tanto por Alessandro como Mário Biselli. Valeu muito ter ido lá.

setembro 03, 2007

Ucranianos...

Em recente exposição, que acontece no Museu da Língua Portuguesa, no bairro da Luz, mais especificamente na Estação da Luz, descobri que também Clarisse Lispector é ucraniana. Minha outra descoberta era com Milton Friedman, morto recentemente (2006). Friedman é para mim um pensador de que muito gosto. Fez-me ver certos aspectos que não tinha idéia respeito. E pensar que tudo começou mesmo com John Locke... Em 1994... Essa história, garanto, pouca gente lembra, mas se passou mais ou menos como mostrar algo que não era exemplo e que se tornou o exemplo. Tive um professor durante o segundo grau, em sua disciplina, nos fez estudar John Locke num bimestre e Nicolau Maquiavel no outro. Ainda bem que não nos fez compara-los, teria sido péssimo. Se há alguma coisa que não posso reclamar que muitos professores que tive foram melhores orientadores que formadores de discípulos.
E ainda não parou aí... No primeiro semestre de faculdade, indicaram um livro para início de estudos de filosofia. Lá estava John Locke de novo. Num outro semestre, ao se estudar o muito comentado e pouco lido “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, volto a falar sobre John Locke... Logo depois, um amigo me falou que chegou a John Locke por Friedman. Fiz o caminho contrário.

O gol do Fantástico

Só para anotar: o gol mais bonito da rodada do Campeonato Brasileiro eleito hoje no Fantástico foi o de Nilton do Corinthians hoje no Pacaembu contra o Santos. Pelo compacto que assisti hoje na Bandeirantes, eu me surpreendi é com o Santos que jogou muito mal. Porém o resultado não foi ruim para nenhuma das duas equipes. Para o Corinthians sai definitivamente da zona de rebaixamento e o Santos se mantém na parte superior da tabela, não ainda onde tinha planejado, na região de classificação para a copa Libertadores.

Sobre os outros jogos, São Paulo goleou de 6 x 0 o Paraná, no Morumbi e o Palmeiras perdeu para o Cruzeiro com o seu o pior resultado nesta campanha: 5 x 0. Este ano creio que ou o São Paulo será campeão outra vez, ou numa hipótese remota o Botafogo, mas se a final não for com o Cruzeiro, este também tem grande chance de ser o campeão. Mas, como em 1998, não creio muito nisso.

setembro 02, 2007

Cidade Negra

Conheci a banda em 1991, com uma música cujo refrão até hoje parece tão atual:

“(...) Ei, ei, estamos aí (pro que der e vier)
A fim de saber a verdadeira verdade(...)”


Falar a Verdade – Cidade Negra (1990)

Não vou aqui fazer apresentações da banda e etc. É uma banda bastante popular, cujo líder é bastante conhecido da mídia. O que mais interessa expressar aqui sobre eles é exatamente sobre a mídia. Iniciam sua carreira com um clip na MTV e falam que são contra a mídia. A banda ficou mais suave com a entrada de Toni Garrido nos vocais. Parece mais um daqueles discursos que fogem da realidade. Uma fuga do que diz a letra acima. O som deles é competente para uma banda de reggae. E teve produção em algum de seus álbuns de Liminha, consagrado produtor, tendo em seu currículo Titãs e Paralamas. O grupo tinha tudo para despontar como despontou. Não é nenhum “fenômeno”, mas sim uma banda competente que chegou ao estrelato com um som mais pop que o de início de carreira, porém sempre estiveram presentes os temas de cunho social em suas composições.

