novembro 30, 2008

Altas Horas e a minha insônia continua...

Neste sábado assisti por momentos ao programa de Serginho Groisman. Já havia conseguido ter noites de sábado muito melhores - em bares e restaurantes – e mesmo dormindo antes do início de seu programa, que tende a ser bom. Tende a ser significa que muitas vezes é ótimo, caso do programa de ontem, com a participação de Selton Mello, Diogo Hypólito, a banda de Ana Cañas e Charles da Flauta. Setiveram mais pessoa não lembro.

O papo com Selton Mello sempre é bom; é um dos atores que poderia chamar “da minha geração”. Falou sobre seu trabalho como diretor e pegou no ato a música incidental do Led Zeppelin na primeira participação de Ana Cañas. Realmente é uma referência da minha geração, que parece que não envelhece.

Ana Cañas tem uma banda de segunda categoria. Fez um cover de Raul Seixas com uma música incidental de Led Zeppelin – Moby Dick. Essas coisas deixam o público adolescente, que não sabe o que é uma boa banda tocando, feliz.

Mas em termos musicais o que marcou realmente é a participação no programa de Charles da Flauta. E ele tocou muito bem. Já era um velho conhecido, pois em 1988 havia participado do Fantástico e gravado um disco. Depois de uma breve entrevista tocou o melhor do chorinho brasileiro. O chorinho de Charles é muito superior ao pop rock de Ana. Mesmo não sendo um conhecedor do chorinho, seu ritmo e suas melodias me atraem em um grau mais do que o de simples ouvinte. E esse foi o ponto alto da noite.

Depois desse programa fico apensar nas minhas influencias musicais, aonde venho adorando as letras e as músicas de Noel Rosa, a melodia do chorinho e minha tolerância à música sertaneja de raiz.

Enquanto isso, em Brasília...

Hoje estive especulando a possibilidade de como será a eleição para a presidência do Senado. O PMDB terá a possibilidade de continuar na presidência, porém desta feita com um senhor que tenho certa simpatia, mesmo sempre com um pé atrás: Pedro Simon (PMDB–RS). A disputa se daria entre Pedro Simon, apoiado pela ampla maioria da oposição com o petista Tião Viana (PT-AC).

Se esta disputa realmente acontecer, a chance de Michel Temer (PMDB-SP) de ser novamente presidente da Câmara pode sair prejudicada. Contudo tenho a impressão que Lula segue o caminho de seu grande amigo George W. Bush, mesmo tendo o contrário de aceitação popular, o que, em política, não quer dizer nada.

Tenho uma aposta que o PMDB ficará na oposição à Lula muito em breve. Não numa oposição estúpida como a dos anos petistas de oposição, mas uma mais preocupada em já manter presença no governo sucessor de Lula, que muito provavelmente não será de um petista.

A máquina do governo quer impor um petista no Senado, para conter a única forma da oposição ainda ter alguma força e visibilidade. Esta vitória no Senado é essencial a uma possível candidatura do PT, daquelas mal constituídas como já apresentou outras vezes.

Sabe-se que hoje o partido que tem a maior possibilidade de articulação e de nomes fortes para a substituição de Lula é o PSDB e este sabe que poderá contar com o DEM para as eleições majoritárias, mesmo este já se desvinculando e tendo se renovado mais rapidamente que qualquer outro partido no Brasil. Existem alas favoráveis ao PSDB dentro do PMDB, como o senador Gerson Camata, que esteve junto com Serra em 2002 e o senador Mão Santa, que esteve com Geraldo Alckmin em 2006. O PR tende a ser mais um aliado do PSDB também, mesmo sendo hoje um pequeno partido, assim como o PPS, que já é uma oposição ao governo petista. Na verdade a base governista petista é bastante volúvel.

Já há articulações entre DEM e PSDB nos estados do nordeste, com objetivo de formar palanques fortes para 2010 na região de maior influencia do governo Lula. No sul do país o PSDB encontrará maiores dificuldades, porém tende a ter apoio no Paraná e em Santa Catarina, e grande dificuldade no Rio Grande do Sul, já que a governadora Yeda Crusius esta com sua popularidade bastante baixa e uma guerra interna com o DEM.

São Paulo quase lá...

Depois de um dos melhores jogos do campeonato inteiro, o São Paulo empatou em 1 x 1 com o Fluminense. Foi um jogo espetacular, mas este empate tira e muito a possibilidade do Grêmio ser campeão, mesmo tendo o Grêmio ganho hoje de 4 x 1 sobre o Ipatinga, em Minas Gerais. A noticia ruim dessa rodada é para o Flamengo que perdeu sua participação na Copa Libertadores deixando o Palmeiras na vaga, com um empate hoje com o Vitória.

A próxima rodada vai ser ainda pior que a de hoje, com o Grêmio jogando com o Atlético, no Rio Grande do Sul, com grande possibilidade de vitória e o Goiás enfrentando o São Paulo, num jogo que deverá ser feroz, já que hoje o Goiás conseguiu empatar com o Flamengo, também num jogo bastante disputado, aparentemente.

Minha vontade era o Grêmio campeão e o Palmeiras fora da Libertadores. Objetivo que depende e muito do Grêmio, do Goiás, do Flamengo, do Botafogo e do Cruzeiro. Mas existe esta possibilidade.

Em dezembro...

Eu me enganei. Em dezembro a televisão vai pegar fogo. Iniciando logo no primeiro dia com uma edição especial de o Aprendiz 6. Pode deixar que amanhã escrevo a respeito. Sempre tenho ansiedade pelo programa de Roberto Justus, mesmo sabendo que muito do que vai ali é um bom teatro, inclusive do Walter Longo, que é um cara muito chato!

Não sei qual dia, mas estreará ainda em dezembro a mini-série Capitu, trazendo o Machado de Assis que mais gosto para a televisão (Dom Casmurro). Já li a respeito e será uma das séries mais fieis ao texto, inclusive isso deu bastante trabalho aos atores. E vamos aguardar.

Fora da televisão, o blog do Reinaldo Azevedo vai migrar de plataforma, também amanhã. Além de novas ferramentas, tomara que seus textos fiquem de mais fácil acesso no arquivo, se não terá que publicar mais um País dos Petralhas – a continuação. Acredito que até 2010 o blog de Reinaldo Azevedo vai bater todos os recordes de um blog no mundo.

Show do intervalo

Nota rápida:

O Grêmio ainda tem chances!

Contexto: O Grêmio, na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro está ganhando de virada do Ipatinga (3 x 1) e o São Paulo, líder e preparado para uma grande festa hoje do seu sexto título brasileiro esta empatado, num belo jogo, com o Fluminense (0 x 0). E eu estou escrevendo no intervalo do jogo...

novembro 29, 2008

Pouca Vogal

Cidadão Quem e Engenheiros do Hawaii são duas bandas de Porto Alegre. O Pouca Vogal é um projeto do vocalista do Cidadão Quem com o vocalista (baixista, guitarrista, tecladista?) dos Engenheiros do Hawaii. É um projeto puramente artístico de vozes e violões e alguns outros arranjos. Gostei. Pena que hoje não estou nos dias de escutar algo assim, tão artístico.

O detalhe é que as músicas estão disponíveis em MP3 no site do projeto e não vão lançar um cd do trabalho. Quer dizer, não há nada escrito se vão ou não... Preciso fazer uma audição noutro dia, mais apurada para falar a respeito do projeto, mas a principio nada me chamou muito a atenção.

Praticamente desconheço a banda Cidadão Quem. E ela já tem certa história.

Architecture Of Aggression

“(...) Great nations built from the bones of the dead,
With mud and straw, blood and sweat,
You know your worth when your enemies
Praise your architecture of aggression (...)”


