abril 27, 2007

A ponte do Ibirapuera - Sérgio Bernardes

Pavilhão da CSN, no Parque do Ibirapuera - 1954.
Ao falar de arquitetura carioca, rapidamente, dois grandes nomes podem ser lembrados: Oscar Niemeyer e Sérgio Bernardes. Entre outros muitos arquitetos, como Affonso Eduardo Reidy e Lúcio Costa, a escola carioca é talvez a mais representativa do movimento moderno brasileiro. Mas aqui vou falar um pouquinho sobre Sérgio Bernardes. Afinal, Oscar Niemeyer dispensa comentários. Fará 100 anos de vida em dezembro próximo. Reidy, morto em 1965, tem sua obra reconhecida pelo Parque do Flamengo, o MAM, o conjunto habitacional do Pedregulho e até uma proposta de um museu de artes, em formato triangular, para o local onde hoje é MASP. Lúcio Costa, morto em 1998, autor do plano piloto de Brasília, do Parque Guinle e criador de institutos de preservação do patrimônio histórico brasileiro, entre outras atividades. O Dr. Lúcio Costa!

Mas falar de Bernardes é muito interessante. Seu escritório ainda atuante, hoje coordenado por seu neto, Thiago Bernardes, tem em seu currículo mais de 1500 residências. Sérgio Bernardes (1919-2002) mesmo com 80 anos de idade, trabalhava mais de 12 horas por dia e ainda afirmava frases como esta: "Na verdade, sou um vagabundo e só não mato alguém por preguiça de esconder o corpo.” Muito bem humorado criava com certa facilidade e conseguia incorporar em sua arquitetura elementos caracteristicamente brasileiros.

Em 1954, a cidade de São Paulo comemorava seu quarto centenário de fundação. Para a comemoração do evento fora construído o Parque do Ibirapuera, sob a coordenação de Oscar Niemeyer. Niemeyer constituiu uma equipe mista, de arquitetos cariocas e paulistas. A cargo de Bernardes ficou o pavilhão da CSN – Pavilhão Volta Redonda. Construído sobre o lago do parque, foi desmontado após a comemoração, restando lá, somente o esqueleto da passarela. Sim, a ponte metálica que atravessa o lago. Quem já passeou pelo Parque do Ibirapuera sabe a que ponte faço referencia. Desde a infância freqüento o parque e passo por aquela ponte. Muitos anos depois vim a saber que esta tinha uma cobertura e se podem notar, observando bem o resto que lá esta, que eram duas pontes com o pavilhão ao meio. Na foto acima, dá para ter uma pequena idéia de como era. Quero agradecer a Lauro Cavalcanti por ter impresso o catalogo de arquitetura “Quando o Brasil Era Moderno – Guia de Arquitetura 1928-1960”, onde vi pela primeira vez este projeto publicado. Um pequeno detalhe no meio do parque, de autoria de um dos grandes arquitetos brasileiros.
Leia mais sobre Sérgio Bernardes aqui.

abril 26, 2007

Sobre Milk Shake (ainda)

Ainda lembrando sobre o milk shake, eu sempre tive dúvida se gostava mais de morango ou de chocolate. Até hoje ainda tenho essa dúvida, assim como no Mc Donald´s ainda não sei se gosto mais da tortinha de maça ou de banana. Mas, para não ter dúvidas, basta ir ao Bob´s. Não existem dúvidas diante do milk shake de Ovomaltine! Bem, gostaria se saber se o Bob´s tem mais alguma coisa além de milk shake... Ahh, claro, para comer! Pois aqueles lanches plásticos medonhos não são para comer. Nem com fome e nem sob tortura. Não adianta nada ser “mais natural” que o Mc Donald´s. Gosto de plástico não pode ser “mais natural” a nada. Lembrando, eu falo de hambúrguer. Mas o milk shake é bom.

A agenda de papel

Aguém ainda tem uma agendinha de papel? Nada pior que perder o celular. A sensação é de perder o contato com o mundo. Ou então imagine formatar o hard disc? Perder o e-mail de todos! Num passado recente a agenda eletrônica era a culpada da perda dos contatos, pois estavam lá, gravados, até que sua bateria acabava. Nada melhor que uma agendinha de papel com os números de telefone! Muitas idéias prosperam atualmente. O chip do celular resolveu o problema de substituição dos aparelhos, mas não resolveu a perda ou roubo do aparelho. Uma idéia de se fazer uma agenda virtual, guardada num provedor parece algo bastante interessante. Só não vai funcionar se o sistema cair. Vamos ver se um dia o papelzinho será substituído. Duvido muito... Aqueles recadinhos com o telefone, e-mail, etc. Teve uma época em minha vida que não saia de casa se não tivesse uma caneta. O mais interessante era pegar os telefone e nunca telefonar. Nunca fiz isso propositadamente, mas a minha preocupação com isso nunca foi, digamos, organizada. Minha agenda é organizada. Meus e-mails idem. Mas não posso dizer o mesmo de meus contatos. Realmente gostaria de dar mais atenção a isso, mas, em muitos casos, para mim parece o tempo ser algo inexistente. Quando noto isso, percebo que se passou um longo intervalo, mas minha sensação inicial não era esta. Tudo parece passar rápido demais. A única coisa que fica é a agendinha. Uma prova da passagem do tempo.

abril 25, 2007

abril 24, 2007

Santos a contra gosto e um pouco sobre futebol

Sim, eu torci para o Bragantino! Não torci tanto quanto para o São Caetano, mas eu queria uma final de campeonato com dois times sem lá muita tradição. Já que o meu ilustre timão nem técnico tinha certo tempo atrás. Mas como diria Lula, a luta continua, companheiros! Tanto Santos, como São Caetano não faz a menor diferença, assim como se fosse São Paulo ou Bragantino. Essa noção de torcer para desgraça do outro time é para aficionados por vôlei ou tênis, onde o erro tem o mesmo valor do acerto. Para o Santos a vitória trairá mais reputação ao técnico Wanderley Luxemburgo e ao São Caetano a motivação que ele tanto perdeu nas últimas competições. Tinha eu a desconfiança de um Palmeiras na final, pouco antes da decisão para as semi-finais. Mas era só desconfiança.
Bem, por que nesse blog só falo de futebol (aliás, bem pouco, diga-se de passagem esta é a primeira vez) e de nenhum outro esporte? A resposta esta na condição individual dos jogadores dentro de um esporte coletivo. Tênis é muito óbvio. Não há time. O legal do futebol é exatamente saber valorizar as individualidades dos times e as estratégias. Está bem, também a violência em forma de arte, ou a arte da violência... Ou como diria o clichê: “futebol arte”. Mas isso não é importante. O importante é o Banco Real...

Sorvetes

Um dia um amigo disse que isso não era normal, um desvio de caráter. Onde e quando alguém no mundo não poderia apreciar uma das maravilhas da humanidade gastronômica inventou. Parece que não teve infância. E outras coisas do gênero. Porém, realmente eu não gosto de sorvete. Não vejo lá muita graça na maçaroca gelada e doce. Gosto do Chicabon, para não ser, assim tão chato. Viveria tranquilamente sem. Porém, como tudo na vida tem uma exceção, eu adoro aquele sorvete de iogurte do América. Tem até um especial, com Nutella. Os Frozen Yogurt, como são conhecidos os sorvetes de iogurte, são fascinantes. Com calda de caramelo, chocolate ou morango. Todos maravilhosos. Junto com a farofa de castanhas, uma das especialidades da casa, ficam ainda mais saborosos. Ou mesmo os de frutas, com exceção clara ao maracujá (horrível, como tudo que tem maracujá). Na verdade não são sorvetes, mas parecem com um. Visitem o América. Comam um bom hambúrguer, eu aconselho o de gorgonzola, (Hot America), e ao final Frozen Yogurt! Realmente, algumas boas coisas da vida podem responder pelo mesmo nome, mas nunca são a mesma coisa.

Chamando Dr. Hans Chucrutes

Nada melhor que assistir Pica-pau. Se há algo que acredito pertencer a praticamente todas as gerações de pelo menos 35 anos para cá, são os desenhos do Pica-Pau. Frases como “em vinte anos nessa companhia vital, esta é a primeira vez que isto acontece”, “Voodoo é pra jacu...” ou ver o Pica-pau descendo as cataratas num barril, são, além de fascinantes, marcantes. Ou mesmo aquele episódio do duelo no piano entre Pica-pau e Andy Panda. Entre outros episódios marcantes, como o que dá título a esta postagem. Aquela enfermeira chamando o Dr. Hans Chucrutes é algo de abrir um sorriso já pela lembrança.

Como não poderia deixar de ser, eu tenho uma história de Pica-pai para contar. Em 2000, quando voltava de Miami, comprei um pica-pau gigante (nem era tão grande assim) para minha sobrinha. Este não cabia na minha mala. Logo pus numa sacola e levei na mão. A cabeça vermelha aparecendo e eu andando sozinho pelo aeroporto com aquela sacola e um pica-pau dentro, até a sala de embarque. Na sala de embarque, sentado num banco, lendo um livro (marcante também, Notas Autobiográficas de Albert Einstein) e as crianças olhavam para o pica-pau. Diziam aos pais que queriam um pica-pau igual. E eu ali, com aquela cara de nem tenho filhos, não gosto de crianças e tenho um pica-pau na sacola. Era presente encomendado pela minha sobrinha, na época com 3 anos.

Lembro que dei uma penada para comprar aquele pica-pau. Não era tão fácil como um Mickey Mouse ou um Pluto. Ou mesmo qualquer um da Warner. Pica-pau era difícil. Fui encontrar um na Universal, e olha que mesmo assim não foi fácil. Mas foi um presente de que até hoje se recorda. Junto ao o pica-pau tinha também um Scooby Doo, comprado em Las Vegas. Esta, outra história fantástica. Fui na loja da Warner no Cassino e Hotel Caesar´s. Tudo lá tem aspecto romano. Piazzas recriadas e até uma réplica de David de Michelangelo. Nada melhor que comprar um “Roman Scooby Doo”. Ou seja, além do Pica-pau estava eu com outra raridade. Diga-se de passagem, dois personagens que fizeram parte da minha infância e agora faziam parte, 24 anos depois, da infância da minha sobrinha. O pior foi passar na alfândega brasileira. Já para o raio-x! Não acreditavam que eu realmente só tinha de “muamba” um pica-pau. Esses guardas, esses guardas! Só faltava nos alto-falantes do aeroporto exclamar: Chamando Dr. Hans Chucrutes, chamando Dr. Hans Chucrutes!

abril 23, 2007

Metal Heart

Nada mais emocionante do que ver uma banda tocando com vontade. Em 2004 assisti uma das bandas que tinham feito parte da minha puberdade/adolescência. Não efetivamente a banda original, mas sim o conteúdo musical. O Accept foi uma banda alemã que marcou aquele momento do meio dos anos 80 para mim. Ao lado de outras, o Accept era mais pesado que as bandas de hard rock e tinha um vocalista com voz rouca: Udo Dirkschneider. Atualmente sua banda chama U.D.O. e toca muita coisa do repertório do Accept.
Em sua apresentação no Direct TV Music Hall, atual Citbank Hall e antigo Palace, o momento em que claramente Udo ficou impressionado com o público brasileiro foi quando executou a terceira música do show: “Metal Heart”. Na verdade, para mim, aquilo que aconteceu era o sonho de qualquer banda no mundo. Cantarem sua música em detalhes, depois de mais de 20 anos. Senti-me de volta à adolescência, aos passeios no Vale do Anhangabaú, indo na lojinha de discos Woodstock ou nas Grandes Galerias, vestindo camisetas negras. O mais importante é saber que curti bastante aquela fase e que só guardo as boas recordações. O que é difícil de expressar em palavras. É bom sempre lembrar qual era a música incidental que ocorre no meio do solo de guitarra de “Metal Heart”. Nada mais que “Pour Elise” de Ludwig Van Beethoven. O coro feito pelas vozes brasileiras naquele dia emocionou muito o vocalista que finalizou o show com um de seus clássicos: “Fast as a Shark”. Um show inesquecível. Momentos assim ficam para sempre.