Realmente acredito que nas futuras compilações sobre os anos 1990 eles despontarão como uma das bandas de grande importância no cenário pop brasileiro, ao lado de Skank, muito provavelmente. Isso também prova que o reggae também teve seu momento na “moda” da mídia. Uma década que inicia com uma aposta no som alternativo vindo de Seattle, passa pelo sertanejo, em especiais como “Amigos”, passa pelos pagodeiros, pelos brincalhões, como Mamonas e Raimundos, e pelo reggae, se mostrando como uma década bastante diversificada e plural. Mais até dos que os “atuais anos 1980”, acho que nos 1990 as divisões pareciam ser menores e a música fala mais por si mesma. O que não consigo é enxergar os anos 2000. Parece um nada ainda. Não consigo separar uma banda nova surgida nos últimos sete anos, comparável a um Skank ou Cidade Negra, quem dirá um Titãs ou Paralamas. E a culpa é da mídia... Claro. Vou apelar então a ela: seriam então os representantes dos anos 2000 os filhos? Sandy & Jr. (que começaram nos anos 1990), Vanessa Camargo, Luiza Possi? Francamente ainda estou procurando respostas a altura de uma questão que nada mais é do a “verdadeira verdade”.

Futebol na TV...

Domingo. Dia de jogos. E nada mais incrível de ver a quantidade de programas de “mesas redondas” de futebol. Certa vez li a frase num pára-choque de caminhão: “O futebol brasileiro é discutido em mesas redondas por bestas quadradas.” O rapaz que escreveu foi meio radical, mas a quantidade delas é irritar qualquer um. Na verdade só assisto e muito de vez em quando a de Milton Neves, “Terceiro Tempo”, na Record. Pois é o melhor horário, depois do “Fantástico”, que não lembro quanto tempo faz que não assisto, mas que a Band passa seu “Canal Livre”, que muito raramente é interessante. O desse domingo, dia 2 de setembro, deverá ser daqueles sem graça, sendo o entrevistado José Dirceu. Não fazendo a ele as belas perguntas que eu gostaria de ver sua cara só de ouvi-las, nem iria esperar ele responder. Só as perguntas me bastavam.

Mas voltando ao futebol, gostava de ver em 2004 o programa de esportes diário apresentado por Jorge Kajuru. Fora isso não gosto muito de ficar vendo as opiniões de “especialistas” em futebol. Nas copas então, ficava mais patético. Tinha uma “mesa redonda”, da Gazeta, que não tinha as imagens e ficavam discutindo o jogo só na lembrança... Tem cada uma. Ultimamente Milton Neves vem trazendo os juizes dos jogos e a Band inovou fazendo uma “mesa redonda” apresentada por Renata Fan, antiga “girl” do “Terceiro Tempo”. A saída de Renata Fan do “Terceiro Tempo” abriu espaço para Reanta Cordeiro, uma das melhores jornalistas esportivas que já vi, mesmo sendo flamenguista. Apresentava com Kajuru, o programa em 2004, e estava já no “Terceiro Tempo” falando do futebol carioca. Parece ser a mais profissional das jornalistas esportivas do “Terceiro Tempo”, formado em sua maioria por “comentadores” e não por jornalistas. Teve época que até o diretor de teatro e ator Cacá Rosset fazia parte.
Não entendo por que o jornalismo de futebol não se profissionalizou como acontece na parte esportiva da Globo, onde os comentaristas esportivos são bons jornalistas, como no “Esporte Espetacular”, atualmente apresentado por Cristiane Dias e Luis Ernesto Lacombe, que poderiam apresentar qualquer outro programa jornalístico. Cristiane, por exemplo, apresentou muito bem os especiais para o Pan no Rio de Janeiro, agora em julho. Lembro também dos apresentadores do “Globo Esporte”, destacando Milena Ciribelli e Glenda Kozlowski, que durante a cobertura da Olimpíada em Sydney (2000) foi muito bem. Outra vez a Globo... Começo a entender, a incompetência tem ódio da Globo... Não é mera coincidência que tudo que é apresentado é o contrário da Globo? Eles estão errados? Então por que eu prefiro aquela forma? E mais: acho que o locutor esportivo Galvão Bueno seja a parte mais antiga da TV Globo, diferente do atual grau de profissionalismo das novas equipes.

Saturday Night on TV...

Ontem à noite, pouco antes de me “recolher aos meus aposentos”, estava assistindo o programa “Altas Horas”. Os convidados eram Martinho da Vila e banda, Guilherme Arantes e banda, o ator Lúcio Mauro Filho e uma outra atriz e imitadora, de cujo nome não lembro.