Architecture of Aggression – Megadeth - Countdown to Extinction (1992)

A Segunda Guerra Mundial ainda deixa um rastro de destruição nos dias atuais. A intenção de se estudar o período, produz ainda hoje uma série de questões relacionadas a inúmeras ordens, inclusive artísticas. Há coisa de algumas semanas me deparei com este DVD – Arquitetura da Destruição (Undergågens Arkitektur), um documentário que trata sobre relações do nazismo com o cinema e a arte. O documentário foi lançado em 1989 na Suécia é mais um dos momentos, como dizer, que trata de questões artísticas no período nazista.

Ao se estudar os modelos arquiteturais há passagens referentes a questões que levaram os nazistas (e fascistas) a adotar uma arquitetura de ordem clássica, greco-romana. Este documentário traz mais questões a esta realidade, falando do rebaixamento da arte moderna, já existente e influente no período entre guerras na Alemanha. Leva em alguns casos a lembrar de Hannah Arendt, uma estudiosa cujos trabalhos há tempos me são indicados e até hoje não estudei. Outro dia, na Livraria da Vila, me deparei com uma porção de títulos de sua autoria. Provavelmente seus estudos me serão bastante úteis para compreender as questões relacionadas ao totalitarismo numa pesquisa futura. Ao lado de Viktor Frankl e Eric Voegelin, acredito ser fontes mais do que necessárias para tratar deste assunto.

Não sei ao certo como cheguei a este tema, mas não consegui comprar este DVD ainda, mas cheguei a ver parte deste documentário num canal a cabo. Lembrei-me rapidamente da música do Megadeth homônima. Sabia que poderia haver e há ligação entre as duas. Lembro-me de ter comprado o álbum Coutdown to Extinction ao final de 1994 e já o ter escutado inúmeras vezes, em K7, entre 1993 e 1994. Acho até hoje várias das letras de Coutdown to Extinction e Youthanasia bastante fortes. Não à toa continuo a gostar de Megadeth tantos anos depois, como em muitas vezes já citei por aqui. Não sei o que chamam por aí de letras com “profundidade” ou quando chamam certos indivíduos de “gênios” por causa de alguma letra qualquer ou aquelas entrevistas onde falam sobre “azeitonas do pastel”, noticiadas como “históricas”.

Muitas vezes fico indignado com certas questões da cultura pop que simplesmente se tornam “históricas” e alguns meses depois são esquecidas. Uma prova disso é o filme Tropa de Elite, que até hoje não assisti. Os comentários, as piadas, as cenas e toda uma especulação sobre um Tropa de Elite 2 ou um seriado de TV mostram claramente que histórico mesmo foi o fato de ter sido visto por muito mais gente graças a pirataria, lançado nos camelôs antes mesmo do lançamento oficial. Ou não, mostra que artisticamente é muito bom, que mesmo só com a propaganda boca a boca foi um sucesso. Bem, vou avaliar isso daqui a alguns anos, se ele durar tudo isso. Eu aposto na pouca durabilidade...

Falar da arte, do cinema, da cultura pop, da alta cultura às vezes se torna chato demais. Principalmente quando me deparo com gente que nunca vai entender qual a diferença entre uma coisa e outra e como isso nunca vai fazer mudar uma vírgula na vida deles. Uma outra coisa que fico extremamente feliz é quando me vejo numa mesa de bar com amigos e amigos dos amigos e alguém me fala que foi viajar pelo nordeste e diz ter entrado em contato com a obra de Gilberto Freyre. Ouvi isto pelo menos duas vezes nos últimos anos. É uma alegria e tanto! Imagine que depois disso a pessoa acaba por ler Casa Grande & Senzala, que se sabe lá porque “sumiu” das universidades. Ao lado do pequeno Raízes do Brasil, sempre citado e pouco lido, de Sérgio Buarque de Holanda, acredito eu serem as duas obras mais básicas para começar a entender o Brasil.

É incrível que documentários não tenham lá grande divulgação ou acesso. Não sei dizer, mas parece que ficam recolhidos a pequenos meios. Venho tentado acompanha o festival É Tudo Verdade, para saber dos documentários. É talvez uma das poucas oportunidades de se conhecer os documentários produzidos no Brasil. Os livros, nestes casos, são mais comuns, mas que é interessante ver materializado além de fotos e letras é. Gosto de ver o History Channel por causa disso. E foi de lá que soube deste DVD, tema inicial deste pequeno texto confuso...

Nostradamus

“(…) La tentazione
cercando la gloria
il prezzo da pagare
e la caduta dell'uomo. (…)”


Pestilente and Plague – Judas Priest – Nostradamus (2008)

Eu já havia avisado que o novo álbum do Judas Priest, uma das bandas que mais marcaram minha adolescência, só poderia ser bom. Logo à primeira audição observei novas e antigas sonoridades ao mesmo tempo. Não tão inquietas e cruas como Breaking the Law, mas muito maduras e com uma produção fantástica, além da voz sempre incrível de Rob Halford, de volta e sempre presente.

O álbum Nostradamus é conceitual e todas as faixas tratam de falar alegoricamente sobre a obra do profeta francês. Não analisei profundamente as letras e nem o farei, mas algumas que chamaram a atenção justamente foi Pestilente and Plague cujo refrão inicia este texto, escrito em italiano.

Não é um disco para quem não gosta do gênero. Certa vez me pergutaram se algum disco de heavy metal poderia ser apreciado por alguém que não seja apreciador do gênero e com certeza tem pelo menos uns dois álbuns assim, mas a pessoa, no mínimo, tem que gostar de rock´n roll. Nem que seja um fã de Beatles...

Mas Nostradamus não é para fãs de Beatles e sim para quem está próximo das tendências atuais de bandas de doom metal, gothic metal e até melodic metal, que para mim são definições muito pouco específicas que surgem para atender justamente esse tipo de conclusão: sim, Nostradamus tem mais de novas sonoridades que de sonoridades de suas raiz; porém se sua raiz é a raiz das novas sonoridades, logo ele é o Judas Priest de sempre...
Difícil seria dizer que o trabalho não empolga. Em 2007 tiveram dois trabalhos de bandas bastante conhecidas que não me empolgaram muito. E um trabalho de uma banda nova, que sempre digo que além de mim deve ter mais uns dois ou três fãs com meu perfil, que foi excelente. Mas o Judas foi extremamente competente em seu álbum. Muito mais do que esperava. Não tive o prazer de vê-los ao vivo ainda, pois este ano não tive como ir vê-los, por inúmeros motivos, e em 2005 morava eu nos Estados Unidos. É duro dizer, mas Judas é uma daquelas bandas que já tentei ver e não consegui. Tem uma outra banda que segue o mesmo rumo... Parece até maldição...

novembro 28, 2008

Lendo, lendo e lendo...

Nem sabia, até hoje, que Washington Olivetto tinha um blog. Na verdade acho que meio mundo tem blog. Mas quem será que lê tudo isso? Leio constantemente o blog do Reinaldo Azevedo, a coluna semanal de Olavo de Carvalho, regularmente o blog do Zeca Camargo, o blog e a coluna semanal de Daniel Pisa e não tenho tempo para praticamente mais nada, a não ser ver o que os amigos escrevem. Às vezes passo horas lendo blogs de amigos e as loucas indicações que fazem. Mas já disse que leio bastante, na internet e fora dela. Estou atualmente com uma fila de leituras, mas no meio do caminho leio um ensaio ou outro de livros variados. Fora os livros que fazem parte das pesquisas, dos quais tenho sempre que fazer anotações, pois se não fico louco atrás do que havia lido e gostado, o que toma certo tempo e tenho que fazer com mais atenção e por períodos mais longos.

Tempos atrás peguei um livro do Walcyr Carrasco, que tem também um blog, e li de uma vez os três primeiros capítulos. Era um livro de fácil leitura, muito bom e o que mais gostei é da forma bem humorada que escreve. Era uma pequena autobiografia, cujo nome não recordo. Essas coisas acontecem.

