outubro 28, 2007

São Paulo x Sport e Corinthians x Figueirense

Bom jogo. O desespero do Sport do Recife era enorme. Fazia muitas faltas e na cobrança de uma delas batida por Rogério Ceni foi linda. Que gol! Já o pênalti desperdiçado por ele, assim dizer, foi bom para ele deixar o time ter um artilheiro cuja função não seja a de goleiro...

Bem, o Corinthians ganhou... Dessa vez foi no Pacaembu, contra o Figueirense. O jogo começou mal, com a cobrança de pênalti do Figueirense que converteu em gol. Mas Finazzi virou a disputa. Um pouco de respiro para a equipe do Parque São Jorge, que esta perto de disputar o título que o Palmeiras tem, de campeão da segundona... Ou então de copiar o Palmeiras no campeonato de 2006, que ficou em décimo quinto... Com o mesmo número de pontos do décimo sexto, o Fluminense.

O Pinóquio me persegue!

Não é que ontem estava virando os canais e cheguei a ver um pedaço daquele programa da TV Cultura, “Viola Minha Viola”, e lá estava uma dupla, que não faço idéia, com um sanfoneiro chamado Pinóquio. O rosto do rapaz é engraçado. Um tanto quanto feliz, diria. Aí, agora a pouco, estava passando de novo e o rapaz estava fazendo um “desafio de sanfonas” no Domingão do Faustão. Ele acompanhava a dupla que estava lá, que, segundo Faustão, era o Pavarotti da música sertaneja! Cada uma... E esse Pinóquio me perseguindo...

Como tudo isso aconteceu? Tudo culpa do Rogério Ceni. Estava esperando para assistir o jogo do São Paulo x Sport Recife.

São Paulo: Primeiro Pentacampeão Brasileiro?

O Esporte Espetacular de hoje fez uma enquete sobre quem seria o primeiro pentacampeão do Campeonato Brasileiro de futebol. As alternativas eram São Paulo e Flamengo. O Flamengo ganhou. Bem, são cinco times tetracampeões: Palmeiras, Vasco da Gama, São Paulo, Flamengo e Corinthians. E um tricampeão, o Internacional. Não acho que por causa do rolo do campeonato de 1987 possa haver dúvida de que oficialmente o título de 1987 é do Sport Recife e não do Flamengo. O oficial é o da CBF. Então acho eu o São Paulo Futebol Clube o primeiro pentacampeão brasileiro - 1977, 1986, 1991, 2006 e já matematicamente campeão em 2007.

O primeiro time a ser tricampeão brasileiro foi o Internacional (1975, 1976 e 1979). Continua até hoje (teve o rolo do campeonato de 2005, com o Corinthians)... Depois o segundo time a ser tricampeão e o primeiro a ser tetracampeão foi o Flamengo (1980, 1982, 1983 e 1992 – mesmo com o rolo do campeonato de 1987). Interessante que o Palmeiras e o Corinthians foram tetracampeões antes do São Paulo:

Palmeiras: 1972, 1973, 1993 e 1994
Corinthians: 1990, 1998, 1999 e 2005
São Paulo: 1977, 1986, 1991 e 2006.
Fonte: CBF.

Mas o São Paulo foi tricampeão antes dos dois.

Atualmente não é difícil dizer que o São Paulo é o melhor time do campeonato brasileiro. É também o que tem melhor estrutura para preparo de atletas. Ou seja, não existe lá muito segredo de como ser campeão, basta saber investir o dinheiro direito, sem “meter a mão”.