A Porta

A porta de entrada da igreja de Santa Maria, em Marco dos Canavezes, Portugal, é fantástica! A muito tempo atrás tinha reparado em seu tamanho. Uma enorme porta, estreita e alta. A igreja é projeto do arquiteto português Álvaro Siza Vieira. O que acho muito envolvente é que mesmo com a sensação da enorme porta, aparenta a construção uma proporção incrível. Os volumes brancos me fazem pensar na hipótese de uma arquitetura influenciada ao mesmo tempo por Le Corbusier e Frank Lloyd Wright. Nesse caso a influencia de Wright não esta tão explicita a exemplo de seus projetos do início de sua carreira. De Siza, atualmente, aguardo ansioso a obra do Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre.
Leia aqui mais sobre Álvaro Siza.

abril 22, 2007

Café da manhã saudável

Diz a lenda, que o café da manhã deve ser a melhor refeição do dia. Algo como tomar um suco, comer um sanduíche e tomar uma xícara de café com leite e alguma fruta. Talvez um iogurte. Mas, entre a possibilidade de se ter tempo para comer tranqüilo de manhã e a falta de tempo, o acordar atrasado, existem milhões de histórias, como de simplesmente comer algo entre a descida do elevador à garagem do prédio, comer no carro, ou mesmo não comer, só tomar um cafezinho. Tem o famoso pedaço de pizza do dia anterior. Gelado. Porém, em viagens, às vezes fazemos algumas extravagâncias. Uma das lendas de café da manhã é o pacote de bolachas Bono e coca-cola. Aliás, o “saudável” em qualquer escolha de café da manhã é exatamente qualquer coisa com coca-cola. Não importa, existindo coca-cola no café da manhã não será nunca saudável.

Porém para decepção de muitos, nos Estados Unidos vão lançar a Diet Coke Plus. Será enriquecida de vitaminas e sais minerais. Uma coca-cola saudável!
Always coca-cola
!

abril 21, 2007

Always Heavy Metal

Se me perguntam qual estilo musical mais aprecio, minha resposta imediata é Heavy Metal. Mas isso não quer dizer lá muita coisa. Ou melhor, a interpretação é totalmente errada. Dizer que gosto mais de uma coisa, não exclui outras. Tudo tem um momento.

Atualmente diria que tenho escutado muito mais músicos eruditos como J. S. Bach e Mozart a bandas de heavy metal. Tenho também gostado muito de relaxar escutando Diana Krall. Tudo tem seu tempo e sua hora. Mas não tenho paciência para músicas de protesto, ou certas chatices transformadas em ícones da música. Nessas horas é HEAVY METAL neles! Always Heavy Metal! Para gente chata, não tem solução, somente sendo radical. Por exemplo: sempre gostei de Lulu Santos. Não posso dizer que sou fã, pois nunca comprei nenhum disco seu, mas algumas de suas músicas, como “A Cura”, “Como uma Onda no Mar” e “SOS Solidão” escuto. Da mesma forma que gosto de músicas de bandas como Dimmu Borgir, Annihilator. Não escuto uma após a outra, claro.

Para chegar a esse “estado das coisas” foram muitos anos tentando entender por que alguém acha estranho ouvir duas coisas conflitantes. Acredito ser a resposta muito simples: tentam encontrar na música que escuta saber quem é você. Na verdade quando se é radical, a pessoa não se abre a escutar outros ritmos, a não ser aqueles incorporados ao cânone radical. E esta é a forma mais fácil de se conferir um rótulo à pessoa. Em suma, ser rotulado de radical a tentar dialogar com gente pouco instruída e sem conhecimentos musicais, ter a opinião fechada a não entrar nas discussões sem fim, baseadas naqueles clichês que só existem para serem contestados, é uma forma de não se perder tempo com algo que não interessa a ninguém. É nítido que alguém que um dia tocou algum instrumento musical, por livre e espontânea vontade, é aberta a diálogos sobre vários ritmos e nunca se limita a radicalismos bocós.

A falta de diversidade faz com que a cultura fique forjada a certos critérios e assim firmando os clichês ao longo do tempo. Aos que fogem disso, sobram duas alternativas: ser alternativo ou ter seu próprio estilo. Essa questão de “estilo” nada mais é que o acumulo de preferências e a defesa delas. Não se entra no mérito se são clichês ou não, somente se opta por qual lado se está. Porém, não é objeto deste texto explanar sobre estilos, que vão desde o “surfista” ao “mauricinho”, todos eles baseados nas preferências de certas regras pré-estabelecidas, e nem sobre o que seria ser alternativo. É simplesmente mostrar que a prévia concepção de um critério é a forma mais fácil de não precisar perder tempo com quem não entende a dimensão e, como diria Robert Venturi, a “complexidade e contradição” dos vários fragmentos que somos formados.

abril 20, 2007

O esconderijo (rascunho)

O esconderijo das cicatrizes do ser humano esta na condição deste se cobrir de glórias daquilo que não forma sua essência. Seguindo as respostas a três perguntas, sentimos todos os esconderijos e notamos neles a fragilidade de suas faces externas. No interior escuro de nossa alma, temos algumas certezas que se desfazem ou se confirmam, criando uma atmosfera externa, donde é necessário tomar partido e ser coerente. A coerência é a busca principal para esconder cicatrizes. Estas três perguntas seguem uma condução filosófica e reflexiva sobre a existência de limites para a mente humana, seu corpo ou sua alma. São elas: Quem é você? De onde você veio? e Para onde você vai? São perguntas muito fáceis de se responder aos 80 anos de idade. Nelas esta implícita uma idéia de caminho. Um caminho que transcende variações de tempo versus espaço percorrido, aqui não visto como espaço físico, mas como aspecto histórico e biográfico de cada ser humano. A sorte desse processo esta no fato de que a bondade humana é muito mais significativa do que o valor agregado dos esconderijos das cicatrizes. Com uma grande dose de tolerância, conseguimos superar os esconderijos alheios, nos dando a certeza que estes têm suas fragilidades ampliadas do espectro que estão. Esse processo se deve ao fato de a pessoa que esta ocultando a fragilidade, não tem, em muitos casos, critérios para quantificar a falta de solidez daquele questionador.

Tecer um exemplo sobre alguma das cicatrizes acobertadas, é uma tarefa de reducionismo da amplitude do processo como um todo. Porém, não posso deixar de apresentar algum exemplo hipotético. Uma pessoa lhe fala sobre alguma civilização gloriosa, Roma ou Egito, por exemplo. Sabe-se que ele pode ter conhecido o sítio onde estas civilizações ocorreram. Tem ele então conhecimentos pelos quais você não pode avaliar, levando-se em conta seu desconhecimento destas civilizações. Logo o assunto fica pautado somente por uma única visão e existe a chance de acontecer um sofismo: Nunca me interessei por estas civilizações antes. Sua cicatriz de falta de conhecimento esta fechada por uma ação estimulada por orgulho e tentativa de reduzir as qualidades não checadas por falta de conhecimento do assunto.
Este texto vai longe...

abril 19, 2007

Whitesnake e Judas Priest

Um dos shows mais comentados no período em que estive ausente do Brasil foi das bandas Judas Priest e Whitesnake. Tocaram as duas bandas no mesmo dia, 9 de setembro de 2005, no Anhembi, em São Paulo, com abertura da banda Angra.

Alguns afirmam que Coverdale não estava muito bem aquele dia. Outros dizem que está acabado de vez e há quem comenta que o show foi ótimo. Depois de ter visto Rush em 2002, no Estádio do Morumbi, não acredito em mais nenhum comentário. Só acredito naquilo que vejo. Logicamente, existem comentários de pessoas que muito prezo. Pessoas que não costumam banalizar e nem muito menos contar chavões e serem guiados por algum preconceito estúpido.

Estes shows demonstram muito da falta de critério do público, de uma forma geral. O primeiro era o comentário infantil da diferença de público das duas bandas. Isso é resultado da falta de visão e do radicalismo cada vez mais intenso no Brasil. As pessoas perderam a noção de diversidade. Nos anos 80, em programas populares como “Cassino do Chacrinha”, tocavam, Paralamas do Sucesso e Jane e Erondi. E todo mundo saia feliz. O que mais espanta, realmente, é o fato que para grande parte do público leigo, Whitesnake e Judas são bandas de ”rock pesado”. São a mesma coisa. Já para os fãs do Whitesanke, se dizem discriminados ou importunados pelos “sujinhos” fãs do Judas. Os fãs do Judas se vangloriam de que a banda tocava depois, pois, seria vergonhoso abrir para Whitesanke. É nítida a visão equivocada dos dois grupos.

Judas Priest se apresentou com Rob Halford, lenda viva do heavy metal. Tinha acabado de lançar um álbum. Era nítido que estava numa fase muito superior ao Whitesanke. Exatamente por isso fechou a noite. Se aqui estivesse, teria ficado muito feliz de ver Judas com seu front man original. E de quebra ver também Whitesnake, que é uma banda sensacional. Claro, não era um Whitesnake com Steve Vai. Mas era Coverdale. Uma banda que poderia muito bem fechar uma noite gloriosa, caso estivesse em situação semelhante ao Judas. Acredito que Coverdale esteja preparando para seu novo álbum, uma revisão de sua fase anos 70. Em 2006 assisti Heart, em Hollywood, Florida, na arena de show do Hard Rock Cassino e Hotel Seminole. Tocou hits como “Barracuda” e “Bebe Le Strange”. Abriram e fecharam o show com músicas de Led Zeppelin. Creio que a fase de lantejoulas dos anos 80 já este enterrada. Pelo menos por bandas dos anos 70. Acredito que o próximo caminho de todas estas bandas são reflexões sobre o inicio de carreira.

Sei bem que show, ainda mais no Anhembi, não são símbolos de conforto. Depois de certo tempo a paciência para eles diminui muito. Mesmo em lugares mais confortáveis como Via Funchal, ainda assim são muito ruins se comparados às arenas nos Estados Unidos. Nem falo sobre Europa, pois somente um exemplo de Munique, onde Manowar tocou na arena de vidro do Parque Olímpico, já fala por si.
Ou seja, aqui no Brasil além de agüentar a falta de estrutura para abrigar os grandes shows, temos ainda de radicalizar posições sobre bandas, que numa análise mais profunda, são bandas que tem história e grande reputação no mundo do rock. Já passados mais de 20 anos do primeiro Rock in Rio, que colocou o Brasil na rota das grandes bandas, e o público ainda não compreendeu que a diversidade é o resultado de qualidades e não radicalismos de ordem suburbana.

abril 18, 2007

Sandy - Bourbon Street

Não vi e já gostei. Gostaria muito de ter visto a Sandy (agora parece ser ex- Sandy e Junior) se apresentar no Bourbon Street, em São Paulo, com seu repertório de Jazz, Bossa Nova e MPB. Diga-se de passagem MPB e não MPB do B (pequenas ironias). Segundo o folheto do Bourbon, “depois de duas apresentações ousadas e muito aplaudidas no projeto Credicard Vozes (...) chegou a vez de Sandy (...) voltar aos palcos com uma temporada de shows (...).”

Sandy sempre teve muita cobrança por parte dos “patrulheiros” da MPB do B, pelo fato de ser filha de um cantor popular, ser bonita e ser jovem (jovem demais para ter talento, sic). Além disso, ser um símbolo que representa família e costumes conservadores e, às vezes, politicamente corretos demais. O fato de não ter conteúdo ou este, digamos assim, ser incoerente com o patrulhamento, faz de Sandy um simples produto da mídia, na miopia da crítica de patrulheiros. Convenhamos que suas letras, as que ela mesma escreveu, não são lá nenhuma Brastemp. Sua voz é bonita, agradável. Talvez seja um pouco, como diz o jornalista Daniel Piza, uma das cantoras suaves que chama por descafeinadas. Lembrar que de Piza não falou em Sandy, eu falei, só utilizando o mesmo termo.

