maio 26, 2008

Relendo...

Nossa... E vendo em que pé falo de música... Falava outro dia de Joseph Haydn, Thelonious Monk, de Norah Jones... E ainda poderia falar de música por mais e mais dias. Não que seja uma paixão; se fosse talvez nela estivesse. Assim como falo de livros, clássicos como “A Montanha Mágica” de Thomas Mann ou de um autor como Joseph Conrad, a música faz parte da minha vida. Diria até quase naturalmente. Depois que descobri que Thomas Mann era entusiasta da obra de Arthur Schopenhauer fiquei até mais feliz em conhecer e gostar de sua literatura.

Mas voltando a Haydn, agora me sinto quase órfão com a morte de Artur da Távola. Gostava dos comentários que fazia de cd´s de música erudita ou da temporada na Sala São Paulo. Fico agora a perambular sem um norte. Certo que ficava um tanto quando perdido quando falava de certos autores russos do final do século XIX. Mas se perder é bom. Mostra que um dia conheceu algo novo.

Mas falar de Kid Abelha às vezes me incomoda; assim como falar de Ivete Sangalo. Às vezes me pergunto por que não são melhores produzidas algumas sonoridades. É coisa para chatos como eu, esse tipo de pergunta. Nem sei por que me preocupo em tentar achar alguma questão por trás das músicas. Deve ser alguma síndrome de Polyana, tentando achar algo bom em tudo...

maio 22, 2008

Por quê?

Tem certas letras que me deixam pensando em o que é que querem dizer. Essa do Kid Abelha (que chamava Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, mas mais “soft” é falar Kid... Demanda até intimidade com a banda da loura) é uma que sonoramente maravilhosa, com o belo timbre de voz de Paula Toller, mas que não sei o que quer dizer:

“(...) Te amo pra sempre
Te amo demais
Até daqui a pouco
Até nunca mais (...)”


Kib Abelha – Te amo pra sempre (1996)

Não entendo. Como amar para sempre pode ser até nunca mais? Bem, como eu digo sempre, são poucas as bandas que querem dizer algo mais nas suas letras. Paula tem de bom as influencias que colocou a prova nos seus dois discos solos. Sei lá se ela escreveu esta letra, mas não me diz nada. Talvez diga a alguém que escutando esta música deu uns amassos... Vá saber... Mas a letra nada diz...

Por que fazer esta postagem? Para dizer que a loura é maravilhosa como cantora, mas o que canta muitas vezes não diz nada. Seria assim com Cássia Eller? Provavelmente... Então como fãs dela dizem que ela era o máximo? Volto a dizer, nos pequenos detalhes se vê abstração. Se o que Paula Toller canta não tem que ter sentido, por que cobram sentido de outras bandas? Se a música é somente uma abstração, logo dizer coisas nas letras se torna inútil. Essa é a arte que se consome, a arte do inútil? Está dito o que queria dizer... Não sei se me entenderam, mas dizer que a Paula é má letrista por uma música é errado. Dizer que não gosto dela é mais absurdo ainda. Mas por que uma música de sucesso deve ser vazia de significados?

Outro dia estava vendo uma música de Ivete Sangalo. Muito boa nesse quesito. E simples. Sucesso não quer dizer sem sentido. Observe:

“(...) Chegou no meu espaço mandando no pedaço
O amor que não é brincadeira
Pegou me deu um laço,
Dançou bem no compasso,
de prazer levantou poeira (...)”


Ivete Sangalo – Sorte Grande (2003)

A letra falava de um amor que passa e “levanta poeira”, ou seja, aquele que passa e muda tudo. E ela diz que isso é uma sorte grande. Simples e com sentido. Qualquer um entende. Assim acontece com muitas músicas que falam de temas suaves. Outras tentam “politizar” questões. Outras defendem idéias do autor. Umas são cômicas como as do Ultraje a Rigor. Mas nenhuma delas é sem sentido...

maio 18, 2008

It´s My Life... It´s now or never...

Sempre ao me preparar para uma entrevista de emprego costumo estar bem disposto e nisso a música, uma música que gosto, ajuda muito. Não sei por que, mas acabei de ler a respeito num site de anúncios de emprego que isso é recomendado. O interessante é que às vezes quero jogar tudo para o alto. Minha insatisfação nessas horas chega a ser maior que minha educação. Certo que até hoje não faltei com a educação a nenhum de meus superiores. Até pareço “um bom menino”...

