setembro 06, 2007

Chatos

Pessoas chatas existem em todos os lugares, mais em lugares de chatos, ou lugares chatos, a possibilidade se multiplica. Como falar mal de um local que no passado, bem recente por sinal, era muito bom e hoje simplesmente é um daqueles depósitos de gente chata? Gente que acha que sendo freqüentadora daquilo pode ser diferente. Gente chata é chata. Parece óbvio isso, mas eu tentava minimizar achando que essa gente estava numa fase. Uma fase de busca por alguma coisa, uma fase de conhecimento das coisas, de experimentar. Logo depois notei que estes preferem o rótulo ao conteúdo. Como se dizendo “eu vou lá porque eu sou eu”. E pior: não aceitam uma breve pergunta sobre se conhece outro lugar ou se notou que o lugar não é mais a mesma coisa. Se houve mudança, se houve certa decadência, perda de qualidade. Falta de autocrítica isso. Mas essa gente prefere “buscar a felicidade dos rótulos marcados” a ser um apreciador das coisas que lhe afagam o prazer. O pior é a incompetência de entender que gosto é uma questão pessoal, onde existe sim uma parcela maior de gente que gosta de certa coisa, mas não é unânime, nunca. Como já dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Mas gente chata pode não ser burra. Isso que é irritante. Alguém que não é burro apelar para a falta de amplitude de horizontes por uma questão pré-estabelecida. Era algo assim, como quando tinha quinze anos e achava o máximo Jean-Paul Sartre. Nem conhecia Albert Camus. Tinha visto um filme e comprei um livro do Sartre... Aos quinze, tudo bem. Depois dos vinte e tantos, parece ser um pouco de falta de vontade. Ou estupidez. Mas é isso ai. Desabafado. Seus chatos tomem o rumo da barca, me referindo ao Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.

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