outubro 27, 2007

A parte III da mesma porcaria

Nada mais comum do que ver notícias sobre uma eventual mudança na Constituição Federal para abrir caminho para um terceiro mandato de Lula, já que o PT nunca seguirá minha opinião de fazer de Eduardo Suplicy seu sucessor. Nenhum novo nome saiu desses quase já cinco anos de mandado. Quer dizer, saíram vários: Freud Godoy, Marcos Valério e outros todos envolvidos em algum escândalo. Já nem sei por que ganhou em 2006... Imagina ter que agüentar até 2014. Bem, votos eles devem ter, afinal sempre desponta com boa popularidade nas pesquisas. Para um populista nada mais normal que popularidade. Em sua base de apoio estão José Sarney, Paulo Maluf (será que já saiu do hospital?) e mais um monte de nomes conhecidos, aparentemente nunca associados ao PT. E, lógico, os partidos de oposição sempre em briga para saber quem é o líder da oposição sem líder. Realmente eu acho que só existe o DEM como oposição e está em processo de formação das novas lideranças. Não é páreo para um confronto com o PT e sua base de apoio abrangente.

O fato de existir esta possibilidade de terceiro mandato não é ilegal, basta se ter uma proposta de emenda constitucional aprovada pelo Congresso, mas é estranha a uma democracia. Mas como sabemos que este povo quer da democracia a forma de acabar com ela, nada mais normal um terceiro mandado consecutivo. Em algum momento alguém tinha esta dúvida? Era só ver em que pé estão seus amigos Fidel Castro e Hugo Chaves. Nunca mais saíram do poder, desde que entraram. Olhe só, nem o General João Figueiredo quis ficar mais um ano, idéia defendida por Leonel Brizola em 1984, na época das “Diretas Já”. George Bush deve fazer seu sucessor e vai para casa em 2008.

Em cinco anos não vejo progressos nesse governo. Nada parece ter mudado a não ser a falta de vergonha na cara dos defensores do petismo. E isso eu já sabia que ia acontecer, mas o que eu não sabia que ninguém teria coragem de falar sobre o assunto. Particularmente eu não creio na hipótese de uma piora maior na estrutura do país. Numa transformação para uma república populista, daquelas bem latino-americanas típicas. Não à toa creio que o Brasil seja muito melhor que qualquer outro país da América Latina (o que não é lá grande coisa) e que seja visto como o verdadeiro imperialista para a Bolívia, por exemplo. No caso do Mercosul, se o Brasil liberasse todas as barreiras de impostos com certeza o benefício seria brasileiro, mesmo se não ocorresse a contrapartida argentina, por exemplo. É até engraçado ver esse quadro. Acontece que ser grande com uma cabeça pequenina é o mesmo que ser pequenino com uma cabeça grande. Mas numa hipótese de prosperar essa idéia antidemocrática de terceiro mandato terei que fazer de novo minhas malas e fazer um final Scooby-Doo... É a vida. Antigamente dizia aos aficionados em Cuba que deveriam se mudar para lá e não transformar o Brasil numa Cuba.

outubro 26, 2007

Manowar

Há coisas na vida que me deixam cada vez mais pensativo. O difícil é ver que aquilo que achava oportunidade não é nada mais que ilusão. Não digo uma ilusão daqueles que simplesmente forjam na cabeça, que não existem, não falo de miragem. Mas uma daquelas que para se implantar é necessária o “mau senso”. Aquelas horas que não que não me arrependa das escolhas, pois elas não são tão importantes (aqui vale um parênteses: são importantes sim, mas as que eu fiz não eram irreversíveis, e não eram exatamente por não acreditar em 100% nelas e sim curti-las... É muito complexo...), mas o que é a base vive sendo explodida por uma vocação para o “mundo do menos”. Não é que vejo cada vez mais a nossa “fina elite” se empanturrando de “biscoito fino”? E achando que realmente aquilo é verdade. Não, não sou pessimista. Poderia até dizer que o pessimista é o que conhece a realidade e o otimista é um “bobo da corte”. Mas não é uma questão de pessimismo, mas sim de que a base para as coisas acontecerem simplesmente vem sumindo. Desaparecem porque se multiplicam os Mersault´s. A alegria da minha vida sempre me foi muito feliz... Não sei por que, mas coisas sempre me aconteceram da melhor forma. Claro, a avaliação é de tal modo semelhante a uma Poliana... Mas eram as bases...

