setembro 25, 2011

Viena

Certa vez fui assistir á uma aula na FAAP, junto com minha namorada da época, e a aula tratava da arquitetura de “um tal” de Albert Speer. Estuda no Mackenzie e até então não tinha tido nenhuma aula a respeito da estética e das intenções por trás da estética deste arquiteto. Na aula havia um texto base, de Luis Fernando Veríssimo, que trato de reproduzir abaixo, que, de tão hilário, foi inesquecível!

Na aula foi passado um vídeo e, passados na época quase 50 anos da 2ª Guerra, a estética era mais do que factível de ser analisada com a devida isenção do tempo. Uma aula realmente daquelas que separam os cursos em superiores e outros...

Por Luís Fernando Veríssimo: Ach Viena!

- Ach, Viena. Não é maravilhosa?
- Você é maravilhosa.
- Não beije meu pescoço aqui. Coma a sua torta.
- Prefiro seu pescoço.
- Nein! Tome seu chocolate. Olhe, uma valsa! Vamos dançar? Traga a torta.
- Valsa, valsa, valsa! Não tocam outra coisa nesta maldita cidade?
- Mas esta é a terra de Strauss.
- Prefiro Wagner.
- E não é só Strauss. Esta é a terra de Mahler. E de Schönberg.
- Quem?
- Schönberg. Ele está fazendo experiências maravilhosas com a música.
- Pra você tudo é maravilhoso.
- Viena é maravilhosa!
- Seu pescoço é maravilhoso.
- Pare! Estão nos olhando.
- Também, não sei por que você insiste em vir para estes cafés de calçada. Estão sempre cheios.
- Toda Viena vem aqui. Olhe. Lá está Karl Kraus!
- Quem?
- Vai dizer que você não conhece Karl Kraus?
- Aposto que ele também é maravilhoso.
- Ele é mais do que maravilhoso... Ele é... Ele é... o espírito de Viena em pessoa!
- Sei.
- Coma a sua torta.
- Estou cheio de torta. Vamos para o meu quarto.
- Já disse que não. E largue o meu joelho.
- Eu sei. Você acha que ele é melhor do que eu. Você...
- Olhe quem está passando. É Loos! Loos, o arquiteto!
- Hruok.
- Que foi isso?
- Um arroto.
- Assim é demais! Aqui estamos nós, numa tarde de verão, sentindo o perfume das vinhas do Wienerwald, no centro da cidade mais maravilhosa do mundo, a cidade de Musil, de Hofmannsthal, de Schnitzler, de Wittgenstein, de Klimt... e você arrota!
- O cheiro que eu sinto é o da decomposição do império.
- Que bobagem. O que está acontecendo em Viena é uma revolução no espírito humano. Nós vamos mudar a Europa. Nós, em Viena! Estamos no limiar de uma era como nunca houve igual. De paz, de prosperidade, de criatividade, de alegria de viver. Uma era... maravilhosa! E você quer ir para o seu quarto imundo.
- Está bem. Esquece.
- É essa sua atitude. Você precisa mudar.
- Está bem, está bem.
- Você fez o que eu pedi? Fez?
- Não.
- Está vendo só? Você diz que faria qualquer coisa por mim. Mas eu pedi para você ir ver o doutor Freud, para o seu próprio bem, e você não foi.
- Cheguei a ir até a porta, mas não entrei. Sei lá.
- Ele está fazendo coisas milagrosas. Vem gente de toda a Europa consultá-lo. Foi uma dificuldade arranjar uma hora. Ele mudaria você. E você não foi. Depois ainda diz que me ama.
- Está bem. Se você marcar outra hora, eu vou. Juro. Eu...
- Ouça! É o Danúbio Azul! Não, esta nós temos que dançar. Se você não dançar comigo, eu danço com Kokoschka.
- Com quem?!
- O Kokoschka. Um estudante de arte que conheço. Está sentado ali.
- Então vá dançar com o Kokoschka.
- Você ficou magoado?
- Vá dançar com o Kokoschka, já disse! Ele deve ser maravilhoso. E eu sou um pintorzinho de nada.
- Adolf...
- Vai. Vai. Mas um dia você vai se arrepender. Você ainda vai ouvir falar de mim! Vocês todos ainda vão ouvir falar de mim!

setembro 22, 2011

Coleção Grandes Arquitetos da Folha

A Folha lançou recentemente a coleção Grandes Arquitetos com títulos monográficos sobre a obra de 18 arquitetos. Estão à venda nas bancas e com ótima qualidade de impressão e capa dura. Os livros trazem além de fotos, croquis e desenhos, pequenos textos sobre os arquitetos, alguns escritos pelos próprios arquitetos.  

Os livros em sua maioria trazem arquitetos contemporâneos em atividade e, claro, arquitetos que mudaram o panorama da arquitetura moderna, tais como Le Corbusier, Mies van der Rohe, Alvar Aalto e Frank Lloyd Wright. Logicamente, Oscar Niemeyer não poderia faltar, já que além de sua importância mundial, uma coleção lançada no Brasil sem o arquiteto brasileiro mais conhecido no mundo seria bastante estranho, ainda mais que a coleção pretende ser para leigos. Além do mais, bastaria ver que a grande maioria dos arquitetos foram laureados com o maior prêmio da arquitetura mundial, o Pritzker, como o próprio Niemeyer em 1988, Álvaro Siza em 1992, Tadao Ando em 1995, Rafael Moneo em 1996, Renzo Piano em 1998 e Norman Foster em 1999.

Dentre todos os arquitetos, o único que não conheço é o do volume 18, Kengo Kuma. E ainda não tive tempo de procurar suas obras. Acredito que dentre estes volumes faltaria um a respeito de Rem Koolhas e, mesmo não sendo um apreciador da obra, um sobre Frank Gehry. Talvez também sobre os suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron, por conta de suas recentes obras para as olimpíadas na China e copa da Alemanha.

Os volumes são em ordem:

1 – Frank Lloyd Wright
2 – Renzo Piano
3 – Oscar Niemeyer
4 – Antoni Gaudi
5 – Le Corbusier
6 – Santiago Calatrava
7 – Norman Foster
8 – Jean Nouvel
9 – Tadao Ando
10 – Steven Holl
11 – Dominique Perrault
12 – Mies van der Rohe
13 – Zaha Hadid
14 – Rafael Moneo
15 – Álvaro Siza
16 – Alvar Aalto
17 – David Chipperfild
18 – Kengo Kuma

O São Paulo e o Corinthians

Começar a escrever novamente no blog falando de um jogo sem lá grandes emoções, um oxo, como escreveu Daniel Piza outro dia (aqui), nada tem a ver com o futebol propriamente dito. O Campeonato Brasileiro está bastante interessante, mesmo sem lá grandes jogos memoráveis. O Corinthians liderou por mais tempo até agora, mas o Flamengo, o Vasco, e hoje o São Paulo passou a liderança. No fundo no fundo, o oxo foi bom para ambos os times. Melhor para o São Paulo, mas o fato de ficar mais distante do Botafogo é sempre bom para o Corinthians. Mas é claro que eu estava ansioso por uma vitória do Corinthians... E sua retomada à liderança.

Escrever como torcedor é sempre bom. Escrever sempre é bom. Assim como a leitura, o ato de escrever exercita muitas outras formas de expressão e de desinibição, além de também ser uma boa fonte de distração. Ultimamente venho ficando tenso ao assistir os jogos, por serem cada vez menos interessantes e mais burocráticos. Mas este eu só vi uns trechos e o que vi não deu para sequer tirar meu sono. Esta realmente faltando jogar bola nesse campeonato.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...