Lendo uma breve crítica num blog qualquer, não lembro mesmo, mais para frente falo o porquê, lia que o “jornalismo cultural” no Brasil é muito ruim, principalmente ao tratar coberturas sobre bandas de
rock e
heavy metal. A crítica explorava a respeito da falta de qualidade até de se cobrir eventos, citando que basicamente eram noticiadas as datas e locais, sem maior opinião a respeito. E ainda citava que este jornalismo ao cobrir as bandas buscava no bizarro e não na música a notícia.
O que penso a respeito que há, sim, um tanto de falta de cultura no jornalismo cultural. Falta ler o Daniel Piza –
Jornalismo Cultural – e saber as origens desse jornalismo. Há muitos jornalistas culturais bons no Brasil. Como já citei
aqui, o livro
Contra o Consenso, de Reinaldo Azevedo, é um excelente exemplo. Fala de cinema, de televisão, sobre o Cazuza, o Marcelo Taz, além das letras, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, etc.
O problema da música, mais especificamente do
heavy metal, esta mesmo na cultura paralela desde movimento. O pequeno texto daquele blog trazia palavras de Jotabê Medeiros, um excelente colunista musical do jornal “O Estado de São Paulo”, falando que o público de “metaleiros” era o mais fiel e estava lá para ouvir música, para curtir a banda e não como mero entretenimento. Pois, para um “metaleiro” (termo que detesto), a música está no “sangue” (expressão que também detesto).
Nesta “cultura paralela” que acabei de citar acima, nascida dos movimentos de contra-cultura lá nos anos 1960, há busca por questões esotéricas entre outras. Mas também muito de críticas de costumes, de visão de mundo, de história, como na letra de
Alexander The Great – Iron Maiden:
“(...) Near to the east
In a part of ancient Greece
In an ancient land called Macedônia
Was born a son
To Philip of Macedon
The legend his name was Alexander
At the age of nineteen
He became the Macedon King
And he swore to free all of Asia Minor
By the aegian sea
In 334 b.c.
He utterly beat the armies of Pérsia
Alexander the great
His name struck fear into hearts of men
Alexander the great
Became a legend mongst mortal men (...)”
Seria falta completa de cultura ignorar o fenômeno que são as bandas de
rock, que há décadas mantém seus fãs pelo mundo todo, assim como lotam shows, às vezes nem divulgados na grande mídia. Ninguém é obrigado a cobrir os shows, porém, quando se dão a este trabalho, o mínimo esperado é seja bem feito, e por quem entenda do assunto. Para os mais velhos, de gerações que “amavam os Beatles e os Rolling Stones”, cujo acesso aos discos era muito mais difícil, me falam das reportagens feitas por Nelson Motta na televisão (anos 1970). Pelo que contam, naquela época, as reportagens eram de melhor qualidade as feitas hoje em dia.
Há espaço para todos os gostos, porém acredito que há certo preconceito. Nunca senti nenhum tipo de preconceito quanto usava “cabelos longos”, mas uma coisa é certa: o público de
heavy metal realmente é exigente, diferentemente de outros que preferem pular, não se importando se a cantora esta rouca ou não, nem sobre o que fala a letra, afinal, para eles o que importa é “a levada”.
Já li excelentes reportagens sobre músicas feitas por jornalistas desconhecidos da grande mídia, em sites perdidos na internet, como já vi péssimas entrevistas de apresentadores de TV, que são considerados “intelectuais”... Em especial um meio gordinho, que acha que todo cabeludo não sabe nada...
Como começou esse tópico
Estava na internet buscando algum site ou blog que falasse de música (mais especificamente estava me divertindo lendo uma menina que escreve mal pra chuchu, mas que sabe contar bem uma história) e me deparei com um que havia uma bela postagem (algumas belas postagens), mas o tal blog não era atualizado há tempos. Então fui buscando um que fosse mais novo e tivesse boas postagens. Nisso fui perdendo a quantidade de blogs que entrei e nem consegui depois encontrar aquele, que mesmo sem atualização, era o melhor de todos.
Para ser exato, muitos têm atualizações excelentes, falam bastante de bandas praticamente desconhecidas e tem agenda de show; muitas agendas de show, e mais nada. Nada de crítica, nada de falar de disco antigos, nada de dar opinião. Um vazio total. Em matéria de blog de música (
heavy metal e
rock´n roll) sou obrigado a dizer que nos 100 mil blogs brasileiros não há nenhum que seja bom o suficiente. Para dizer bem a verdade, se eu, que sou arquiteto, consigo fazer igual ou parecido, é porque não encontrei mesmo nada melhor. Eu, ao escrever sobre música, discos, cantoras, escrevo sobre impressões, sobre lembranças, não me importando muito em descrever uma crítica geral ao disco, em fazer uma resenha ou sinopse do mesmo (resenha só se usa para livros? E sinopse, só para cinema?). E o faço por intuição, tentando ao máximo escrever certo, em português. E nem isso encontrei.
Encontrei alguns blogs específicos, de
rock progressivo, de música brasileira, mas nada que eu gostasse e me motivasse a voltar lá. Outro dia, pela rádio CBN, fiquei sabendo de um blog sobre discos de vinil que não foram lançados em
cd. Bastante interessante, mas no blog simplesmente tem as músicas para serem baixadas, as capas dos discos, e mais nada; nenhuma sinopse, nenhuma crítica. Eis que se não quando, volto eu a ler a grande mídia, a internacional, atrás de alguma crítica a respeito do que gosto.