Não poderia colocar outras bandas para falar do que hoje ainda gosto daquele rock nacional dos anos 1980. Poderia abrir uma exceção ao Ultraje a Rigor, mas somente pelo bom humor de suas letras a atualidade. Até mesmo Titãs poderia retirar desse tópico sendo bastante crítico. E já escrevi aqui sobre meus dias de Titãs e deles não acrescentaria mais nada, talvez a minha fase atual de gostar cada vez mais de Nando Reis. Mas eles são ao lado dos Paralamas do Sucesso e RPM foi o meu começo na música. Mas neste texto meu objetivo será o detalhar o que até hoje me faz separar Paralamas e Engenheiros de um universo que poderia acrescentar outras tantas bandas e, mais, quero fugir um pouco da idéia de recordação daqueles anos, o que pretendo retomar noutro texto, e ver o que ainda hoje me faz pensar sobre essas duas bandas em especial.
Neste outro tópico posso voltar a falar desse começo e de bandas como Legião Urbana, Capital Inicial, Irá!, RPM, Kid Abelha, Blitz, Lulu Santos e Camisa de Vênus, bandas que escutava naqueles anos e de bandas como Skank e Cidade Negra que acrescentei a partir dos anos 1990. Mas o que hoje quero falar é justamente do que ainda me influencia nos Paralamas do Sucesso e Engenheiros do Hawaii.
Nunca escondi aqui, muito pelo contrário, o quanto ainda gosto das composições – principalmente das letras – de Humberto Gessinger. Diria que é uma das bandas que mais conheço e tenho identificação com certas leituras de Gessinger, como Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Diria ser uma das bandas que ainda escuto o material novo com entusiasmo. E Paralamas a banda cuja sonoridade até hoje me encanta. Com simplicidade, acho que as melodias dos Paralamas geniais. Quanto às letras, não sou um fã convicto, mas algumas tenho grande identificação. Mas a questão maior são as boas formações melódicas com as letras e os arranjos. Muitas vezes simples, mas de um bom gosto incrível. O que tiro então dessas três bandas até hoje é a rebeldia e inovação dos discos dos Titãs, a melodia dos Paralamas e as letras de Gessinger.
Outro dia alguém me perguntou se eu gostava das letras de Renato Russo na Legião Urbana, tentando fazer um paralelo pelo meu gosto por Engenheiros. Muitas delas são interessantes, mas, como algumas dos Paralamas, música de protesto não me interessa. Se uma música de protesto é conceitual, como Desordem e Polícia dos Titãs, ou que tenha uma questão “metafísica” (fui longe demais com esse termo) como Metamorfose Ambulante, de Raul Seixas, ou Balada do Louco, dos Mutantes, há uma completa diferença. E também melódica. Mas músicas como Faroeste Caboclo, não nada tem além de uma boa letra. E isso só não me basta. Assim como num livro, a música tem que conceber uma imagem.
Certa vez comecei um texto dizendo que: O fascismo é fascinante, pois deixa gente ignorante fascinada, ao mesmo tempo em que Fidel e Pinochet tiram sarro de você, que não faz nada além de ficar aí parado olhando. E mesmo prestando atenção no que eles dizem, eles não dizem nada além de coisas abstratas, das quais você começa a achar normal que algum boçal atire bombas na embaixada... Mostrando o quanto uma música do primeiro disco dos Engenheiros do Hawaii continha um texto que pode ter um desdobramento incrível. Via isso também na música da Legião, mas não com a mesma profundidade, e talvez por não me convencer pela música. Sem contar que certos versos, assim como alguns de Cazuza, nunca me empolgaram. Talvez esteja na temática, não sei. Já músicas dos Paralamas conseguem passar sentimentos mesmo numa letra simples como a de Romance Ideal, além de uma melodia incrível. São estes detalhes que até hoje me fazem “prestar atenção no que eles (continuam) a dizer”. Mais ainda, acho que os Paralamas continuaram a experimentar e Humberto a escrever, mesmo depois de suas fases de maior fama. E Titãs não fica fora disso justamente por terem feito incrível projeto junto aos Paralamas, onde claramente dá para perceber que com conceitos semelhantes pode-se produzir música diferente.
