Neste ano de 2007 faz 10 anos que naveguei pela primeira vez na internet. O primeiro contato com computadores foi anterior, mas só em 1997 comprei o meu primeiro PC. Um “incrível” Pentium 200 MMX. Era top de linha naqueles tempos. Tinha uma conexão discada muito boa para a época e meu primeiro provedor foi um tal de SOL - SBT ON Line! Uma empresa do grupo Silvio Santos, claro. Na época estava maravilhado com a rede. Buscava por bandas de rock, quase nenhuma tinha site oficial, por fábricas de carro, como Ferrari, Lancia, Maserati, e tinha as tais salas de bate-papo do UOL. Depois que me expulsaram umas duas vezes eu nunca mais entrei em nenhuma. Logicamente montei um e-mail no hotmail. Lia a Folha e as revistas da Abril, inclusive a Playboy. Nada estava ainda na internet direito. Recebia quem sabe um e-mail por semana. Um tempo depois veio o ICQ. Olhando para o que se tem hoje, com YouTube, a velocidade de acesso e a quantidade de informação, aquilo parece algo pré-histórico. As imagens vinham em sua maioria separadas, pois existia uma lógica dos web designers que três imagens de 30k eram mais rápidas de se baixar que uma de 90k. Depois vieram os sites chatíssimos em flash. Olha só: conceitualmente se perdia a interatividade para ser ter movimentos, animações. Demorava muito mais para carregar as páginas para se ter cinco segundos de animação. E todos queriam as páginas com flash.
Outra coisa era a imagem de baixa resolução. O Photoshop fazia maravilhas já, porém para internet as fotos deveriam ser pequenas, muito pequenas. Felizmente hoje em dia, as fotos digitais são rápidas e em boa resolução, graças à velocidade de conexão isso deixou de ser algo importante.
Agora a respeito dos e-mail´s, ainda hoje se nota uma situação engraçada: logo que a pessoa inicia suas atividades via e-mail ela repassa para todos os contatos as piadinhas, arquivos powerpoint, cartões eletrônicos e imagens que recebem, fazendo o popular spam. Ainda não sei o motivo, mas certo tempo depois pára de enviar. O mais engraçado é o ciclo das piadas. Elas parecem voltar a cada tempo, assim como as lendas urbanas via e-mail. As histórias mais comuns são do famoso golpe “boa noite Cinderela”. Algumas histórias são muito interessantes, como a do Sr. Gorsky, que acho muito bem humorada, mesmo sendo falsa. E também existiam os questionários para se conhecerem melhor, com as perguntas sobre preferências.
No início falavam que a internet iria terminar com os outros meios. Que o fim dos jornais estava próximo. Que a informação seria democraticamente distribuída. Os livros acabariam. Tudo seria virtual. A arquitetura das lojas acabaria, pois tudo se compraria pela internet e as lojas seriam somente galpões de distribuição. Agora se fala em sistemas operacionais livres, como o Linux. Fala-se sobre o fim da Microsoft. Sobre o fim da televisão até.
Nesses dez anos o que pude ver que a única coisa que realmente aconteceu é que agora existe mais um meio, que antes não existia. Que agora se faz coisas novas que antes não se faziam e, com isso, se deixa de fazer ou se faz menos algumas coisas que antes se faziam mais. Mudaram alguns hábitos, mas o mundo continua o mesmo. Talvez se tenha mais comodidade em muitas coisas, como ir ao banco. Será que se vende mais livros hoje do antes? Não sei, mas que se continua vendendo se continua, mesmo podendo baixá-los pela internet. CD´s? Acredito que se tenha caído muito em termos de vendas, pelo menos noto que as lojas só de CD´s estão cada vez mais raras e o mp3 cada vez mais comum. Também é difícil de entender qual a parcela de cada um nesse caminho, considerando também que as lojas mudaram seu modo de operação.
Em 1997 fui na inauguração do Ática Shopping Cultural (hoje Fnac). Era o inicio do que se chama de mega-stores. A Saraiva fez o mesmo. Nesses locais se encontra tudo o que define Arnaldo Jabor por “indústria cultural”. Pois se tínhamos então um modo de vender e simultaneamente se introduz um novo meio, os dois motivam as mudanças de hábitos e consequentemente a nossa forma de fazer as coisas. Colocar somente a culpa na internet seria uma visão parcelada da situação. Agora em relação aos “alarmismos”, sempre é bom pondera-los, mas não repeti-los sem a mínima reflexão.
Sobre a indústria cultural acredito que com a internet se conseguiu muita coisa boa. Aliás é difícil entender essa indústria. Entender nem tanto, mas conseguir ver qual a finalidade é mesmo complicado. Se popularizou muita coisa em termos de literatura, de DVD´s e até mesmo de cd´s. Dizem os defensores das gravadoras que se investe muito na busca de novos nomes a serem lançados, na divulgação e distribuição dos cd´s e enxergar somente o preço do cd prensado como produto final é um erro lamentável. Dizem defensores da música “trocada” gratuita dos mp3 que o importante é divulgar o artista, que este não estaria prejudicado, pois sua renda principal provém de shows. Até alguns dizem que na era do vinil não havia a pirataria que hoje existe, da qual nem os artistas e nem as gravadoras aprovam.