Acabei de ler no blog do Zeca Camargo da lista de livros que lhe foi dada em seu primeiro emprego. Toda hora um livro é indicado. A dúvida é escolher quais serão lidos ou não. Eu uso um critério razoável e que tenho gostado para esta escolha: ler primeiro os clássicos e no meio do caminho, se der, algo de entretenimento e lançamentos. Os clássicos são os mesmos de sempre: Machado de Assis, Eça de Queiroz (do qual até hoje tenho certo medo de um, nunca iniciado), Shakespeare, Thomas Mann e mais uma porção. Normalmente tendo a seguir a indicação do curso “Expedições pelo Mundo da Cultura”. Outros livros são de interesse variado, como os que falam sobre os arquivos russos – um soube por Boris Casoy e outro que acabei por conhecer sozinho. Já devo ter falado sobre listas alguma vez por aqui, agora estou com certa preguiça de buscar o texto.

Bem, fora as leituras, tenho tempo para ouvir música, como agora escutando Secret Voyage, tenho tentado assistir TV e ir ao cinema. Estes dois com pouca freqüência. Foi-se o tempo que podia até acompanhar uma novela da Globo... Gostava de ver as novelas das sete, normalmente uma comédia. É bom se divertir com a televisão. Esperar dela educação ou informação de formação é esperar demais de um veículo tão ágil. Mesmo quando assisto ao History Channel, meu canal predileto no cabo, tenho por método tentar extrair fontes para buscar depois referencias. Da mesma forma com o Megacontruções do Dicovery Channel. Ver TV é bom, mas não é tudo. Irrita muito ver idiotas que “satanizam” a televisão. É um veículo, mais nada. Quando escuto rádio, a CBN na verdade, também creio na questão do entretenimento e da informação mais cotidiana. Não acho que uma entrevista vá “mudar minha vida”.

Falando em entrevista, lembro-me de um livrinho na época da faculdade que chamava Rem Koolhaas Conversa Com Estudantes. Não cheguei a comprá-lo, mas até hoje minha curiosidade é grande a respeito deste livro. Nunca o encontrei em livraria alguma para folhear e saber exatamente do que se trata. É um daqueles mitos editoriais que ainda rondam minha imaginação. Esse livro me faz pensar em o que se esta lendo hoje nas faculdades de arquitetura. Normalmente uma minúscula parcela dos estudantes lê alguma coisa, além da aula, se é que lê o que a aula pede. Mas há os mitos das leituras de faculdades de arquitetura. Como também deve haver os de outras faculdades.

A leitura ainda é a maior fonte de formação individual. Televisão, internet, jornal, revista, completam este conjunto de possibilidades. A formação universitária é amplamente ancorada em bibliografias e trabalhos práticos. E qual seria a “quantidade certa” de livros a ler em um ano? Se tivesse este resposta... Só uma coisa fica bastante clara: no mínimo mais que doze livros num ano. Sim, mais que um por mês. Isso sendo uma quantidade mínima. Claro, certos livros demandam mais tempo, como Crime e Castigo, de Dostoievski, mas, do mesmo autor, pode-se ler Notas do Subterrâneo ou O Jogador em muito pouco tempo.

novembro 27, 2008

Do blog de Washington Olivetto

Vou ligar na W/Brasil só para ouvir a espera telefônica...

Escute e leia aqui.

Arquitetando Caminhos e a liberdade de escrever

Certa vez uma pessoa me escreveu dizendo que eu não precisava responder que não lembraria de passar outra vez no meu blog. Imagino o que se passa. Já li inúmeros blogs dos quais nunca mais passei novamente. Alguns me indignei com o que lia, como certa vez um deles criticava a Sandy por cantar “standards de jazz” em sua carreira solo. Era um daqueles que acreditam que sem o mercado, sem o consumo e sem o capitalismo o mundo seria bem melhor... Em outros gostei do que lia, em partes; falava muito bem sobre política, sobre comportamento e um lixo sobre religião. Um outro fala muito bem em René Girard, que mal conheço, além das citações. Mas é um caminho, sempre.

Conhecer algo novo atrás de uma indicação é sempre legal. Descobrir também é bom. Como outro dia li no blog da Norma Braga, que é um dos blogs que volto constantemente mesmo sem conhecê-la nem nada, só para ver o que esta escrevendo, falando do livro Ortodoxia, de Chesterton. Um dos livros que estão na fila das minhas leituras.

Uma outra ocasião alguém me falou de um blog de nerds, onde havia um podcast de nerds, aliás, muitíssimo engraçado, porém longo demais. Gostaria de ter mais tempo para me divertir com essas coisinhas, mas ta difícil.

Bem, por fim entrei num blog há pouco tempo que falava dos grandes blogs e porque era um pequeno blog e porque existem mais de 100 mil pequenos blogs só no Brasil. E, resumindo, se trata de ter a liberdade de escrever o que bem entender, desde que dentro das regras do provedor e que não haja ofensas a outras pessoas. Nada mais natural. Nada mais do que faço. Se sou lido e detestado, ou se nem meus amigos me lêem não faz tanta diferença, afinal o que importa é ter este espaço para escrever a hora que eu bem entender e sobre o que quiser (dentro daquelas regras lá estabelecidas). Agora, agradeço muito aos muitos leitores que me lêem, da forma anônima e também daqueles que me escrevem.

Sinto às vezes decepcionar aos que aqui entram atrás somente de informações “arquitetônicas”. Afinal, a idéia inicial do blog, em 6 de abril de 2007, era a de que “do ponto de partida ao ponto final se traça um caminho. Este pode ser curto, longo, sofrido ou mesmo tranqüilo. Nunca saberemos qual caminho realmente tomamos à não ser no ponto de chegada. Assim inicio esse blog, timidamente e sem saber aonde vou chegar. Aqui vou falar de tudo um pouco: da arquitetura, do urbanismo, da literatura, da arte, da vida, da cultura, da música, do cinema e até do futebol. “Tudo ao mesmo tempo”, ou quase tudo, em tempos diferentes. Mas o importante é o caminho, sempre. Caminhar é preciso.” E continuo seguindo este princípio até hoje.

O interessante que ao longo desse período de tempo tive momentos que sofria muito para escrever. Outros que de tão cansado os textos saiam avessos, embolados, necessitando reescreve-los, coisa que até hoje não fiz. Muitos temas estão parados e muitas pesquisas travaram. Se um dia conseguir retomar parte já me dou por feliz. Fora isso, cada postagem é uma quase amostra dos temas que cuido e muitos deles são de entretenimento, pois nem só de pesquisa viva o homem. Paralelamente a este blog existe um arquiteto trabalhador e um pesquisador acadêmico que está travado entre um Aldo Rossi e uma Jane Jacobs, que está ansioso por ver o livro sobre a Fundação Iberê Camargo e o novo livro de residências de Sylvio de Podestá, além de abismado com a quantidade de informações de Trivium. Há também uma pessoa que almeja dar aulas, logicamente de arquitetura, mas pode ser de qualquer tema também.

Outro dia fui entrevistado para um trabalho de educação artística, por uma adolescente muitíssimo interessada, integrante do programa “aprendiz”, na empresa que trabalhava. Ela me disse que expliquei bem os tópicos relacionados à arquitetura. Se eu fosse dar aulas para adolescentes iria ser extremamente visual e iria enchê-los de datas e informações. Claro, não iria dar certo, mas fiquei apavorado com a postagem de Zeca Camargo a respeito da Bienal. Será que eles não querem fazer nada mesmo? Sinto que a internet só serve a quem se interessa ou a quem tem algum estimulo externo de busca.

Tenho certo receio de naufragar na possível investida da docência, mas seria um naufrágio somente meu? Lendo sobre Arthur Schopenhauer, ele não era muito popular com alunos. Bem longe do início do tema previsto para este tópico tenho ficado muito passivo a respeito de certas coisas, não xingando ninguém, e observo que muita gente mereceria Não é do meu feitio sair xingando, como certos cães de blog até grandinhos. Na verdade eu simplesmente ignoro. Tanto é que até hoje lembro de uma citação bastante interessante no site Arq!Bacana e no blog da revista portuguesa Atlântico. Das negativas não lembro de nenhuma, se é que há alguma... Devo ser também ignorado.

