junho 28, 2009

Um sonhador

Hoje vou falar de algo totalmente inusitado. Certa vez estava falando sobre músicas no geral e alguém chegou ao tema da música sertaneja. Não sei nem ao certo como foi que escutei este disco, provavelmente não foi em casa, mas algumas estruturas musicais chamavam atenção. As letras também diziam algumas coisas, outras nem tanto, mas as rimas pareciam muito boas. Depois soube que se tornou um “clássico” do universo sertanejo, justamente por ser o último disco da dupla Leandro & Leonardo, que ao contrario de João Paulo & Daniel, fizeram enorme sucesso em praticamente todas as classes sociais no começo dos anos 1990. A carreira de Leonardo posterior a morte de seu irmão Leandro nunca chegou ao mesmo sucesso. Este disco possui algumas músicas que o cantor Leonardo diz que não podem faltar em seus shows. No caso de João Paulo & Daniel, a carreira posterior de Daniel é de um sucesso muito maior, hoje ele “substituindo” Sérgio Reis em papéis na televisão e no cinema, em suas novas versões.

Não tenho nenhuma simpatia pelo ritmo e nem muito menos pela moda que o consagrou na década de 1990 como um dos mais populares, mas em muitos casos, principalmente no interior é música de sucesso, ou simplesmente a música dominante. São daqueles regionalismos do qual não se tem noção sendo morador do maior centro urbano do Brasil. Assim como também já me falaram que no nordeste há bandas e músicos de enorme sucesso que são desconhecidos por aqui, no sudeste. Tenho que falar do meu ponto de vista, já que não posso supor o sucesso de algo que não tenho contato e nem muito menos tenho simpatia. Ou seja, este é um pequeno e despretensioso texto pautado na produção musical e nas letras que o disco disponibiliza, já que não consigo mensurar o sucesso que este disco possa ter.

“Eu não sei pra onde vou
Pode até não dar em nada
Minha vida segue o sol
No horizonte dessa estrada
Eu nem sei mesmo quem sou
Nessa falta de carinho
Por não ter um grande amor
Aprendi a ser sozinho”

Um Sonhador – Leandro e Leonardo (1998)
A faixa título já dá o ar das letras que mesmo sendo bastante abstrata trata bem do tema. Já certa vez falei aqui sobre as palavras, que nem sempre se consegue dizer o que quer com elas. Talvez seja este o grande mistério da poesia, que pode dizer tudo ou nada, dependendo de todos os sentimentos que cercam aquele universo. Quando musicadas, às vezes, as palavras ganham uma dimensão muito interessante, e, este disco em especial, acaba por ser um daqueles casos em que a seqüência das músicas e a repetição dos refrões parecem se comunicar. De certa forma a música sertaneja tem seu sucesso nos refrões simples e na perfeita mistura entre temas cotidianos de observação assim como certas amarguras de amor, como no caso da faixa título que tenta trazer um universo solitário, onde na cadencia da melodia e no trabalho de vozes tornam esta música muito maior do que até mesmo os autores imaginavam. Não sei quem produziu o disco, mas fez um trabalho muito bem feito, com timbres bons dos instrumentos, além de trabalhar sonoridades para que o fundo do disco não ficasse seco, dois fatores comuns nos discos tanto de axé quanto de sertanejos. Realmente se um dia tiver o leitor de escolher um disco de música sertaneja, opte por este. Existem outros trabalhos muito bem produzidos, caso recorrente da dupla Zezé Di Camargo & Luciano, que também não tenho nenhuma simpatia. Obviamente eu já escrevi aqui sobre o que me conduz em minhas opções musicais e normalmente tenho que recorrer a ele.

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