abril 14, 2009

Veronica Mars

A música tema dos Dandy Warhols – We used to be friends – inicia aquela que seria uma série adolescente para substituir Buffy. Mas não. Passaram do limite e fizeram da primeira temporada de Verônica Mars uma das séries mais instigante e cheia de detalhes “anos 80” que não agradou aos fãs da pequena Buffy...

Não sei direito em que momento comecei a gostar de Verônica Mars, cuja 1ª temporada acabou de chegar às lojas. Acredito que seja pela boa escolha de Kristen Bell como atriz principal, agora também em Heroes. Mas depois de ter dado uma breve lida num artigo de Stephen King, tinha certeza que estava certo em gostar da pequena Veronica. E neste artigo King ainda fala sobre outros seriados... Um espetáculo!

Existe um livro em que foi baseado o seriado – Neptune Noir, de Rob Thomas, também criador da série. Este nunca chegará a ser traduzido para o português, acredito. No Brasil não há mais o hábito de ler estes pequenos romances, esta literatura de fácil acesso. Aqui por estas bandas acham que só com Machado de Assis se fazem leitores...

Já escrevi muitas vezes que tudo nasce da literatura, de certa forma, claro. Um seriado de TV, um filme, um roteiro de cinema ou até mesmo uma telenovela, tem as letras por trás. E seria legal se tivéssemos mais escritores médios, sem pretensões de se tornarem “Machados de Assises”, e não emulassem tanto outros escritores. Teríamos assim uma chance de aumentar o número de leitores medianos. Com muitos leitores médios, que lêem desde Stephanie Meyer e romances policiais, teríamos a sorte de ter alguns mais avançados a encarar os clássicos com outra postura.

Também por outro lado não sei se vale a pena escrever contos, livros, romances, se não há um público para lê-los. Ao mesmo tempo fico indignado com as pseudo-biografias que vão desde o mundo dos negócios a bandas de rock. Eu já li várias e algumas não respeitam questões temporais, principalmente quando escritas pelos próprios agentes. Hoje acho mais fácil uma banda de rock dar mais certo que um bom escritor. E este espaço que antes era preenchido por esta literatura média, está hoje sendo preenchido pelas séries (normalmente estrangeiras) e filmes sem muita preocupação além de um bom tema (comercial). Não sei se é ruim, a imaginação continua a ser alimentada, mas a criação do cenário mental e as palavras, as formações das frases, as nuances de mudança, como em Eça de Queiros, onde o adjetivo precede o substantivo, o ponto-e-vírgula e outras pausas, não são mais tão perceptíveis.

Mas voltando às séries, a Rede Globo tem tido sucesso na produção nacional. Fernanda Young, autora das séries Os Normais e Minha Nada Mole Vida, entre outros, também é autora de romances. Acredito por sua exposição na mídia, assim como Arnaldo Jabor, tem a maior possibilidade de ser lida. Jabor já fez uma junção de inúmeros artigos seus publicados na Folha de São Paulo e lançou em livro. É interessante ver a sua influência de Eça de Queiros e Nelson Rodrigues, porém seus escritos de ficção não são conhecidos. Chico Buarque é outro que tem a mídia à disposição. Mas ainda falta um bocado para conseguirmos realizar filmes, séries, especiais, baseados nos contos e romances nacionais médios. Ou ao contrário: não temos a menor idéia de quem escreve as telenovelas. Não faço idéia dos textos de Janete Clair, por exemplo. É nítido que as regravações de suas novelas são feitas com certa freqüência nestas duas últimas décadas, mas se perdem as idéias originais, as nuances da autora, morta em 1983. Não tenho como comparar, já que eu não assisti às originais. É interessante que mesmo após 20 anos de sua morte ainda e lembrada e relembrada (sem dizer claramente “copiada”).

Mas voltando a minha pequena Veronica Mars, não creio que a série venha a ficar na mente das pessoas, algo que compartilho com Stephen King. Para muitos é simplesmente uma série adolescente, e era para ser mesmo e em muitos momentos é um tanto. Mas quem disse que isso é ruim? A parte que atrai bastante são os pequenos mistérios, que sempre parecem ter a forma de uma grande conspiração (e em muitos casos, como do diretor da escola, é). Ao tocar em alguns preconceitos, a série também tem um lado dramático, além do espírito cômico e um tanto irônico da personagem. Uma série que junta mistério, drama, temáticas sociais e ainda tem um tom cômico e adolescente não pode ser ruim. E é por isso que fiquei vidrado na televisão querendo ver os próximos episódios.

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