Vamos a um verso escrito por ela:

“(...) Passa o inverno, chega o verão
O calor aquece minha emoção
Não pelo clima da estação
Mas pelo fogo dessa paixão
Na primavera, calmaria
Tranqüilidade, uma quimera
Queria sempre essa alegria
Viver sonhando, quem me dera
No outono é sempre igual
As folhas caem no quintal
Só não cai o meu amor
Pois não tem jeito, é imortal (...)”

Realmente não é nada de mais. Mas soa bastante simpático, principalmente por sua música não ser dissociada da letra. Em suma, Sandy não é uma poetisa (só se for do verso torto, o que já a deixaria em situação muito melhor, mais competente ainda). Mas com sua música, nunca poderia ter trazido algo de mal, ou de ruim para alguém. Fala do Amor, de sentimentos. Tem até uma parte bastante interessante: “(...) Chega o verão / o calor aquece minha emoção / não pelo clima (...)/ mas pelo fogo da paixão (...)”. Onde a calor da paixão não se confunde com o calor do verão.
Se em sua música não agregou mais elementos, talvez seja essa a hora. Veja, aqui também cabe uma colocação: é a escola que deve ensinar e os pais educar, não a TV e nem muito menos as cantoras. Busca por ritmos de moda nem sempre é agradável. Interpretando jazz e mergulhando na MPB com certeza encontrará águas cristalinas para beber. Se ela não gostasse realmente de jazz e MPB, não estaria cantando, creio eu. Isso não me parece “golpe de marketing”, pois dinheiro e fama parecem não ser mais objetivos dela.Vamos ver o fruto desse processo, perceber os caminhos pelos quais irá optar. Já em 2002, durante o Rock in Rio III, ficou nítido que ela e Junior eram mais competentes a, por exemplo, Britney Spears. Talvez se Sandy cantasse em inglês pudesse bater de frente com essas “cantoras enlatadas”. Disso não tenho dúvidas, porém sou o último a incentivá-la a trocar o português.

O que me deixa inseguro são esses produtores. Deixar ela começar cantando, tranquilamente e aos poucos deixa-la encontrar seus próprios caminhos para mim é o ideal. Mas ao que parece não é assim. Tudo que ela faz é transmitido quase instantaneamente como processo concluído. Assim fica difícil de separar o joio do trigo.

A confusão e a esperança são dois aspectos que pesam sobre a carreira de Sandy. A confusão de saber se é um produto da mídia ou se realmente pode experimentar. Ser ela por ela mesma a exemplo de Ivete Sangalo, que sobe no trio elétrico e canta sem dar maiores satisfações a critica, somente pensando em seu público, em fazer a festa acontecer. É a satisfação por competência. Sandy não tem certeza de seu público. Não sabe se faz música para adolescente, infanto-juvenil ou se agrada aos adultos.Certa parte da crítica aposta nela como esperança da música brasileira se renovar. Ou simplesmente não aposta. Basta ela saber lidar com isso e buscar fazer aquilo com o melhor de si.
São nítidos em Sandy os muitos fragmentos dos quais somos formados, as nossas contradições, nossas dúvidas. Diferente de Roberto Carlos, Sandy pode fazer tudo errado e sempre começar de novo. A partir do momento em que não tem mais a carga de fãs esperando aquele trabalho marcado da dupla Sandy & Junior, que deveria ditar a moda e ser a vanguarda infanto-juvenil, Sandy se abre à diversidade e ao mesmo tempo a críticas por aqueles que esperavam continuísmo. Ao mesmo tempo corre o risco de ter seu público reduzido e específico, assim como a banda Los Hermanos, que após o sucesso de “Ana Júlia” mantém público fiel ao trabalho da banda e não mais aos hits e nem a blocos de “bandas de atitude”. Conforme um disco deles se intitula, são “o bloco do eu sozinho”.

abril 17, 2007

Icarus´ Dream Suite Op. 4

Desde seu primeiro álbum, Yngwie Malmsteen já mostrava suas inspirações. Não vou aqui falar do álbum (Rising Force, 1984), mas somente de uma de suas faixas: “Icarus´Dream Suíte Op. 4”. Das oito faixas do disco, (sim, eu tenho em vinil... autografado por Malmsteen em 1998) seis são instrumentais. As inspirações de Malmsteen aparecem logo no agradecimento do disco. Reproduzo abaixo:

“Special thanx to: Rigmor and Bjorn Malmsteen, Lolo Lannerback, Maud Jarredal, Steve Blucher and Larry Di Marzio, Ária Guitars, D´Angelico Strings and Picks, J. S. Bach, Nicolo Paganini, H. P. Lobecraft, Rod Serling, Grober Jackson, Andy Trueman, Peter Rooth, Sebastian Thorer Paul Trueman for the great driving, Chris Stone for his invaluable assistance, Ken Matsumoto and Polydor K. K., Bin Tajima and Hiroshi Kuwashima at Matanabe Music, and of course, Jimi Hendrix.”

Logo de início citando Johann Sebastian Bach e Nicolo Paganini já podemos esperar as pitadas de música erudita mesclado ao rock´n roll. Coisa que não era, digamos assim, uma inteira novidade. E o final com Jimi Hendrix, já demonstra toda sua admiração pelo guitarrista. Logo, somente pela leitura pode-se esperar um guitarrista com influencias da música erudita. Muitos anos depois desse primeiro álbum, Malmsteen lança um álbum chamado “Inspiration”. Nesse álbum, além de músicas de Ritchie Blackmore (Deep Purple e Rainbow), Jimi Hendrix, Rush e Kansas, aparece o guitarrista Peter Roth. Tudo parece tão certo para entender Malmsteen. Deve ser por isso que gosto de suas músicas.

Porém, em “Icarus...” acontece a transcrição das partituras de um tema erudito para guitarra de uma forma bastante nítida. Mais claro impossível. Em outras faixas há também citação, porém como mescla e não de forma tão alongada e direta. Essa forma demonstra o conhecimento prévio da música erudita, um músico erudito tocando guitarra, e não o contrario, um guitarrista tentando buscar se renovar tomando emprestado algo de que não tem domínio. Buscar em suas raízes me parece mais proveitoso do que a simples repetição de suas técnicas ou de seus temas. Encontrar em Malmsteen a inovação, ou como queira, um estilo, é em si um trabalho redundante. Sua música é uma clara colagem, uma fusão e não em si a essência. A essência de sua música esta na busca anterior de outros guitarristas, como Hendrix e Blackmore, e no conhecimento dos clássicos, como Mozart, Beethoven e Bach. Aceito hoje a hipótese de ter perdido tempo buscando na estética do rock´n roll aquilo que a ela não pertencia. Esta confusão de signos muito pouco contribuiu para entender os antigos clássicos e em termos de rock´n roll sua marca já estava selada.

Seu primeiro álbum, “Rising Force” (1984) parece incompleto, sendo sua seqüência o segundo álbum, “Marching Out” (1985). A somatória destes dois álbuns forma então um novo momento para a guitarra. Havia, pouco tempo antes de Malmsteen, a presença de Randy Rhoads, morto em 1982, guitarrista nos dois primeiros discos solos de Ozzy Osbourne e de da banda Quiet Riot. Anos antes, com o lançamento de Van Halen I (1978) e II (1979), aparecia também Eddie Van Halen. Após anos da morte de Jimi Hendrix (em 1970), e com Eric Clapton, um tanto quanto sumido, a guitarra se renovava. Ainda sem esquecer, que neste momento também outros dois guitarristas já se destacavam: Joe Satriani e Steve Vai. Um momento bastante rico, para o rock´n roll.
Após estes primeiros álbuns, Malmsteen forma uma banda, onde os momentos diferenciados são os longos solos de guitarra. Mas é importante lembrar que Malmsteen sempre esteve acompanhado de bons músicos. Front Men que sabiam o que estavam fazendo, como Jeff Scott Soto, Mark Boals e atualmente Doogie White, e tecladistas como Jeans Johansson e Mats Olausson. Seus discos, mesmo passado mais de 20 anos, pouco mudaram. Formado um estilo, segue seus cânones. O álbum gravado junto com orquestra filarmônica de Praga, “Concerto Suite for Electric Guitar and Orchestra in E flat minor, Opus 1” é uma jóia rara, em meio a álbuns sem muita inovação. Não é uma condição somente de Malmsteen, mas de uma forma geral, passa também por Vai e Satriani. O desgaste dado por uma fusão de estilos, aparentemente conflitantes, começa a dar sinal e pedido para uma renovação.
Rising Force - Primeiro álbum de Yngwie Malmsteen


"Icarus´ Dream" is dedicated to the spirit of Moje.

abril 16, 2007

Clodovil e o Concorde

Referente à burocracia na imigração de entrada nos Estados Unidos, o depoimento do estilista Clodovil Hernandes, atual deputado federal, falava ele que ao chegar em Nova Iorque, vindo de Paris, no vôo do Concorde da Air France, ao ser perguntado se tinha mais que 5 mil dólares, somente respondeu que uma pessoa que vem num Concorde, de Paris com 8 malas, logicamente deve ter mais que 5 mil dólares no bolso...

Pode parecer lógico, se fosse possível o funcionário da imigração saber de onde você veio. Ele sabe de que cidade você veio, vê em seu passaporte, mas nem tem noção se veio num Concorde ou num outro vôo qualquer. Foi um pouco injusto com o funcionário, que no fundo, é quem deve saber diferenciar um imigrante ilegal de um terrorista, um turista de um narcotraficante. É realmente muito complexo o trabalho daquele ali, na sua frente, com a cara de que nem o cachorro é amigo. Eu só não consigo entender a fila que se forma, porém, é o esquema deles, nem faço idéia de como é para um estrangeiro entrar no Brasil. Queria só entender como é o treinamento deles. Como fazer cara de Bull Dog. Como fazer perguntas constrangedoras. Como fazer perguntas sem nexo, etc. Mas concluindo, é realmente uma enorme responsabilidade saber diferenciar o bom do ruim.

A questão é bastante complexa, pois envolve o prejuízo de uns por causa de outros com as questões das mais esdrúxulas. Por princípio, fazer terrorismo é uma das formas mais absurdas de se protestar. Não há lógica nisso. Principalmente numa democracia. É muito fácil explodir as coisas. Matar inocentes para se fazer ouvir? Quero ver construí-las. Num próximo texto, pretendo comparar a construção da capital brasileira, Brasília, com a capital americana, Washington. Só para exemplificar, as duas capitais foram projetadas e construídas, com aproximadamente 100 de diferença. Dá para fazer diferente sem precisar destruir o mundo.

Voltando ao Clodovil, creio que ele teve a intenção de mostrar duas coisas: a não importância de sua classe social como motivo de concessão de privilégios e a lógica burocrática de não se entender a diversidade. Se ele falou involuntariamente, não faz a menor importância, mas estas duas questões, conflitantes e ao mesmo tempo complementares, são a síntese da fórmula que ainda não existe para se melhorar este serviço. No começo era simples: você tinha o visto, isso já bastava, pois é uma prévia avaliação de quem é você. Logo se iniciaram as falsificações. O visto já não diz mais nada. O jeito foi tentar captar por atitudes suspeitas, às vezes subjetivas, mas na maioria das vezes eficiente, o que realmente importa. Ou seja, Clodovil quando fala, dificilmente sai asneira, basta saber entender, ou melhor, analisar.

abril 15, 2007

Concorde – Frank Pourcel

Uma música que marcou muito minha infância foi Concorde, de Frank Pourcel. Concorde (1976) era o disco de meu pai que meu irmão mais velho vivia ouvindo. Eu tinha entre 3 e 5 anos de idade, final dos anos 70, início dos anos 80. Tenho esta música como grande recordação. Este disco foi uma homenagem ao projeto francês e britânico do avião comercial supersônico. Frank Pourcel (1913-2002) iniciou sua carreira nos anos 50 e pode ser considerado o inventor do “easy listening music”– a música fácil de ouvir. Gravou cerca de 120 discos e tem mais de 2000 gravações. Provavelmente é o autor francês de música instrumental mais conhecido no mundo.

abril 14, 2007

Aviões V – Herbert Vianna

A primeira vez que andei de avião na vida, fora um rápido vôo de São Paulo à Curitiba. Foi num Fokker 100, em 1993. Os serviços da TAM, como sempre, excelentes. Anos depois voltava de Caldas Novas em Goiás, também num Fokker 100. Então já preocupado, pois já havia ocorrido o acidente da queda nas proximidades do aeroporto de Congonhas.