O importante mesmo é que o banco Real dá dez dias no cheque especial... Essa frase me faz lembrar de quanto gosto da profissão de publicitário. Recentemente estava vendo o livro de Washignton Olivetto, O Primeiro Agente Nunca Esquece, em que o marcador de páginas é uma alça cor-de-rosa de sutiã. São coisas que se poderia dizer que é feio e tal, mas se for racionalizar em termos profissionais, é um dos melhores trabalhos de edição gráfica que vi. Genial. Tenho muita curiosidade sobre os trabalhos publicitários, desde a concepção original até a execução artística do trabalho. E esse interesse é além da curiosidade uma questão profissional a ser tratada. Quando lembro de entrevistas do arquiteto Jean Nouvel que li, em muitos momentos ele dizia trazer para a arquitetura muita coisa do universo publicitário. Isso sempre me foi bastante interessante, porém pouquíssimas vezes consegui ir mais longe nestes temas. Ou seja, quanto mais para frente vou, mais temas me sobram. Lembro de um maravilhoso texto sobre a arquitetura residencial e o cinema dos anos 50 (Livre pensar é só pensar: casa, cidade e pax americana). Como se vê, tudo há uma breve ligação arquitetônica. Vamos em frente! Ou melhor, vou em frente, já que um dos pressupostos deste blog é justamente ser individual.

OBS.: Enquanto escrevia estas poucas palavras e orquestrava as muitas idéias, escutava o novo disco do Judas Priest - Nostradamus. Este merecerá em breve uma postagem...

novembro 26, 2008

Living in Bahia

Não havia dado atenção ao livro Living in Bahia, achando que era mais um daqueles livros de fotografias de ambientes de interiores daquele modismo que se mostra uma das coisas mais bizarras que já vi: móveis e objetos de uso da Bahia tradicional usados em decorações de ambientes em casa em São Paulo e Rio de Janeiro. Mas decorações fake de uma modismo sem igual, de mais baixa cultura que aquele do neo-neo clássico (já que o neo-clássico original era aquele do arquiteto Ramos de Azevedo). Mas não. O livro é muito bem feito. Muito bem fotografado e mais que tudo mostra arquitetura arrojada e da melhor qualidade. Uma arquitetura que tem muito da influencia do clima da Bahia, mas não de uma Bahia caricatural, mas de uma Bahia rica em ambientes.

São residências e até apartamentos de David Bastos e outros arquitetos, tendo até uma residência com uso da cobertura verde, técnica que faz do tradicional telhado um canteiro onde a terra faz o papel de isolante térmico, e assim também faz a captação das chuvas que fazem este jardim sobre o teto sustentável. Uma das técnicas mais interessantes na atual arquitetura sustentável. O livro é realmente uma beleza! Vale muito o investimento acima dos R$100,00...

A principio, achei que o livro era mais um daqueles “politicamente corretos” que tentam passar a impressão de uma “nova arquitetura antiga”, das vilas de pescadores, presentes também no livro, mas sob aspecto didático e histórico. Mas o livro vasculha muito mais que isso. Era de se esperar sabendo que a Taschen não costuma fazer edições mal feitas de trabalhos ligadas à arte e arquitetura, já tendo editado Álvaro Siza e outros tantos arquitetos. Além da edição em três idiomas, o livro tem ótimos textos muito empolgantes, que não pude terminar de ler na Saraiva Megastore por causa do fechamento da loja. Se há alguma outra vez que possa ter me enganado era justamente ao contrário desta: um livro que julgava ser bom e foi um médio bem ruim. Esse vale a pena conhecer, mesmo porque é um princípio, nem que seja um pequeno princípio, que no Brasil se faz muito mais arquitetura do que as expostas nas revistas especializadas.

Não que tenha algo contra a arquitetura de Paulo Mendes, muito pelo contrário, o projeto da capela no Recife é de muito bom senso, mas há de se fazer mais por uma arquitetura muito mais plural. Não está na mesma linha de edição, mas o novo livro de Sylvio de Podestá também mostra uma arquitetura regional de muito boa qualidade. No momento não temos um mega-arquiteto despontando no mundo todo como um novo Niemeyer, mas uma arquitetura com cara de brasileira, como a do escritório Bernardes + Jacobsen, ou a arquitetura muito bem produzida de Isay Weinfeld, também agraciado com uma belíssima edição recente. Living in Bahia segue mostrando um pouco mais de uma arquitetura regional, muito bem feita, como também há outras edições da Taschen com a arquitetura de Bali, etc., mostrando esta pluralidade espalhada pelo mundo.

O fôlego do Zeca Camargo

Leio com certa freqüência o blog do Zeca Camargo, jornalista conhecido da MTV de minha adolescência e atualmente apresentador do Fantástico na Rede Globo de televisão. Cada postagem dele são textos enormes, isso por que são resumidos. Isso mesmo. São enormes textos, mas são resumidos, rápidos. Não à toa ele deve ser uma máquina de idéias e uma pessoa que vive realmente acelerado. Sim, muitos dos textos, ele acaba se alongando em assuntos paralelos, totalmente pertinentes. E mesmo assim ele tem ainda que se explicar, pois uma enorme quantidade de gente desconhece certas referencias pop em que trabalha nos textos, principalmente às ligadas a música pop.

Zeca Camargo talvez seja um dos melhores jornalistas a escrever sobre cultura pop e isso sem ser chato ou “estrela”. Além disso, já o vi em palestras, como as três disponíveis no site da TV Câmara, no programa Sempre um Papo. Naqueles anos de MTV nem o achava grande coisa, com aquele tiara nos cabelos meio longos. Mas o tempo foi passando e ele aos, sei lá, 45 anos de idade, é ainda uma pessoa que sabe as novas tendências e tem um ouvido apurado para música. Infelizmente não é um fã do bom e velho rock´n roll. Talvez seja isso que o deixou mais atento ao universo pop.

Uma pessoa dos anos 1980, que gostou muito provavelmente de Police, Culture Club, New Order e outras bandas que só fui ouvir e muito mal, uma década depois... Filho do ambiente do vinil e da fita K7 e com certeza dos primeiros cd´s lançados no Brasil. Hoje falar sobre isso é quase uma incompreensão, já que qualquer garotinho de 11 anos tem mais horas de música no ipod que de vida tirando o sono...

Bem, além de falar de música, comportamento, televisão, ainda fala e escreve muito bem sobre cinema. E olhe só que já tive a impressão que ele tinha colaboradores pela quantidade de atividades que faz. Quanto tempo será que dorme? Será que tem vida social? Bem, isso pouco me importa. O importante mesmo é ter suas referencias e isto materializado em livros. Já falei dele aqui em outros momentos (aqui e aqui).

Além de Zeca Camargo há outros jornalistas que me agradam muito falando do universo pop, como a Ana Maria Bahiana. Ela escreveu o bom e engraçado Almanaque dos Anos 70, com inúmeras boas mostras de como era a cultura pop durante aquele período. E é aí que fica minha dúvida: cultura pop também é cultura? E eu mesmo respondo: claro, “tudo vale a pena, quando a alma não é pequena” (Que poético eu... No fundo tenho mesmo esta dúvida, mas continuo a consumir cultura daquilo que me interessa pouco me importando se é alta cultura ou baixa cultura, ou até mesmo porcaria.).

Uma menina e a capivara...

“3 black crows were sitting on a fence
Watching the world pass them by
Laughing at humanity and its pretense
Wondering where next to fly...(...)”