Na verdade eu não acredito em explosão, ou má criação, revolta ou qualquer uma dessas variações, que é falta de educação ou polidez, possa trazer benefícios. Acredito mesmo na manifestação de mérito ou busca de espaço por reconhecimento. Se o ajuste entre o que se considera falta de reconhecimento e o trabalho executado feriu alguns de seus princípios, é hora de buscar alternativa e não bater nas portas erradas. Muitas pessoas se prendem a coisas subjetivas ou ganhos “subliminares”. Ou até mesmo falta de preparo e a falta de coragem de buscar a alternativa. Quando uso o lema do filme de mesmo título, “retroceder nunca, desistir jamais”, conto com um norte que está na minha mente. Errar é possível, mas só com o erro é que se conhece o caminho. E é necessário estar vivo para poder viver...

It´s My Life – Bon Jovi (2000)

“This ain't a song for the broken-hearted
No silent prayer for the faith-departed
I ain't gonna be just a face in the crowd
You're gonna hear my voice
When I shout it out loud
It's my life
It's now or never
I ain't gonna live forever
I just want to live while I'm alive
(It's my life)
My heart is like an open highway
Like Frankie said
I did it my way
I just wanna live while I'm alive
It's my life

This is for the ones who stood their ground
For Tommy and Gina who never backed down
Tomorrow's getting harder make no mistake
Luck ain't even lucky
Got to make your own breaks (...)”

O Efeito Orloff

Recebo sempre o Newsletter do Instituto de Engenharia, com a programação mensal dos encontros e seminários. Nele também vêm boas mensagens como a que reproduzo abaixo.

Um mundo melhor
Por Edemar de Souza Amorim

Há alguns anos surgiu, de um anúncio de bebidas, o conceito do “Efeito Orloff”. A referência se devia ao consumidor daquela específica marca de vodca deparar-se com sua imagem no dia seguinte sem aparentar os devastadores efeitos do consumo alcoólico de baixa qualidade dizendo a si mesmo: “eu sou você amanhã”.

O “Efeito Orloff”, aplicado pelos papos de botequim e jornalismo econômico aos países em desenvolvimento, mostrando que a crise de uma nação seria da outra no futuro, foi sucesso de crítica nos anos 80 e 90 e volta à cena quando o assunto é trânsito.
São Paulo enfrenta hoje gravíssimos problemas de tráfego de veículos, numa situação considerada surrealista por cidadãos de outras metrópoles brasileiras que, exclusivamente por sua diferença de tamanho, ainda não se conscientizaram da aplicação do “Efeito Orloff” à medida que suas frotas de veículos crescem em ritmo igual ou superior ao paulistano.
Na mídia florescem soluções radicais, milagrosas ou estapafúrdias com um único ponto em comum: a vocação para o fracasso se tomadas isoladamente, pois ignoram um princípio simples da humanidade, a relação custo benefício, acreditando numa máxima da educação infantil arcaica, a proibição pura e simples.
Ora, num país em que sua população já deixou claro que a legislação sem sentido é ignorada, que as autoridades não têm força moral ou operacional para aplicar a legislação existente e os governos preocupam-se mais com o resultado das urnas do que com a segurança e o bem estar dos cidadãos, é de se esperar que o futuro seja um grande engarrafamento.
A solução do trânsito paulistano e, conseqüentemente, brasileiro não será simples, mas seu princípio é claro, o transporte individual com um automóvel tem de custar caro o suficiente para que as pessoas optem pelo transporte público. Devemos, então, tomar um conjunto de medidas que, juntas produzirão esta mudança cultural. Medidas como: priorizar a qualidade e a quantidade do transporte público; proibir o estacionamento no leito carroçável de ruas praças e avenidas; exigir de edifícios e estabelecimentos comerciais áreas disponíveis para caçambas de entulho; levar a Zonal Azul do leito carroçável para terrenos especialmente criados para estacionamento; proibir o tráfego de veículos de carga no horário de rush; restringir operações de descarga ao período noturno; extinguir o rodízio e criar o pedágio urbano; implementar a inspeção veicular anual completa (segurança e ambiental); retirar de circulação em caráter permanente carros velhos e sem condições mínimas de segurança e fiscalizar com rigor o pagamento de tributos, licenças e multas apreendendo os veículos irregulares.
Para completar, o governo federal deve deixar a política eleitoreira fora dos corredores da Petrobrás e aumentar o preço da gasolina, pois o maior inibidor dos deslocamentos supérfluos é custo do quilômetro rodado.
A Lei Cidade Limpa do prefeito Gilberto Kassab mostrou que a população pode até reclamar na implantação de medidas duras e drásticas, porém é madura o suficiente para perceber, reconhecer e agradecer as melhorias geradas.
Enfim, aos motoristas brasileiros que insistirem em usar o carro, fica o recado da Daslu: “Existe sim um mundo melhor, porém é caríssimo”.
Edemar de Souza Amorim