Julho de 2000. Voltaria de Los Angeles para Miami no dia seguinte. Lendo as notícias do dia eis que me deparo com a queda de um Concorde na Alemanha. Faria um vôo cheio de escalas: Los Angeles – Las Vegas, Las Vegas – Houston e Houston –Miami. Quando entrei naquele Boeing 757 (mesmo modelo dos que atingiriam as torres gêmeas praticamente um ano depois) só pensava no Concorde. Se o avião mais moderno do mundo cai, imagina esse ai...

O medo faz para mim uma viagem de avião parecer sempre um transtorno, por melhor que seja. Em 2005, quando viajei de Atlanta para Munique, a brincadeira era com a possível crise da Delta Airlines. Já imaginou em seu vôo, no meio do Atlântico, o comandante informar a falência da empresa? Felizmente nada ocorreu, nem a falência da empresa. A pizza servida na tarde do vôo de volta (Munique – Atlanta) era uma das melhores pizzas que já comi, fora da cidade de São Paulo. O problema foi ficar sobrevoando sabe-se lá por que o Canadá inteiro. Um rapaz no vôo comentou que isso seria uma situação de emergência, se tivesse que pousar seria mais tranqüilo do que fazer a rota sobre o oceano. Talvez tivéssemos que pousar em Toronto. Acho que era tudo invenção, porém para minha mente aquilo fazia todo sentido. O pior de tudo era depois de chegar à Atlanta, ainda teria mais duas horas de vôo até Miami, na ocasião devastada pelo furacão Wilma.
Por fim, minha volta de Miami para São Paulo não poderia ser mais emocionante. Voltei no mesmo vôo de Herbert Vianna, Paralamas do Sucesso. Claro, depois de um atraso de pouco mais de quatro horas. Uma gaivota entrou na turbina do avião que seria o da minha volta. Era uma gaivota baiana, pois isso ocorreu em Salvador. Então a Tam enviou outro avião. Até saber que não seria o mesmo avião da gaivota acho que fiquei um tanto quanto preocupado. Hoje a única coisa a dizer do episódio é que odeio gaivotas.
No aeroporto de Miami com Herbert Vianna (30/04/2006).

Aviões IV - Oscar Niemeyer

Folha de São Paulo 25/07/2000:

“O arquiteto Oscar Niemeyer lamentou o acidente envolvendo o Concorde, que caiu na tarde desta terça-feira (25) próximo a Paris, na França, matando 113 pessoas. Niemeyer sempre disse ter medo de altura e de andar de aviões, mas o Concorde lhe deixava tranqüilo e sossegado. "Era um avião tão bonito, fantástico, não deveria cair", disse.(...)”

Niemeyer é conhecido por ir de carro do Rio de Janeiro à Brasília, para evitar os aviões. Nem imagino por que.

Aviões III – Ian Torpe

Ian Torpe, nadador australiano conhecido como “torpedo” ou “Flipper”, ganhou notoriedade durante os Jogos Olímpicos de Sydney em 2000. Visitava Nova Iorque e numa manhã esqueceu sua máquina fotográfica no hotel. Voltou para pega-la, pois visitaria naquela manhã as torres gêmeas do Word Trade Center. Com seu atraso com a volta ao hotel, salvou-se dos atentados ocorridos naquela manhã de 11 de setembro de 2001.

Aviões II – Heliópolis

Hoje conhecida por “Comunidade de Heliópolis” é uma das mais das muitas favelas da cidade de São Paulo. Tudo poderia ser diferente e pode se dizer que um detalhe muito importante nunca aconteceu. Francisco Prestes Maia era o então prefeito da cidade de São Paulo e existia um plano para se construir um conjunto habitacional em Heliópolis. A cargo do projeto estava Atílio Correia Lima, arquiteto responsável pelo plano piloto de Goiânia. Depois de uma reunião a respeito deste projeto, ocorreu um desentendimento entre Prestes Maia e Atílio, fazendo com que este saísse da reunião levando os desenhos do projeto. Atílio então voltaria naquela noite para o Rio de Janeiro, houvera dito que era aniversário de sua esposa. Porém seu avião caiu na Baía de Guanabara. Não se tem notícias de como era esse conjunto, pois, existe a hipótese que ele trabalhava com originais, e estes estariam com ele no vôo.

Aviões I – Jogos Pan-americanos de 1963

Os jogos Pan-americanos de 1963 foram realizados em São Paulo. Uma das construções que marcam este período é a atual residência de estudantes da USP – Universidade de São Paulo – o CRUSP, projeto dos arquitetos Eduardo Kneese de Melo e Sidney de Oliveira. É umas das primeiras obras a se utilizar elementos pré-fabricados em concreto armado. Foi construído também o velódromo e o local das competições foi de certa forma o que hoje é o Campus da USP, a Cidade Universitária.

Assistindo a um especial comparativo dos Jogos de 1963 com os jogos a serem realizados este ano de 2007 no Rio de Janeiro, destaco um detalhe, praticamente sem muita importância, mas que serve a meus propósitos. Era a comparação de como era a cobertura da imprensa durante as competições. Certo fotógrafo tinha acabado de registrar algumas medalhas brasileiras e tinha que mandar os registros (o rolinho de filme) para a sede do jornal no Rio de Janeiro. Hoje esse processo é on-line e registrado também em tempo real pelas transmissões das redes de TV. Até ai nada de mais. O depoimento do repórter tinha um detalhe em especial: a fato das fotos nunca terem chego a seu destino. Segundo o repórter, diretamente na pista do aeroporto de Congonhas entregou pessoalmente ao comandante da aeronave que partia em minutos para o Rio de Janeiro, naquela época era assim mesmo, as pessoas entravam diretamente na pista. Pouco tempo depois telefonou para o jornal dando as instruções para o recebimento do filme. Porém o avião nunca chegou a seu destino e as fotos nunca foram publicadas.

Coleções IV

Os cartões postais são talvez as coisas mais interessantes que ainda recebemos pelo correio atualmente. Aquele amigo andando pela Europa, nas férias, os colegas de trabalho em Maceió e a ex-namorada de Buenos Aires. Com o passar do tempo você chega a ter uma pequena coleção desses momentos. É uma coleção onde a quantidade nem importa muito, mas sim a lembrança das pessoas.

Por anos a fio recebia com certa freqüência os postais de um amigo onde a única mensagem era “Go Diamond”. Pouca gente entendia e eu vou continuar sem explicar. Eram de Florianópolis, Ilha de Comandatuba, Curitiba, Rio de Janeiro e até de Goiânia. Bons tempos!

Coleções III


Alguém ainda coleciona selos? Agora são auto-adesivos, como se faz para se colecionar algo assim? Realmente é uma coleção finada. Atualmente pouca coisa se manda pelo correio com selos. Diga-se de passagem que o carteiro se tornou o cara mais chato do mundo. Só trás contas a pagar, extrato do banco e propaganda. Depois do e-mail, as cartas se tornaram algo bastante raro. Quero só ver como será o futuro dos inúmeros consagrados compêndios de cartas, que durante os séculos XIX e XX marcaram muitos dos registros pensadores no mundo. Acho difícil um e-mail ser guardado por 50 anos. Acontece com certa freqüência atualmente é a publicação em livros dos conjuntos de artigos, publicados originalmente na internet. Quem sabe um dia se publicará um conjunto de trocas de e-mail.

Possuo um único selo e o guardo com carinho. Trata-se do selo comemorativo do centenário de nascimento do arquiteto Lúcio Costa (1902-2002). Espero que seja lançado também um selo de Oscar Niemeyer. Poderia se tornar uma tradição lançar selos comemorativos dos centenários dos arquitetos.

Coleções II

Uma das coleções mais comuns dos anos 90 era a de latinhas de cerveja. Dois motivos foram responsáveis por isso: a abertura da importação de inúmeras marcas, o que trazia latinhas de todos os continentes; e o fato das latinhas nos anos 90 serem produzidas em alumínio, em substituição do latão, aço, sei lá que material eram feitas. Só lembro que enferrujavam e eram duras de amassar.

Logo um dos primeiros ícones dessas coleções eram as latinhas de metal. Era o orgulho de se ter começado antes das latas de alumínio. Depois eram se conseguir as marcas regionais difíceis como um guaraná de sei lá onde, cuja lata era cor-de-rosa, ou as latinhas de coca-cola importadas, já que estas não eram vendidas em território nacional. Tiveram as especiais de natal, carnaval e até dos times de futebol. Certas coleções as latas permaneciam cheias. Algumas eram praticamente impossíveis de se esvaziar, como as de aguardente Pirassununga 51 e Pitu. Que idéia infeliz de se fazer cachaça em lata.
Houve casos de coleções enormes que depois de certo tempo, simplesmente entraram para a estatística do lixo reciclável de alumínio, depois de cheias de pó e sem local para acomodar. Atualmente não se fala sobre este que foi uma das coqueluches dos anos 90. Raro é encontrar ainda alguém que guarda a latinha depois de consumi-la, com as velhas técnicas de se deixar aquele guardanapo na boca. Sem contar a lenda urbana de se guardar os lacres das latinhas, onde com um número absurdo se ganharia uma cadeira de rodas ou algo assim. Existia a mesma lenda a respeito dos selinhos de cigarro. Como será que essas coisas esdrúxulas prosperam? Ainda hoje acho muito bonito ter-se um espaço decorado com latinhas, assim como da mesma forma gosto muito dos copos para se tomar as cervejas com as marcas, ou mesmo com os nomes dos bares. Muitos dos copos de bares de coleções são produtos de furto, afinal, não se vendiam e em muitas vezes o bar encerrava suas atividades, o que dava mais prestigio á coleção. Ou seja, nunca uma coleção se encerra nela mesma. As latinhas e os copos se complementavam, assim como canecas e as “bolachas” (porta-copo) com as marcas da cerveja ou nome do bar.

Coleções I

Já ouvi gente falando em coleção de cd´s. Uma coleção com sei lá, mil títulos. Talvez mil e quinhentos. Vamos pegar como exemplo uma coleção de mil títulos. A capacidade máxima de um cd é de 72 minutos. Vamos fazer uma média de 50 minutos por cd e teríamos a incrível quantidade de mais de oitocentas horas de música, sem parar e nem repetir. Isso daria mais de um mês ouvindo música 24 horas por dia. Seria possível humanamente ouvir tudo? Sim. Imagine-se comprando uma média de três cd´s ao mês. Em três anos já passaria da marca dos 100. Em trinta anos bateria os mil títulos. Com estes dados já podemos constatar um detalhe de um “colecionador” de cd´s: ele compra mais de 3 ao mês, pois a tecnologia de Compact Disc iniciou sua atividade a menos de 30 anos, em 1980.

No passado, antes da internet possibilitar o download de discografias completas em poucas horas (às vezes muitas horas), existia certo orgulho do “colecionador” declarar possuir todos os títulos de certo músico ou conjunto. Se ele já tinha escutado a todos os cd´s, pairava sempre a dúvida. Outra característica do “colecionador” era a financeira. Mesmo sem gastar até em comida para comprar cd´s, o “colecionador” empatava certo montante que seria difícil a uma pessoa normal. Aliás, qual seria a quantidade “normal” de uma coleção de cd´s? Primeiro, quero parar de chamar de coleção. Cd é uma das mídias pela qual podemos conhecer música. Não se pode chamar isso de coleção. Seria o mesmo de chamar uma biblioteca de coleção de livros. Segundo, será que existe alguém que não gosta de música no mundo? Mesmo se essa pessoa possa existir, existe aquele que nunca comprou um cd na vida. Logo o normal seria ter alguns títulos, comprados ao longo de um período. Talvez mais de cem em um intervalo de dez anos. Ou seja, seriam 10 por ano, menos de um por mês. Claro que o começo é sempre mais compulsivo. Acaba-se comprando tudo aquilo que sempre teve vontade. Aqueles que lhe marcaram a mídia anterior, o LP –Long Play.

