Existe algo que sempre me deixa desconfortável no tal rock Brasil, ou rock nacional, expressão que gosto mais. Não sei ao certo o que é. Por ser uma imitação, os músicos tendem a ser ruins, as gravações, as vozes, tudo ruim. Não sei se é implicância minha, mas tem horas que parece este cenário uma coleção de pessoas que nunca chegam lá. Tem as idéias e as executam a qualquer nota, até meio propositadamente. Um pouco punk. Mas isso, depois de 20 anos parece o fim da picada. Nesse aspecto que me ocorre elogiar mais um Kid Abelha, que tenta colocar seu lado pop, com arranjos etc. a um Lobão que parece só ter as idéias. Uma música que sempre está no limite entre a idéia, mais forte, e a música, quase um fundo, uma paisagem.
Não consigo olhar a falta de profundidade da música, ou os temas rápidos, sem criticá-los. Claro, há exceções, como na música do Irá! – “Envelheço na Cidade” – em que eu gosto do pequeno riff da introdução e da levada mais crua. Mas também noto que os grupos ao tentarem ousar, colocar mais elementos, como a própria banda já citada, em “Fores em Você”, da qual usa violinos e faz uma gravação de estúdio praticamente irreproduzível em shows. Levando em conta que Ira não é um dos grupos que eu posso dizer que gosto fico talvez nas tentativas de Humberto Gessinger multi-instrumentista, tocando guitarra, baixo e piano. Nenhum deles com elevada técnica. Mas dos Engenheiros do Hawaii posso classificar uma qualidade: o fato de serem eles mesmos e somente eles. Claro, estou me referindo à fase em que eram somente os três e que faziam os três tudo nos shows. A partir do momento em que Humberto simplesmente se transformou em sinônimo de Engenheiros do Hawaii, chamando um monte de músicos e com uma banda desconhecida, esta qualidade se perdeu. Mas, criaram em termos musicais alguns riffs, não somente letras e melodias. Citaria aquele de “Somos Quem Podemos Ser”, “Tribos & Tribunais” e “Exército de Um Homem Só”. Diga-se, acho o disco mais bem gravado deles o “O Papa é Pop” (1990), mesmo sendo o meu predileto “A Revolta dos Dândis” (1987). O que é interessante em termos de gravação são os discos dos Titãs. Posso dizer que em qualidade é a melhor banda gravada no estúdio. De toda a obra dos Titãs separo os discos “Cabeça Dinossauro” (1986) e “Jesus não tem Dentes nos País dos Banguelas” (1988). Nesses dois álbuns está o que de melhor o Titãs produziu. Cheguei a ver um show histórico, Titãs e Paralamas tocando juntos, com Marcelo Fromer e Herbert Vianna antes do acidente. Um riff muito forte dos Titãs é sem dúvida “Lugar Nenhum”. O que também gosto é do esquema de banda. Não sou fã dessas incursões de carreiras de solistas. Gosto mesmo de um grupo, cada um criando e "tudo ao mesmo tempo, agora”. Mas as bandas, como todo grupo, uns se destacam mais e tudo acaba, mais cedo ou mais tarde. Não posso deixar de falar do riff de “Como Eu Quero” do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. Só iniciar aqueles sintetizadores e todo mundo sabe qual é a música.
O Kid é praticamente o meio termo entre uma banda e um solista. Hoje, analisando, Kid Abelha é praticamente sinônimo de Paula Toller, assim como já me referi a Humberto Gessinger. Posso dizer que Lobão e Lulu Santos sempre foram assim. Não gosto muito disso. Prefiro banda, como Ultraje a Rigor, por exemplo. Esta, um ícone do politicamente errado, eternizada por letras críticas e pelo bom humor. O pior são as defesas feitas pelos músicos. Ou melhor, pior mesmo é ver fã falando das bandas. Mas o que vale dizer que nos anos 1980 a diferença entre a MPB e o rock nacional tinha obrigatoriamente de ser evidenciada. Já nos anos 1990, Skank nem se deu ao trabalho de defender sua música, simplesmente toca. Não importando se é rock nacional ou se é MPB ou reggae. E sou obrigado a dizer que os arranjos dos discos do Skank são bem feitos. Essa diferença ficou mais esfumaçada e de certa forma isso deu resultados. O público se ampliou e, ao mesmo tempo, piorou. Tudo ficou mais popular, mais igual. Tudo soa um pouco igual, desde Sandy & Junior a KLB.
Os lados mais ligados à MPB das bandas se soltaram. Como em “Parabólica” dos Engenheiros do Hawaii ou mesmo o trabalho do ex-titã Nando Reis. E basicamente sou obrigado a dar razão ao Lulu Santos: o rock (o nacional) morreu mesmo. O problema ficou para quem gosta de rock e não tinha lá muita afinidade com a MPB. Acho que esso é o maior desconforto para quem gosta ou gostou de algumas dessas bandas do rock nacional. Como Humberto já havia falado em alguma entrevista, e eu concordo com ele, não gosto da idéia de usar a música como maneira de separar as pessoas. Mas as pessoas, mais preocupadas em separar o mundo em pedaços, gostam. Nessas horas, eu fico do lado de lá, junto com o rock´n roll... It´s only rock´n roll...