3 Black Crows – Blackmore´s Night (2003)

Certa vez conheci uma bela menina. Acredito ter sido em Florianópolis, muitos anos atrás. Dentro de uma montanha de assuntos comuns, ainda naquele momento não tinha as definições políticas quanto as atuais e ainda tinha certo vício de ações coletivistas baseadas naqueles assuntos de ordem momentânea, mas foram bons longos assuntos. Um deles até hoje me intriga muito: o ódio dessa menina a capivaras.

Nunca vejo com bons olhos roedores, mas a capivara em sítio natural não parece ser nenhum tipo de ofensa. Que pode uma capivara fazer ao ser humano? Mais medo ele deve ter de um do que uma criança por ela. Porém eu resolvi investigar um pouco o tal ódio pelo roedor. No local onde morava, uma cidade do interior de Santa Catarina, esses roedores aparecem por todo lado. Não à toa ela deveria é ter medo do bicho. Mas era algo interessante falar com ela sobre este assunto. Nunca me diverti tanto.

Certa vez me disse que estava na rua e um roedor apareceu e foi em sua direção. Não a atacou, mas ficou com aquele ruído típico de ratazana para cima dela. Pobrezinha. Não sei nem o que dizer mais a respeito. Imagino as capivaras a atacarem sem dó. A chegada ao hospital e o os enfermeiros a perguntar se era uma “chupa-cabra”, um leão? Não, uma capivara... Bem, felizmente nada aconteceu. O bicho foi embora.

Quando morava na Florida, num belíssimo condomínio em Pembroke Pines, próximo a um rio, tive o desprazer de me ver de frente com um quati, ou outro roedor de porte médio que saindo do rio veio em minha direção. Pra variar, estava eu ao telefone e o bicho ia se aproximando. Lembrei-me na hora das capivaras da menina... Imagine só! Eu sendo atacado por um quati na Florida! Bem, o animal tomou outra direção quando um carro adentrou ao condomínio. Sorte minha não ser atacado por roedores malditos!

Agora entendo o que a menina queria dizer com o ódio às capivaras. Ok, capivaras e quatis em ambiente natural tudo bem, no meu quintal não! Eis uma das coisas que agradeço por morar em cidades é exatamente não ter que me envolver com quatis e capivaras. Este contato com a natureza deixo para os biólogos, veterinários, agrônomos e zootecnistas.

Tenho também uma birra com cavalos. Não que os deteste, mas quero-os bem longe de mim. E isso já faz um bom tempo. Uma das coisas que mais detesto quando há aquelas pessoas que ADORAM andar a cavalo. Tenho até dores no fígado... Como pode alguém gostar de andar naqueles animais? Tanta coisa mais interessante a fazer em Águas de Lindóia, Campos do Jordão, etc. do que andar a cavalo... Outro dia perguntei a uma amiga, que viajou pelo Marrocos e Egito, como era andar a camelo. Foi ótima sua resposta: cheiram pior que cavalos. Notadamente ela e eu não somos fãs dos eqüinos e agora também não dos dromedários e camelos.

Antes de perguntarem o que acho de outros animais, vou falar um pouco das minhas manhãs. Quase todos os dias sou acordado por pássaros cantando. Há um casal (ou uma dupla, sei lá eu) de papagaios que cantarolam muitas manhãs durante a semana. Nada disso me incomoda. Se um fosse um mísero pássaro enjaulado acho que reclamaria por horas ao dono, mas os livres pássaros me encantam. Tenho um gato, que come e dorme o dia todo. E meu irmão tem cachorros. São belos Labradores e Golden Retiever. Nada contra os animais, pelo menos alguns deles...

novembro 23, 2008

E o campeonato brasileiro...

E o campeonato brasileira de futebol está chegando ao fim...

Hoje acompanhei por alto o jogo entre São Paulo e Vasco da Gama, um a poucos dias de por a mão na taça, graças à incompetência principalmente do Grêmio, mas não muito menor a do Palmeiras e do Flamengo. Bem, uma coisa há de se dizer: o meu time, o Corinthians, só foi para a segunda divisão do campeonato porque, além de muito incompetente, claro, o Goiás, time quase rebaixado junto com o Corinthians, ganhou do Internacional de Porto Alegre, campeão do mundo! Sabe quando um São Paulo, campeão do mundo, perderia para um time quase rebaixo no final de um campeonato? Nunca! O São Paulo, mesmo não sendo meu time, sempre teve muito respeito por seus adversários e sempre, sempre mesmo, entra num jogo para ganhar. Nem que seja um treino, nem empate lhe agrada. Eis porque está próximo de seis conquistas...

Outros times também poderiam seguir este caminho, como o Internacional, o Grêmio, o Vasco da Gama, o Cruzeiro e por que não o Palmeiras e o Corinthians? Mas ainda falta muito para que o “país do futebol” seja um real país do futebol. Onde ídolos dos times não sejam peças com valores comerciais maiores do que o jogo de futebol. Se um jogador não esta satisfeito com o salário que vá jogar na Itália, Ucrânia, Espanha e Inglaterra. Mas se é do seu coração jogar num time brasileiro, como praticamente todos são, então que façam um pouco por seus times também. Claro, que esses times também deveriam parar de esfoliar o jogador...

Futebol é um esporte que mundialmente tem mais importância a outros, vejam só a Copa do Mundo,evento de proporção semelhante à uma Olimpíada. Mas, claro, no Japão um lutador de sumo tem uma vida muito, mais sem comparação, a de um lutador de sumo brasileiro. Assim como o basquete e o baseball tem mais importância para os americanos. São questões singulares década país. O que se deveria fazer no Brasil é um clube de futebol com modalidades de outros esportes para que o torcedor seja contemplado com mais variedades de competições. Eu iria com certeza assistir ao campeonato de vôlei feminino, ou masculino se lá tivesse a representação corintiana do vôlei. É um marketing a mais. Seria brilhante ver os atletas dos Corinthians indo para a Olimpíada. Se tantos torcedores consagram durante o Carnaval a Escola de Samba da Gaviões da Fiel, qual o mal de prestigiar o time de vôlei, basquete e outras competições?

Adeus lírico!

Bem, todos sabem da existência do Foro de São Paulo, este ente que vem dando sérios problemas para a imprensa governista conseguir dar lógica a ações do governo. Lógica como o empréstimo para se fazer o metrô de Caracas, empréstimo ao Equador, venda por preço inferior de refinaria da Petrobrás à Bolívia, entre outras questões trabalhadas dentro dos participantes do Foro de São Paulo. Sim, todos sabem, e se não sabem é bom recorrer ao recente livro do Dr. Heitor de Paola e descobrir por conta própria, que a minha paciência é muito próxima de zero a respeito desse caso.

Não, meus queridos, Lula é um grande idiota latino-americano. Ele consegue ser pior que George W. Bush, que foi impecável como “presidente do Iraque” ou como chefe de segurança nacional (ver aqui). O que me falaram outro dia é que sou um “radical”. Não, sou até suave demais; nunca falei deste assunto no blog. Esta talvez seja a primeira vez que sou mais direto a respeito deste ilustre senhor de barbas. E, claro, para pedir um adeus lírico. Já deveria ter perdido seus poderes políticos em 2005, quando do escândalo do “mensalão”. Não perdeu e ganhou as eleições, o que, como diz Reinaldo Azevedo, urna não é tribunal, logo, não sei o que faz a oposição neste país. Bem, sei que ele é adorado por 70% da população, que eu logo tendo a pensar em que tipo de gente vive ao meu lado neste país e o que esperam para seu futuro...