A fúria em desvendar e conhecer toda a obra de um artista ou de um estilo é sempre uma motivação para iniciar o consumo descontrolado de cd´s. O mais interessante que se sabe que nunca poderemos ter todo o conhecimento do mundo. No máximo uma parcela restrita, ainda mais limitada por paradigmas de nosso tempo. Com a morte, o conhecimento do mundo continua a se ampliar, o que nos torna ainda perseguidores de uma missão impossível. Impossível porém extremamente prazerosa, o que faz perder a importância desse final sempre infeliz. Consumir música, de qualquer forma, nada tem a ver com colecionar cd´s ou arquivos mp3. É uma forma de prazer e entretenimento das mais interessantes e sempre haverá discórdia entre estilos e preferências pessoais.

abril 13, 2007

Jean Nouvel - Inédito

Muito bom sempre lembrar do passado. Tentar ver as boas coisas até no que nem era tão bom. Mas realmente interessante é ver um novo projeto de Jean Nouvel. Estava lendo agora mesmo e me deparei com a notícia: Jean Nouvel vai desenhar a nova sede da Filarmônica de Paris (La Philharmonie de Paris sera signée Jean Nouvel). Nouvel ganhou o concurso e afirma que seu edifício será uma colina de alumínio, recoberta por placas sobrepostas. O projeto será dentro do Parc de La Villette, em Paris, e terá capacidade para 2400 expectadores e o programa ainda terá uma área de estudos e de exposições.


abril 12, 2007

Tempo

"Quem fala “no meu tempo” o tempo todo já não tem muito tempo."

by Daniel Piza

Jean Nouvel em 1997

A exposição multimídia concebida por Jean Nouvel, ocorreu de 23 de setembro a 5 de outubro de 1997. Foi uma profusão de imagens em movimento, projetadas nas paredes, teto e chão na FAAP em São Paulo. Certamente melhor visualizada no período noturno, pois a luz solar atrapalhava a projeção dos slides. Estes também não foram bem visualizados no chão de madeira. A quantidade de informação era uma das maiores que havia visto até aquele momento. Eram mais de cinco mil slides com imagens de seus projetos, monitores de TV exibiram vídeos sobre suas obras nos últimos 25 anos, entre elas o Instituto do Mundo Árabe.

"- É uma mostra bastante particular, baseada na projeção de imagens que iluminam umas às outras. Algumas são bem pequenas, medindo oito por cinco centímetros. Outras têm quatro por três metros”- explica Nouvel à época. E sobre a arquitetura brasileira, Nouvel diz conhecer pouca coisa como o trabalho de Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi.

Isso já passa de 10 anos, e ainda lembro muito bem do impacto de ter visto pela primeira vez suas obras. Havia um debate de compor o uso da propaganda junto à arquitetura, tirar partido disso e de outras questões abordados por Nouvel. Ele volta anos depois com a proposta do museu Guggenhein no Rio de Janeiro. Nesse meio tempo também conheci outros arquitetos franceses, como Christian de Portzamparc e Dominique Perrault.



Nouvel continua sendo muito criativo, mas suas últimas obras não me agradam muito, como a torre Agbar em Barcelona e o próprio projeto do museu para o Píer Mauá. Enquanto sua obra ganha depois de mais de 20 anos uma crítica mais severa. O Instituto do Mundo Árabe até hoje tem alguns problemas com os diafragmas da fachada. A idéia continua sendo maravilhosa, mas infelizmente a tecnologia não conseguiu ali dar a solução final. Semelhante às críticas feitas ao Centro Georges Pompidou, projeto de 1970 dos arquitetos Richard Rogers e Renzo Piano. Soube que em sua última visita ao Brasil, conversou com Niemeyer e visitou as obra do SESC Pompéia e MASP.



Para Nouvel, a arquitetura deve resolver problemas sociais. Acredita que se deva humanizar o espaço público. Realmente ao analisar sua obra, além do processo de desmaterialização, algo bastante complexo para expor em poucas palavras, suas obras não permite também a escala monumental à toa. Um ótimo exemplo é seu projeto para o Euralille, onde num plano piloto feito por OMA – Office for Metropolitan Architecture - e Rem Koolhaas para a cidade de Lille, França, projeta um importante complexo, formado de um centro comercial, um bloco de moradias e um hotel com a pontuação de cinco torres. Lille se encontra na confluência da linha Paris-Londres do trem de alta velocidade (T.G.V.), com as futuras linhas Paris-Bruxelas , Amsterdã e Colonia. Há também outros projetos nesse plano, de Portzamparc, Claude Vasconi e Koolhaas.



Uma vez Nouvel afirmou, se referindo à transparência de suas obras, que se menos é mais, sou quase nada. Em texto na revista AU, o arquiteto Mário Biselli se refere a esta busca de tentar diminuir a quantidade de matéria das edificações como uma tendência, um dos caminhos da arquitetura contemporânea. Nouvel continua, para mim, um dos maiores arquitetos contemporâneos, trabalhando sempre pela busca do inédito e inesperado. Que venham os próximos inéditos!

abril 11, 2007

Glenn Hughes

No final de 1973, David Coverdale e Glenn Hughes passam a integrar o Deep Purple. A banda já havia gravado álbuns clássicos como “Machine Head” (1972), “Fireball” (1971) e “In Rock” (1970). Em 1974 gravam “Burn” e “Stormbringer”. De 3 de agosto à 1º de setembro de 1975, gravam “Come Taste The Band”, último álbum de estúdio gravado pela dupla. Gravaram outros álbuns ao vivo nos intervalos como “Live In London” (1974), “Made in Europe” (1975), e The Last Concert in Japan (1976/77). Este último em homenagem ao guitarrista Tommy Bolin morto em 1977. Tommy havia substituído Ritchie Blackmore desde “Come Taste..”. O Deep Purple após sua morte encerra suas atividades, até a volta com a formação MK II, com Ian Gillan e Blackmore de volta e lançam “Perfect Strangers” (1984). Alguns fãs de David Coverdale, afirmam que o Whitesanke, sua atual banda, teve sua origem já no álbum “Come Taste...” por terem maior liberdade de composição com a saída de Ritchie Blackmore. Mas o que eu destacaria deste álbum é a faixa “This Time Arround”, cantada somente por Glenn Hughes.

Glenn Hughes desde então segue sua carreira solo, cantando e tocando baixo, tendo participado de inúmeros projetos e até mesmo tendo sido membro do Black Sabbath, onde grava “Seventh Star” (1986). Um dos últimos projetos do qual participou Glenn Hughes é o Voodoo Hill, projeto do guitarrista italiano Dario Mollo. Continua em plena atividade e sempre cantando muito bem.

O que acho bastante interessante dos anos de Deep Purple, é o fato de que em vários momentos ao vivo, Glenn Hughes aparece muito mais que Coverdale. Não acho isso nada ruim. Aliás, na minha modesta opinião, cantava até melhor que Coverdale ao vivo. Suas influencias do Gospel, seus agudos, sua potencia vocal. Mas, porém, até hoje Hughes é somente conhecido por ser ex-Deep Purple, nada mais. Nenhum disco solo seu, ou de seus projetos chegou a ter sucesso semelhante ao Deep Purple. Aliás, em seus shows chega a abrir com “Stormbringer” e fechar com “Burn”. Nada contra abrir e fechar shows com música de outra banda, ainda mais sendo ele co-autor. Mas este parece ser o triste fim de um enorme músico, talvez tão grande quando Coverdale, mas sem a mesma expressão, nem seus hits de sucesso e muito menos tendo em sua banda componentes de renome, como Steve Vai (gravou com o Whitesnake “Slip Of The Tongue”, 1990), Rudy Sarzo e Tommy Aldrige (ex Ozzy Osbourne).

Que continue ele gravando para seus fãs, assim como eu, e que um dia seja reconhecido todo seu talento.

Elevado Arthur da Costa e Silva

Se há uma homenagem bem feita a alguém é a da via elevada Arthur da Costa e Silva, o popular “Minhocão”. Uma porcaria de presidente para homenagear uma porcaria de elevado. Não tenho palavras para expor a minha indignação para a obra que simplesmente desvalorizou todo um bairro (alguns bairros, diria). Foi bem construída, infelizmente. Poderia ser mais mal construída e ter o mesmo destino que o elevado do Rio de Janeiro, que desabou. Seria muito melhor para a re-qualificação dos bairros pelos quais “azeda”. Não consigo conceber a existência dele como simples via de acesso rápido (nem tão rápido assim) e se sua retirada um “caos” no transito. Se fazendo um bom trabalho de gestão dos fluxos de veículos a sua não existência traria mais benefícios a longo prazo. Se fez boa gestão de fluxo quando da instalação do Shopping Pátio Higienópolis, não seria difícil regular o transito naquela região.

Passamos por Jânio, Erundina (Credo!), Maluf (que logicamente não iria nunca promover sua retirada), Pitta (quem?), Marta, Serra (que fez até um concurso sobre o tema) e Kassab e nada foi feito. Jânio virou a cidade do avesso, iniciando a idéia dos corredores de ônibus. Erundina estava mais preocupada com “o buraco é mais embaixo” que não teve tempo de realizar nada de realmente útil para a urbe Aqui vale dizer que o “Parque Anhangabaú” é, minha opinião, algo que deu errado e precisa de nova reflexão, assim como a “Operação Urbana Centro” inteira. Maluf, esse sim, o autor da porcaria. Num programa do “Casseta e Planeta” (ou era Pânico) foi perguntado qual era sua sensação ao ficar em cima do minhocão... Num programa “Roda Viva”, afirmou que o Minhocão era sua melhor obra. Celso Pitta fez um belíssimo programa, na região do Guarapiranga. Mas a respeito do Minhocão foi mais um Zero. A Marta fez uma limpeza no Minhocão, arrumando a iluminação e dando manutenção à “peça”. Colocou o corredor de ônibus na avenidas abaixo do elevado transformando a aberração numa coisa até viável do ponto de vista funcional. Serra iniciou o concurso para re-qualificação da área e do entorno do Minhocão, que, pra variar, não deu em nada. Kassab, está mais preocupado em retirar a poluição visual da cidade, projeto este iniciado na gestão de Marta Suplicy. Ao menos, a Rua Barão de Itapetininga teve uma reforma bastante significativa, durante sua gestão, onde as diretrizes atuais parecem terem sido testadas. Quem sabe um dia chegaremos á uma gestão parecida com a de Curitiba, afinal, projetos não faltam, como por exemplo o do Largo da Batata, em Pinheiros e do Bairro Novo, na Barra Funda.

Variações sobre o mesmo tema

Bairro da Luz, em São Paulo. Três dos centros culturais mais importantes da cidade estão lá: a Pinacoteca do Estado, a Sala São Paulo e o Museu da língua Portuguesa. Chama-se Pólo Luz a alguns anos, logo que retiraram a rodoviária de lá, uma verdadeira aberração que era aquilo, e vem se fortalecendo a vocação cultural do bairro. Lembrando ainda que o antigo prédio do DOPS já foi restaurado, a FATEC esta ali ao lado, instalada antigo prédio que pertencia à Escola Politécnica, e do outro lado da Avenida Tiradentes existe o Museu de Arte Sacra, o quartel da ROTA e a escola do Liceu das Artes e Ofícios de São Paulo. Tudo isso e nada de reverter o processo de deterioração do bairro. Nem mesmo a reforma nos Jardins da Luz. Acredito que existem ainda ações a serem executadas, mas a principal seria o incentivo a habitação de qualidade no bairro, transformando num local cult para se viver.

