abril 17, 2007

Icarus´ Dream Suite Op. 4

Desde seu primeiro álbum, Yngwie Malmsteen já mostrava suas inspirações. Não vou aqui falar do álbum (Rising Force, 1984), mas somente de uma de suas faixas: “Icarus´Dream Suíte Op. 4”. Das oito faixas do disco, (sim, eu tenho em vinil... autografado por Malmsteen em 1998) seis são instrumentais. As inspirações de Malmsteen aparecem logo no agradecimento do disco. Reproduzo abaixo:

“Special thanx to: Rigmor and Bjorn Malmsteen, Lolo Lannerback, Maud Jarredal, Steve Blucher and Larry Di Marzio, Ária Guitars, D´Angelico Strings and Picks, J. S. Bach, Nicolo Paganini, H. P. Lobecraft, Rod Serling, Grober Jackson, Andy Trueman, Peter Rooth, Sebastian Thorer Paul Trueman for the great driving, Chris Stone for his invaluable assistance, Ken Matsumoto and Polydor K. K., Bin Tajima and Hiroshi Kuwashima at Matanabe Music, and of course, Jimi Hendrix.”

Logo de início citando Johann Sebastian Bach e Nicolo Paganini já podemos esperar as pitadas de música erudita mesclado ao rock´n roll. Coisa que não era, digamos assim, uma inteira novidade. E o final com Jimi Hendrix, já demonstra toda sua admiração pelo guitarrista. Logo, somente pela leitura pode-se esperar um guitarrista com influencias da música erudita. Muitos anos depois desse primeiro álbum, Malmsteen lança um álbum chamado “Inspiration”. Nesse álbum, além de músicas de Ritchie Blackmore (Deep Purple e Rainbow), Jimi Hendrix, Rush e Kansas, aparece o guitarrista Peter Roth. Tudo parece tão certo para entender Malmsteen. Deve ser por isso que gosto de suas músicas.

Porém, em “Icarus...” acontece a transcrição das partituras de um tema erudito para guitarra de uma forma bastante nítida. Mais claro impossível. Em outras faixas há também citação, porém como mescla e não de forma tão alongada e direta. Essa forma demonstra o conhecimento prévio da música erudita, um músico erudito tocando guitarra, e não o contrario, um guitarrista tentando buscar se renovar tomando emprestado algo de que não tem domínio. Buscar em suas raízes me parece mais proveitoso do que a simples repetição de suas técnicas ou de seus temas. Encontrar em Malmsteen a inovação, ou como queira, um estilo, é em si um trabalho redundante. Sua música é uma clara colagem, uma fusão e não em si a essência. A essência de sua música esta na busca anterior de outros guitarristas, como Hendrix e Blackmore, e no conhecimento dos clássicos, como Mozart, Beethoven e Bach. Aceito hoje a hipótese de ter perdido tempo buscando na estética do rock´n roll aquilo que a ela não pertencia. Esta confusão de signos muito pouco contribuiu para entender os antigos clássicos e em termos de rock´n roll sua marca já estava selada.

Seu primeiro álbum, “Rising Force” (1984) parece incompleto, sendo sua seqüência o segundo álbum, “Marching Out” (1985). A somatória destes dois álbuns forma então um novo momento para a guitarra. Havia, pouco tempo antes de Malmsteen, a presença de Randy Rhoads, morto em 1982, guitarrista nos dois primeiros discos solos de Ozzy Osbourne e de da banda Quiet Riot. Anos antes, com o lançamento de Van Halen I (1978) e II (1979), aparecia também Eddie Van Halen. Após anos da morte de Jimi Hendrix (em 1970), e com Eric Clapton, um tanto quanto sumido, a guitarra se renovava. Ainda sem esquecer, que neste momento também outros dois guitarristas já se destacavam: Joe Satriani e Steve Vai. Um momento bastante rico, para o rock´n roll.
Após estes primeiros álbuns, Malmsteen forma uma banda, onde os momentos diferenciados são os longos solos de guitarra. Mas é importante lembrar que Malmsteen sempre esteve acompanhado de bons músicos. Front Men que sabiam o que estavam fazendo, como Jeff Scott Soto, Mark Boals e atualmente Doogie White, e tecladistas como Jeans Johansson e Mats Olausson. Seus discos, mesmo passado mais de 20 anos, pouco mudaram. Formado um estilo, segue seus cânones. O álbum gravado junto com orquestra filarmônica de Praga, “Concerto Suite for Electric Guitar and Orchestra in E flat minor, Opus 1” é uma jóia rara, em meio a álbuns sem muita inovação. Não é uma condição somente de Malmsteen, mas de uma forma geral, passa também por Vai e Satriani. O desgaste dado por uma fusão de estilos, aparentemente conflitantes, começa a dar sinal e pedido para uma renovação.
Rising Force - Primeiro álbum de Yngwie Malmsteen


"Icarus´ Dream" is dedicated to the spirit of Moje.

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