julho 19, 2007

Não raro...

Não raro é procurar o culpado...
Não raro é ao saber que é o culpado, desconversar ou silenciar, para tirar o corpo fora...
Não raro é dividir a culpa e não arcar com a responsabilidade...
Não raro é trocar o certo pelo incerto... Só para ver se melhora....
Não raro é ver que dá trabalho dar rumo ao país...
Não raro é ver que o ranzinza de ontem é o certo de hoje...

Por que digo isso? Porque...

Não raro vejo pessoas a me falarem abóboras a respeito daquilo que não entendem...
Não raro é ver que o Josué tinha razão...
Não raro é ver que o óbvio, no Brasil, parece “teoria da conspiração”...
Não raro é saber que o silêncio dá mais medo que o barulho...
Não raro é não saber quem estava de que “lado” em 1964...
Não raro é não saberem quem “ditou” as regras entre 1930 e 1945...
Não raro é não ter lido “Memórias do Cárcere”...

Quer mais?

Não raro é não saber quem era presidente da ONU quando da criação do Estado de Israel...
Não raro é ouvir que Geoge Bush é “genocida” e Fidel Castro é um “democrata”...

Por que o governo Lula tem culpa no acidente da TAM?

Por Cesar Maia, prefeito da cidade do Rio de Janeiro:

Ex-blog do Cesar Maia em 19 de julho de 2007:

“1. Ontem -no Rio-Centro, durante o PAN - a assessoria de comunicação do governo federal distribuía para a imprensa alguns "papers" sobre o que o governo federal vem fazendo. Um deles tinha o seguinte título: MINISTÉRIO DO TURISMO APLICA 107 MILHÕES DE REAIS. Quando se lê o texto se verifica que estes 107 milhões de reais foram aplicados no novo terminal do aeroporto Santos Dumont no Rio. Como a Infraero pertence ao Ministério da Defesa, fica-se pensando na seriedade daquele "paper".

2. Mas se a Ministra do Turismo se atribui responsabilidade sobre as obras de um aeroporto interno do Rio, por muito maior razão deve se atribuir responsabilidade sobre as obras do maior deles, o aeroporto de Congonhas. Coerentemente, a ministra deverá ser ouvida sobre as obras de lá... assim como chama a si, as de cá. (...)”


Quando vai tudo bem, o governo colhe os frutos (como no caso da super-safra de soja), mas na hora que as coisa vão mal (acidente da GOL, acidente da TAM, caos aeroportuário) a responsabilidade é de governos passados. Para ser mais exato, só não conseguiu até hoje culpar FHC da corrupção do seu governo...

Sempre tive muitas críticas ao governo de Fernando Henrique Cardoso, mas isso vai para outro texto, onde posso falar exatamente o porquê das coisas. Isso num outro dia, que eu esteja menos revoltado. Só posso dizer que nunca, em momento nenhum, achei que Lula ou PT fosse solução para o Brasil.

Em 2004 falei que o governo teria que melhorar a infra-estrutura, isso incluiria além do fornecimento de energia (hidroelétricas), mudanças nos portos e aeroportos, além de estradas e outras benfeitorias. Não se pode negar que o último governo que trabalhou nesse sentido não era eleito pelo povo.

Agora vamos aos fatos de Congonhas.

O aeroporto é mais antigo que os bairros que o circulam. Não se pode fechar aquilo que veio antes. Pode-se e foi levemente esboçado pela Infraero, vetar aeronaves de maior porte de pousar em Congonhas, como a do acidente da TAM. A segurança dos passageiros e dos habitantes à área do entorno do aeroporto sempre deveria ser prioridade. Sendo assim algumas medidas deveriam ser tomadas. A priori estariam ligadas às pistas de pouso e decolagem. O que importa agora é realmente avaliar isso para o futuro. Diminuir o fluxo do aeroporto e propor um novo aeroporto. Pensando já numa rede que pudesse ser ligada ao metrô e trens da CPTM. Reformar o Campo de Marte também seria uma alternativa.

O transporte aéreo em todo mundo passa por dificuldades. Dificuldades financeiras, diga-se. Logo se vê que no Brasil acontecem coisas absurdas. Nos últimos dez anos, talvez quinze, o número de brasileiros aumentou nos aeroportos. Ao mesmo passo que empresas sumiram do mercado, como a Transbrasil, VASP e a Varig. Eram mal administradas? Eram... Deveriam ser ao menos. Coisa que a Gol não é, pelo menos aparentemente. A TAM cresceu. Teve sua primeira mancha na queda do avião em 1996. Era culpa do avião. Ao menos até hoje não se esclareceu isso com tanta certeza. Dois dias atrás acontece essa tragédia em Congonhas, onde não só a aeronave como o edifício em que ela se chocou, são da TAM.

Pouco mais de 10 meses, dois aviões se chocam no ar. Depois se desencadeia uma onda de atrasos e surgem hipóteses de deficiência nos sistemas de controladores de vôo. Nada provado. Ainda. Porém o ministro da economia diz que isso é culpa de uma “pujança econômica”. A ministra do turismo diz que é uma questão de relaxar e gozar. Não raro se verá que a culpa que cabe ao Estado, de proteger a população de acidentes, já que o governo é o controlador do espaço aéreo e de seus portos, será esvaziada em demagogias e em busca de culpados, quase sempre nunca encontrados. Ao se encontrar um, se divide a culpa dele com outros, já que a culpa é sempre de quem veio antes. Poderia ponderar aqui todos os tópicos acima e dizer que não é uma questão de politizar a questão, mas nunca ates nesse país estivemos tão inseguros nos céus.

