De uma brincadeira se pode chegar a conclusões interessantíssimas sobre alguns assuntos. Aos seis anos de idade, lembro de ter participado da festa da escola que estudava. 1982: ano da Copa do Mundo na Espanha. Não lembro ao certo qual era a comemoração, mas esta festa tinha como tema as músicas de um disco de Vinicius de Moraes chamado “A Arca de Noé”. Quem teve este disco, sabe que se podia personalizar a capa. O LP vinha com figuras dos animais estilizados e de São Francisco de Assis e se podia colar e montar a capa. Por que São Francisco de Assis e não Noé? Simples: São Francisco é o protetor dos animais. No fundo o disco tinha como tema falar de animais para crianças, com belíssimas canções interpretadas por grandes nomes da MPB. O disco é uma obra destinada a crianças. É bom lembrar que quando criança ouvia Vinicius e não Kelly Key. Pobres das crianças de hoje!
Porém não é do disco de Vinicius que quero tratar. Nem muito menos da qualidade do mercado fonográfico de hoje. A Arca de Noé é uma das histórias da Bíblia de cujo simbolismo é mais importante que a realidade dos fatos comprovados historicamente ou cientificamente. Inicialmente uma das blasfêmias mais idiotas a respeito dessa história é uma questão seguida de uma afirmação: “Somos todos descendentes de Noé? Afinal, todos teriam morrido no dilúvio.” É mesmo uma inutilidade de pergunta. O simbolismo dessa história esta no que hoje se chama de mudanças de paradigma. Obviamente seria muito difícil juntar numa arca todas as espécies animais do mundo (mas não é impossível). O simbolismo não esta em salvar a continuidade das espécies. Esta simbolicamente em salvar, ou melhor, conservar parte dos ensinamentos do antigo paradigma para o novo, que nasce, às vezes, independente de nossas vontades ou controles. Lembrar que o dilúvio é um fato da natureza, diante dos quais somos todos (seres humanos) impotentes. Tento explicar melhor: durante nossa vida nos deparamos com inúmeros fatos que nos fazem mudar de rumo. Esses fatos podem ser nossas escolhas, por livre arbítrio, ou questões das quais não temos controle, como nascimento e morte, exemplificando. E para encará-las, buscamos em nossa experiência anterior, em nossos ensinamentos, em nossa cultura, os requisitos para encarar estes novos momentos. Seria o fato de conservar valores aprendidos para uma nova realidade que nos é apresentada. É esse o aprendizado desta breve passagem bíblica.
Conservar valores ou ir buscá-los no passado não é em nenhuma hipótese retrocesso. O aprendizado interpretando o passado não é a única maneira de se ampliar o conhecimento. É sempre importante deixar claro. Existem muitas outras formas. No ofício de arquiteto, a busca pela inovação pode passar por inúmeros meios. Um deles é o “historicismo”. Interpretar a história, compreender seus vieses e suas opções relacionadas aos problemas e objetivos de determinadas épocas. Um exemplo rápido e sem muito aprofundamento esta na técnica construtiva comparada. Comparando as técnicas e materiais utilizados para as construções dos templos gregos, romanos, góticos e modernos, temos a dimensão de paradigma da técnica, função e forma (a tríade vitruviana: firmitas, utilitas e venustas). Ou seja, se algo fora realizado, segundo algum critério este pode ser sempre comparado segundo um conjunto de fatores. E dessa comparação, a conservação dos valores existentes expressivos é uma boa forma de seguir. Como disse anteriormente, não é a única.
Porém não é do disco de Vinicius que quero tratar. Nem muito menos da qualidade do mercado fonográfico de hoje. A Arca de Noé é uma das histórias da Bíblia de cujo simbolismo é mais importante que a realidade dos fatos comprovados historicamente ou cientificamente. Inicialmente uma das blasfêmias mais idiotas a respeito dessa história é uma questão seguida de uma afirmação: “Somos todos descendentes de Noé? Afinal, todos teriam morrido no dilúvio.” É mesmo uma inutilidade de pergunta. O simbolismo dessa história esta no que hoje se chama de mudanças de paradigma. Obviamente seria muito difícil juntar numa arca todas as espécies animais do mundo (mas não é impossível). O simbolismo não esta em salvar a continuidade das espécies. Esta simbolicamente em salvar, ou melhor, conservar parte dos ensinamentos do antigo paradigma para o novo, que nasce, às vezes, independente de nossas vontades ou controles. Lembrar que o dilúvio é um fato da natureza, diante dos quais somos todos (seres humanos) impotentes. Tento explicar melhor: durante nossa vida nos deparamos com inúmeros fatos que nos fazem mudar de rumo. Esses fatos podem ser nossas escolhas, por livre arbítrio, ou questões das quais não temos controle, como nascimento e morte, exemplificando. E para encará-las, buscamos em nossa experiência anterior, em nossos ensinamentos, em nossa cultura, os requisitos para encarar estes novos momentos. Seria o fato de conservar valores aprendidos para uma nova realidade que nos é apresentada. É esse o aprendizado desta breve passagem bíblica.
Conservar valores ou ir buscá-los no passado não é em nenhuma hipótese retrocesso. O aprendizado interpretando o passado não é a única maneira de se ampliar o conhecimento. É sempre importante deixar claro. Existem muitas outras formas. No ofício de arquiteto, a busca pela inovação pode passar por inúmeros meios. Um deles é o “historicismo”. Interpretar a história, compreender seus vieses e suas opções relacionadas aos problemas e objetivos de determinadas épocas. Um exemplo rápido e sem muito aprofundamento esta na técnica construtiva comparada. Comparando as técnicas e materiais utilizados para as construções dos templos gregos, romanos, góticos e modernos, temos a dimensão de paradigma da técnica, função e forma (a tríade vitruviana: firmitas, utilitas e venustas). Ou seja, se algo fora realizado, segundo algum critério este pode ser sempre comparado segundo um conjunto de fatores. E dessa comparação, a conservação dos valores existentes expressivos é uma boa forma de seguir. Como disse anteriormente, não é a única.
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