Não creio que a habitação de interesse social transformaria o local, ao contrário, seria pior. A não conservação dos edifícios por simples falta de recursos não possibilitaria uma articulação com, por exemplo, o público da OSESP. Não é uma questão de elitismo, mas de lógica pontual. Acredito que o bairro da Barra Funda tem muito mais vocação para a habitação de interesse social que a Luz. Simplesmente não sei se a lógica da diversidade fomentando a habitação de interesse social se cumpriria num bairro como a Luz. Na Barra Funda os interesses do mercado imobiliário especulativo certamente traria a desejada diversidade, porém creio que o fomento de um outro bairro com características boêmias seria muitíssimo interessante. Algo parecido com a Vila Madalena. Inúmeros locais de shows, bares, restaurantes, até pequenos teatros ou cinemas de rua. Já existem localidades na centro onde se tem muito interesse pelo público, como a Praça da República e Edifício Copan. Seria somente fomentar novos investimentos e colocar na “rota dos barzinhos” o bairro da Luz.

O que eu definiria por “rota dos barzinhos”? Seria a rota, o estudo da implantação dos novos bares, restaurantes, “dance clubs”, nos bairros de São Paulo. Vamos começar com os Anos 90, onde o bairro da moda eram os Jardins, depois Pinheiros, Moema, Vila Madalena e Vila Olímpia. O transtorno para os moradores é enorme. Trânsito, ruído, bares montados em locais inapropriados e depois de passada a moda sobram uns poucos bares decadentes e uma quantidade de imóveis vagos, já que os antigos moradores já tinham ido embora. As três vantagens da Luz seriam já ter uma boa quantidade de imóveis propícios à instalação desses bares – lojas, térreos de prédios; ser próximo ao metrô, assim podendo se inverter uma lógica do deslocamento dos automóveis, substituindo por transporte coletivo, coisa que nenhum dos bairros anteriores tinha; e com o fomento de um público ligado ao meio cultural, não seria tão ruim ou mesmo acabariam com a amolação dos vizinhos por barulho produzido pela atividade boêmia. Aliando assim interesses conflitantes em ação efetiva e conseguindo reverter o processo de deterioração do bairro. Para isso precisaria ter também uma ação efetiva de combate à violência, talvez, algo nos moldes de Nova Iorque dos anos Rudy Giuliani.

abril 10, 2007

Centros de Cultura

Sempre é prudente refletir sobre o que é cultura. Cultura, segundo o dicionário pode ser: “1. Ato, efeito ou modo de cultivar. 2. O complexo dos padrões de comportamentos, das crenças, das instituições e doutros valores transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade; civilização.” (Dicionário Aurélio, 1977.). Logo, um centro cultural pode ser de inúmeros aspectos diferentes, desde uma biblioteca à um museu, de uma pinacoteca à uma sala de espetáculos, de zoológico ao jardim botânico, passando até por sala de aula, escola, por que não? O que não passa é por cinema, circo, campo de futebol, autódromo, hipódromo, certos tipos de teatro, shows e parques.

Pode-se dizer que certos filmes são verdadeiras obras culturais, pois refletem os aspectos de sociedades, porém o cinema não é só isso. Na maioria das vezes é uma diversão, entretenimento. Tanto o é que quase sempre os ardidos cinéfilos os dividem em filme de autor e produção comercial. A divisão é tão sutil e tão pessoal que tudo parece uma bagunça. Um exemplo é como categorizar o José Mojica Marins. Um autor de filmes trash, ou uma pérola do terror nacional mal compreendida e com pouco recurso? Sempre vejo os cinéfilos fugindo ao tema.

Circo? Tenho horror a circo. Da minha infância fui muito pouco e estes poucos que fui já não existem mais, como o Garcia. Já não achava nenhuma graça em ver uma menina sendo pendurada pelo cabelo, os tigres, os leões, “globo da morte”, e especialmente o pior de tudo de um circo: os palhaços. Se há alguma coisa que realmente detesto é palhaço. O palhaço, na sua origem de bobo da corte, era entreter os convidados da corte mostrando um caminho debochado para se fazer um retrato da sociedade. Mas não, eram sempre uns chatos que apareciam para incomodar ou assustar as criancinhas. Não à toa, no filme inspirado na obra de Stephen King – It – o palhaço aparece e começa o show de horror. Para dar impacto na sua obra, o autor utiliza algo possível na realidade, já que o palhaço chega mesmo a assustar as pessoas, não seria nada irreal um palhaço assassino. Na Bienal de Artes de São Paulo, de 1996, fora feita uma instalação onde quatro telões exibiam palhaços e ao fundo se ouvia uma gargalhada típica de filme de terror. Realmente era natural o impacto que gerou. O Bozo, palhaço mas chato do universo, era o mentor do Garoto Juca em seu desenho animado, onde sempre saia com muita inteligência das situações. Eu diria que era algo um tanto quanto “macunaímico”, o palhaço como anti-herói. O circo em sua maioria tenta mostrar o limite da capacidade humana. Nos trapézios o mínimo erro pode-se levar a morte, assim como os domadores de leões ou aqueles que brincam com os elefantes. Sempre tentando chocar o público com sua capacidade técnica de condicionamento das ações animais ou com as anomalias, vistas em filme antigos, como a mulher barbada, anões, contorcionistas e com técnicas de engolir espadas ou pirofagia.

O futebol como arte. Realmente essa é a mais difícil para mim, um fã do ludopédio, de conceituar como puro entretenimento. Para o Brasil genericamente se referem como país do futebol, do samba, do carnaval. Seria o futebol uma alma da cultura brasileira. Na década de 1950, o Brasil era praticamente irrelevante no mundo pelo seu futebol. Ganha o primeiro mundial em 1958, depois da derrota de virada para o Uruguai no Maracanã em 1950. Nada mais é do que um esporte coletivo, motivando as técnicas de estratégia e preparo físico. Não se pode falar de cultura do futebol. Livros de técnicos (não só de futebol) que transmitem ensinamentos de gerenciamento de equipes e outros fatores não é propriamente cultura. Oras, deve-se sempre lembrar que para que exista sua diversão, alguém precisa trabalhar, ou seja, o que para você é diversão pode ser trabalho para muita gente. Assim como as corridas de carro, de cavalos, de cachorros, briga de galo. È pura diversão, às vezes de extremo mau gosto, como a popular tourada espanhola. Que existe de culto em matar um touro após fazê-lo de bobo?

Quanto ao teatro, existe muita coisa interessantíssima, lógico, mas existem as peças de puro entretenimento, como por exemplo “Monólogos da Vagina”, escrita por Miguel Falabella, ou “Analista de Bagé”.

Os shows são muitíssimo interessantes. Nada contra a eles, mas neles vamos para nos emocionar. Vamos ver aquele artista que nos emociona com sua música. Vamos para rir, como num show de Jô Soares ou Tom Cavalcante. É uma tênue linha separa entretenimento e cultura. Uma analogia possível seria ir a uma livraria e lá imaginar que todos os livros têm o mesmo valor. Como se o cuidar das plantas tivesse o mesmo valor que a obra de Dostoievski. São coisas diferentes para diferentes fins.

Num centro cultural, idéia esta iniciada com o Centro Georges Pompidou em Paris, no início da década de 1970, juntou-se inúmeras formas de cultura num mesmo lugar. Uma biblioteca junto ao teatro, junto a um museu. No Parc de La Villette, juntou a cité de la music – a cidade da música – e mais um monte de outros centros de cultura num mesmo parque. Um verdadeiro complexo cultural. Antes eram somente projetados edifícios específicos como biblioteca, teatro, arena. Essa união dos vários programas num mesmo lugar gera uma nova arquitetura. Estão presentes salas de aula, atelier, restaurante e lojas, pois muitos museus sempre dispuseram de cursos e palestras.

No Brasil surge uma união inédita: esporte e cultura. Além das bibliotecas, teatros, salas de aula, os SESC´s possuem piscinas, quadras e aulas de dança, ballet, artes marciais e ginástica. Uma belíssima união. A mesma união já estava presente em parques como o Ibirapuera, porém a diferença esta na assistência, com vestiários, orientadores físicos, etc.

Porém, no Brasil, existe certa tendência de achar que centro cultural deve ter exposições de arte, fotografias, vídeos, sobre as letras, de certa forma somente focada na área das ciências humanas, esquecendo as outras áreas. O Jardim Zoológico é algo colocado com um simples jardim, ou algo para se visitar com as crianças. Não se entende como promotor da cultura. Nota-se ao se chamar uma pessoa das ciências humanas se utiliza o termo intelectual, enquanto que para as áreas biológicas o máximo que se diz é especialista. Tenta-se forjar a idéia que somente um escritor, historiador, poeta ou filosofo é um agente cultural. Eis então a grande quantidade de centros culturais “espalhados” sempre nos mesmos locais, falarei em breve sobre isso, todos eles com suas áreas de exposição, midiateca, biblioteca e loja.

Não se tem notícia de nenhum novo centro que tenha uma mínima vocação ao local onde será proposto. Adoraria ver construídos a cidade da música do Rio de Janeiro e o Museu Guggenheim, no Píer Mauá, respectivamente projetos dos arquitetos Christian de Portizamparc e Jean Nouvel. É bom refletir, como cita o arquiteto Márcio Roberto em relação à construção do Museu Guggenhein: “(...) Há pelo menos uns 20 anos, representantes de diferentes grupos internacionais aparecem freqüentemente por aqui, buscando parcerias e formas de viabilizar a construção de um grande aquário ou um complexo deles, que poderiam ser anexados a uma universidade de estudos do mar, biologia marinha etc. Enfim, um produto que ainda não existe no país (...)”. Sua reflexão vem de encontro à questão proposta por este texto - falta de centros culturais nas outras áreas da cultura. Outra questão, especificamente na cidade de São Paulo, é a localização dos novos centros culturais. Praticamente estão ou na Avenida Paulista ou no centro da cidade. No caso do centro, dando nova função aos antigos edifícios, o que é um processo de enorme complexidade cultural e de difícil compreensão do público leigo no curto prazo.
Salvar o patrimônio da cidade vai muito além de uma simples preservação histórica. A arquitetura é uma das bases antropológicas do conhecimento de uma civilização. Assim como um monumento, a arquitetura da cidade só tem sentido se preservada além do edifício, em seu conjunto. Conforme comenta o arquiteto Miguel Forte: “Arquitetura: o grande reflexo de todas as épocas.” A partir do momento que se retira uma peça de arte, como por exemplo uma escultura de uma igreja, esta escultura sozinha não representa o contexto completo. Continua sendo obra de arte, mas perde seu sentido original e com ele aquilo que poderia ser a lógica de sua essência. Entender desde a indústria cultural ate o patrimônio histórico é conjunto muito amplo de conhecimento e atinge certamente muitas áreas.

abril 09, 2007

Inferno

“O inferno dos vivos não é algo que virá a ser: se houver um, ele já está aqui, o inferno onde vivemos todos os dias, que criamos por estarmos juntos. Há dois modos de deixar de sofrer com ele. O primeiro é fácil para muitos: aceite o inferno e torne-se parte dele de tal forma que não o veja mais. O segundo é arriscado e exige constante vigilância e cuidado: procure e aprenda a reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não são inferno, e então faça-os resistir, dê-lhes espaço.”

Ítalo Calvino, Cidades Invisíveis.

