outubro 08, 2007

Quebra Cabeça

Nada melhor que começar algo e saber que indiretamente não estou sozinho no mundo. Lá por volta de 1991, 1992, quando o Van Halen lançou o “For Unlawful Carnal Knowledge”, li uma entrevista na extinta revista Bizz, na qual um dos membros da banda falava sobre o processo de criação da banda. Faziam uma jam session e se os quatro gostassem do resultado, alguém também gostaria lá fora. Eu fiquei imaginando essa jam, o como surgiam as músicas. Sempre me empolgo com processos criativos.

Notei que muitas vezes as luzes das idéias aparecem em momentos mágicos. Um processo nada linear, porém de veras prazeroso. Fazendo a primeira audição do novo disco dos Engenheiros do Hawaii, “Novos Horizontes”, me deparei com uma nova música deles, cujo processo criativo e a intenção da música combinam de certa forma ao que penso. Ao iniciar esse processo de escrever, no qual tento escrever todo dia, sem sofrer da síndrome da página em branco, pois afinal me sinto em certas horas um compilador de idéias e nunca um autor propriamente dito, não estava certo que chegaria a algum lugar. E nem sei se é preciso sempre chegar a algum lugar. E justamente a música “Quebra Cabeça” tem um pouco disso. Qual a graça e para que serve um quebra cabeça montado? Aliás, é exatamente essa frase que inicia a explicação dessa música no site oficial da banda. O resto é “a letra é um convite a esquecer o ponto de chegada e aproveitar a viagem”. Nada mais importante que ressaltar que eu não conhecia a música até este domingo último, quando recebi o disco.

Mais um detalhe da letra é interessante:

“(...) É tudo que eu posso oferecer
É pouco
Mas é tudo que eu posso oferecer
É quase nada
Mas é tudo que eu posso oferecer (...)”

Quebra Cabeça – Engenheiros do Hawaii (2007)

Eu realmente acho que não tenho lá muito que oferecer. Um quase nada, mas estou aqui a escrever. Não sei até quando, mas enquanto der estarei aqui. Falando em quase nada, me lembra uma frase atribuída a Jean Nouvel: “Se menos é mais, sou quase nada.” Onde comentava a mundialmente conhecida expressão “less is more”, do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe, nascido na cidade Aachen, na Alemanha. Robert Venturi também havia feito um trocadinho com a famosa frase: “Less is more, less is bore” (Menos é mais, menos é chato). Ou mesmo lembrando de Frank Lloyd Wright com “less is more only when more is too much” (O menos é mais somente quando o mais é em excesso). Bem, não me sinto sozinho no mundo.

Nota de rodapé
Humberto Gessinger também fez o curso de arquitetura. Outro dia uma pessoa também me disse que Herbert Vianna, Paula Toller e outros também fizeram o curso de arquitetura. Dos antigos sabia somente de Chico Buarque e de Guilherme Arantes que também cursaram a faculdade de arquitetura. Guilherme Arantes se formou, pelo menos.

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