Magic Chicken... a segunda opção

Voltando àquelas postagens gastronômicas, hoje vou falar um pouco do Magic Chicken. Não que seja o melhor frango do mundo, mas que os garçons trabalham lá com uma alegria que não via em bares há bons anos. Bom falar que não levaria uma garota lá no primeiro encontro, mas, caso ela não se importasse em “junkie food”, seria um local para ir numa terceira, quarta vez...

Mas o que mais tenho a dizer do Magic Chicken é que fazem um peixe na brasa que é simplesmente maravilhoso. Além de servirem um bom chopp Brahma, tem cervejas Bohemia e Original. Um bar (restaurante) bastante simples, com uma comida simples e no caso da filial em Moema conta também com música ao vivo. Nada demais, ritmos brasileiros, pop internacional, tudo muito light, parecendo a antiga rádio Alfa FM.

Aqueles que não gostam de comidas que podem engordar e entupir suas artérias devem ficar bem longe do Magic Chicken; e também de mim. Não que seja um ativista das comidas “gordas”, mas eu detesto o assunto. Se quer fazer regime fique longe de mim (a não ser que seja um regime de engorda...).

Mas também é interessante falar o porquê fui parar no Magic Chicken. Foi por causa de uma fila de mais de 40 minutos no Fifities. Não consigo entender. Se o atual discurso é contra as comidas gordurosas, nelas o inimigo mortal é o hambúrguer, por que há sempre filas de mais de 40 minutos nas lanchonetes como Joaquin´s, Fifities, New Dog, Chico Hamburger, entre outras?
OBS.: Para os fãs de comida japonesa: No Magic Chicken neste sábado à noite, me senti no bairro da Liberdade. A quantidade de orientais (e orientais femininas maravilhosas) era enorme. Nem eles conseguem mais comer sushi... Mudaram para o frango com polenta.

Artacho Jurado


Este livro já é fantástico só por existir! Não que seja um fanático pela obra de Artacho, mas que sua arquitetura é presente na cidade de São Paulo e, no mínimo, uma das obras menos estudadas, estando naquela zona cinzenta em que pouca gente tem a chance de saber do que se trata.

Podia falar mais horas sobre Artacho Jurado, mas o melhor é ler o livro e depois falar.

maio 10, 2008

Quem é amigo?

Em homenagem à Artur da Távola, reproduzo aqui uma de suas crônicas, publicada originalmente no site da Casa de Cultura Artur da Távola dia 17 de setembro de 2007.

Por Artur da Távola:

