junho 25, 2009

Na livraria...

Ao passar pela Livraria Cultura, do Conjunto Nacional, acabei por me deter em uma porção enorme de livros. O principal lançamento destes últimos tempos foi o livro de João Pereira Coutinho, Av. Paulista. Ainda não posso dizer nada do livro que é a reunião de crônicas escritas para o jornal Folha de São Paulo. É a reunião em forma de livro daqueles textos que passaram pelas páginas do jornal nestes últimos anos. Já tinha saído em Portugal e agora chega ao Brasil. Não é uma fórmula nova, já que este tipo de reunião, organizada pelo próprio autor, é bastante recorrente nestes últimos tempos. No passado se esperava pela morte do autor e faziam aquelas antologias enormes, em volumes. Acho esta fórmula muito mais interessante, já que trata de organizar também o pensamento do autor. Quando acabo por destacar este livro primeiramente, o trato por minha vontade em ler mais sobre o João, que já escrevi alguma coisa por aqui. No terceiro volume da revista Dicta & Contradicta também tem um artigo de sua autoria. Quando nos interessamos por um autor, acabamos por conhecer tantos e tantos veículos em que este se apresenta...

Continuando meu passeio pela loja, não poderia deixar de citar os vários livros de Philip Roth, como Indignação, recém lançado no Brasil. São tantos títulos que nem saberia por onde começar a lê-lo.

Há também os relançamentos: Lygia Fagundes Teles com As Meninas e Antes do Baile Verde. Tenho enorme vontade de ler a obra de Lygia. As meninas fez parte da minha bibliografia para a FUVEST. Há também relançamentos da obra de Zelia Gattai, com Anarquistas, Graças a Deus. Ao contrário de Lygia não tenho muita vontade em conhecer toda a obra de Zelia. Tem horas que temos que escolher o que não ler. Assim como o relançamento de O Capital, algumas leituras vão demorar muito para me interessar. Como certa vez João Pereira Coutinho disse, como pode ago de 150 anos ainda ser “vanguarda”? Só entendo essa “vanguarda” quando penso no livro de Diego Casagrande, A Vanguarda do Atraso.

Fora destes embates políticos, que sangram na literatura brasileira, a literatura estrangeira tem seus best sellers de outras tendências. O caso mais espetacular do momento é justamente o de Stephenie Meyer e sua Twilight Saga. O quarto livro acaba de chegar às livrarias. Estive pensando justamente nesta demora para este lançamento. Não acompanho há muito tempo a série, mas em dezembro consegui os dois primeiros volumes, Crepúsculo e Lua Nova, a um preço bem interessante. Em janeiro foi o lançamento de Eclipse, ao mesmo passo em que Crepúsculo estava nos cinemas. Não assisti ao filme. E agora em junho lançam Amanhecer. Sempre gostei de histórias de vampiros, mas a de Stephenie tem um ritmo interessante, mas como Zeca Camargo escreveu certa vez sobre outro livro, mas que se aplica bem neste caso, a série poderia ter livros menores, mais compactos, cortando certas partes da história. Mas quem sou eu para falar de Stephenie Meyer? Conseguiu ela vender suas histórias por todo mundo. Tenho curiosidade em ler seu livro e ficção científica The Host. E por seu site parece ter uma visão do vampiro Edward num quinto volume sugerido chamado Midnight Sun. Basta esperar.

Quando se fala em Meyer sempre fica alguma comparação com o mestre do terror Stephen King. E sobre outra campeã de vendas J. K. Rowling. E ainda vou mais longe: Anne Rice. King ao falar de Meyer simplesmente parece deixar claro que não se interessou muito pela saga. Compará-lo com ela seria uma besteira, pois os livros de Meyer nada têm de mistério ou de terror; são livros de ação e de um romance que só poderia estar na ficção, mas com pitadas de outros autores, até com certa tendência a uma análise metafísica de Bella Swan. Já a escritora de já clássico Harry Potter, o menino mágico, é carregada de pequenos mistérios e de ação, de uma criatividade impressionante. Não acompanhei todos os livros e nem os filmes, mas é nítido que a inspiração da autora está nos contos lendários de origem celta e outras abstrações da idade média. Agora Anne Rice. Uma escritora que venho desde 2002 conhecendo pouco a pouco. Quando seu livro da década de 1970 foi transformado em filme nos anos 1990 – Entrevista com Vampiro – a legião de fãs de todas as histórias de vampiros se mobilizou para iniciar uma verdadeira cultura sobre o tema, que tem variações musicais, visuais e de comportamento, além das literárias. Neste caso Meyer seria uma extensão desta cultura; uma parte dela, um produto.

Talvez eu seja um grande entusiasta de culturas novas (o termo seria sub-cultura pop urbana). Pois da mesma forma que acho interessante, sem, no entanto, tomar partido além da leitura, existem outras sub-culturas que praticamente tenho pouco conhecimento, mas cada vez mais vem tomando conta das produções atuais. Os quadrinhos talvez sejam as que têm maior vertente, com os lançamentos da Marvel nos cinema, tais como X-Men, Homem de Ferro, Homem Aranha, ou mesmo no caso dos quadrinhos adaptados ao cinema como Watchmen e Sin City. Existe ali mais do que a simples especulação de uma ficção científica, há quase a criação de universos completos.

Voltando ao passeio pela livraria, parece que hoje os livros voltaram a ocupar lugar de destaque, não importando a temática. A área de DVD´s e CD´s parece estarem perdendo parte de sua presença, tão marcante nos anos 1990 quando surgiram no Brasil estas grandes livrarias, cujo termo em inglês parece ainda sem tradução: megastore. E o efeito disso é multiplicador. Não há quem hoje não saiba do valor da informação e da cultura, pelo menos dentro das classes que tiveram acesso mínimo. Inclusive, acho esta vertente dos HQ´s uma fonte incrível de propagação de cultura.

Pelé e Andy Warhol em 1977.
Daria para também iniciar um breve debate se esta facilidade de acesso acabou por banalizar a cultura e por baixar a o nível médio. Mas escapando disso e colocando como pré-condição que toda a vanguarda influencia um pequeno número de agentes, existe para mim ainda uma questão maior não resolvida: se algo que é elitizado e de vanguarda consegue ser popular e campeão de vendas? Esta pergunta me consome não somente quando faço um breve ensaio sem maiores pretensões como este, mas também quando busco questões profissionais ligadas a arquitetura. Logo nos primeiros anos de faculdade me impressionei muito com a obra de artistas da classificada vertente pop art, entre eles em especial com a obra de Andy Warhol, quando de sua obra exposta na XXIII Bienal de São Paulo, em 1996. Desde então já passei por fases em que gostava mais e em fases que gostava menos dessa vertente. Nos últimos tempos venho tentando ler a parte “acadêmica” desta vertente, como sempre, num trabalho entre curiosidade e busca de um caminho. Mas ainda não consegui chegar a uma conclusão. E ficam as questões.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba Ludo, vc tem mto fôlego para escrever. Seu blog é de longe o mais atualizado que eu sigo. Você já tem uma característica fundamental em que almeja escrever profissionalmente: escrever todos os dias.

:)

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