“(...) Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo
Mas não há mais muito tempo pra sonhar (...)”
A Revolta dos Dândis II – Engenheiros do Hawaii (1987)
“(...) é muito engraçado
que todos tenham os mesmos sonhos
e que o sonho nunca vire realidade (...)”
A Verdade a Ver Navios - Engenheiros do Hawaii (1988)
Quando alguém fala em sonhos normalmente se confunde com fantasias. Ou então ocorre aquela velha noção de questões universais, como a paz mundial, o fim da fome, a despoluição do meio-ambiente. Mas um sonho normalmente deve ser uma meta, em toda e qualquer estância, tanto governamental como pessoal. Um governo deve ter em mente qual meta quer atingir em educação, saúde, crescimento, etc. É visível que o planejamento disso é complexo e dizer claramente onde vamos chegar ao máximo é politicamente desastroso em muitos casos, principalmente no Brasil, país em que sempre se espera por um “milagreiro” para resolver tudo ao mesmo tempo. Não se tem consciência de que as questões devem ser precedidas por planos para acontecerem.
Quando da disputa eleitoral de 2006, o candidato do PDT, atual senador pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque, elegeu como meta a educação, salientando que era um projeto de longo prazo. Trouxe para discussão o tema da educação, negligenciado pelo atual governo, onde ele mesmo fora Ministro da Educação. Outro exemplo é o planejamento da cidade de Curitiba, que teve por três gestões à frente o arquiteto Jaime Lerner como prefeito. Foi prefeito nos períodos de 1971/75, de 1979/83 e de 1989/92. A continuidade desses mandatos possibilitou a implantação de inúmeros planos de longo prazo, trazendo para a cidade qualidades sócio-ambientais exemplares mundialmente. Não sou simpatizante de nenhum dos dois sob o ponto de vista político, porém são poucos exemplos que trazem questões de planejamento de longo prazo.
O PT foi por mais de vinte anos montando o seu plano de poder, para ganhar cargos representativos nas eleições, tendo seu auge em 2002 com Lula. Mas este plano de poder não trazia junto um plano de desenvolvimento, ou plano de governo, ou qualquer meta, em suma. O “povo” foi abduzido por uma forma de solução para tudo com nada de planejamento. O grupo que elegeu Lula em 2002, ao qual não pertenço, era divido em três partes, sendo a primeira os militantes petistas, que votam compulsivamente no PT, não importando. A segunda era uma parcela de pessoas que queriam mudanças nas formas de governo, estando infelizes com os mandatos de Fernando Henrique Cardoso. E a terceira formada por interesses pessoais. Esta sendo a que mais cresceu durante o primeiro mandado de Lula, o que em parte explica a vitória petista na reeleição.
Olhando o quadro político completo, esta vitória pode ser considerada quase uma derrota aos planos petistas, pois exige de Lula um mandato de melhores resultados. Sabe-se que para 2010, algo tão discutido hoje em dia, sabe-se lá por que, afinal há tanto trabalho a ser feito até lá, onde o PT (e também PSDB, DEM, PMDB, só para citar os maiores) não possui nomes novos para renovação política. O PT é mais grave por não ter realmente um nome forte para substituição de Lula. Com este quadro na mira, o máximo que temos é um monte de especulações vazias. Se o PT fosse um partido com lógica, o candidato óbvio para sucessão de Lula seria o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, que já havia disputado convenção internado do PT em 2002 para ser candidato à presidência. Nem vou especular aqui o porquê ele não será nem sequer cogitado para tal.
Mas voltando aos sonhos e saindo um pouco da política, algumas metas pessoais dependem de uma sociedade melhor estruturada culturalmente e com estável crescimento econômico. Não adianta achar que se pode fazer algo em paralelo, saindo por tangentes para imaginar um futuro sonhado. Num exemplo claro, uma pessoa que hoje inicia uma pequena empresa, sabe que dependerá de uma cultura para superar seus objetivos. Existe ai uma atualização tecnológica, uma questão de sentir o mercado, de sentir onde se pode chegar, onde e como planejar as expansões, melhorar sua logística, melhorar seu atendimento, ampliar seu mercado, ampliar sua linha de produção entre outros fatores. Fatores externos podem ser favoráveis ou não, como a moda, nichos de mercado não explorados por grandes concorrentes e tradição de mercado. É tão complexo que o sonho, no fundo, não passa de um jogo de xadrez, onde cada movimento pode ser calculado ou não por seu adversário, mas de certa forma sempre existirá uma reação.