Amigo é quem, conhecido ou não, vivo ou morto, nos faz pensar, agir ou se comportar no melhor de nós mesmos. É quem potencializa esse material. Não digo que laboremos sempre no pior de nós mesmos (algumas pessoas, sim), mas nem sempre podemos ser integrais para operar no melhor de nós. Há que contar com algum elemento propiciador, uma afinidade, empatia, amor, um pouco de tudo isso. E sempre que agimos no melhor de nós mesmos, melhoramos, é a mais terapêutica das atitudes, a mais catártica e a mais recompensadora. Esta é a verdadeira amizade, a que transcende os encontros, os conhecimentos, o passado em comum, aventuras da juventude vividas junto. Um escritor ou compositor morto há mais de cem anos pode ser o seu maior amigo.
Esse conceito de amizade, transcende aquele outro mais comum: a de que amigo é alguém com quem temos afinidade, alguma forma de amor não sexual, alguém com quem podemos contar no infortúnio, na tristeza, pobreza, doença ou desconsolo. Claro que isso é também amizade, mas o sentido profundo desse sentimento desafiador chamado amizade é proveniente de pessoas, conhecidas ou não, distantes ou próximas, que nos levam ao melhor de nós. E o que é o melhor de nós? É algo que todos temos, em estado latente ou patente, desenvolvido ou atrofiado. Mas temos. E certas pessoas conseguem o milagre de potencializar esse melhor. Sentimo-nos, então, fundamente gratos e de certa maneira orgulhosos (no bom sentido da palavra), por poder exercitar o que temos de melhor. Este melhor de nós contém sentimentos, palavras, talentos guardados, bondades exercidas ou não.
Amar, ao contrário do que se pensa, não perturba a visão que se tem do outro. Ao contrário, aguça-a, aprofunda-a, aprimora-a. Faz-nos ver melhor. Também assim é a amizade, forma de especial de amor, capaz de ampliar a lucidez e os modos generosos e compreensivos de ver, sentir, perceber o outro e sobretudo - se possível- potencializar os seus melhores ângulos e sentimentos.
Somos todos seres carentes de ser vistos e considerados pelo melhor de nós. A trivialidade, a superficialidade, as disputas inconscientes, a inveja, a onipotência, a doença da auto-referência faz a maioria das pessoas transformar-se em vítimas do próprio olhar restritivo. E o olhar restritivo é sempre fruto da projeção que fazem (fazemos) nos demais, de problemas e partes que são nossas e não queremos ver. E quantas vezes isso acontece entre pessoas que se dizem amigas. Essas pessoas (que se dizem amigas), ignoram certas descobertas do velho Dr. Freud e através de chistes passam o tempo a gozar o “amigo”, alardeando intimidade (onde às vezes há inveja) como prova de amizade. O que não é. Mesmo quando é...
Se se quiser medir o tamanho de uma amizade, meça-se a capacidade de perceber, sentir e potencializar o melhor do outro, porque somente essa atitude fará dele uma pessoa cada vez melhor e por isso merecedora da amizade que se lhe dedica.

Paulo Alberto 1936-2008

Ontem, dia 9, faleceu no Rio de Janeiro, sua cidade natal, Artur da Távola. Seu verdadeiro nome era Paulo Alberto Monteiro de Barros. Atualmente dirigia a rádio Roquete Pinto, além de escrever crônicas e textos em seu blog. Gostava muito dele, era também apresentador do programa “Quem tem medo de música clássica”, exibido na TV Senado, aos sábados e domingos. Segue abaixo pequena biografia, disponível no site do PSDB:

“Carioca de Ipanema, ele iniciou sua atividade política em 1960, quando foi eleito o mais jovem deputado estadual do então estado da Guanabara. Cassado em 1964, partiu em exílio para a Bolívia e Chile, onde tornou-se professor universitário na área de Comunicação. Voltou ao Brasil em 1968 e começou a trabalhar com Samuel Wainer no jornal Última Hora, adotando, nesse ano, o pseudônimo - seu heterônimo profissional oficial - Artur da Távola.
A partir de 1987, retomou sua carreira política e foi eleito, consecutivamente, deputado federal por duas legislaturas e senador. Foram 16 anos em Brasília como parlamentar pelo estado do Rio de Janeiro. Participou da elaboração da Constituição de 1988 como um dos relatores e, depois, pautou sua atuação à frente das Comissões de Educação e Comunicação e da de Relações Exteriores. São de sua autoria os artigos que impedem a censura estatal na educação, na cultura e nos meios de comunicação.
Em 1994, defendeu que o PSDB lançasse a candidatura do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, cuja política de estabilização monetária e controle inflacionário desfrutava de grande popularidade. No ano seguinte, já senador, foi efetivado na presidência do PSDB, quando trabalhou pela coesão dos partidos da base governista. Em 2001, licenciou-se da Casa para assumir a Secretaria das Culturas do Município do Rio de Janeiro.”

maio 04, 2008

Altas Horas: Novo formato

Naquele frio da noite de ontem, sei lá eu porque resolvi ficar assistindo ao Altas Horas. Bem, descobri que agora ele não deixa mais todo mundo junto, mas chama separadamente cada convidado por cerca de vinte minutos (editado, deve ser menor o tempo). Na noite de ontem eram o ator Thiago Lacerda, uma banda cover dos Beatles argentina e o prof. Pasquale Cipro Neto.