O programa está cada vez mais difícil de sair do padrão. As idéias de colocar uma sexóloga para responder perguntas da platéia, uma tribuna para a platéia poder reclamar ou expor alguma coisa, a entrevista com alguém da platéia, estão sempre tentando o inesperado. Deixa uma margem de descontrole e mostra a total incapacidade de ser uma verdadeira tribuna como foi em outras épocas o “Perdidos na Noite”, programa que marcou época sob o comando de Fausto Silva. No “Perdidos...” a platéia mostrava aqueles cartazes e mandavam recados e o apresentador fazia as bandas, que na verdade eram iniciantes, mostrarem mais de si. Por que comparar os dois programas? Pois os dois eram na noite de sábado (se não me engano) em horário onde se poderia falar qualquer coisa (traduzindo: poderia cair na baixaria).

O “Altas Horas” se mostra uma programa inteligente, com pelo menos duas apresentações musicais, especiais, entrevistas, participação da platéia adolescente fazendo perguntas aos convidados, um debate aberto com pessoas inusitadas, ou seja, realmente tudo se faz sem um roteiro, tudo pode acontecer. Mas não acontece. Ainda não sei o que não faz acontecer e me deixa sempre uma dúvida: Será Luciano Huck melhor que Serginho Groisman? Já acontecerem coisas mais interessantes no programa de sábado a tarde do Luciano que no “Altas Horas”. O tal “Caldeirão do Huck” é mesmo um monte de coisas misturadas, numa “panelada” daquelas. É reforma de casa, reforma de carro, é fazer o dono do carro dançar ballet, fazer casamento surpresa e até mostrar o clip trash do Latino quando este é atração de seu programa. Um programa que sempre segue o roteiro, tudo certinho, mas que o inusitado aparece dando o toque de graça nas coisas, como Luciano entrevistando o pintor numa das reformas de casas, comendo hot dog na rua com o Jr., da ex-dupla Sandy & Jr., mostrando toda a desenvoltura e simplicidade do apresentador. No fundo, o programa de Luciano segue uma lógica de um programa que é apresentado uma vez por semana, com uma produção, digamos assim, muito mais cara da de “Altas Horas”. Serginho parece ainda o apresentador diário de um programa para adolescentes. Não sei dizer, mas parece esperar o Jô Soares se aposentar para tomar seu espaço.

Não é mais a dúvida de que “não cabe na grade” da emissora. Mas o que fica talvez seja a idéia sem formato que gera um formato que não atende às expectativas. Com todos os “globais” não é mais problema trazer gente interessante para um programa apresentado em média quatro vezes ao mês. O problema é falta de direção do programa. Nada se aprofunda, nada vai mais além do que aquilo mesmo. Até no Faustão tem um quadro (que não lembro o nome) que mostra a biografia de certo artista, uma homenagem, um pouco “O Céu é o Limite”, mas que em “Altas Horas” nem a isso chega. Não se discute temas, mas sim continua sendo um programa de entretenimento com cara de conteúdo inteligente, que continua sendo mais aparência do que verdade. Nos tempos de “Programa Livre” a quantidade de programas gerou qualidade, entrevistando Collor de Melo, Lygia Fagundes Telles, e músicos famosos como Joe Satriani. No “Altas Horas” isso deveria ser a regra, e não “a sorte” de se fazer acontecer. Lembro de certo programa, no começo do “Caldeirão do Huck”, que juntou Rio Negro & Solimões com Mauricio Manieri e os fez cantar junto. Aquilo sim foi histórico. E olha que no começo Luciano parecia apresentar o “Cidade contra Cidade” do Silvio Santos...
Uma coisa é certa: a Rede Globo continua fazendo bons programas, mesmo eu os criticando muito aqui, ainda são melhores que os produzidos no SBT, Bandeirantes e Record. Só para exemplificar isso, lembramo-nos de Eliana no “Tudo é Possível”, “O Melhor do Brasil” de Marcos Garcia, na Record, ou mesmo o fiasco dos programas de Marcos Mion, na Band, Adriane Galisteu em sei lá o que (acho que é “Charme”...) ou o do remake do “Viva a Noite”, ambos no SBT. Em tempo: Ruim com a Globo, pior sem ela.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...