10 anos de internet

Neste ano de 2007 faz 10 anos que naveguei pela primeira vez na internet. O primeiro contato com computadores foi anterior, mas só em 1997 comprei o meu primeiro PC. Um “incrível” Pentium 200 MMX. Era top de linha naqueles tempos. Tinha uma conexão discada muito boa para a época e meu primeiro provedor foi um tal de SOL - SBT ON Line! Uma empresa do grupo Silvio Santos, claro.
Na época estava maravilhado com a rede. Buscava por bandas de rock, quase nenhuma tinha site oficial, por fábricas de carro, como Ferrari, Lancia, Maserati, e tinha as tais salas de bate-papo do UOL. Depois que me expulsaram umas duas vezes eu nunca mais entrei em nenhuma. Logicamente montei um e-mail no hotmail. Lia a Folha e as revistas da Abril, inclusive a Playboy. Nada estava ainda na internet direito. Recebia quem sabe um e-mail por semana. Um tempo depois veio o ICQ. Olhando para o que se tem hoje, com YouTube, a velocidade de acesso e a quantidade de informação, aquilo parece algo pré-histórico. As imagens vinham em sua maioria separadas, pois existia uma lógica dos web designers que três imagens de 30k eram mais rápidas de se baixar que uma de 90k. Depois vieram os sites chatíssimos em flash. Olha só: conceitualmente se perdia a interatividade para ser ter movimentos, animações. Demorava muito mais para carregar as páginas para se ter cinco segundos de animação. E todos queriam as páginas com flash.
Outra coisa era a imagem de baixa resolução. O Photoshop fazia maravilhas já, porém para internet as fotos deveriam ser pequenas, muito pequenas. Felizmente hoje em dia, as fotos digitais são rápidas e em boa resolução, graças à velocidade de conexão isso deixou de ser algo importante.

Agora a respeito dos e-mail´s, ainda hoje se nota uma situação engraçada: logo que a pessoa inicia suas atividades via e-mail ela repassa para todos os contatos as piadinhas, arquivos powerpoint, cartões eletrônicos e imagens que recebem, fazendo o popular spam. Ainda não sei o motivo, mas certo tempo depois pára de enviar. O mais engraçado é o ciclo das piadas. Elas parecem voltar a cada tempo, assim como as lendas urbanas via e-mail. As histórias mais comuns são do famoso golpe “boa noite Cinderela”. Algumas histórias são muito interessantes, como a do Sr. Gorsky, que acho muito bem humorada, mesmo sendo falsa. E também existiam os questionários para se conhecerem melhor, com as perguntas sobre preferências.

No início falavam que a internet iria terminar com os outros meios. Que o fim dos jornais estava próximo. Que a informação seria democraticamente distribuída. Os livros acabariam. Tudo seria virtual. A arquitetura das lojas acabaria, pois tudo se compraria pela internet e as lojas seriam somente galpões de distribuição. Agora se fala em sistemas operacionais livres, como o Linux. Fala-se sobre o fim da Microsoft. Sobre o fim da televisão até.

Nesses dez anos o que pude ver que a única coisa que realmente aconteceu é que agora existe mais um meio, que antes não existia. Que agora se faz coisas novas que antes não se faziam e, com isso, se deixa de fazer ou se faz menos algumas coisas que antes se faziam mais. Mudaram alguns hábitos, mas o mundo continua o mesmo. Talvez se tenha mais comodidade em muitas coisas, como ir ao banco. Será que se vende mais livros hoje do antes? Não sei, mas que se continua vendendo se continua, mesmo podendo baixá-los pela internet. CD´s? Acredito que se tenha caído muito em termos de vendas, pelo menos noto que as lojas só de CD´s estão cada vez mais raras e o mp3 cada vez mais comum. Também é difícil de entender qual a parcela de cada um nesse caminho, considerando também que as lojas mudaram seu modo de operação.
Em 1997 fui na inauguração do Ática Shopping Cultural (hoje Fnac). Era o inicio do que se chama de mega-stores. A Saraiva fez o mesmo. Nesses locais se encontra tudo o que define Arnaldo Jabor por “indústria cultural”. Pois se tínhamos então um modo de vender e simultaneamente se introduz um novo meio, os dois motivam as mudanças de hábitos e consequentemente a nossa forma de fazer as coisas. Colocar somente a culpa na internet seria uma visão parcelada da situação. Agora em relação aos “alarmismos”, sempre é bom pondera-los, mas não repeti-los sem a mínima reflexão.

Sobre a indústria cultural acredito que com a internet se conseguiu muita coisa boa. Aliás é difícil entender essa indústria. Entender nem tanto, mas conseguir ver qual a finalidade é mesmo complicado. Se popularizou muita coisa em termos de literatura, de DVD´s e até mesmo de cd´s. Dizem os defensores das gravadoras que se investe muito na busca de novos nomes a serem lançados, na divulgação e distribuição dos cd´s e enxergar somente o preço do cd prensado como produto final é um erro lamentável. Dizem defensores da música “trocada” gratuita dos mp3 que o importante é divulgar o artista, que este não estaria prejudicado, pois sua renda principal provém de shows. Até alguns dizem que na era do vinil não havia a pirataria que hoje existe, da qual nem os artistas e nem as gravadoras aprovam.

Parece por enquanto que todos não se acertaram num novo meio onde se pode ter de graça aquilo que custava muito caro. Os direitos autorais estão cada vez mais complicados. O próprio Arnaldo Jabor escreveu em seu livro “Pornopolítica” texto referente a artigos repassados na internet que não eram de sua autoria. A grande pergunta é qual a melhor maneira de se arrumar tudo isso? E a resposta é tão simples: deixar as coisas fluírem ajustando na medida dos acontecimentos. Não é com a numeração dos cd´s, como Lobão queria, que se vai diminuir a pirataria. Não vai ser vendendo cd´s a R$9,00 que se vai se acabar (Experiência do Supla, cujos cd´s eram copiados e vendidos a R$3,00 nos camelôs à época de sua participação na “Casa dos Artistas” em 2001, mesmo custando R$9,00 nas bancas de jornal). A melhor forma é se trabalhar para conquistar seu público. Isso serve para tudo. As revistas devem ser interessantes (design bonito, boa qualidade gráfica) para serem lidas no ônibus, no metrô, na casa de praia, no momento de prazer. Os livros devem ter seu conteúdo interessante e sua edição ter qualidade (papel bom). Acho muito difícil ler “Crime e Castigo” na tela do computador... Os músicos devem entender que o importante de sua música não é a capa do disco, mas conseguir conquistar seus apreciadores com um projeto gráfico e talvez até um texto explicativo. Talvez a idéia de fazer a revista com cd junto seja interessante. A melhor forma para se acabar com a pirataria é usar a criatividade e oferecer algo a mais. Entender que a exclusividade de um item só interessa a quem considera exclusivo o autor, a banda, o cineasta. Assim como acredito que a indústria cultural se mantém não por ser rentável vender livros, cd´s e dvd´s, mas por incentivar a busca pela cultura, assim formando um público e não somente atendendo a demanda dos já conhecedores daquele produto. Veja que o interessante do YouTube não é baixar os vídeos existentes e sim vê-los a qualquer hora. A perenidade das coisas na internet é seu sucesso futuro. Assim como Dante Alighieri, Shakespeare e outros são à séculos relidos e reeditados e os filmes são exibidos nos canais de televisão, a internet deve seguir este caminho. Já imaginou buscar daqui a 50 anos noticias sobre como foi este ano de 2007? Tudo em pouco tempo.

abril 08, 2007

Boa Sorte, Sr. Gorsky!

Histórias da Internet - Boa Sorte, Sr. Gorsky!
Quando o Astronauta da missão Apollo, Neil Armstrong, andou pela primeira vez na lua, não apenas disse a sua famosa frase: "Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade", mas seguiram-se vários outros destaques no tráfego normal das comunicações entre ele, os outros astronautas e o centro de controle da missão.
Entretanto, um pouco antes de reentrar no módulo lunar, ele fez um comentário enigmático: "Good luck Mr. Gorsky". Muitas pessoas na NASA pensaram que ele estava fazendo uma menção a algum provável rival soviético. Porém, ao checarem, descobriram que não havia nenhum Gorsky no programa espacial soviético ou no americano.
Durante muitos anos várias pessoas indagaram o que "Good luck Mr. Gorsky" pudesse significar, mas Armstrong simplesmente sorria. Somente em 5 de julho de 1995, em Tampa Bay, Flórida, quando respondia sobre um discurso que acabara de proferir, um repórter levantou essa pergunta de 26 anos de idade e ele finalmente a respondeu. Mr. Gorsky tinha finalmente morrido e ele achou que poderia responder a pergunta. Certa vez, quando garoto, jogava baseball com um amigo no quintal e seu amigo lançou uma bola alta, que caiu bem perto da janela do quarto de seus vizinhos, Sr. e Sra. Gorsky. Quando ele se agachou para pegar a bola, bem perto da janela, ouviu a Sra. Gorsky gritar ao seu marido: "Sexo oral! Você quer sexo oral?! Você terá sexo oral quando o pirralho do nosso vizinho andar na lua!"

Autodidata

“(...) A infância foi feliz em Ipanema. Eu diria que foi feliz e algo triste. Triste porque um traço que me acompanharia toda vida, ali se acentuou: o autodidatismo. Aliás ninguém perdoa o êxito de um autodidata. O autodidata não é o que aprende sozinho. Essa é a forma externa do autodidatismo. O autodidatismo é aquele que ensina a si próprio. Ensina a si próprio como? Com o que vai gradativamente a descobrir nos caminhos da existência. Se for atento a esses caminhos e a si próprio, o autodidata é sempre um limitado e um inseguro. Ao mesmo tempo alguém sempre capaz de continuar e de certa forma de crer em si, como dizia o poeta Rudyard Kipling, quando todos em de redor duvidam. (...)”

Artur da Távola

abril 07, 2007

Agarra-me se puderes

A nostalgia dos anos 80 parece não terminar nunca. A seção da tarde da rede Globo nos anos 80 teve alguns clássicos como “Curtindo a Vida Adoidado”, onde Ferris Bulller curtia com a namorada e o amigo um dia matando aula. Outro filme inesquecível da seção da tarde era “Agarra-me se puderes” (Smokey and the Bandit, 1977). No elenco Burt Reynols e Sally Field – a inesquecível noviça voadora. Burt Reynolds era o “Bandido” (tradução grosseira de Bandit) e dirigia seu incrível Pontiac Trans Am preto. Sally Field era a noiva em fuga, perseguida pelo xerife Smokey (seu ex-futuro sogro) e pega uma carona com “Bandido” no meio do filme. O filme nada mais é do que uma aposta de trazer do Texas para Atlanta, 400 caixas de cerveja Coors em 28 horas (Nota: Nesse período era proibido vender Coors na Costa Leste). Seu amigo seguia dirigindo o caminhão e Bandido ia despistando o xerife e os patrulheiros com o Trans Am. Um filme típico de seção da tarde, mas extremamente interessante pela ação, pela trilha sonora country e pela maneira simples de mostrar o american style debochado. Fora que, no ano de 1977, foi a segunda maior bilheteria nos Estados Unidos, perdendo somente para “Guerra nas Estrelas”. Sally Field teve uma indicação para o Globo de Ouro como melhor atriz. A simplicidade do filme está numa história muito simples cheia de pequenos detalhes, como a cena do chapéu pendurado na árvore, a torcida para Bandit durante o caminho e a briga do motorista do caminhão com os motoqueiros no bar. Teve duas seqüências com os nomes em português os piores possíveis: “Desta Vez Te Agarro” (1980) e “Agora Você Não Escapa” (1983) Estes três filmes passavam tanto na seção da tarde! Sally Field para mim, assim como Marisa Tomei em “Tudo por um Sonho”, são de uma beleza e ao mesmo tempo uma competência artística excepcional. Fazer o simples como Sally Field faz em “Agarra-me...” não é fácil. Saudosismos a parte, o filme até hoje quando me encontro com ele nos “Corujões” ainda me segura acordado.

Sweet Gardênia

Um das curiosidades de encartes de discos sempre foi para mim as “Sweet Gardênia” I e II, do encarte de “Revolta dos Dândis” (Engenheiros do Hawaii, 1987). Vale também conferir que havia neste disco uma subliminar citação à Albert Camus. Entre as linhas dos caminhos...