Pensei em várias vezes que sua consciência poderia um dia pesar e ajudar aos pobres deste país. Mas não, isso nunca aconteceu. Nem o tal auxílio “bolsa-família” ou “fome-zero” fazem algo acontecer nas consciências destes senhores, que continuam numa “macabra” onda revolucionária. Onde querem chegar? Quem querem enganar? Muita gente da classe média está ainda anestesiada com a atual situação geral, de bons ganhos e de uma estabilidade econômica brasileira, sem se dar conta de sua estrutura de porcelana. Mas o que se pode esperar de uma população que mal sabe a diferença entre substância e essência? E isso falo da incrível classe média semi-letrada, não dos pobres desdentados. Não acho que as críticas de outros tempos devem parar no esquecimento do “eu disse isso?”. Uma metamorfose ambulante congênita que a classe média consegue esquecer do seu discurso de ontem para fazer um novo hoje, sem coerência alguma, somente justificando o injustificável para simplesmente fazer bonito em face dos muitos rostos aspirantes a concordar com tudo que seja retoricamente estético, mesmo sem lógica alguma.

Ser considerado “radical” hoje é por um dia ter sido complacente com algum rosto aspirante de antes. Lembrando que “Jesus não tem dentes no país dos banguelas”, a História dá a nota somente no fim do período, não importando os rumos que as forças de mercado ou as forças políticas tomem. Não há “orientador” para a conclusão dos atos.

Toda a vez que lembro da carta que Fernando Henrique Cardoso escreveu durante a campanha de 2006, e que a campanha do PSDB não seguiu sua essência com o desastroso resultado. Mais uma derrota. Assim como este ano quando novamente FHC falou que a aliança deveria ter sido mantida desde o começo, alertava para o bom desempenho do atual prefeito de São Paulo, reeleito. De novas forças e novos rumos, de novos discursos e de discursos sem fundamento além do retórico sem lógica. De certa forma, a orientação existe. O que falta é ouvido. E olhem bem, não estou falando de nenhum líder liberal ou conservador, mas de um líder da social democracia, um “socialista fabiano”, talvez. Claro, para um rosto aspirante chamar pelo nome certo é quase um ato de loucura.

Algo que aprendi é nunca tentar entender a mente de uma pessoa vítima da “nova era” ou com viés esquerdista. Sempre é uma farsa. Um liberal, eleitor da esquerda daqueles tempos imaculados e com autocrítica suficiente é de uma total e completa harmonia. Claro, uma pessoa que minimamente sabe que John Locke não é um personagem de seriado, que sabe do que se trata o Foro de São Paulo, já leu mais de dez livros na vida e sabe a diferença entre liberalismo e neoliberalismo, não pode ser alguém idiota suficiente para acreditar em falácias e consegue firmar uma lógica entre fato e retórica, entre discurso de ontem e discurso de hoje, e, mais que tudo, preza por liberdade de expressão.

Não vou me alongar neste assunto chato, pois não quero uma Al Qaeda eletrônica no meu pé. E também como certa vez um amigo me perguntou em que este assunto atrapalha minha vida e só pude responder que sou produtor cultural. Se cultura é um bem maior, e este é simplesmente solapado, não me resta muito a não ser claro com o que é a “essência” do meu trabalho, não com as “substâncias” que o compõe.

novembro 22, 2008

Secret Voyage

Na mesma percepção das postagens anteriores, falando sobre AC/DC e Malmsteen, não poderia esquecer do nem tão recente lançamento de Secret Voyage (julho de 2008), mais recente álbum da nova banda de Ritchie Blackmore, o Blackmore´s Night.

Muito parecido com Village Lanterne, este novo álbum também trabalha temas de origem celta, com certa semelhança com a música “new age”. O show do Blackmore´s Night é um tanto quanto cenográfico, porém com a diferença do uso de instrumentos medievais, que trazem timbres diferenciados aos arranjos das músicas. Como todos seus discos, a sonoridade é muito interessante, tendo ainda como meus prediletos o Village Lanterne (2006) e o Under a Violet Moon (1999). O breve e muito bom álbum de final de ano (mensagem de natal) Winter Carols (2006), não lançado no Brasil, é também muito interessante por sua sonoridade.

Acompanho a banda desde sua primeira formação e primeiro trabalho, logo após Richtie Blackmore ter terminado pela segunda vez o Rainbow. Felizmente tive a oportunidade de assistir ao Rainbow nesta fase com o grande vocalista Doogie White. Tive enorme vontade de assistir em 2005 o show do Blackmore´s Night em Moscou, porém por datas e por fim o cancelamento do show, nem sequer fui para Moscou. Seria interessante ver em Moscou uma banda que tenho tanta vontade de ver ao vivo. Seria mais interessante em São Petersburgo, onde Malmsteen gravou seu primeiro álbum ao vivo – Trial by Fire (1989). São aquelas emoções que somente que tem alguma ligação mais afetiva pode dizer do que se trata. Este é outro show que espero ver no Brasil, ou em algum lugar no mundo.

Esta era uma banda que não imaginava que duraria tanto, pois já passa de mais de uma década e continuam a fazer o mesmo tipo de sonoridade, com efeito, mais madura e trabalhada. Não é o tipo de som que um fã tradicional de Deep Purple ou de Rainbow gostaria (no Brasil sei que não gosta), mas com certeza é um trabalho novo e bastante cuidadoso, que os leva a públicos variados.

Em termos de origens celtas, gosto também, e muito, de outra banda chamada Coor´s, formada pelos quatro irmãos, fazem uma música pop mesclando as origens da música irlandesa, num trabalho interessantíssimo. Tem aí uma roupagem moderna, sem o aspecto cenográfico medieval do Blackmore´s Night, mas soa muito parecido, um tanto também por serem vocais femininos predominantes. Como disse, tenho gostos bastante ecléticos, mas só perguntar qual música eu gosto, logo respondo: Heavy Metal!

BLACK ICE

Prosseguindo no meu histórico com bandas ocidentais, tenho um enorme prazer em ter comprado recentemente o novo álbum do AC/DC - Black Ice – mesmo tendo que ir trocá-lo na loja por ter sido sorteado em comprar um sem o encarte. Além de comprar o cd original, coisa rara nestes dias de download, fui agraciado com a cópia sem encarte, lacrada, ou seja, culpa da empresa que fabrica os cd´s.

Um álbum puro. Só isso que tenho a dizer. A faixa Anything Goes logo a primeira audição me chamou a atenção para alguma mudança na concepção musical. É dentro do disco talvez a mais parecida com o último álbum, gravado oito anos atrás (e que não estaria na lista dos que mais gosto do AC/DC). Nem lembro ao certo de como comecei a gostar de AC/DC, mas data também da adolescência e ia um tanto quanto “contra o consenso” de meus colegas da época. Basicamente me sentia sozinho, o único que gostava de AC/DC, até que um dia conheci um guitarrista que tinha Angus Young como ídolo e muito amigos deste guitarrista que gostavam muito do trabalho da banda.

Sempre é assim: quando se conhece algum grande fã de certa banda, os amigos também costumam gostar. Mas comigo esta regra quase nunca funcionou; se não fosse por algumas questões relacionadas a algum saudosismo dos anos 1980 acredito que muitos dos músicos amigos que tenho não compartilham o resto do meu gosto musical.

Certa vez me apresentaram uma ligação entre Malmsteen e AC/DC, um tanto torta, porém com algum argumento. E lembro o local, o show e o ano, mas não a pessoa. O ano era 2001, durante o show de Ronnie James Dio no Credicard Hall, e o fraco argumento era que tanto Malmsteen quanto AC/DC não tendem a mudar muito nos discos com o passar do tempo. O que é óbvio um equivoco. As diferenças não são drásticas, como um disco dos Titãs, que a cada nova moda modelam seu trabalho com o “tempo atual”, mas sutis, trabalhadas sob temas e sobre rifs. E em Black Ice não poderia ser diferente.

O maior show que pude ver até hoje foi do AC/DC. Foi em 1996 durante a tour de divulgação do álbum Ballbreaker, no estádio do Pacaembu. Dia inesquecível. Show inesquecível. E olha que naquele mesmo estádio já havia visto outros grandes shows como Ozzy Osbourne, Alice Cooper, Megadeth e outros. Agora é só esperar que apareçam por aqui novamente...

Inspiration...