O que valeu na minha noite de insônia foi a participação de Thiago Lacerda. Falou sobre Albert Camus com uma naturalidade, como se Camus fosse conhecido do grande público. Mas seus elogios empolgados me fazem pensar que Lacerda deve realmente estar empolgado com Camus. O que eu acho fantástico! Ele afirmou que estará fazendo uma peça de teatro baseada no texto de Camus, Calígula. Bem, tomara que retorne ao programa e vá a outros na ocasião da promoção da peça. De resto o achei um ator bastante centrado, dizendo que teve que tirar um tempo para estudar, para descansar, para por a cabeça no lugar. Isso para mim é uma enorme demonstração de humildade. Espero que ele continue a ser tão engraçado como foi sua participação no filme “Muito gelo e dois dedos d´água”, eu já comentei aqui.

Mas voltando ao novo formato, o que eu acho que certas perguntas da platéia geram um grau de descontração no programa e talvez a participação em temas em que separadamente cada convidado dava sua opinião, portanto não achei muito legal esse novo formato. É verdade que havia às vezes convidados que não falavam e nem eram perguntados. Bem, é do jogo. Há pessoas que o público lá representado pelos adolescentes presentes não tem interesse (ou melhor, são menos interessantes a outras). Mas há também convidados, como foi o caso de Marília Gabriela, tentam dominar o programa. Vamos ver como serão os próximos programas. Aquela descontração de estar todo mundo junto era um dos pontos altos do programa.

Palmeiras: Campeão Paulista 2008

Pouco mais de um ano atrás falava do campeão paulista de 2007, o Santos. Hoje volto a falar outra vez do campeão de 2008, o Palmeiras. Novamente o técnico Wanderley Luxemburgo (ou é Wanderlei?)... Acaba de ganhar seu oitavo título como campeão paulista. Parabéns Wanderley! E só de pensar que foi técnico durante aquele ano em que o Palmeiras caiu para a segunda divisão... Mas, mais interessante é lembrar enquanto foi técnico do Corinthians, também campeão paulista sob seu comando.

Lembrando o Holodomor

Por Viktor Yushchenko (aqui).

maio 03, 2008

O arquiteto preferido...

Estive lendo um fórum de arquitetos onde aconteceu, é inevitável, a pergunta de qual é seu arquiteto preferido. Bem, uma enorme quantidade de nomes foi citada, normalmente invocando sua genialidade e relacionado com o tempo em que viveram alguns dos arquitetos, tais como Gaudi e Louis Kahn. O que me incomoda nessas preferências nem está no fato das obras construídas, pois eu mesmo já havia feito uma pequena lista aqui de arquitetos que muito me agradam as obras e uma breve justificativa.

Mas o que mais me preocupa, isso didaticamente, se é que alguém tinha dúvidas que meu objetivo é a carreira docente, é quais arquitetos apresentam caminhos para o futuro. Isso tem muito de adivinhação, mas o que é fato não se pode mais discordar. Não sou adepto da atual “corrente do urbanismo sustentável”. Primeiro por ver que muita coisa hoje é modismo e a pesquisa costuma ser meio truncada em alguns pontos polêmicos, politicamente falando.

Estou numa fase de pesquisar alguns arquitetos, dos quais não conheço muito as obras. Entre eles estariam Peter Zumthor e Nicholas Grimshaw. É um tanto quanto complexo entender que a obra de Artigas, que muito estudei, não seja hoje, em termos de utilização de materiais, algo que pode servir de exemplo. Primeiramente que compor uma obra em concreto armado aparente, com a tal liberação de CO2, oriunda da confecção química do concreto, e as formas em madeira são dois processos longe de serem ecológicos para nossos dias. Outra questão estaria relacionada à industrialização das técnicas de construção. Não há mais condições de ter operários em condições adversas nas obras. Assim como hoje não se pode deixar de pensar em uso inteligente da ventilação e iluminação naturais. Sem contar também sobre acesso universal das construções.

