“(...) Há mais de um motivo
Há mais de uma razão
Havia um romance
Ao alcance da mão
Mas o cigarro apagou
E me ensinou o macete
De esconder as cinzas
Sob o tapete”
Sob o Tapete – Engenheiros do Hawaii (1988)
Se existe algo que não entendo é exatamente a questão de que o mercado de trabalho “pede” certo “perfil” dos candidatos às novas vagas. E, além disso, os programas de TV, desde reportagens especiais de Fabiana Scaranzi a Max Gehringer, falam de como se preparar para o “perfil” que o mercado exige no momento. Uma coisa é óbvia, toda vez que os recursos humanos estão em alta na mídia significa que os empregos estão escassos.
Segundo uma pesquisa feita, cuja fonte e os dados exatos eu não lembro, dizia que mais que 40% das pessoas que consegue emprego são por meio de “networking”, ou seja, por indicação ou por contatos, 16% por internet e somente 4% pelas agências de emprego. Queria até analisar melhor estes dados, mas aparentemente o contato se torna uma das ferramentas de trabalho mais importantes. Se for assim, que importa o tal perfil? Reportagens e mais reportagens estariam mentindo?
A verdade seja dita. A melhor preparação geral, formada por faculdade de primeira linha, idiomas e alta gama de conhecimentos gerais é ainda a melhor postura, fora a atenção aos contatos. Ou seja, a fórmula é fácil. Mas ai é que entram os limites. E normalmente eles são bastante delicados, um deslize é muito trabalho desperdiçado. E ai resta tentar esconder as cinzas “sob o tapete” e começar tudo de novo. A sorte que o recomeço não é algo tão mortal, mas não é fácil. Mas a maioria das pessoas, além do medo e do “mito que limita o infinito” (Guardas da Fronteira) tem dificuldade de se recriar. Um detalhe fantástico disso é sempre avaliar aquele que foi morar no exterior. Normalmente a pessoa cria novos amigos, nova vida, um renascimento, e uma saudade difícil de lidar muitas vezes, sem contar que por causa de uma cultura diferente sofre para se adaptar ao status quo (Nada melhor que citar Victor Frankl nesse estágio, no seu “Um sentido para a Vida”).
Fora isso tudo ainda falam das questões relacionadas à idade, tempo de fazer as coisas, limites de ousadia e conforto. Quanto à idade é um pouco ridículo assim como penso em relação ao tempo. Como já havia esboçado em “Às vezes sim, às vezes não” (I, II, III, IV e V) não creio muito nessas questões de tempo. Que exista um tempo em que se deva casar, ganhar dinheiro, morrer, etc. mas existe uma questão entre oportunidades e oportunismo. Isso dá muito que falar, principalmente que não há aí “paralaxe cognitiva”, onde falo mais precisamente sobre a minha experiência pessoal do que uma questão de conceito.
Mas uma coisa é certa: a escolha que se faz sempre está baseada no fundo no “seja você mesmo”. Não adianta fugir muito disso. Como num outro trecho da mesma canção que iniciei esta postagem (depois me perguntam por cito os caras toda hora, eles falam poeticamente o que eu quero dizer):
“(...) Quanto mais se foge
Tanto mais se quer fugir
?O que seria de nós
Se não fosse a ilusão
A doce ilusão de conseguir? (...)”
Assim sendo, não vejo o porquê ser outra pessoa para estar no meio daquilo que nem se sabe ao certo se é o que se quer. E saber o que quer é algo às vezes é ruim. Nem sempre saber tudo e ter tudo planejado é sinônimo de bom desempenho. Nessa hora lembro sempre do filme “Cartas na Mesa” (1998), com Matt Damon (um dos poucos filmes que assisti no Morumbi Shopping, e foi antes do ataque do psicopata). No filme o jogador de pôquer tem uma conversa com o professor que ele muito admirava, onde fica sabendo que ele tinha desapontado a família por ser o que ele é. E também de “Gattaca – Experiência Genética” (1997), onde tanto o rapaz que usava óculos, era de baixa estatura, queria estar na tal elite genética. Os finais dos dois filmes (o de Gattaca eu não lembro) não eram o mais importante dos filmes.
Agora, conciliar o tal “perfil” ao seu modo pessoal e buscar a alternativa no mercado de trabalho é uma equação complexa, com inúmeras variantes e poucas constantes. Detalhe: isso só serve para profissões lineares. Aliás, esse meu conceito de linearidade é mais baseado numa questão de ofício, ou de aquisição de questões técnico administrativas, não sendo aplicáveis para profissões cujo talento artístico, caso muitas vezes do jornalismo, da carreira de músico, ator, diretor de cinema, escultor, pintor ou até mesmo diretor de arte publicitária, cuja linearidade não cabe explicações lógicas, onde aquela questão de oportunismo e oportunidade fica mais esfumaçada do que tudo.
Nota de rodapé
Sob o Tapete – Engenheiros do Hawaii (1988)
Se existe algo que não entendo é exatamente a questão de que o mercado de trabalho “pede” certo “perfil” dos candidatos às novas vagas. E, além disso, os programas de TV, desde reportagens especiais de Fabiana Scaranzi a Max Gehringer, falam de como se preparar para o “perfil” que o mercado exige no momento. Uma coisa é óbvia, toda vez que os recursos humanos estão em alta na mídia significa que os empregos estão escassos.