Yngwie Malmsteen gravou no ano de 1996 um álbum interpretando várias músicas de outras bandas e músicos, chamando este trabalho de Inspiration. Não à toa neste trabalho temos musicas de Jimi Hendrix, Deep Purple, Rainbow, Rush e Kansas, todas bandas que o autor diz serem suas maiores influencias em entrevistas. Acho extremamente transparente este disco, justamente por ter interpretado musicas bastante conhecidas como Child in Time e Mistreated. Logicamente este disco teve certa crítica, já se falando que seu repertório e seu estilo já estavam desgastados, e que este disco era praticamente o fim de sua carreira.

Bem, após este disco Malmsteen gravou mais oito álbuns, sendo um com orquestra, outro tocando ao vivo com Steve Vai e Joe Satriani, mantendo uma banda estável por pelo menos sete anos (entre 2001 e 2007). E recentemente acaba de lançar mais um álbum, em outubro de 2008, que ainda não tive a oportunidade de escutar. Pode-se dizer que mudou um tanto de seu estilo, ficando seu som mais pesado e menos trabalho instrumental. Sua inspiração deve continuar sendo praticamente a mesma, talvez com algumas adições. Tive o prazer (para ele nem tanto) de encontrá-lo mais de uma vez fora do palco e continuo a nutrir certo prazer em ouvi-lo tocar.

Em sua ultima apresentação, São Paulo em 2007, me deu impressão de um show muito melhor – e com a mesma banda de acompanhamento – que o show de 2001, mesmo com o problema já identificado em 2001, de perder muito dos arranjos de certas músicas por necessitarem de backing vocals. Acredito que Yngwie Malmsteen é o músico estrangeiro que mais assisti até hoje. O primeiro show foi em 1996, tendo assistido os dois dias de sua passagem por São Paulo, como da mesma forma em 1998, tendo ainda participado de workshop e noite de autógrafos nos dias que antecederam suas apresentações que culminaram no lançamento de um disco ao vivo.

Tenho estado afastado de shows de outros músicos e bandas nos últimos anos, afinal, não dá para participar de tudo. Mas tenho acompanhado o percurso de certas bandas. Algumas se separaram e seus integrantes formaram trabalhos ruins, assim como poucas novas bandas me chamaram a atenção. Hoje não tenho qualquer envolvimento com o meio musical, praticamente tenho só escutado trabalhos novos de bandas que já gostava muito e mesmo assim, comprando cd´s raramente. O que é interessante é que tenho escutado muitos outros tipos de música e continuo a me refugiar naquilo que conheci na minha adolescência.

Talvez um dia possa fazer uma análise mais profunda do porque gosto mais de escutar Malmsteen a escutar outros guitarristas e uma dica já tenho hoje: é por ser um músico com inspiração ocidental. Não que não goste de vários dos orientalismos presentes nas músicas de Steve Vai ou mesmo em alguns discos de Martin Friedman, mas não é o mesmo de escutar a atual banda de Ritchie Blackmore ou mesmo Malmsteen. Influencias... Inspiração... Preferências...

novembro 16, 2008

O Trivium

Lançado há pouco tempo pela editora É Realizações, a tradução de Trivium, as artes liberais da lógica, da gramática e da retórica, escrito pela Irmã Miriam Joseph, é um dos grandes caminhos para se entender a diferença entre educação e ensino. Um caminho longo, pois nos dias atuais muito se perdeu da ordem clássica nesse assunto.

Certos estudos sobre a idade média apresentam tanto o Trivium quanto o Quadrivium, mas sem o devido entendimento do que seria exatamente cada um deles. Hoje, ao pensar nas questões de educação, sempre estão ligados fatores de ordens distintas que normalmente tentam uniformizar questões que são pela própria natureza humana desiguais.

Recomendo a leitura de Trivium, como estou fazendo. Aqui e aqui.

novembro 09, 2008

The architecture way of life...

Se há uma coisa que nenhum arquiteto pode reclamar é a maneira de encarar a vida. Uma vida que normalmente é bastante dura, mas recheada de deslumbramento, de prazeres refinados e de muita, muita criatividade. O diferencial é que a obra do arquiteto normalmente perdura por muito mais tempo que a obra de outros profissionais, como, por exemplo, os de propaganda que muito exige da memória do público.

Arquitetura tem um prazer silencioso. Um prazer também existente na obra de arte pública, como no Monumento às Bandeiras de Victor Brecheret, onde a obra possui uma característica urbana, muito além do objeto artístico. Como afirma o filosofo espanhol Ortega y Gasset, a “arquitetura é uma arte étnica e não se presta a caprichos. Sua capacidade expressiva não é muito completa, pois, os amplos e simples estados de espírito, os quais não são de caráter individual, mas de um povo ou de uma época. Além do mais, como obra material supera todas as forças individuais: o tempo e o custo que supõe fazem dela forçosamente uma manufatura coletiva, um trabalho comum, social.” Muito desse caráter que Ortega y Gasset trata, também pode haver relação com outro pensamento encontrado na obra mais conhecida de Gordon Cullen, Paisagem Urbana: “Se me fosse pedido para definir o conceito de paisagem urbana, diria que um edifício é arquitetura, mas dois seriam já paisagem urbana, porque a relação entre dois edifícios próximos é suficiente para libertar a arte da paisagem urbana.” (pág. 135).

Trabalhando sobre estes pensamentos, poderia definir que a arquitetura, além de ser uma arte coletiva, só existe se ligada a uma função. Há como haver arquitetura sem função, mas está então não seria também somente uma obra de arte? Ou seja, se há então, uma função, uma arte e uma estrutura técnica para existir, para se por em pé, teria então a triade vitruviana? Sim, diria eu, inocentemente... Não tenho como confirmar estas pequenas questões, mas insisto que este seria um caminho a percorrer na vida arquitetônica.

Retornando ao tema central deste texto, a maneira de viver de um arquiteto, normalmente se baseia na busca de um trabalho em harmonia do ambiente, dos materiais e de quem usufruirá deste local. Pensar num teatro, numa biblioteca, num clube, numa casa com piscina, numa cadeira, numa sala, num dormitório, envolve sempre um fator humano em primeiro lugar. Lembro-me de um dos meus primeiros contatos com o universo arquitetônico, numa palestra sobre a profissão de arquiteto na FAU-USP, lá por volta de 1995, onde não lembro ao certo se foi o prof. Issao Minami ou o prof. Minoru Naruto, falou sobre a parte técnica e da humana da arquitetura, onde ela é uma ciência humana ao mesmo tempo também uma ciência exata. Lembro também de uma frase do arquiteto Oswaldo Arthur Bratke, na edição especial dos 50 anos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie (1947-1997): “Arquitetura é a profissão mais gostosa que tem. Quando você procura um médico? Quando tem algum problema. Quando procura um advogado? Quando há pendências. Para que se procura um arquiteto? Para construir uma casa, para organizar um espaço para viver e trabalhar, enfim, para algo bom, gostoso.”

Não sei dizer, mas toda vez que escuto falar em Sergio Bernardes, do seu filho Cláudio Bernardes, (já falecidos) ou do seu neto Thiago Bernardes, sempre me vem à mente um escritório grande, de bastante volume de trabalho, mas de um local gostoso, de trabalho com prazer. Lembro de ler uma entrevista de Sérgio, falecido em 2002, onde falava que mesmo aos 80 anos de idade ainda trabalhava 12 horas por dia. Não se pode dizer que não é dura a vida de arquiteto, mas ao ver o resultado das mais de 1500 residências realizadas por seu escritório, é um trabalho da mais alta qualidade. Um trabalho, como se pode ver, um tanto quanto invisível. Não há sequer uma publicação dessa obra completa em livro. Há, claro, publicações em inúmeras revistas, nacionais e estrangeiras.

