julho 22, 2007

Companhia S/A Auto-estradas – Uma história sobre Congonhas

Trechos retirados do livro: Guarapiranga – Recuperação Urbana e Ambiental no Município de São Paulo. Coordenação: Elisabete França. São Paulo: M. Carrilho Arquitetos, 2000. Páginas 48 a 50.

“Em 1925 formou-se a empresa S/A Derrom-Sanson, que tinha como objetivo a “construção e conservação de estradas de rodagem, terraplanagem, arruamento e calçamento” e serviços afins. (...)

Dois anos mais tarde, a empresa ampliou seu capital e alterou sua constituição; passou a ser a principal acionista da então criada S/A Auto-estradas. A iniciativa foi de Louis Romero Sanson, que conseguiu atrair para a nova companhia um seleto grupo de empresários, com nomes de expressão na sociedade paulista dos anos de 1930. A meta inicial da Auto-estradas era construir uma estrada pavimentada em concreto, ligando São Paulo a Santo Amaro. Mas na esteira desse objetivo vieram outros ainda mais ambiciosos e economicamente mais lucrativos, que foram conhecidos como “Projeto Interlagos”, quais sejam: as avenidas Washington Luís e Interlagos, o Aeroporto de Congonhas e a “Cidade Satélite de Interlagos”, compreendendo hotel, igreja e autódromo, em áreas destinadas para uso residencial, comercial e industrial.

Para por em prática todo este empreendimento. A companhia iniciou suas ações negociando grandes glebas de terras com os proprietários dos terrenos que seriam cortados e, consequentemente, beneficiados com a construção da estrada de rodagem. Parte das propriedades eram passadas para a S/A Auto-estradas, que acumulou um patrimônio imobiliário considerável, valorizado com a implantação dos seus próprios empreendimentos. Anos depois, a comercialização dessas terras passou a ser o principal negócio da companhia.

A construção da auto-estrada para Santo Amaro iniciou-se em 1927, pelo lado de São Paulo, e as obras forma concluídas só em 1933. O trajeto total tinha 14 quilômetros, começando na Avenida Brigadeiro Luís Antônio até o pedágio na Vila Sophia, próximo à Chácara Flora, seguindo uma variante para a represa.

(...) Em 1929, a auto-estrada foi inaugurada, com parte do leito em concreto e parte ainda em terra, pois o revestimento asfáltico foi concluído só dois anos depois. A empresa enfrentou problemas financeiros decorrentes da inadimplência de seus clientes, o que dificultou o andamento das obras, mas não chegou a paralisá-las. Em 1940, foi construída uma variante em direção à represa, que dava acesso exclusivo à Cidade Satélite de Interlagos e ao autódromo.

A propaganda da auto-estrada procurava passar uma visão da nova via, voltada para o automóvel (...). Porém, como nessa época eram poucos os que possuíam automóveis, a empresa implantou também uma linha de auto-ônibus entre São Paulo e Santo Amaro, para facilitar o acesso ao empreendimento.

A despeito de todas as suas iniciativas, os negócios da S/A Auto-estradas não iam bem no início dos anos de 1930. Um novo e grandioso empreendimento daria fôlego à companhia: em 1935 iniciaram-se as obras de uma pista de pouso, futuro Aeroporto de Congonhas. A aviação constituía, naquele momento, um ícone de modernidade e a população idolatrava aqueles que com suas máquinas cruzavam os ares. Eram cada vez mais freqüentes as travessias, os “raids” aéreos, as competições e apresentações de pilotos, na maioria vindos de famílias da elite nacional ou estrangeira.
Além do mais, São Paulo necessitava de outro campo de pouso, pois o existente Campo de Marte não atendia mais às demandas do tráfego aéreo e às exigências das companhias internacionais, Apesar de não ser proprietária, a Auto-estradas tinha opção de venda de uma gleba de 880 mil m² na região de Congonhas e lhe interessava comercializar essas terras para a instalação do novo aeroporto. Os argumentos técnicos para convencer o Governo do Estado a adquirir aqueles terrenos eram sua acessibilidade, visibilidade, drenagem e área disponível. Varias estratégias foram usadas para convencer o interventor estadual à época, Armando de Salles Oliveira, a optar, entre as ofertas em tela, pela região de Congonhas, e ele finalmente acabou autorizando a compra destas terras. Em 1938 o aeroporto já estava operando com vôos de passageiros e de cargas. Além de aviões militares, de treino e de turismo, conforme relatório da Secretaria de Viação e Obras Públicas de São Paulo.”

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