Dinheiro não é importante. Nunca tive. E ele me faz falta para conseguir fazer as coisas. Mas a base de uma sociedade que o gasta o que ganha com celulares que tem internet... Nem consigo terminar a frase de tanta graça que vejo disso... Quem usa tanto assim o celular, com internet, profissionalmente? Acredita mesmo que essa “tecnologia” mudou sua vida? Viver sem micro para mim é uma tristeza enorme. Mas não uma impossibilidade. Existem coisas que vieram para ficar, como a televisão, o micro, o celular (a parte útil dele, claro). Não digo que no futuro seja mais útil essa ligação com a internet. Mas não vejo isso como o máximo que o mundo pode ser conectado, até porque tem coisas dessa conexão que simplesmente não me interessam. Mas esta conexão deixa mesmo as pessoas mais conectadas? Bem, é mais interessante ter alguma notícia do que notícia alguma de alguém que um dia foi importante para sua vida do que nada. Em termos do nada é uma ótima solução. Mas quem dela faz ser a única solução...

O engraçado que escrevi há uns dias uma postagem sobre Jimi Hendrix. Nem gosto dele. Praticamente comecei a escutá-lo quando comecei a tocar guitarra. E ele é bom. Bom músico. Mas não preciso gostar dele por esse motivo. Clapton sempre me foi mais interessante. Mas no fundo eu diria que gosto mesmo de outras bandas, e diria que Clapton e outros são partes que me ligam à “civilização”, digamos. Por que existe essa forma de ver a civilização? No fundo depois que se tem contato com assuntos da alta cultura inicia-se um processo de compreensão, só alcançado se existir autocrítica. Assim como não se pode mensurar o prazer, não se consegue mensurar a cultura. Não são questões de quantidade...

Gosto muito do programa do Artur da Távola, pois ele só fala de música. É daqueles retrógrados programas que passam um concerto, aqueles que as televisões usavam para ficar no ar na madrugada. Sei lá por que eu gosto de música erudita. Sempre gostei, desde criança. Claro, escutava outras coisas também, mas muito do que tinha relação àquele universo. Não é a toa que a guitarra me foi apresentada por uma questão de J. S. Bach. Nem cabe ficar falando aqui, mas foi o Mr. Bach que me despertou para a música erudita. Outro dia lendo uma crônica de Távola, ele falou da amizade. De como se pode ser amigo de alguém que viveu muitos séculos antes de você. Assim ele interpreta as músicas e faz um programa muito pertinente. Com os recursos que tem para gastar naquele tipo de programa, ele faz até milagre, diria. Agora, quando fala de política é duro, viu. Discordo dele sempre. Não que ele seja radical, muito pelo contrário, ele é até inconformado. Meio pessimista. Mas é conhecedor da cultura como poucos neste país infestado de delinqüentes intelectuais e loiras de salão de beleza que nem sabem que Beethoven fez óperas. É um paisinho mesmo. Não consigo dizer que é um grande país, a não ser em extensão de terras. Não dá para ir à Sala São Paulo ver um concerto sem ter que trombar com o subdesenvolvimento. O metrô chega perto de lá, e aí tem que andar um “pedaço”. Como se não fosse sombrio esse pedaço. Queria ver a tal “periferia” da Regina Case no Arco do Triunfo... Não é problema encontrar pessoas estranhas no caminho, mas o problema é que essas pessoas mal intencionadas estão lá porque pessoas bem intencionadas vão lá. Isso sem contar que fora a parte restaurada, o resto está caindo aos pedaços. Se estas pessoas pararem de ir lá? Fecham lá... E tudo volta ao caos que “eles” tanto gostam.