Se estes são os tais fatores do “urbanismo sustentável” eu até entenderia sua divulgação. Mas não; muito do que se chama de ecológico hoje não passa de enganação; uma propaganda de uso ecológico. Não uma divulgação conceitual. Tanto é que não se tem hoje pesquisas a respeito de onde se está desperdiçando água e energia. Não se sabe quais materiais são mais ou menos ecológicos. Eu diria que aqui se podia lembrar do “dilema do vegetariano”. O vegetariano não come carne bovina, suína, aves ou peixe? Mas seus sapatos são de couro? A pulseira do seu relógio é de couro? Toma leite ou come ovos? Come bolos que levam leite ou ovos? Come pão que leva banha de porco? Da mesma forma é a construção arquitetônica. Se ao utilizar tubulação de PVC ou se a faz em cobre, qual é menos prejudicial ao meio ambiente? Se utilizar tijolos de barro cozido ou tijolos naturais crus? Se fizer uso do bambu ou se usa o alumínio? E assim vai longe. Em muitos processos se pode questionar se é mais ecológico escavar uma mina para exploração do alumínio ou aço, ou mesmo o uso de subprodutos do petróleo, ou se faz uso e renovação de madeira certificada. O que não se pode esquecer é a escala para qual se pretende construir. Não há como conceber em um centro urbano uma vila de casas em bambu. Imaginaram um escritório com alta tecnologia de informática ou um laboratório, então?

Imaginar que a preferência de um arquiteto é o caminho que muitos estudantes podem querer seguir como meta é também um tanto quanto de exagero. No movimento moderno existiu a ruptura quase que total com o antigo método de construção e planejamento. Não sei agora isso também se tornaria necessário. Sei que obras concebidas em concreto armado ainda são comuns e arquitetos como Niemeyer não faz menção a estes novos fatos em seus discursos ou obras recentes. Assim como também tenho dúvidas a respeito das conclusões urbanísticas de Zara Hadid, Peter Eisenman e outros, baseadas na estética da desordem. Aí vale a pena citar um trecho de um texto de Roberto Segre:

“(...) Na América Latina, o reflexo dos modelos do Primeiro Mundo incidiu negativamente nas grandes capitais, com a destruição do centro histórico tradicional, a expansão descontrolada dos subúrbios - pobres e ricos -, os condomínios fechados ou as ocupações irregulares dos assentamentos precários da população de baixa renda, a prioridade do transporte privado sobre o público, o consumismo desenfreado, a segregação social, funcional e formal dos espaços públicos e privados, o abandono das tradições locais e a continuidade da malha urbana. (...)
A reação à desintegração da forma urbana assumiu diferentes propostas, em geral baseadas em intervenções pontuais e limitadas a soluções concretas no espaço nobre da cidade. Nos anos 1960 e 1970, nos Estados Unidos, Kevin Lynch e Lawrence Halprin elaboram projetos para obter fragmentos de boa forma como alternativa ao caos e à feiúra do desenvolvimento descontrolado das estruturas urbanas. Christopher Alexander imagina um design by patterns que relacione a qualidade do espaço público com os desejos e as necessidades dos moradores e usuários. Jane Jacobs tenta resgatar a vida social urbana nas estruturas tradicionais da centralidade, e o movimento new urbanism propõe românticas soluções de desenho das comunidades residenciais suburbanas como alternativa ao anonimato generalizado das Levittowns.
Na Europa, Aldo Rossi e os irmãos Krier defendem o valor simbólico dos monumentos e da malha original ainda existente nas cidades européias, como representação do genius loci dos lugares, e a necessidade de novas inserções que dialoguem com as preexistências ambientais. Finalmente, a partir dos anos 1990, Rem Koolhaas, Zaha Hadid, Daniel Libeskind, Frank Gehry e Peter Eisenman, com postura crítica e agressiva baseada na estética da desordem, surgida da assimilação das contradições reais existentes na vida urbana, imaginam formas e espaços antagônicos à tradição histórica e à cidade “nobre”, renovando radicalmente o pensamento arquitetônico e urbanístico do século 21. Acabou o planejamento globalizante e totalizador, substituído pelas intervenções restritas à transformação dos fragmentos parciais do tecido urbano, são ou doente, regular ou irregular, culto ou popular.(...)”