Não consigo olhar a falta de profundidade da música, ou os temas rápidos, sem criticá-los. Claro, há exceções, como na música do Irá! – “Envelheço na Cidade” – em que eu gosto do pequeno riff da introdução e da levada mais crua. Mas também noto que os grupos ao tentarem ousar, colocar mais elementos, como a própria banda já citada, em “Fores em Você”, da qual usa violinos e faz uma gravação de estúdio praticamente irreproduzível em shows. Levando em conta que Ira não é um dos grupos que eu posso dizer que gosto fico talvez nas tentativas de Humberto Gessinger multi-instrumentista, tocando guitarra, baixo e piano. Nenhum deles com elevada técnica. Mas dos Engenheiros do Hawaii posso classificar uma qualidade: o fato de serem eles mesmos e somente eles. Claro, estou me referindo à fase em que eram somente os três e que faziam os três tudo nos shows. A partir do momento em que Humberto simplesmente se transformou em sinônimo de Engenheiros do Hawaii, chamando um monte de músicos e com uma banda desconhecida, esta qualidade se perdeu. Mas, criaram em termos musicais alguns riffs, não somente letras e melodias. Citaria aquele de “Somos Quem Podemos Ser”, “Tribos & Tribunais” e “Exército de Um Homem Só”. Diga-se, acho o disco mais bem gravado deles o “O Papa é Pop” (1990), mesmo sendo o meu predileto “A Revolta dos Dândis” (1987). O que é interessante em termos de gravação são os discos dos Titãs. Posso dizer que em qualidade é a melhor banda gravada no estúdio. De toda a obra dos Titãs separo os discos “Cabeça Dinossauro” (1986) e “Jesus não tem Dentes nos País dos Banguelas” (1988). Nesses dois álbuns está o que de melhor o Titãs produziu. Cheguei a ver um show histórico, Titãs e Paralamas tocando juntos, com Marcelo Fromer e Herbert Vianna antes do acidente. Um riff muito forte dos Titãs é sem dúvida “Lugar Nenhum”. O que também gosto é do esquema de banda. Não sou fã dessas incursões de carreiras de solistas. Gosto mesmo de um grupo, cada um criando e "tudo ao mesmo tempo, agora”. Mas as bandas, como todo grupo, uns se destacam mais e tudo acaba, mais cedo ou mais tarde. Não posso deixar de falar do riff de “Como Eu Quero” do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. Só iniciar aqueles sintetizadores e todo mundo sabe qual é a música.
O Kid é praticamente o meio termo entre uma banda e um solista. Hoje, analisando, Kid Abelha é praticamente sinônimo de Paula Toller, assim como já me referi a Humberto Gessinger. Posso dizer que Lobão e Lulu Santos sempre foram assim. Não gosto muito disso. Prefiro banda, como Ultraje a Rigor, por exemplo. Esta, um ícone do politicamente errado, eternizada por letras críticas e pelo bom humor. O pior são as defesas feitas pelos músicos. Ou melhor, pior mesmo é ver fã falando das bandas. Mas o que vale dizer que nos anos 1980 a diferença entre a MPB e o rock nacional tinha obrigatoriamente de ser evidenciada. Já nos anos 1990, Skank nem se deu ao trabalho de defender sua música, simplesmente toca. Não importando se é rock nacional ou se é MPB ou reggae. E sou obrigado a dizer que os arranjos dos discos do Skank são bem feitos. Essa diferença ficou mais esfumaçada e de certa forma isso deu resultados. O público se ampliou e, ao mesmo tempo, piorou. Tudo ficou mais popular, mais igual. Tudo soa um pouco igual, desde Sandy & Junior a KLB.
Os lados mais ligados à MPB das bandas se soltaram. Como em “Parabólica” dos Engenheiros do Hawaii ou mesmo o trabalho do ex-titã Nando Reis. E basicamente sou obrigado a dar razão ao Lulu Santos: o rock (o nacional) morreu mesmo. O problema ficou para quem gosta de rock e não tinha lá muita afinidade com a MPB. Acho que esso é o maior desconforto para quem gosta ou gostou de algumas dessas bandas do rock nacional. Como Humberto já havia falado em alguma entrevista, e eu concordo com ele, não gosto da idéia de usar a música como maneira de separar as pessoas. Mas as pessoas, mais preocupadas em separar o mundo em pedaços, gostam. Nessas horas, eu fico do lado de lá, junto com o rock´n roll... It´s only rock´n roll...
2 comentários:
Ouça "O Teatro Mágico" e depois me diga o que acha. Nada parecido com o que já existe. Além disso, vale pesquisar no site cifras, tem diversas bandas independentes, coisa boa, que ninguém conhece. Engenheiros é bom, mas ultrapassado talvez...
O rock nacional está velho e cansado, porque as gravadoras só tentam ganhar em cima, só o que vende é que toca, não é ? beijos, Adri
hehehe... Olha o comentário do Secco, grande brotehr meu:
secco disse...
Existe uma nova banda! Uma nova esperança! que reergueu ( se é que se escreve assim, rs ) esta bandeira, é o "Teatro Mágico" uma banda que mistura musica e circo,
Eles foram a grande atração da virada cultural, reunindo 40mil pessoas no palco da São João!!!
E foram tb a grande atração da revirada da paz ( que quase ninguem ficou sabendo por motivos papais ), já venderam mais de 40.000 cópias de maneira independente, e mesmo com numeros grandiosos como este para uma banda independente, a midia oculta os fatos, por que???
Porque, ninguém ganha nada com o sucesso do artista a não ser o próprio artista com sua pequena estrutura!!!
é o caminho inverso do atual, mas na minha ótica, parece óbvio... o
artista ganha dinheiro com seu trabalho! não atravessadores!!!
A Banda vende seus CD,s nos shows a 5,00 reais! E declaram que suas músicas podem ser divulgadas de todas as formas!
Os lobos se foram! Fica a Magia!
marcellosecco@gmail.com
www.tagged.com/marcelosecco
Maio 16, 2007 5:08 PM
E isso foi referente ao meu comentário do reaparcimento do Lobão
http://arquitetandocaminhos.blogspot.com/2007/05/lobo-ressurge-das-trevas.html
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