Tem gente que vive do caos. Não são os pessimistas estes. São aqueles palhaços que olham a falta de uma cultura a melhor hipótese de oportunidade. Ou seja, é muito diferente ser pessimista a ser o “oportunista do caos”. Tem gente que gosta. Acha bonito dizer que a miséria é culpa da “elite”... Como se não existisse elite seria melhor... Não faço parte de nenhum grupo, nenhuma ONG e nenhuma seja lá o que for que se possa chamar de elite. E nada disso me faz diferença. Simplesmente entender que as pessoas são diferentes é a primeira hipótese que uma pessoa precisa ter em mente. E a partir das diferenças que se fazem as opções. Assim as pessoas optam por um time de futebol (mesmo no fundo todos os times sendo meio iguais, fazendo uma troca constante de jogadores, que a cada tempo estão nos outros times...) e quem passa desse limite e não faz concessões tem problema psicológico. Por exemplo: se o Corinthians Futebol Clube for para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, continuarei torcendo por ele para que volte à primeira. Assim como fico feliz com a hipótese de a Portuguesa de Desportos voltar à primeira divisão. É uma concessão minha a de simpatizar com este outro time. Mas não deixo nunca, de jeito nenhum, de ser o mesmo corinthiano de sempre! Talvez aí faça parte de um grupo... Mas não é elite.
A minha crítica está na total falta de discernimento da realidade em que se vive hoje no Brasil. É de ficar irritado. Seria como encontrar uma água-viva na praia no seu mergulho no mar. Como podem os carros custar tudo isso aqui? Como pode haver tanta diferença entre os juros e os preços? Eu acho mesmo que se não tivesse tanta gente se dando bem nesse caos, o caos já teria acabado. Faz sentido manter a porcaria para esses palhaços. Ou seja, quem não faz parte do “mau senso”, nem é Mersault, fica como eu, em dois mundos distintos. Aquele real, onde as bases que são importantes para o desenvolvimento são solapadas, e aquele artístico, onde tudo poderia acontecer, se as bases não fossem minadas.
Por que Manowar?

Bem, Manowar é uma banda fantástica para se ouvir quando se está com raiva. Não só. E, além disso, tem toda uma cultura, que está longe de ser comum e civilizada. É a hora que tenho vontade mandar “certos” para o inferno. Battle Hymns é o primeiro álbum deles, de 1982, cuja capa é a imagem que está nessa postagem. Manowar é umas daquelas bandas que nunca mudaram com o tempo e continua tão bom quanto era para minha adolescência. Faz tempo que não escuto nada novo deles.

outubro 24, 2007

De A-ha a U2

Falei do Zeca Camargo a pouco, mas é interessante esclarecer. Ano passado, 2006, ele lançou um livro sobre entrevistas que fez junto a artistas do mundo da música. Lá havia bastidores desde a MTV até a Globo. Madonna, U2, A-ha, e inúmeras bandas e artistas. Logo escolheu para título dois dos maiores fenômenos musicais pops e coincidentemente deu o nome com A e outro com U, já que acho que nem entrevistou ZZ Top (hahahaha). Então começou a divulgar o livro: “De A-ha a U2”. Na ocasião chegou a dar inúmeras entrevistas, desde Jô Soares até um programa que assisti na TV Câmara – Sempre um Papo - e gostei muito das coisas que falou. Não cheguei a rever, sei que esta disponível no site da TV Câmara. Uma das coisas que falou foi sobre a música que se escuta e se gosta entre a adolescência e a juventude e o reflexo que trás durante a vida inteira. Mas também disse que quem realmente gosta de música acaba se abrindo a escutar qualquer ritmo e gostar de muita coisa.

