
"- É uma mostra bastante particular, baseada na projeção de imagens que iluminam umas às outras. Algumas são bem pequenas, medindo oito por cinco centímetros. Outras têm quatro por três metros”- explica Nouvel à época. E sobre a arquitetura brasileira, Nouvel diz conhecer pouca coisa como o trabalho de Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi.
Isso já passa de 10 anos, e ainda lembro muito bem do impacto de ter visto pela primeira vez suas obras. Havia um debate de compor o uso da propaganda junto à arquitetura, tirar partido disso e de outras questões abordados por Nouvel. Ele volta anos depois com a proposta do museu Guggenhein no Rio de Janeiro. Nesse meio tempo também conheci outros arquitetos franceses, como Christian de Portzamparc e Dominique Perrault.
Nouvel continua sendo muito criativo, mas suas últimas obras não me agradam muito, como a torre Agbar em Barcelona e o próprio projeto do museu para o Píer Mauá. Enquanto sua obra ganha depois de mais de 20 anos uma crítica mais severa. O Instituto do Mundo Árabe até hoje tem alguns problemas com os diafragmas da fachada. A idéia continua sendo maravilhosa, mas infelizmente a tecnologia não conseguiu ali dar a solução final. Semelhante às críticas feitas ao Centro Georges Pompidou, projeto de 1970 dos arquitetos Richard Rogers e Renzo Piano. Soube que em sua última visita ao Brasil, conversou com Niemeyer e visitou as obra do SESC Pompéia e MASP.
Para Nouvel, a arquitetura deve resolver problemas sociais. Acredita que se deva humanizar o espaço público. Realmente ao analisar sua obra, além do processo de desmaterialização, algo bastante complexo para expor em poucas palavras, suas obras não permite também a escala monumental à toa. Um ótimo exemplo é seu projeto para o Euralille, onde num plano piloto feito por OMA – Office for Metropolitan Architecture - e Rem Koolhaas para a cidade de Lille, França, projeta um importante complexo, formado de um centro comercial, um bloco de moradias e um hotel com a pontuação de cinco torres. Lille se encontra na confluência da linha Paris-Londres do trem de alta velocidade (T.G.V.), com as futuras linhas Paris-Bruxelas , Amsterdã e Colonia. Há também outros projetos nesse plano, de Portzamparc, Claude Vasconi e Koolhaas.
Uma vez Nouvel afirmou, se referindo à transparência de suas obras, que se menos é mais, sou quase nada. Em texto na revista AU, o arquiteto Mário Biselli se refere a esta busca de tentar diminuir a quantidade de matéria das edificações como uma tendência, um dos caminhos da arquitetura contemporânea. Nouvel continua, para mim, um dos maiores arquitetos contemporâneos, trabalhando sempre pela busca do inédito e inesperado. Que venham os próximos inéditos!
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