abril 07, 2007

Rede Manchete - 1985

Nos anos 80 só existiam canais de TV VHF. Eram seis, em São Paulo, até 1983: TV Cultura, canal 2, TVS, canal 4, Globo, canal 5, Record, canal 7, Gazeta, canal 11 e Bandeirantes, canal 13. A partir de 5 de junho de 1983, o grupo Bloch começa a operar o canal 9: Rede Manchete. Nesse ano passou um filme (que nunca mais revi) cuja música talvez seja a das mais chatas do universo: “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”.
Em 1985 estréia a primeira tele novela da Rede Manchete: "Antonio Maria" (um português no Brasil. Só lembro do belo Opala 4 portas, verde metálico). Também estréia um humorístico chamado “Tamanho Família”. Do qual lembro muito bem. Do elenco, lembro bem de Diogo Vilela. Um dos episódios que mais me marcou era do lançamento do livro contando a vida da personagem (que não lembro o nome). O livro foi enorme sucesso, porém o problema era escrever o segundo, pois tinha contado tudo já no primeiro. Depois de um monte de tentativas de novas experiências, a personagem lança “Chongas”. Que contava as longas tentativas de experiências onde nada de novo acontecia. Foi um fracasso de vendas. O programa era muito bem feito. Não sei se o sucesso não foi maior por algum motivo específico, mas não me sai da cabeça. A formula dele era muito simples. Praticamente a mesma do atual remake de “A Grande Família”. E o patrocínio das panelas de pressão Clock, então... Era um slogan mais ou menos assim: “Uma panela tamanho família”. Tratava-se de mostrar o produto que tinha tamanhos pequenos (“tititinhos”) e os tradicionais.
Conforme declarou a escritora e jornalista Ana Maria Bahiana, autora do “Almanaque Anos 70”, em entrevista no programa “Sempre Um Papo” da TV Câmara (2006), a década de 70 era uma até 1975 e outra a partir daí. Dizia que nos anos 1972/73 não havia esperança de acabar com o regime militar e a partir de 1975/76, com a anistia, tudo parecia tomar outra linha. O mesmo parece se suceder na década de 80. Até 1985, os carros, os programas de TV e até as embalagens, eram ainda muito “setentões”. Acredito em 1985 marcava uma nova forma de se fazer televisão, oriunda da extinta TV Manchete. Começa a fazer tele novelas, algumas marcantes como Dona Beija, já tínhamos um presidente civil, nem a moeda era mais a mesma, a FIAT lançava o Uno (não sei se é bom ou ruim, mas é melhor que um 147, com certeza).
A TV Manchete tem sua importância naqueles anos 80. Naqueles mesmos anos que Arnaldo Antunes declarava que “a televisão me deixou burro, muito burro demais”. Não sei de que forma ele assistia à televisão naqueles anos, mas eu não achava, já naquela época, ainda criança, que um meio não pode deixar alguém mais burro do que já se é. Afinal, quem educa são os pais. E na Escola é que se tem de aprender. A Televisão é entretenimento. Se agrega cultura, tudo bem, mas não é sua função educar. Só para lembrar de um desenho animado da boa seleção da TV Manchete, naquele “Pintando no Ar”, apresentado por Xuxa e depois Angélica, cito “D´Artagnan e os Três Mosqueteiros”, onde todos os personagens eram cachorros e o cardeal Richelieu uma raposa. Nunca passar Alexandre Dumas para crianças pode deixá-las mais burras. Bons tempos de TV Manchete!

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