Sweet Gardênia I

“Ele trabalhava num posto de gasolina
Ela era a filha mais bela
Da família mais fina
Um dia eles se encontraram
Numa dessas esquinas
E nada aconteceu
(Nada aconteceu)”

Sweet Gardênia II

“Ele trabalhava o dia inteiro na oficina
Ela ficava em casa
(Casa com piscina)
Um dia eles se encontraram
(Um dia de neblina)
E nada aconteceu
(Nada aconteceu)”

Não é só esta a curiosidade desse encarte. Tem uma foto de Leonel Brizola logo após a de José Sarney, numa seqüência de fotos de ex-presidentes brasileiros desde Juscelino Kubitschek. A foto de Tancredo Neves exibe uma santa imagem sob sua cabeça. Uma foto do edifício do Ministério da Educação e Cultura, projeto da equipe de Lúcio Costa com consultoria de Le Corbusier, de 1930, uma gravura do “Sr. Jeca Tatu”, de Monteiro Lobato, um desenho do “Eddie” (o mostro das capas dos discos do Iron Maiden) entre outras.

Alexandre Dumas

“(...) We'll drink together
And when we drink we'll drink together, not alone!
All For One, and One For All! (...)
We'll fight together
And when we fight we'll fight together, not alone!
All For One, and One For All! (...)
We'll fall together
And when we fall we'll fall together, not alone!
All For One, and One For All!”

All for One - Blackmore´s Night

Não, não é da rua na Chácara Santo Antonio que vou falar. Vou falar do homenageado mesmo, do romancista francês do século XIX que escreveu nada mais nada menos que “Os três Mosqueteiros”, “O homem da Máscara de Ferro” e “O Conde de Monte Cristo”.
Lembrando o lema dos três mosqueteiros - Um por todos e todos por um – que esta na memória de muita gente, fiquei nostálgico. Lembrar dessas histórias me faz lembrar a infância. Um outro romance, também muito marcante para mim na infância, devido a uma série de TV, foi a “Tulipa Negra”. Tulipa se passava na Bélgica, na cidade de Haarlem. Não a toa que Blackmore escreve uma música em apologia aos mosqueteiros. Estava escutando esta música e ela inspirou esse tópico. Será que ainda hoje se fala em Alexandre Dumas? Suas histórias ainda estão no subconsciente das pessoas e há de se reconhecer que na França existem vários grandes escritores, más nenhum deles foi tão lido quanto Alexandre Dumas.

TV Alternativa

Um amigo sempre diz que assisto coisas absurdas na TV em canais exóticos. Hoje resolvi citar alguns. Nota-se que nunca acompanho nenhum. Devo perder muita coisa boa deles, mas esse meu mundo de não-horários não me deixa escolha.

Começo citando o popular “Quem tem medo de música clássica?”, apresentado na TV Senado pelo ex-senador Arthur da Távola. Fora suas interrupções nas pausas das peças apresentadas, ou às vezes no meio, seu discurso inicial apresentando a obra sempre é bastante interessante. Basta só ter paciência e estar disposto à música erudita naquele momento.

Na TV Câmara no programa “Sempre um papo” já vi ótimas apresentações de autores como Zeca Camargo, falando de seu livro “De A-Ha a U2”, Moacir Scliar, Fernando Moraes, Danuza Leão e família Schurmann.

E o melhor deles todos: “Provocações”, apresentado por Antônio Abujamra na TV Cultura. Esse nem posso dizer mais que é alternativo. É quase um clássico dos menos assistidos e mais comentados. Ele é o “Raízes do Brasil” da televisão brasileira.

Existem, claro bons momentos em canais como Canal Universitário, mostrando um “tititinho” da produção universitária brasileira. Onde já vi depoimento de Alberto Botti, falando sobre a arquitetura paulista (TV Mackenzie), entrevista de Orlando Villas Boas ao Dr. Dráuzio Varella (TV Unip) entre outras coisas como o programa de debates apresentado pelo jornalista José Nello Marques, na TV Uniban.

Continuo, outra vez, concluindo que o Arnaldo Antunes não sabe o que fala. Além da já citada “Televisão”, dos Titãs, no seu projeto “Tribalistas” inclui a pérola:

“(...) Não tenho paciência pra televisão
Eu não sou audiência para a solidão (...)”

Só pode ter sido ele que escreveu isso. Sua birra com a televisão já é de longa data. Ele parece “disco riscado”, batendo na mesma tecla 20 anos depois. Será que para ele a televisão continua a mesma? Será que ele acredita na “Rede Pública de Televisão”? Aliás, esses três programas não passam em redes públicas? Para que se discute Rede Pública de Televisão?

PS: “Raízes do Brasil” é o livro de Sergio Buarque de Holanda, muito citado em todos os meios universitários, mas realmente muito pouco lido.

Rede Manchete - 1985

Nos anos 80 só existiam canais de TV VHF. Eram seis, em São Paulo, até 1983: TV Cultura, canal 2, TVS, canal 4, Globo, canal 5, Record, canal 7, Gazeta, canal 11 e Bandeirantes, canal 13. A partir de 5 de junho de 1983, o grupo Bloch começa a operar o canal 9: Rede Manchete. Nesse ano passou um filme (que nunca mais revi) cuja música talvez seja a das mais chatas do universo: “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”.
Em 1985 estréia a primeira tele novela da Rede Manchete: "Antonio Maria" (um português no Brasil. Só lembro do belo Opala 4 portas, verde metálico). Também estréia um humorístico chamado “Tamanho Família”. Do qual lembro muito bem. Do elenco, lembro bem de Diogo Vilela. Um dos episódios que mais me marcou era do lançamento do livro contando a vida da personagem (que não lembro o nome). O livro foi enorme sucesso, porém o problema era escrever o segundo, pois tinha contado tudo já no primeiro. Depois de um monte de tentativas de novas experiências, a personagem lança “Chongas”. Que contava as longas tentativas de experiências onde nada de novo acontecia. Foi um fracasso de vendas. O programa era muito bem feito. Não sei se o sucesso não foi maior por algum motivo específico, mas não me sai da cabeça. A formula dele era muito simples. Praticamente a mesma do atual remake de “A Grande Família”. E o patrocínio das panelas de pressão Clock, então... Era um slogan mais ou menos assim: “Uma panela tamanho família”. Tratava-se de mostrar o produto que tinha tamanhos pequenos (“tititinhos”) e os tradicionais.
Conforme declarou a escritora e jornalista Ana Maria Bahiana, autora do “Almanaque Anos 70”, em entrevista no programa “Sempre Um Papo” da TV Câmara (2006), a década de 70 era uma até 1975 e outra a partir daí. Dizia que nos anos 1972/73 não havia esperança de acabar com o regime militar e a partir de 1975/76, com a anistia, tudo parecia tomar outra linha. O mesmo parece se suceder na década de 80. Até 1985, os carros, os programas de TV e até as embalagens, eram ainda muito “setentões”. Acredito em 1985 marcava uma nova forma de se fazer televisão, oriunda da extinta TV Manchete. Começa a fazer tele novelas, algumas marcantes como Dona Beija, já tínhamos um presidente civil, nem a moeda era mais a mesma, a FIAT lançava o Uno (não sei se é bom ou ruim, mas é melhor que um 147, com certeza).
A TV Manchete tem sua importância naqueles anos 80. Naqueles mesmos anos que Arnaldo Antunes declarava que “a televisão me deixou burro, muito burro demais”. Não sei de que forma ele assistia à televisão naqueles anos, mas eu não achava, já naquela época, ainda criança, que um meio não pode deixar alguém mais burro do que já se é. Afinal, quem educa são os pais. E na Escola é que se tem de aprender. A Televisão é entretenimento. Se agrega cultura, tudo bem, mas não é sua função educar. Só para lembrar de um desenho animado da boa seleção da TV Manchete, naquele “Pintando no Ar”, apresentado por Xuxa e depois Angélica, cito “D´Artagnan e os Três Mosqueteiros”, onde todos os personagens eram cachorros e o cardeal Richelieu uma raposa. Nunca passar Alexandre Dumas para crianças pode deixá-las mais burras. Bons tempos de TV Manchete!

A Enigmática

Certa vez a vi em seu ambiente de trabalho. Cabelos lindos, bela e vistosa. Assunto não existia mas por sua simpatia logo surgiu um. Sem saber seu nome fui seguindo em frente, “tocando a boiada”. Mas não saiu de minha mente. Voltei várias vezes ao local e não mais a vi. Quando, sem nenhuma prévia ligação de destinos ela reaparece. Lógico, não a reconheci. Ambiente distinto, porém a memória reaviva rapidamente os fatos e logo veio todo o contexto. Agora levo um sorriso no rosto. Sei seu nome, mais nada.

Lista de arquitetos

Fazer uma lista é sempre fazer escolhas baseadas em algum critério. Pode ser pessoal, técnico, até duvidoso. Eu faço aqui uma lista de 10 arquitetos de que gosto muito de suas obras. Não vou citar as obras, pois seriam mais que uma. Ou seja, um critério bom: gostar de mais de uma obra desses arquitetos. Esta lista é mais um referencial para os próximos posts do que propriamente um assunto.
Eu acho interessante fazer listas. Eu gosto. Assim como Daniel Piza comenta (em http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=2062) as listas não contém uma verdade factual e plena. Neste caso é bastante subjetiva, mas, como sempre friso, é um primeiro caminho para desaguar num assunto mais específico. O que mais me incomoda é não conhecer pessoalmente muitas das obras. Isso fica deixa o critério mais subjetivo. Pois, existe na arquitetura três situações significativas: o estado de conservação da obra, a sensação espacial interna e externa e o contexto da época em que foi construída. Visitar a Pampulha e entender que lá existia um cassino (anos 1940) é muito diferente de ver hoje aquele complexo cultural. Da mesma forma, visitar a FAU-USP, na Cidade Universitária, mesmo sem saber a história do edifício, é muitíssimo interessante pelas sensações internas despertadas. Assim como ver o edifício do IAB no estado em que se encontra dá certa sensação contrária ao leigo. Agora a subjetividade também mora naquele consumo feito por fotografias e análises das peças gráficas (plantas, cortes, etc). E estas mesmas fotos trazem, como no caso do IAB, a noção das diretrizes de projeto e da riqueza da edificação quando da sua conclusão. Vamos a lista:

1 - Jean Nouvel
2 - Antoine Predock
3 - Vilanova Artigas
4 - Affonso Eduardo Reidy
5 - Frank Lloyd Wrigh
6 - Dominique Perrault
7 - Álvaro Siza
8 - Norman Foster
9 - M.M.M. Roberto
10 - Eduardo de Almeida

Nota: Oscar Niemeyer não esta na lista, não por não apreciar suas obras, onde poderia citar o Parque do Ibirapuera e a Pampulha facilmente. Acredito que estaria na 11º posição, certamente! Também é bom lembrar que esta lista só trata praticamente da arquitetura moderna. E é mais uma lista dos arquitetos que me influenciaram de alguma forma a uma lista da história da arquitetura. Também sou obrigado a citar mais dois nomes: Paulo Mendes da Rocha e Lina Bo Bardi. Pode parecer estranho citar Eduardo de Almeida e não citar estes dois. Mas tem um sentido: as casas de Eduardo de Almeida tem para mim um especial valor. Fica também difícil para mim não colocar outros dois arquitetos estrangeiros: Alvar Aalto e Richard Neutra. Mas, talvez num post futuro, separe a lista dos 10 arquitetos brasileiros e dos 10 arquitetos estrangeiros que mais me influenciaram.
Vamos separar dentro dos meus dez escolhidos algumas questões. Jean Nouvel, Antoine Predock, Dominique Perrault e Norman Foster são para mim o que se faz de novo na arquitetura. Suas obras recentes e mesmo aquelas com até 20 anos, me fascinam em termos tecnológicos e, Nouvel e Predock, vão para mim muito além disso. Enquanto que diria que Artigas, Reidy, irmãos Roberto (ai acrescentaria mais outros dois nomes, o já citado Paulo Mendes e o Oswaldo Bratke) seriam a minha formação de arquiteto. Assim também como Siza e Frank Lloyd Wright. Ainda destacando Artigas mais que qualquer outro.
Não poderia deixar de citar outros arquitetos contemporâneos muito interessantes: Renzo Piano Rem Koolhaas e Daniel Libeskind. Assim como também no Brasil outros arquitetos com uma produção interessante nos últimos anos: Mario Biselli, MMBB, Francisco Spadoni e Brasil Arquitetura.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...