Não tenho o livro, mas foi um registro bastante interessante. Na verdade o que se produz para uma rede de televisão é sempre muito maior do que é apresentado. E eu acho ótimo lançarem estes livros. Zeca Camargo tem já uma história dentro do jornalismo, principalmente ligado à música. Tem muito bom humor e é quilômetros de distância melhor que a Astrid Fontenele (para quem não lembra dela, era aquela chata que apresentava um programa de vídeo clips na Gazeta, depois virou VJ da MTV no Vídeo Music Brasil, Top 10, Barraco MTV, e mais tarde dupla do fofoqueiro Leão Lobo na Band... Eca!). Bem, hoje Zeca esta na Globo, depois de suar apresentando aquele lixo de Reality Show – No Limite (2000) – e está fazendo edição do Fantástico, quando Pedro Bial não está disponível... Mas teve uma entrevista famosa com Cazuza publicada na Folha, provavelmente no final dos anos 1980, que fala no programa.
Lançou também um livro sobre sua volta ao mundo, reportagem especial feita para o Fantástico. Também não tenho este livro... É interessante também um outro livro, de Geneton Moraes Neto - Dossiê Brasília – também narrando a série de reportagens para o Fantástico com os últimos quatro presidentes do Brasil após a redemocratização. Esta literatura de reportagem parece ser bem interessante...

On the Road

Será que alguém ainda lembra daquelas fitas K7 daquela série “On the Road - 100 Km de música”? Acabei de ouvir uma música de uma delas: Hair of the Dog, do Nazareth. Era uma fitinha que se não me engano chamava “Rock Hits II” dessa coleção. Ainda lembro que começava com uma versão ao vivo de 1977 de Cocaine, de Eric Clapton, depois Hey You!, de Bachman Turner Overdrive e a terceira faixa dessa fita era exatamente Hair of the Dog, que Guns n´Roses chegaram a gravar naquele famoso (e ruim) disco de covers: “The Spaghetti Incident?”.

Tinha escutado num churrasco outro dia. Muito engraçado para quem tinha 13 anos em 1989... Tem horas que começo a dar razão ao Zeca Camargo...

outubro 22, 2007

Kimi Raikkonen

Não deu nem Lewis Hamilton, nem Fernando Alonso... Nem Felipe Massa... Errei tudo. Só acertei que Lewis talvez não conseguisse ganhar, o que não quer dizer nada... Interlagos não é fácil... Kimi Raikkonen campeão da temporada 2007 de F1! Quem diria... Em outros campeonatos teve até melhor desempenho e não foi campeão. É. Tudo tem sua hora. Bom trabalho de time, o da Ferrari. Resolvi esperar até ver se a tal história da gasolina, dos carros da BMW e da Williams, para me certificar que Kimi era mesmo campeão. E este ano, o campeonato de construtores foi prejudicado pelas denúncias de espionagem. Mas a Ferrari não ficou tão atrás assim da McLaren, caso ela não tivesse perdido todos os pontos.
Mas lembrando uma gafe da transmissão da corrida de Interlagos, ano passado (2006), Galvão Bueno estava tão emocionado com a vitória de Massa que se esqueceu de dizer que Alonso era bicampeão e que a Renault era a campeã dos construtores. Acontece... Este ano estava menos emocionado. Existe algo no Galvão que detesto... Quando descobrir eu falo...

outubro 21, 2007

Rede Globo - Nem sempre...

Não é a toa que a Globo está sempre em primeiro lugar nos índices de audiência. A concorrência é tão ruim que nem adianta muito tentar comparar. Mas será que sua programação é tão boa mesmo? Vamos a alguns detalhes: Sua grade é a mesma há muitos anos, com três telenovelas inéditas e uma reprisada por dia, de segunda a sexta, e aos sábados somente as três inéditas. Os horários são basicamente os mesmos, não alterando muito a rotina de audiência de seus telespectadores. Tem uma série/novela/escola de atores no período da tarde que teoricamente atende ao público adolescente. Nas manhãs, acho que ainda hoje, é dedicada praticamente às crianças, após o programa de Ana Maria Braga. É, sem dúvida, uma televisão popular. São poucos os momentos de real programação com conteúdo de qualidade, no sentido cultural, da alta cultura. No geral é entretenimento. O jornalismo segue uma linha não muito crítica, com um jornal matinal, um jornal de variedades no meio do dia, o famoso Jornal Nacional, antes da famosa novela das oito (os dois reais maiores índices de audiência da emissora) e alguns programas variados, como seriados, sessão de filmes, futebol, finalizando o dia com o Programa do Jô.