Com uma sociedade de cultura baixa, muitas relações entre cliente e empresa são despercebidas pelos dois. As desculpas depois são sempre as melhores. Uma das piores é a total separação entre acadêmicos e práticos, para depois os acadêmicos acabarem parando nas empresas de consultaria fazendo custar muito mais caro aquilo que se poderia ter se o posicionamento cultural fosse mais prioritário. Sem contar que treinamento é algo “novo” e ainda não sedimentado no mercado. Certos “líderes” acham que existe o funcionário certo para aquele cargo, simplesmente ignorando a possibilidade de treinar um perfil para aquela função. Existe, claro, natureza de certas pessoas que são imutáveis, mas não existe a possibilidade de se atravessar fases de conhecimento. Uma expressão que eu gosto muito é “que não se pode correr sem saber andar”.
De certa forma, a distância que parece existir entre o que ocorre na política nacional, nas estruturas de Estado, e aquelas praticadas por empresas, funcionários e clientes é sim relacionada. Não se pode dizer que o Governo, Congresso, Senado ou Judiciário seja o reflexo da sociedade como um todo, mas que a sociedade reflete sim a situação geral detsa instituições. Seriam como aquelas questões de exemplo, entre professor e aluno. Quando o professor começa a aprender com o aluno aquilo que ele deveria ensinar existe aí um enorme problema. E estes reflexos são maiores ainda, mesmo sendo muitos deles simplesmente ignorados, onde uma das principais causas é a baixa cultura geral, que não eleva a capacidade crítica. Como renovar a política sem renovar as relações mais próximas da sociedade? Como escreveu Rodrigo Cosntantino: “(...) Marcelo, um oficial do reino da Dinamarca na mais famosa peça de Shakespeare, afirma que "há algo de podre no Estado da Dinamarca". De fato, o país poderia estar numa situação muito melhor com menos impostos, por exemplo. Mas se a Dinamarca tem algo podre, o Brasil já está em estado de putrefação!” (aqui)
Mas não há mais muito tempo pra sonhar (...)”
A Revolta dos Dândis II – Engenheiros do Hawaii (1987)
“(...) é muito engraçado
que todos tenham os mesmos sonhos
e que o sonho nunca vire realidade (...)”
A Verdade a Ver Navios - Engenheiros do Hawaii (1988)
Quando alguém fala em sonhos normalmente se confunde com fantasias. Ou então ocorre aquela velha noção de questões universais, como a paz mundial, o fim da fome, a despoluição do meio-ambiente. Mas um sonho normalmente deve ser uma meta, em toda e qualquer estância, tanto governamental como pessoal. Um governo deve ter em mente qual meta quer atingir em educação, saúde, crescimento, etc. É visível que o planejamento disso é complexo e dizer claramente onde vamos chegar ao máximo é politicamente desastroso em muitos casos, principalmente no Brasil, país em que sempre se espera por um “milagreiro” para resolver tudo ao mesmo tempo. Não se tem consciência de que as questões devem ser precedidas por planos para acontecerem.
Quando da disputa eleitoral de 2006, o candidato do PDT, atual senador pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque, elegeu como meta a educação, salientando que era um projeto de longo prazo. Trouxe para discussão o tema da educação, negligenciado pelo atual governo, onde ele mesmo fora Ministro da Educação. Outro exemplo é o planejamento da cidade de Curitiba, que teve por três gestões à frente o arquiteto Jaime Lerner como prefeito. Foi prefeito nos períodos de 1971/75, de 1979/83 e de 1989/92. A continuidade desses mandatos possibilitou a implantação de inúmeros planos de longo prazo, trazendo para a cidade qualidades sócio-ambientais exemplares mundialmente. Não sou simpatizante de nenhum dos dois sob o ponto de vista político, porém são poucos exemplos que trazem questões de planejamento de longo prazo.
O PT foi por mais de vinte anos montando o seu plano de poder, para ganhar cargos representativos nas eleições, tendo seu auge em 2002 com Lula. Mas este plano de poder não trazia junto um plano de desenvolvimento, ou plano de governo, ou qualquer meta, em suma. O “povo” foi abduzido por uma forma de solução para tudo com nada de planejamento. O grupo que elegeu Lula em 2002, ao qual não pertenço, era divido em três partes, sendo a primeira os militantes petistas, que votam compulsivamente no PT, não importando. A segunda era uma parcela de pessoas que queriam mudanças nas formas de governo, estando infelizes com os mandatos de Fernando Henrique Cardoso. E a terceira formada por interesses pessoais. Esta sendo a que mais cresceu durante o primeiro mandado de Lula, o que em parte explica a vitória petista na reeleição.
