junho 22, 2009

Mais um mini-conto!

Todo dia, toda hora, todo minuto

Ela era a mulher certa para o dia errado. Tudo nela estava certo: a altura, os traços fortes de origem eslava, o rosto arredondado e os olhos da cor do céu; da cor do mar. A altura talvez elevada, era um diferencial daquela marcante e bela senhorita de botas negras e óculos escuros. Estava tudo certo se não fosse aquela água, da chuva fora de hora. Um traço dissonante era exatamente a cor escura de seus longos cabelos, que com o vento pareciam a dançar uma polca; a polca dos deuses. Sim, deuses também dançam polca além de valsas. Pestana não precisaria se acanhar...

Porém era como houvera dito: o dia errado. O que poderia ser não foi. O que era deixou de ser. O que um dia poderia ser ainda pode... Por que não? Mas não foi aquele dia. O dia era noite e a noite era negra. Tão negra quanto a escuridão da visão de um cego. Um dia errado. Pronto. Estar preparado todo dia, toda hora, todo minuto passou a ser seu lema a partir de então. E depois da chuva, a vida renasceu. Nascia então a nova polca do amanhecer. Mas ainda não era a valsa que Pestana tanto esperava... Seria outro dia errado? Não; só mais uma vez a prova de que a surpresa não poderia vir de onde não haveria de ser.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ludo,

Tivemos um bate papo e happy hour com o Marcelino Freire. É um escritor contemporâneo, que tem sido bem festejado pela crítica. Ganhou um Jabuti e está se especializando em mini-contos, até micro. Dá uma olhada na obra dele se você não conhece, especialmente no conto Belinha. Eu gosto muito, e acho que ele tem um ritmo bem legal.

Gostei do seu mini-conto.

Bjos, Karina

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