O que acontece com outras emissoras? A grade é impossível de se identificar. Os horários não são lá muito respeitados, principalmente no SBT. Por ter sempre três novelas ao mesmo tempo, a quantidade de atores é enorme na Globo. Isso leva a uma lógica básica: se tem maior quantidade de gente, tem maior possibilidade de ter os maiores e melhores atores também. Porém, isso custa muito caro. O que faz a Globo ter custos muito elevados, assim tendo que ter enormes audiências para ser auto-sustentável. Isso em muitos casos é complicadíssimo. Não sobra muito espaço para experimentações e tudo acaba saindo muito igual. Por ter essa grade fixa e rígida, o que é um respeito ao telespectador, se complica ao transmitir, por exemplo, o futebol às quartas-feiras, ao vivo. Assim fazendo o jogo mudar de horário... Em outros lugares do mundo, se passaria um compacto ou gravação, não ao vivo... O que deixa muito brasileiro no exterior com saudades da transmissão completa ao vivo. Só para se ter uma idéia, no Japão sempre é transmitida, pela TV aberta, somente o compacto das corridas de F1. Isso ninguém fala...

Outra coisa. A Globo praticamente contratou todas as pessoas de talento das outras emissoras. Isso pode ser chamado de compra de concorrência, mas no fundo, é uma falta de aposta em inovação das outras redes de televisão. Existe uma tendência de copiar a Globo, ou de viver em função dela, como os múltiplos programas de fofocas das TV Band e Rede TV! Isso sim, é péssimo. A Globo sempre se renova, mas vive praticamente em função dos seus quadros, entendidos, muito diferentemente que outras redes de televisão brasileira, como valores individuais. Nunca a Globo fez de seus talentos ou dos comprados da concorrência, uma simples commodity, como já ocorreu com a Record e a Band.

Claro, não posso deixar de mencionar que existe sim uma história anterior da Rede Globo. História esta que esbarra sim no atual momento de revanchismo em que vive o Brasil. Não é normal mentir tanto em relação ao “monopólio” da Rede Globo. Sim, é uma empresa de mercado. Vive de dinheiro de anunciantes privados (e também estatais). Tiveram inúmeros momentos em que teve problemas financeiros, principalmente com sua TV a Cabo, a Net. Sua expansão para conseguir chegar aos locais mais distantes desse enorme Brasil foi sim uma estratégia de sobrevivência, mais do uma idéia de monopólio. Claro, deixa muita gente sem opção de outros canais. O mercado é aberto à entrada de capital novo em redes de televisão. Em suma, não há dinheiro em outras emissoras porque não há interesse em investir nesse mercado. (Aqui vale mencionar a Gol Linhas Aéreas. Num mercado extremamente fechado, entre Varig e TAM, entrou e conseguiu superar as concorrentes. E este também é um mercado que depende de concessão estatal). O que é incrível é ver que se pode fazer televisão regional, caso da MTV, que somente em São Paulo e Rio de Janeiro é transmitida em sinal aberto. É inacreditável que no Brasil, com tanta diversidade cultural, tudo, desde bancos como televisão, precisa ser de abrangência nacional. Nos Estados Unidos isso não acontece, levando em conta que lá se chega a ter horas de diferença de fuso-horário, o que inviabiliza esse tipo de programação. Mais: as novelas vendidas para outros paises geram uma receita interessante para a emissora, fazendo um novo tipo de mercado, que muito poderia ser copiado por produtoras independentes, da mesma forma como um estúdio de cinema. Idéias não faltam, o que falta talvez seja bom senso...

Agora, sobre a melhora da programação, é realmente uma exigência da população. Televisão não foi feita para educar (nem para deformar), assim como cinema, teatro, música. Escola serve para ampliar a cultura e educação de um povo, mas a presença e a atenção dos pais são, sem duvida nenhuma, essenciais. Não adianta pensar que a TV Pública trará uma solução. Soube de alguns índices de audiência da extinta RCTV. Tinha cerca de 30% da audiência e hoje a TV Pública que a substituiu não chega aos 5%. Sem contra que num Estado já bastante oneroso na vida do brasileiro, deixá-lo pagar mais esta conta se torna ridículo.

