Quanto aos acontecimentos
das últimas semanas eu já os poderia apresentar como históricos.
Estava eu escutando rádio, trabalhando, quando repentinamente fui
acometido pela notícia da queda do avião em que estava o candidato
a presidência Eduardo Campos. Liguei a televisão e passei então a
acompanhar a eleição.
Não vinha prestando
muita atenção na campanha eleitoral. Campos já havia, no âmbito
nacional, conquistado certo destaque durante a última eleição,
quando seu partido, o PSB, crescerá em todo o Brasil o número de
prefeitos e houvera sido considerado como o grande ganhador da
eleição pela mídia especializada. Como governador de Pernambuco em
seu segundo mandato vinha tendo altos índices de aprovação. Nunca
prestei muita atenção em seu governo, mas já era uma referencia
regional de grande envergadura. Nascia ali uma nova liderança. Neto
do ex-governador histórico de Pernambuco, Miguel Arraes, vivia a
política desde muito cedo e já apresentava aos 49 anos uma carreira
política bastante sólida.
Tudo isso o credenciou a
disputar a eleição de maior importância no período pós
democratização (ou seria pós ditadura, a que cassou os direitos
políticos do avô de Campos). Mas um dos fatos mais importantes eu
nem sequer me dava conta: a aproximação de Campos com Marina Siva.
Foi uma jogada política de grande habilidade, conduzida de forma
muito bem articulada. O que garantiria ao partido uma gama de votos
muito maior do que os velhos e já desgastados integrantes de seu
partido – tais como Luíza Erundina e Ciro Gomes. Porém, com o
incidente de sua morte tudo mudou. Não vejo mais o PSB como um
partido a crescer e ampliar sua base no parlamento. Vejo o Rede
Sustentabilidade o novo partido que deverá crescer, principalmente
com a vitória de Marina, ou melhor, Silva, como é chamada pela
imprensa internacional.
A cerca de duas semanas,
ouvi Diogo Mainardi falando que Marina Silva ganharia a eleição.
Novamente fui descrente em seu comentário. Passada a primeira
pesquisa, já colocando Marina como candidata, Aécio Neves começa
a comer poeira...
Tempos atrás eu disse
numa conversa sobre o futuro da política no Brasil e falei que eu
não vejo uma longa vida nem para o PSDB e nem o para o PT. Acredito
que, fora da presidência, o PT murcharia, já que nunca foi um
partido de governadores, fora em poucas localidades – o Acre e o
Rio Grande do Sul, por exemplo. O PSDB já dava sinais de esgotamento
e não renovação nas eleições municipais de 2012. O PT, nesse
quesito, as disputas municipais, começa a trafegar no espaço que
pertencia ao PMDB e da mesma forma, sem grande similaridade com sua
ideologia inicial. Campos, iniciava um novo caminho. Mesmo o PSB
tendo este nome retrógrado, ele já se reinventava e iniciava
realmente uma nova fase.
De certa forma, eleições
onde não há mais PMDB naquele formato (partido repartido), agora
transmutado em PT, e sem a polarização PT x PSDB, nos faz ver que
envelhecemos. O próximo passo é ver Lula como uma figura
folclórica, e saber que Dilma longe da presidência não é
absolutamente nada além de um poste. E, claro, ver os partidos sem
seus donos, ou melhor, ver partidos desaparecendo com seus maiores
representantes (como o PPS de Roberto Freire, o PP de Paulo Maluf –
certo que nesse quesito os partidos já se renovaram: o PSD de
Gilberto Kassab, o Solidariedade, de Paulo Pereira da Silva e o
fenômeno de persistência em existir: o PDT, mesmo sem Leonel
Brizola).
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