Se há hoje algo que não se sabe é como serão as construções do futuro. E nesse caminho parece que muita gente está ainda, dentro do universo da arquitetura, perdidos em romantismos que nada poderiam lhes ser úteis num futuro bastante próximo. Em muitos momentos também não entendia e tinha comigo muita curiosidade sobre obras da antiguidade. Mas em que elas hoje servem para entender as construções do Movimento Moderno? Tudo é interessante culturalmente, mas não se pode perder de vista qual a atual (ou sempre foi) função do arquiteto.

Eu recomendo!

Sempre trato aqui de falar sobre caminhos. Falo sobre como alguma coisa, alguém, alguma idéia pode influenciar a tomada de decisões, ou como, em linguagem menos acadêmica, possa ter iluminado os caminhos de alguém ou mesmo os meus. No fundo são reconhecimentos de caminhos tomados. De decisões tomadas. Da formação intelectual individual.

A respeito do livro de Rodrigo Constantino, Uma Luz na Escuridão, recentemente lançado, o que mais poderia escrever é que é um caminho. Um caminho como outros que já comentei por aqui. Outro dia no programa de rádio Café Colombo, Constantino questionado se este livro era sua formação, respondeu que em parte sim, se tratava de muitos autores que foram suas influencias. Outra parte seria uma metodologia de estudo, onde sempre faz apontamentos ao término da leitura de livros. Uma Luz na Escuridão trata de uma coletânea de artigos e resenhas sobre mais de setenta autores, entre liberais e livres pensadores. A idéia não é substituir a obra original desses autores, mas, segundo palavras do próprio Constantino, é o incentivo e a divulgação desses autores. É um livro que eu nem precisaria recomendar, pois sua natureza já o faz uma boa obra de referencia e consulta.

Constantino em recente artigo, trata de falar sobre decisões que tomamos na vida e sobre como defender suas idéias. Já leio seus artigos há certo tempo e muito me agradam. Como falou também a respeito, no já citado programa de rádio, muitos desses artigos reunidos não são inéditos. Mas é sempre bom reunir estes fragmentos que acabam ficando espalhados por aí. Um ótimo livro e espero que esta minha dica seja de boa utilidade.

Observação:

É bom sempre deixar claro que não conheço Rodrigo Constantino pessoalmente e que tive contato com seus textos inicialmente no site Mídia Sem Máscara e depois por seu blog. Sobre suas opiniões a respeito das religiões eu me abstenho de falar. Primeiro por não ter o que falar sobre o tema; não é um tema regular de minhas postagens. Segundo por este livro não tratar sobre tema. E terceiro, também isso não me interessa.

maio 01, 2008

Machado de Assis

Por Daniel Piza, em “O Estado de São Paulo” (aqui):

“Pouco a pouco os novos livros sobre Machado de Assis, cujo centenário de morte em setembro está atraindo muito mais atenção do que previsto, vão saindo. Almanaque Machado de Assis, de Luiz Antonio Aguiar (Record), é bem-feito, principalmente porque não leva a sério as velhas biografias que tomavam especulações como fatos. (Machado foi coroinha? Quando teve a primeira crise epilética? Quem namorou antes de Carolina? Não sabemos.) Há alguns problemas de revisão, como o crédito da foto dos óculos (é Juan Esteves, não Acervo da ABL) e a atribuição a Millôr da tese de que Bentinho tem atração homoerótica por Escobar (Millôr mesmo reconheceu não ter sido o primeiro sujeito de relevo a dizê-la). Mas isso em nada atrapalha o livro.
Outros livros sobre ele são Machado de Assis – O Romance com Pessoas, de José Luiz Passos (Edusp/ Nankin), e O Ceticismo na Obra de Machado de Assis, de José Raimundo Maia Neto (Annablume). Passos analisa o diálogo de Machado com a obra de Shakespeare. Acho que faltou acentuar as diferenças entre Otelo e Dom Casmurro, pois Bento não é, ao contrário do que disse Helen Caldwell, o “Otelo brasileiro”; antes, inveja a “fúria do mouro” e lembra que “Desdêmona era inocente”. Maia Neto estuda as reflexões morais de Machado e diz que Dom Casmurro é um cético, ao passo que Bentinho é um ingênuo. Mas Dom Casmurro é mais um desiludido, saudoso dos tempos passionais, do que alguém que hoje duvida do que um dia acreditou. Machado é infinito...
Melhor é comemorar o lançamento de seus próprios livros. Por mais que tentem nos convencer de que foi bom poeta, basta folhear Toda Poesia de Machado de Assis (org. Cláudio Murilo Leal, editora Record) para rever mais uma vez que, afora meia dúzia de poemas bem-feitos, essa não era sua praia. De tal ressaca lhe veio a prosa, em que as ilusões de seu romantismo naufragam... Já a caixa com os três grandes romances de Machado – Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro –, lançada pela editora Globo, R$ 80 ao todo, com textos fixados por professores da USP, só merece elogios. Belas edições dos clássicos brasileiros, por incrível que pareça, ainda são raridades em nossas livrarias.”

