janeiro 30, 2010

Mais Ramones...

Estava outro dia fazendo uma visita a um escritório de arquitetura. O local mais parecia uma caverna. Uma escadinha e estava numa das antigas sobrelojas, onde é o tal escritório. Sem contato visual com o exterior e num ambiente definitivamente desligado do contexto tropical brasileiro, estava na tal sala de espera escura daquele escritório. Não sei dizer, mas a luz hoje me anima mais que as trevas de outrora. E havia um som ambiente. Nas caixas rolava a tal Mitsubishi FM. A minha sorte foi estar na sala de espera e estar a tocar nas caixas um bom e velho Ramones. Falei tempos atrás sobre Ramones aqui. E continuo a dizer que eles fazem parte da minha vida. Ao lado de outras bandas como o Kiss, Ramones também teve sua fase na minha vida. E vejam só, ainda hoje quando escuto lembro daqueles momentos.

O mais engraçado é que em nenhum momento tento dar “valor erudito” aos Ramones. O importante é curtir e falar que gosto mesmo e era bem punk rock mesmo. Nada de “valores intrínsecos”, “expressão artística” e outras delinqüências intelectuais. Não. Ramones é Ramones. E curtir na sala de espera foi uma alegria ímpar.

Imagino eu, se um dia fosse entrevistador de RH, questionando um candidato: “Ei, qual sua opinião sobre Ramones? Sabe, nos temos uma filosofia empresarial bastante arrojada... “

The blog is back

Yes, D. Fernando is back.

Sim, estou de volta. Por que com este início em inglês? Oras, porque iniciei um projeto de longo prazo, que estava há tempos adormecido. Bem, a idéia básica é um novo começo. Mas esse novo começo está ligado a uma parte de um processo ainda maior. Está complicado de entender? Deve estar mesmo...

Vamos aos fatos: agora novamente sou estudante universitário. Com o apoio indireto do Governo do Estado de São Paulo, volto a cursar uma nova faculdade. Fazia 14 anos que não prestava um vestibular. Não estudei nada em especial. Fui ajudado por uma manobra das tais “ações afirmativas” - o que tenho a dizer é que mesmo sem elas passaria no vestibular, com o número de acertos. Mas é sempre bom ser 14º colocado. Bem, as aulas iniciam no dia 1º de fevereiro e agora tenho como estudar alemão, francês e inglês de forma sistemática a um custo bem interessante.

E para que estudar três línguas, das quais tenho algum mísero conhecimento das duas primeiras? Oras, para construir uma carreira num espaço bastante específico da pesquisa científica. Um fato sempre está ligado a outro. Se tivesse sido aluno da graduação da USP teria conseguido há muito tempo este objetivo. Como não estudei na USP... Quebrei a cabeça por anos para conseguir saber onde poderia melhorar meus conhecimentos da língua inglesa e conseguir estudar outras línguas sem um custo astronômico ou cair naqueles cursos de “conversação”. O objetivo é simples, mas antes tenho que contar uma breve história.

Fiz várias disciplinas do mestrado / doutorado na FAU-USP, desde 2004. Tenho elaborado um plano de pesquisa que trata de estudar qual a visão que o leigo (aqui entendido como o não arquiteto) tem da arquitetura realizada no Brasil, através do estudo de algumas residências unifamiliares publicadas numa determinada revista - especializada em apresentar projetos de arquitetura e construções. Durante estas disciplinas tive, obviamente, contato com vários textos de vários autores – muitos deles que nada tem a ver com o meu projeto de pesquisa, porém, textos incríveis! E, claro, muitos deles em língua estrangeira. Só tenho a elogiar os professores da USP por seus conhecimentos em línguas estrangeiras. Isso pode parecer “colonialismo” da minha parte – explicando: muitas pessoas acham que ler em outras línguas é ainda um “espírito” da “colônia”; daqueles tempos em que os pais enviavam os filhos para Europa para estudarem, porque aqui pela “colônia” não havia boas escolas. Mas não é. E é um projeto é grande envergadura – se o foco lhe for dado sob os princípios do desenvolvimento nacional. Nem sei por que ainda perco tempo explicando este tipo de coisa... E, voltando aos textos, descobri algumas coisas absurdas. Inicio por um breve livro de teoria da arquitetura, escrito em 1961, chamado The Death and Life of Great American Cities, que na tradução nacional perdeu o “american” e passou a chamar Morte e Vida de Grandes Cidades, da jornalista Jane Jacobs. Bem, a tal tradução nacional, aportou aqui em 2000. O que são 39 anos para se traduzir uma obra que teve impacto profundo nos Estados Unidos? Bem, ainda não cheguei lá. Em 2004, a editora Cosac & Naify, lançou em português o livro Precisões Sobre um Estado Presente Da Arquitetura e Do Urbanismo, escrito por Le Corbusier em 1930. Bem, durante duas aulas na USP teríamos que estudar dois textos: um de Le Corbusier e outro de Frank Lloyd Wright. O tal texto de Wright tinha uma tradução para o espanhol, dos anos 1960, argentina. É isso mesmo, na Argentina o livro já havia sido publicado há mais de 40 anos e no Brasil, nada... Nada e nem previsão para publicação. Segundo editores brasileiros parece que não vende bem...

Para este “atraso” nas publicações, o estudante sério brasileiro estuda línguas estrangeiras. Para ler na língua original estas obras. Sou um pouco mais pretensioso. Pretendo mesmo é traduzir algumas dessa obras e buscar a publicação em língua portuguesa. Bem por isso um curso de “conversação” não acrescenta nada e busquei uma faculdade; uma nova carreira praticamente. E paralelamente, continuo meus estudos para o projeto de pesquisa. Em suma, enquanto leio um monte de coisas, tive que desaparecer do blog.

Falei a pouco com um amigo e ele me disse: vai ressurgir das cinzas? Não diria que voltar a escrever um pouco no blog seja ressurgir, mas é sempre legal falar um pouco mais do cotidiano e de coisas que não aparecem na superfície. E para isso que fiz este blog, para arquitetar caminhos!

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...