Este trabalho “invisível” muitas vezes é de um prazer enorme, como muitas vezes pode trazer traumas ou toda uma atitude autoritária. O lado individual e coletivo do arquiteto deve andar também sempre em equilíbrio. A busca deste equilíbrio é em muitas vezes aquilo que sai da arte e entra no “negócio”, no lado empresarial da situação.

Hoje a existência de inúmeros escritórios “corporativos”, interessados na gestão de projetos padronizados, retirando muito da questão “artística” do arquiteto para formalizar uma arquitetura “comercial”. Este efeito poderia dizer que é causado por tratar a arquitetura não como uma função, mas como um dos fatores indutores de consumo ou imagem. Veja que aqui nada estou falando de mal das questões de consumo, elas fazem parte das relações humanas, mas o grau de funcionalidade da arquitetura exigida para estes casos é muito menor do que se apresenta ou é pedida. Fazendo uma volta às aulas de teoria da arquitetura, aquele modelo arquitetural chamado “ativista”, não é nada mais que uma arquitetura com tempo de vida, com a função de surpreender e logo se superar. É a arquitetura do parque de diversões; é de certa forma a mais cênica das arquiteturas. Não há nada de errado com ela, pois, em muitos casos, é a forma de manter em atividade um escritório de arquitetura. É mais um dos “meios de vida da arquitetura”.

Lembrado que a arquitetura possui um número grande de formas de atuação, como o projeto de edificação, o paisagismo, a arquitetura de interiores, o desenho industrial (comunicação visual e projeto de produto), o urbanismo, o restauro, além das funções de reflexão e crítica arquitetônica, poderia dizer que em todas as áreas há sempre quatro tipos de profissionais: aqueles que são os idealizadores, que conseguem erguer conceitos que norteiam todos os outros; aqueles mais políticos que conseguem conquistar fatias de mercado; aqueles empresários que vêm no trabalho arquitetônico uma forma de negócio, de resultado financeiro e por fim aquele que faz o que os três anteriores determinarem. Há nessa relação dos quatro grupos uma harmonia indiscutível. Todos têm seu dever a cumprir, assim como todos tem sua parcela de prazer. Não há ai nenhuma desvantagem em nenhuma das quatro categorias de profissionais, somente que cada uma viverá de acordo com seu grau de risco e de liberdade, assim como também em termos de rendimento financeiro.

A complexidade e a contradição já fazem parte da arquitetura contemporânea há tempos, e não caberia neste pequeno texto voltar a elas e nem esgotar este assunto. Mas é interessante voltar à questão de como é a vida de arquiteto e mostrar que ela é heterogenia tanto quanto outra profissão qualquer, não cabendo aqui tentar dizer que arquitetos podem trabalhar de chinelos ou que são sempre artistas. Mas vale dizer que nunca um arquiteto vai ter a ação e o risco de uma profissão como a de policial ou a de bombeiro e que pode demorar muitos anos para que alguém possa trazer um elogio a sua obra construída, assim como pode ter sua obra destruída ou concluída parcialmente, desvirtuando sua concepção original. Nem tudo são flores na vida arquitetônica, mas nem tudo também é desanimador. Há sempre uma agradável harmonia nas situações arquitetônicas. Há sempre uma forma de debater este tema sobre qualquer uma das quatro categorias listadas acima. Por todas elas há sempre um caminho...

novembro 08, 2008

Convite!


Como poderia falar de um lançamento de um livro que, não que não fosse esperado, mas é uma forma de pensamento complicada tanto de se produzir como de se editar um livro. Os aforismos sem juízo, constantes há anos na coluna Sinopse, do jornalista Daniel Piza, agora serão publicados. O lançamento será nesta segunda-feira, na Livraria da Vila.

Pouco mais de um ano depois de Contemporâneo de Mim, uma coletânea de textos também publicados em Sinopse, o lançamento de Aforismos sem Juízo completa muito do pensamento do escritor, jornalista e crítico (de arte, moda, futebol, política, cinema...) e nos dá impressos praticamente todo seu trabalho de mais de uma década de coluna.

Leio Daniel Piza há muitos anos. Logo no começo o que me chamou a atenção era um não arquiteto falando sobre arquitetura. Era justamente uma crítica ao “Novo Museu”, de Curitiba, batizado posteriormente de Museu Oscar Niemeyer. Falava também sobre Machado de Assis e colocava também no pequeno espaço de sua coluna semanal um pouco sobre o “ludopédio”. Era interessante ler suas colunas, sempre falando sobre música, exposições, livros e, claro, um pouco de arquitetura. Tempos depois comecei a ler alguns de seus livros, como Jornalismo Cultural e Perfis & Entrevistas. O primeiro dá um panorama da história do jornalismo cultural. Um livro de referencia para jornalistas, não a toa faz parte de uma coleção a respeito dos vários temas jornalísticos, dos quais nunca li nenhum outro. O segundo trata de fazer uma coletânea das entrevistas e perfis que Piza produziu na carreira jornalística.

Primeiramente não sou jornalista, sou arquiteto interessado em escrever e ler. Este interesse não é de hoje, mas diria que uma grande influência está nas crônicas de dois arquitetos: Paulo Casé e Sergio Teperman. O primeiro escreveu A Cidade Desvendada e o segundo As Cidades Vivas, Viva as Cidades! Os dois livros são reuniões de crônicas publicadas em jornais. Foi justamente lendo estes dois arquitetos que notei que não falavam somente de arquitetura e urbanismo, mas de música, pessoas, viagens. Lia na também as muito bem humoradas crônicas de Mario Prata, que nada falava de arquitetura ou de arte, mas de costumes, comportamento.

Mas o que difere todos estes cronistas de Piza além da idade é que ele não escreve crônicas; ele é um jornalista cultural no mais amplo sentido que isso possa ter. Se não me engano ainda faltam alguns bons anos para Daniel Piza chegar aos 40 anos de idade e este deve ser seu décimo quinto livro. Eu gosto muito do conteúdo que escreve, mesmo discordando de alguns pormenores. Tem uma cultura e uma elegância de escrever que me motivou e me motiva a também escrever. A tentar encontrar em mim respostas que busco. A melhorar minha sensibilidade e minha criatividade. Seu texto não é superficial e nos dá toda uma quantidade de fontes a pesquisar. Nunca poderia esquecer que conheci Joseph Conrad por causa de uma citação em sua coluna.
Logicamente não posso deixar de dizer que há outros jornalistas que leio, um deles tive o prazer de participar da noite de autógrafos recentemente, e em sua pequena mensagem conseguiu captar a pequena frase que disse, saudosamente, da época em que escrevia mais sobre cultura. Assim como há certo jornalista, cronista, comentarista, cineasta, que não leio (já li e achei superficial) que muita gente pergunta sobre ele. Já participei de uma palestra e digo mais uma vez: achei superficial. Ou melhor, não achei, é. Sei que tem uma “legião de fãs”, mas não sou um. Há outro jornalista e cineasta que gosto muito, assim como há um jornalista e filosofo que considero um professor, pois dá todos os meios e um método para crescimento intelectual. Também freqüento cursos livres sobre temas culturais.
Existe claramente toda uma atmosfera me motivando. Quando iniciei este blog não tinha planejado a quantidade de temas que já trabalhei por aqui. Tinha uma idéia de caminho, mas não uma idéia de ponto chegada, como continuo não tenho. É uma obra aberta. Como uma vez me disse o arquiteto João Diniz, de uma influência que vai de Jimi Hendrix à Piet Mondrian. Eu poderia dizer que vai de Yngwie Malmsteen a Vilanova Artigas.

novembro 02, 2008

Saudade...

Gostava muito de Artur da Távola, ex-senador e apresentador do programa da TV Senado “Quem tem medo da música clássica”, morto em maio deste ano. Este sábado, 1º de novembro, teve uma reprise de um de seus programas apresentando a sinfonia nº02 em Ré Maior, opus 73, de Johannes Brahms. Uma bela apresentação da orquestra Filarmônica de Israel, sob a regência de Zubin Mehta.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...