Ciro Gomes, o oportunista caixa d’água...

Na noite anterior às palestras do XXI Fórum da Liberdade, foi gravado o programa Conversas Cruzadas, onde ocorreu o debate entre Rodrigo Constantino e o deputado Ciro Gomes (o programa pode ser assistido no youtube.com). Além das palavras de cunho eleitoral proferidas a esmo por Ciro Gomes, parece que todo político permanece tempo integral em campanha, não deixava ninguém mais falar. Era o “dono da razão”. Além disso, tentava dar ar de superioridade em coisas que claramente não acredita. Constantino acabou, por educação, dando espaço demais para ele proferir mais besteiras.

O que eu não entendo, e isso é uma dúvida geral, é o porquê Ciro Gomes é uma metralhadora sobre o governo Fernando Henrique, do qual também fez parte como ministro, e simplesmente é bastante condescendente quanto ao governo Lula, do qual foi ministro logo após derrota eleitoral. Aliás, aquela eleição de 2002 é algo que para mim não passou de uma demonstração de alienação coletiva. Com essa incrível atitude Ciro Gomes não passa de um “espertalhão” a mais no país. E olha que era alguém que em 2002 tive oportunidade de conversar pessoalmente. Hoje não passa de um popular “malandro caixa d’água”, aquele que só entra pelo cano... Gostaria de apontar as inúmeras besteiras que falou no programa, mas Rodrigo Constantino já fez isso e muito bem em seu blog. E foi até mais além num discurso que de certa forma nunca foi implantado no país, mesmo que Ciro Gomes diga o contrário.

Hoje, Ciro está junto a esse governo, coisa que nenhum eleitor consciente consegue ser tolerante, tendo a oportunidade de até ser até indicado para ser o “sucessor” de Lula. E aí que eu acredito que ele está próximo a entrar pelo cano. Assim como a “candidata que virou picolé”, Ciro tende a ser mais uma vez posto de lado. E será assim principalmente se ele fizer uma candidatura séria. A de 2002 não me parecia séria. Tenho até curiosidade de ler aquele livro que escreveu na ocasião. Tentar saber que tipo de idéias ele tem para acordar “o gigante adormecido”. O que acho impressionante é que quando ministro do governo chegou a fazer oposição ao governo, dizendo que as políticas previdenciárias eram contrárias as que defendeu em campanha. Não é um político ruim relativamente ao que temos como opção. Garanto que seu governo seria muito melhor que o de Collor ou de Dilma (sic), até mesmo melhor que o de Lula, claro, tirando o fator PT, que impede qualquer governo, até mesmo o de Lula, de fazer qualquer coisa de utilidade pública. Como me é fácil lembrar das inúmeras CPI´s que o PT fazia questão de escandalizar, se fazendo de “máximos moralistas”. E o que me incomoda e muito é o quanto a opinião pública ainda consegue achar que eles são “alguma coisa”... E como Ciro não consegue enxergar esse populismo? Como não consegue enxergar onde cortar gasto nesse Estado balofo? Não é uma decepção, pois dele nunca esperei muito, mas é incoerente para um político na posição em que está.
Em suma, vendo políticos como Ciro, eu não acredito que nos próximos vinte anos teremos alguma reação para combater esse tipo de asneiras. Esse é só mais um desabafo entre muitos que já pude escrevinhar neste blog.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...