E digo mais: o caminho que esse governo toma, não é em busca da democracia. Nem em busca dos cidadãos. Nem em busca de soluções para os problemas. Mas em busca dos interesses dos empresários. Mas em busca de um novo modelo de país, do qual você será “salvo”. Se você acredita em salvação que não seja sagrada, confie nesse governo que com certeza você vai conseguir chegar lá. Tomara que não seja como as quase 400 vítimas dos dois acidentes, TAM e Gol. E tomara que também não seja como as quase 40 mil mortes ligadas ao narcotráfico, área onde o governo federal atua com verdadeira “presença”. Tomara também que não seja com a fome continuada dos atendidos pelos “programas sociais”. Bem, eu já fui longe demais do tema. Fico por aqui, revoltado com essa forma de ver o mundo. Que não é minha, mas desse governo, que em 2002 pregou que seria a “salvação”. Eu votei no Serra.

Lembro, como se fosse hoje, de um programa de Garotinho, que em sua mão estava “a carteira de trabalho” e ao fundo a foto de Getúlio Vargas... Em nenhum momento ele falou em quantas pessoas morreram nas mãos daquele que criou a “carteira de trabalho”. Claro, ele não leu “Memórias do Cárcere”. E ele nem deve ter lido “Olga”. Nem ele e nem o Lula. O Ciro Gomes virou ministro de governo. Como disse acima, não raro achar que fatos comprovados são “teorias da conspiração”. O engraçado é saber que a “Carta do Trabalho”, feita por Vargas, era inspirada (copiada) da “Carta del Lavoro”, de Benito Mussolini. Assim como saber que a única oposição que Lula tem hoje é de uma meia dúzia de bons samaritanos que não são cegos e muito menos ignorantes.

Infelizmente eu sozinho nada posso fazer. Escrevo aqui para uma parcela de amigos, dos quais não espero que concordem comigo, pois, como dizia Nelson Rodrigues, toda a unanimidade é burra.

3 comentários:

passaportecultura disse...

em 1934 moema tinha 7.492 habitantes e o bairro era conhecido como indianópolis.
o aeroporto de congonhas foi construído em 1936, logo havia bairro(s) ao redor de congonhas qdo o aeroporto foi construído.

www.moema.com
www.google.com.br

beijo
obs> só a gente para ficar debatendo rota de avião na balada e acidente aéreo. ..

D. Fernandinho disse...

Pois é, sempre existe algo antes... Existia indíos antes de ter portugueses... Agora Indianópolis ia até perto do que hoje se conhece por Paraiso (o bairro). Mas especificamnete onde esta o Aeroporto era zona rural, assim como os arredores todos até o núcleo de Santo Amaro. Hoje Moema se estima 200 mil habitantes (eu acho esse dado errado, mas... é o único que tenho)... Então comparando os 200 mil com os mais tantos de outros bairros como Paraiso, aqueles seus 7 mil eram nada mais que uma fazenda, se diluidos pela área.

Mas quanto aos assuntos, tinhamos que marcar em um outro lugar, para continuar, hehehe!

Pois é... ano que vem eu volto lá... demorei 45 min, com sono, para pagar a conta. Meu humor não aguenta mais isso...

beijo

João Batista disse...

A culpa é dos pioneiros da aviação, o prolongamento da lógica nos levaria a afirmar. A culpa é de quem construiu o Aeroporto, ou a cidade entorno. Certamente o projeto do Aeroporto não é dos mais felizes, mas podemos nos adaptar a suas limitações seguramente.

Já viu o Charles de Gaulle? É do lado do Le Bourget. Não é necessário construir um novo aeroporto. É necessário transformar Guarulhos num Charles de Gaulle, ou em qualquer outro aeroporto internacional de grande porte. Pobre Guarulhos conta com duas pistinhas, uma das quais estava caindo aos pedaços e teve de ser reformada pelo novo ministro Jobim. O Gaulês, e todo outro grande aeroporto, têm no mínimo quatro (incluindo aí os terminais também). Azulejos, praça de alimentação, estacionamento e os famosos “fingers” (estes apenas em Congonhas) mereceram reforma. As pistas não. A pista de Congonhas é suficiente para os aviões que hoje pousam lá, se seca. Molhada, não mesmo. Choveu, fechou. É assim que deveria ser. A pista até tinha sido liberada porque a ANAC lembrou que no mês seco de inverno as chuvas seriam raras. Choveu quase todo dia. Vale ressaltar também que enquanto a pista principal permaneceu fechada, a auxiliar, ainda mais curta (e estreita) passou a ser utilizada, porem, já com o famigerado “grooving”. Se as companhias conseguirem operar sob o permanente risco de chuva (risco de seca? Não sei mais qual é o certo...rsrs) então tudo bem. O que não dá é para lutar contra a natureza da pista, contra a realidade dos fatos. E o fato é que molhada, aquilo é um rinque de patinação curto demais.

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