abril 11, 2007

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Bairro da Luz, em São Paulo. Três dos centros culturais mais importantes da cidade estão lá: a Pinacoteca do Estado, a Sala São Paulo e o Museu da língua Portuguesa. Chama-se Pólo Luz a alguns anos, logo que retiraram a rodoviária de lá, uma verdadeira aberração que era aquilo, e vem se fortalecendo a vocação cultural do bairro. Lembrando ainda que o antigo prédio do DOPS já foi restaurado, a FATEC esta ali ao lado, instalada antigo prédio que pertencia à Escola Politécnica, e do outro lado da Avenida Tiradentes existe o Museu de Arte Sacra, o quartel da ROTA e a escola do Liceu das Artes e Ofícios de São Paulo. Tudo isso e nada de reverter o processo de deterioração do bairro. Nem mesmo a reforma nos Jardins da Luz. Acredito que existem ainda ações a serem executadas, mas a principal seria o incentivo a habitação de qualidade no bairro, transformando num local cult para se viver.

Não creio que a habitação de interesse social transformaria o local, ao contrário, seria pior. A não conservação dos edifícios por simples falta de recursos não possibilitaria uma articulação com, por exemplo, o público da OSESP. Não é uma questão de elitismo, mas de lógica pontual. Acredito que o bairro da Barra Funda tem muito mais vocação para a habitação de interesse social que a Luz. Simplesmente não sei se a lógica da diversidade fomentando a habitação de interesse social se cumpriria num bairro como a Luz. Na Barra Funda os interesses do mercado imobiliário especulativo certamente traria a desejada diversidade, porém creio que o fomento de um outro bairro com características boêmias seria muitíssimo interessante. Algo parecido com a Vila Madalena. Inúmeros locais de shows, bares, restaurantes, até pequenos teatros ou cinemas de rua. Já existem localidades na centro onde se tem muito interesse pelo público, como a Praça da República e Edifício Copan. Seria somente fomentar novos investimentos e colocar na “rota dos barzinhos” o bairro da Luz.

O que eu definiria por “rota dos barzinhos”? Seria a rota, o estudo da implantação dos novos bares, restaurantes, “dance clubs”, nos bairros de São Paulo. Vamos começar com os Anos 90, onde o bairro da moda eram os Jardins, depois Pinheiros, Moema, Vila Madalena e Vila Olímpia. O transtorno para os moradores é enorme. Trânsito, ruído, bares montados em locais inapropriados e depois de passada a moda sobram uns poucos bares decadentes e uma quantidade de imóveis vagos, já que os antigos moradores já tinham ido embora. As três vantagens da Luz seriam já ter uma boa quantidade de imóveis propícios à instalação desses bares – lojas, térreos de prédios; ser próximo ao metrô, assim podendo se inverter uma lógica do deslocamento dos automóveis, substituindo por transporte coletivo, coisa que nenhum dos bairros anteriores tinha; e com o fomento de um público ligado ao meio cultural, não seria tão ruim ou mesmo acabariam com a amolação dos vizinhos por barulho produzido pela atividade boêmia. Aliando assim interesses conflitantes em ação efetiva e conseguindo reverter o processo de deterioração do bairro. Para isso precisaria ter também uma ação efetiva de combate à violência, talvez, algo nos moldes de Nova Iorque dos anos Rudy Giuliani.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ludo, não se esqueça da Oficina Cultural Oswald de Andrade, que fica ali na Três Rios, e abriga cursos, palestras e eventos interessantíssimos.
beijos
http://www.dancasaopaulo.com.br/oswald/
Paty Gouveia

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