Segundo uma pesquisa feita, cuja fonte e os dados exatos eu não lembro, dizia que mais que 40% das pessoas que consegue emprego são por meio de “networking”, ou seja, por indicação ou por contatos, 16% por internet e somente 4% pelas agências de emprego. Queria até analisar melhor estes dados, mas aparentemente o contato se torna uma das ferramentas de trabalho mais importantes. Se for assim, que importa o tal perfil? Reportagens e mais reportagens estariam mentindo?
A verdade seja dita. A melhor preparação geral, formada por faculdade de primeira linha, idiomas e alta gama de conhecimentos gerais é ainda a melhor postura, fora a atenção aos contatos. Ou seja, a fórmula é fácil. Mas ai é que entram os limites. E normalmente eles são bastante delicados, um deslize é muito trabalho desperdiçado. E ai resta tentar esconder as cinzas “sob o tapete” e começar tudo de novo. A sorte que o recomeço não é algo tão mortal, mas não é fácil. Mas a maioria das pessoas, além do medo e do “mito que limita o infinito” (Guardas da Fronteira) tem dificuldade de se recriar. Um detalhe fantástico disso é sempre avaliar aquele que foi morar no exterior. Normalmente a pessoa cria novos amigos, nova vida, um renascimento, e uma saudade difícil de lidar muitas vezes, sem contar que por causa de uma cultura diferente sofre para se adaptar ao status quo (Nada melhor que citar Victor Frankl nesse estágio, no seu “Um sentido para a Vida”).
Fora isso tudo ainda falam das questões relacionadas à idade, tempo de fazer as coisas, limites de ousadia e conforto. Quanto à idade é um pouco ridículo assim como penso em relação ao tempo. Como já havia esboçado em “Às vezes sim, às vezes não” (I, II, III, IV e V) não creio muito nessas questões de tempo. Que exista um tempo em que se deva casar, ganhar dinheiro, morrer, etc. mas existe uma questão entre oportunidades e oportunismo. Isso dá muito que falar, principalmente que não há aí “paralaxe cognitiva”, onde falo mais precisamente sobre a minha experiência pessoal do que uma questão de conceito.
Mas uma coisa é certa: a escolha que se faz sempre está baseada no fundo no “seja você mesmo”. Não adianta fugir muito disso. Como num outro trecho da mesma canção que iniciei esta postagem (depois me perguntam por cito os caras toda hora, eles falam poeticamente o que eu quero dizer):
“(...) Quanto mais se foge
Tanto mais se quer fugir
?O que seria de nós
Se não fosse a ilusão
A doce ilusão de conseguir? (...)”
Assim sendo, não vejo o porquê ser outra pessoa para estar no meio daquilo que nem se sabe ao certo se é o que se quer. E saber o que quer é algo às vezes é ruim. Nem sempre saber tudo e ter tudo planejado é sinônimo de bom desempenho. Nessa hora lembro sempre do filme “Cartas na Mesa” (1998), com Matt Damon (um dos poucos filmes que assisti no Morumbi Shopping, e foi antes do ataque do psicopata). No filme o jogador de pôquer tem uma conversa com o professor que ele muito admirava, onde fica sabendo que ele tinha desapontado a família por ser o que ele é. E também de “Gattaca – Experiência Genética” (1997), onde tanto o rapaz que usava óculos, era de baixa estatura, queria estar na tal elite genética. Os finais dos dois filmes (o de Gattaca eu não lembro) não eram o mais importante dos filmes.
Agora, conciliar o tal “perfil” ao seu modo pessoal e buscar a alternativa no mercado de trabalho é uma equação complexa, com inúmeras variantes e poucas constantes. Detalhe: isso só serve para profissões lineares. Aliás, esse meu conceito de linearidade é mais baseado numa questão de ofício, ou de aquisição de questões técnico administrativas, não sendo aplicáveis para profissões cujo talento artístico, caso muitas vezes do jornalismo, da carreira de músico, ator, diretor de cinema, escultor, pintor ou até mesmo diretor de arte publicitária, cuja linearidade não cabe explicações lógicas, onde aquela questão de oportunismo e oportunidade fica mais esfumaçada do que tudo.
Nota de rodapé
Já pensei muito nas hipóteses que tinha ao fazer o vestibular, mesmo tendo gostado muito do curso que fiz, da faculdade, de professores, do Mackenzie, monto aquele simulacro de vida baseado na expressão “se...” pensando em como seria se tivesse partido para outro lado. E o pior: nunca faltou aviso. Hoje em dia penso que ter feito parte da primeira turma de Administração de Empresas da Escola de Engenharia Mauá poderia ter sido uma ótima. E era possível, foi exatamente naquele ano em que fiz o vestibular (foi conceito A em todos os as edições do provão, o que não prova nada, mas a desconhecida é uma das mais preparadas do mercado, no mundo a parte das conhecidas FEA, FGV - Acho que estaria no limite...). A FATEC, cujo vestibular fui aprovado, fico até certo ponto feliz de não ter cursado. Na hora das escolhas, fico feliz também de não ter caído em curso de humanas puro como publicidade, rádio e televisão, artes plásticas, entre outros (até o de filosofia ou sociologia, principalmente). Mas, a dúvida entre engenharia e arquitetura, hoje acho muito mais distante e não mais relevante. Vejo que a parte em que a engenharia me deixa feliz hoje, nada tem de engenharia e sim de administração.
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