Bem, mas para se ter a noção de todo sempre é necessária ter uma concorrência. Hoje a única TV a Cabo que não pertence a Globo é a TVA, do Grupo Abril. Outra vítima de pessoas de má fé, que os acusam de “monopólio” da mídia, em relação à revista Veja, a mais lida e vendida revista brasileira. Mas esta concorrência tem que se impor por competência e não por “medida provisória”. Todo mundo sabe que se fosse possível o investimento internacional no mercado televiso, tudo seria bem diference, inclusive a Globo... Mas é proibido por lei, e admito, ainda bem. Nem sempre investimento internacional é bem vindo. Prefiro a Globo nacional a uma Globo internacionalizada. Ainda mais nesse país em que a pessoa ter opinião é como ser um extraterrestre. Instituições não podem ter “lado”. É uma cultura do “patrulhamento ideológico”. O detalhe que esse não ter “lado” tem sempre um lado...

Interlagos – Felipe Massa e Fernando Alonso

E hoje termina a temporada de F1. Eu não estou torcendo por ninguém em específico, mas eu acho que é possível ter um tri-campeão na parada. Alonso foi campeão em duas temporadas seguidas pela Renault (2005 e 2006), correndo junto com Schumacher. Lewis Hamilton está estreando agora em 2007, e tem a chance matemática de ser campeão até maior que a de Alonso, principalmente pela sua posição de saída na largada de hoje, em Interlagos. Mas, como nunca se sabe o resultado, acho que Alonso passará na frente. Vamos ter uma corrida competitiva. Fazia algum tempo que o campeonato de F1 não era assim tão equilibrado e competitivo ao mesmo tempo.

Interessante é que é a segunda temporada de Felipe Massa na Ferrari e o rapazinho já ganhou em Interlagos ano passado e este ano saí na pole position. É só emoção! Se tudo der certo vamos ter mais uma vez um brasileiro fazendo show em Interlagos hoje. Mas vamos aos fatos: ele teve um belo campeonato, tanto em 2006 quanto este ano. Enquanto que seu anterior, Rubens Barrichello, nunca conseguiu fazer um campeonato competitivo. Nunca entendi essa lógica, porém, num bate papo com Galvão Bueno, no Esporte Espetacular, hoje, domingo 21 de outubro, Rubens disse que se aposenta em 2008 e que lançará um livro contanto tudo que não fez dele um campeão. Deve ser complicado para ele estar na mesma equipe em que Michael Schumacher foi simplesmente sete vezes campeão... Ao seu lado... Mas o esporte é assim mesmo, não tem muita lógica.

Detalhe: a transmissão da Rede Globo está espetacular! Sou obrigado a dizer que os arquivos da emissora e a edição do Esporte Espetacular desde as 9:30 da manhã, demonstra além daquele meu já citado inúmeras vezes aqui profissionalismo, uma atenção especial ao evento de encerramento do campeonato mundial de F1.

outubro 20, 2007

Rápidas XII

Muito trabalho... Pouco tempo para me dedicar ao blog. Imaginei escrever algo assim:

Meu querido blog

Hoje estou muito ocupado para te dar atenção...

Mas não é bem isso. Tenho até mais uns pequenos textos iniciados, mas não tenho mesmo temo de terminá-los, acredito que só terei durante a semana. Essa coisa de trabalhar no final de semana está se tornando crônica. Quero muito escrever sobre esse tema que se iniciou com Clapton, de falar de rock´n roll. Falo com prazer. Não sou do tipo que leva rock como dogma. Simplesmente gosto. Espero fazer umas várias postagens sobre o tema.