Parece por enquanto que todos não se acertaram num novo meio onde se pode ter de graça aquilo que custava muito caro. Os direitos autorais estão cada vez mais complicados. O próprio Arnaldo Jabor escreveu em seu livro “Pornopolítica” texto referente a artigos repassados na internet que não eram de sua autoria. A grande pergunta é qual a melhor maneira de se arrumar tudo isso? E a resposta é tão simples: deixar as coisas fluírem ajustando na medida dos acontecimentos. Não é com a numeração dos cd´s, como Lobão queria, que se vai diminuir a pirataria. Não vai ser vendendo cd´s a R$9,00 que se vai se acabar (Experiência do Supla, cujos cd´s eram copiados e vendidos a R$3,00 nos camelôs à época de sua participação na “Casa dos Artistas” em 2001, mesmo custando R$9,00 nas bancas de jornal). A melhor forma é se trabalhar para conquistar seu público. Isso serve para tudo. As revistas devem ser interessantes (design bonito, boa qualidade gráfica) para serem lidas no ônibus, no metrô, na casa de praia, no momento de prazer. Os livros devem ter seu conteúdo interessante e sua edição ter qualidade (papel bom). Acho muito difícil ler “Crime e Castigo” na tela do computador... Os músicos devem entender que o importante de sua música não é a capa do disco, mas conseguir conquistar seus apreciadores com um projeto gráfico e talvez até um texto explicativo. Talvez a idéia de fazer a revista com cd junto seja interessante. A melhor forma para se acabar com a pirataria é usar a criatividade e oferecer algo a mais. Entender que a exclusividade de um item só interessa a quem considera exclusivo o autor, a banda, o cineasta. Assim como acredito que a indústria cultural se mantém não por ser rentável vender livros, cd´s e dvd´s, mas por incentivar a busca pela cultura, assim formando um público e não somente atendendo a demanda dos já conhecedores daquele produto. Veja que o interessante do YouTube não é baixar os vídeos existentes e sim vê-los a qualquer hora. A perenidade das coisas na internet é seu sucesso futuro. Assim como Dante Alighieri, Shakespeare e outros são à séculos relidos e reeditados e os filmes são exibidos nos canais de televisão, a internet deve seguir este caminho. Já imaginou buscar daqui a 50 anos noticias sobre como foi este ano de 2007? Tudo em pouco tempo.
Sobre a indústria cultural acredito que com a internet se conseguiu muita coisa boa. Aliás é difícil entender essa indústria. Entender nem tanto, mas conseguir ver qual a finalidade é mesmo complicado. Se popularizou muita coisa em termos de literatura, de DVD´s e até mesmo de cd´s. Dizem os defensores das gravadoras que se investe muito na busca de novos nomes a serem lançados, na divulgação e distribuição dos cd´s e enxergar somente o preço do cd prensado como produto final é um erro lamentável. Dizem defensores da música “trocada” gratuita dos mp3 que o importante é divulgar o artista, que este não estaria prejudicado, pois sua renda principal provém de shows. Até alguns dizem que na era do vinil não havia a pirataria que hoje existe, da qual nem os artistas e nem as gravadoras aprovam.
Parece por enquanto que todos não se acertaram num novo meio onde se pode ter de graça aquilo que custava muito caro. Os direitos autorais estão cada vez mais complicados. O próprio Arnaldo Jabor escreveu em seu livro “Pornopolítica” texto referente a artigos repassados na internet que não eram de sua autoria. A grande pergunta é qual a melhor maneira de se arrumar tudo isso? E a resposta é tão simples: deixar as coisas fluírem ajustando na medida dos acontecimentos. Não é com a numeração dos cd´s, como Lobão queria, que se vai diminuir a pirataria. Não vai ser vendendo cd´s a R$9,00 que se vai se acabar (Experiência do Supla, cujos cd´s eram copiados e vendidos a R$3,00 nos camelôs à época de sua participação na “Casa dos Artistas” em 2001, mesmo custando R$9,00 nas bancas de jornal). A melhor forma é se trabalhar para conquistar seu público. Isso serve para tudo. As revistas devem ser interessantes (design bonito, boa qualidade gráfica) para serem lidas no ônibus, no metrô, na casa de praia, no momento de prazer. Os livros devem ter seu conteúdo interessante e sua edição ter qualidade (papel bom). Acho muito difícil ler “Crime e Castigo” na tela do computador... Os músicos devem entender que o importante de sua música não é a capa do disco, mas conseguir conquistar seus apreciadores com um projeto gráfico e talvez até um texto explicativo. Talvez a idéia de fazer a revista com cd junto seja interessante. A melhor forma para se acabar com a pirataria é usar a criatividade e oferecer algo a mais. Entender que a exclusividade de um item só interessa a quem considera exclusivo o autor, a banda, o cineasta. Assim como acredito que a indústria cultural se mantém não por ser rentável vender livros, cd´s e dvd´s, mas por incentivar a busca pela cultura, assim formando um público e não somente atendendo a demanda dos já conhecedores daquele produto. Veja que o interessante do YouTube não é baixar os vídeos existentes e sim vê-los a qualquer hora. A perenidade das coisas na internet é seu sucesso futuro. Assim como Dante Alighieri, Shakespeare e outros são à séculos relidos e reeditados e os filmes são exibidos nos canais de televisão, a internet deve seguir este caminho. Já imaginou buscar daqui a 50 anos noticias sobre como foi este ano de 2007? Tudo em pouco tempo.
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