Eis o porquê nunca gostei de dar a este rock em português uma característica única, como se fosse uma expressão massificada. Na simplicidade dessas três bandas estão contidos pormenores que as diferenciam em muito, mais importantes aos que aparecem nas bandas atuais, que são pura “atitude” e quase nenhum conceito. E isso em tempos onde há uma mídia e um sistema de divulgação muito maior. São escolhas que estas bandas fizeram e que conseguiram superar com suas opções coisa que outros só gritaram sem conseguir ser ouvidos. Como em Além dos Outdoors, (...) você sabe o que eu quero dizer / não ta escrito nos outdoors / por mais que a gente grite / o silêncio é sempre maior (...).
Neste outro tópico posso voltar a falar desse começo e de bandas como Legião Urbana, Capital Inicial, Irá!, RPM, Kid Abelha, Blitz, Lulu Santos e Camisa de Vênus, bandas que escutava naqueles anos e de bandas como Skank e Cidade Negra que acrescentei a partir dos anos 1990. Mas o que hoje quero falar é justamente do que ainda me influencia nos Paralamas do Sucesso e Engenheiros do Hawaii.
Nunca escondi aqui, muito pelo contrário, o quanto ainda gosto das composições – principalmente das letras – de Humberto Gessinger. Diria que é uma das bandas que mais conheço e tenho identificação com certas leituras de Gessinger, como Albert Camus e Jean-Paul Sartre. Diria ser uma das bandas que ainda escuto o material novo com entusiasmo. E Paralamas a banda cuja sonoridade até hoje me encanta. Com simplicidade, acho que as melodias dos Paralamas geniais. Quanto às letras, não sou um fã convicto, mas algumas tenho grande identificação. Mas a questão maior são as boas formações melódicas com as letras e os arranjos. Muitas vezes simples, mas de um bom gosto incrível. O que tiro então dessas três bandas até hoje é a rebeldia e inovação dos discos dos Titãs, a melodia dos Paralamas e as letras de Gessinger.
Outro dia alguém me perguntou se eu gostava das letras de Renato Russo na Legião Urbana, tentando fazer um paralelo pelo meu gosto por Engenheiros. Muitas delas são interessantes, mas, como algumas dos Paralamas, música de protesto não me interessa. Se uma música de protesto é conceitual, como Desordem e Polícia dos Titãs, ou que tenha uma questão “metafísica” (fui longe demais com esse termo) como Metamorfose Ambulante, de Raul Seixas, ou Balada do Louco, dos Mutantes, há uma completa diferença. E também melódica. Mas músicas como Faroeste Caboclo, não nada tem além de uma boa letra. E isso só não me basta. Assim como num livro, a música tem que conceber uma imagem.
Certa vez comecei um texto dizendo que: O fascismo é fascinante, pois deixa gente ignorante fascinada, ao mesmo tempo em que Fidel e Pinochet tiram sarro de você, que não faz nada além de ficar aí parado olhando. E mesmo prestando atenção no que eles dizem, eles não dizem nada além de coisas abstratas, das quais você começa a achar normal que algum boçal atire bombas na embaixada... Mostrando o quanto uma música do primeiro disco dos Engenheiros do Hawaii continha um texto que pode ter um desdobramento incrível. Via isso também na música da Legião, mas não com a mesma profundidade, e talvez por não me convencer pela música. Sem contar que certos versos, assim como alguns de Cazuza, nunca me empolgaram. Talvez esteja na temática, não sei. Já músicas dos Paralamas conseguem passar sentimentos mesmo numa letra simples como a de Romance Ideal, além de uma melodia incrível. São estes detalhes que até hoje me fazem “prestar atenção no que eles (continuam) a dizer”. Mais ainda, acho que os Paralamas continuaram a experimentar e Humberto a escrever, mesmo depois de suas fases de maior fama. E Titãs não fica fora disso justamente por terem feito incrível projeto junto aos Paralamas, onde claramente dá para perceber que com conceitos semelhantes pode-se produzir música diferente.
Eis o porquê nunca gostei de dar a este rock em português uma característica única, como se fosse uma expressão massificada. Na simplicidade dessas três bandas estão contidos pormenores que as diferenciam em muito, mais importantes aos que aparecem nas bandas atuais, que são pura “atitude” e quase nenhum conceito. E isso em tempos onde há uma mídia e um sistema de divulgação muito maior. São escolhas que estas bandas fizeram e que conseguiram superar com suas opções coisa que outros só gritaram sem conseguir ser ouvidos. Como em Além dos Outdoors, (...) você sabe o que eu quero dizer / não ta escrito nos outdoors / por mais que a gente grite / o silêncio é sempre maior (...).
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