Olhando o quadro político completo, esta vitória pode ser considerada quase uma derrota aos planos petistas, pois exige de Lula um mandato de melhores resultados. Sabe-se que para 2010, algo tão discutido hoje em dia, sabe-se lá por que, afinal há tanto trabalho a ser feito até lá, onde o PT (e também PSDB, DEM, PMDB, só para citar os maiores) não possui nomes novos para renovação política. O PT é mais grave por não ter realmente um nome forte para substituição de Lula. Com este quadro na mira, o máximo que temos é um monte de especulações vazias. Se o PT fosse um partido com lógica, o candidato óbvio para sucessão de Lula seria o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, que já havia disputado convenção internado do PT em 2002 para ser candidato à presidência. Nem vou especular aqui o porquê ele não será nem sequer cogitado para tal.
Mas voltando aos sonhos e saindo um pouco da política, algumas metas pessoais dependem de uma sociedade melhor estruturada culturalmente e com estável crescimento econômico. Não adianta achar que se pode fazer algo em paralelo, saindo por tangentes para imaginar um futuro sonhado. Num exemplo claro, uma pessoa que hoje inicia uma pequena empresa, sabe que dependerá de uma cultura para superar seus objetivos. Existe ai uma atualização tecnológica, uma questão de sentir o mercado, de sentir onde se pode chegar, onde e como planejar as expansões, melhorar sua logística, melhorar seu atendimento, ampliar seu mercado, ampliar sua linha de produção entre outros fatores. Fatores externos podem ser favoráveis ou não, como a moda, nichos de mercado não explorados por grandes concorrentes e tradição de mercado. É tão complexo que o sonho, no fundo, não passa de um jogo de xadrez, onde cada movimento pode ser calculado ou não por seu adversário, mas de certa forma sempre existirá uma reação.
Com uma sociedade de cultura baixa, muitas relações entre cliente e empresa são despercebidas pelos dois. As desculpas depois são sempre as melhores. Uma das piores é a total separação entre acadêmicos e práticos, para depois os acadêmicos acabarem parando nas empresas de consultaria fazendo custar muito mais caro aquilo que se poderia ter se o posicionamento cultural fosse mais prioritário. Sem contar que treinamento é algo “novo” e ainda não sedimentado no mercado. Certos “líderes” acham que existe o funcionário certo para aquele cargo, simplesmente ignorando a possibilidade de treinar um perfil para aquela função. Existe, claro, natureza de certas pessoas que são imutáveis, mas não existe a possibilidade de se atravessar fases de conhecimento. Uma expressão que eu gosto muito é “que não se pode correr sem saber andar”.
De certa forma, a distância que parece existir entre o que ocorre na política nacional, nas estruturas de Estado, e aquelas praticadas por empresas, funcionários e clientes é sim relacionada. Não se pode dizer que o Governo, Congresso, Senado ou Judiciário seja o reflexo da sociedade como um todo, mas que a sociedade reflete sim a situação geral detsa instituições. Seriam como aquelas questões de exemplo, entre professor e aluno. Quando o professor começa a aprender com o aluno aquilo que ele deveria ensinar existe aí um enorme problema. E estes reflexos são maiores ainda, mesmo sendo muitos deles simplesmente ignorados, onde uma das principais causas é a baixa cultura geral, que não eleva a capacidade crítica. Como renovar a política sem renovar as relações mais próximas da sociedade? Como escreveu Rodrigo Cosntantino: “(...) Marcelo, um oficial do reino da Dinamarca na mais famosa peça de Shakespeare, afirma que "há algo de podre no Estado da Dinamarca". De fato, o país poderia estar numa situação muito melhor com menos impostos, por exemplo. Mas se a Dinamarca tem algo podre, o Brasil já está em estado de putrefação!” (aqui)
4 comentários:
Fala, amigo. Parabéns pelo blog.
Se puder, linka o meu:
fsr-confraria.blogspot.com
Abraço
Fala, amigo
Parabéns pelo blog.
Se puder, dá uma linkada no meu
fsr-confraria.blogspot.com
Abração.
Felipão!!! Já ta adicionado!!!!
Não lembro qual colunista político Americano disse que deveriam substituir a educação fundamental de lá por viagens para a África, Ásia e América Latina, o que já providenciaria quase toda a educação... sonhável. O contrário também vale. Precisamos de um bolsa-EUA para mandar nossas crianças ver como as coisas deveriam ser feitas.
Postar um comentário