setembro 13, 2007

Eu, Christiane F. (Eu não, saí fora).

Assisti a um dos clássicos dos anos 80, “Eu, Christiane F. - 13 anos, drogada e prostituída” (1981). Nunca me perguntei por que realmente eu nunca havia assistido a este filme antes, mas para dormir é um excelente filme. De cenas extremamente fortes, porém datadas. É uma terrível viagem ao submundo das drogas, mas eu não creio ser um filme hoje polemico a ponto de ser algo que deva ser visto. A idéia de penumbra do filme é interessante, gosto do efeito de silhueta, muito bem utilizado em “Apocalipse Now”, por exemplo, mas muito exagerado em “Eu, Christiane F.”. Em certo momento até achei que meu DVD poderia estar muito escuro. Muito do que gosto no cinema europeu é a dinâmica das cenas e fotografia. Uma cena muito interessante é a do por do sol sob a cobertura de um edifício, após a cena do furto. Eu não sou conhecedor da obra de David Bowie, mas a música do filme é muito interessante, mesmo sendo bastante chato o seu clip incidental no filme. Dou destaque à faixa “Station to Station”, que em muitos momentos emoldura a fotografia do filme.
Mas voltando um pouco, este filme mostra a parte decadente de uma Europa, por assim dizer, tomando a Alemanha daqueles anos 1970 como amostra, de uma sociedade um pouco sufocada. Não sei dizer, mas aqueles anos pareciam ser mesmo de uma sociedade parada, à espera de algo acontecer. Para reforçar mais esta minha impressão, lembro de cenas de “Munich” (2005) que aborda o caso do Setembro Negro (5 de setembro de 1972, onde ocorreu um atentado de muçulmanos fundamentalistas à atletas israelenses durante os jogos Olímpicos de Munique, Alemanha, em 1972) e mostra uma sociedade européia que vivia sobre certo perigo eminente. Mas como eu sempre digo isso não justifica nada. Mas disso tudo eu só digo que prefiro a Alemanha de hoje, unificada, dos surfistas do Rio Izar, a aquela dos anos 1970. Acredito que os submundos continuam a existir e continuarão a atravessar os séculos, mas isso não é o estado da arte da sociedade e nem muito menos algo que se possa tratar como uma sociedade doente ou algo assim. Seria o mesmo de tentar polemizar ou pior, mitificar, algo que pode sim acontecer. Como informado na capa do DVD: “Um verdadeiro retrato do inferno!”
Bem, mas terminando, tenho que dizer que durante uma aula no segundo semestre da faculdade, uma pequena parte do livro – “Christiane F. Wir Kinder Vom Bahnhof Zoo” – foi explorada numa aula de teoria da arquitetura. Essa parte é exatamente o inicio do filme, onde Christiane narra como era morar naquele condomínio. Por não ter sanitários no térreo, as crianças faziam suas necessidades atrás da escada entre outros lugares, já que era necessário transitar pelo elevador por 10 ou 11 andares, onde ficariam sujas antes de chegarem aos seus apartamentos. Era uma boa crítica ao movimento moderno, calculado pela crise dos números e não pela dos indivíduos.

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