Fora isso, estou preparando um novo projeto. Vou ter bastante coisa para falar aqui...

outubro 19, 2007

Jimi Hendrix Experience

Depois de falar de Eric Clapton, falar de Jimi Hendrix se torna quase necessário. The Experience foi uma das primeiras bandas no formato power trio. Inspirado no líder do Cream (banda de Eric Clapton, também um power trio) Jimi Hendrix liderava a banda. Morto em 1970, o Jimi Hendrix Experience teve uma curtíssima carreira, gravando praticamente três discos de estúdio: “Are You Experienced?” (1967), “Axis: Bold as Love” (1967) e “Electric Ladyland” (1968). Ao final de 1968, The Experience terminou, e em vida, Jimi somente lançou mais um disco, gravado ao vivo.

Jimi gravou pouco em estúdio, mas posso assegurar que seu experimentalismo mudou a forma de tocar guitarra. São inúmeros os músicos admiradores de Hendrix, que entre inúmeros shows, tocou com a maioria dos músicos de peso de sua época, tais como Beatles, Clapton e Jim Morrison, e fez o incrível show de encerramento do famoso festival de Woodstock. Existe até uma história, que não sei ao certo, que Jimi tocou uma música dos Beatles num show em que Paul McCartney esteva presente, porém esta música era praticamente inédita e Jimi havia escutado no ensaio dos Beatles, que faziam parte desse festival e tocariam depois de Hendrix. Não lembro ao certo, mas existem muitas e muitas histórias e mito de Hendrix é talvez maior que ele mesmo.

Hendrix não teve tempo de fazer uma leitura de suas influencias, assim como descrevi de Clapton. Após sua morte os inúmeros shows registrados se transformaram num sem número de novos álbuns. Tinha uma maneira de tocar bastante solta, com uma seqüência de acordes que tinham uma pitada de jazz. Não posso dizer muito mais sobre Hendrix, foi um músico que conheci por, digamos, segunda mão. Não gosto muito daqueles timbres gravados por ele, coisa de época. As gravações no final dos anos 1960 não tinham a fidelidade de hoje. Tinha um lado bastante simples, que combinado aos inúmeros recursos dos pedais de efeito, dos quais Hendrix foi o maior entusiasta, e desta maneira modificou a forma de se fazer rock´n roll.

O que não vejo lá nenhuma graça é da forma como é visto, muito além de um mito. Detesto isso. E detesto mais ainda quem não consegue enxergar além do mito. Dele, em sua vida pessoal, não vejo nada de interessante. Prefiro ficar com o músico inovador. Talento ele tinha de sobra, infelizmente não soube sobreviver. Aliás, esse é um dos maiores mitos. Por que inúmeros músicos se transformam num mito após sua morte? Qual sentido das drogas e do álcool, daquela autodestruição? Isso só serve para manter uma atmosfera que nada leva além de uma perturbação. Aquela loucura o levou embora aos 28 anos de idade. Quanto mais poderia ter produzido se vivo estivesse? Envelhecer é uma virtude, da qual muitos cantores não puderam usufruir. Outros como Angus Young, Mick Jagger, continuam fazendo rock´n roll, tendo superado essa etapa, sem mudar muito seu estilo de vida. Mas a reflexão feita por Paul McCartney, tendo gravado belo DVD no pequeno Cavern Club, onde retoma o “antes dos Beatles”, e principalmente Clapton, me faz ver que existem caminhos múltiplos, porém às vezes não há a placa com o sinal de “pare”.

“(…) No stop signs, speedin' limit
Nobody's gonna slow me down
Like a wheel, gonna spin it
Nobody's gonna mess me 'round
Hey Satan! Paid my dues
Playin' in a rockin' band
Hey Mama! Look at me
I'm on my way to the promise land
I'm on the highway to hell
Highway to hell
I'm on the highway to hell
Highway to hell (…)”


Highway to hell – AC/DC

outubro 17, 2007

Uma Biografia

Foi lançada a autobiografia de Eric Clapton. O que eu espero dela? Encontrar lá diversão. Saber como foram os primeiros anos de guitarrista e a busca pelo blues na música negra americana. Mais eu duvido que vá achar uma longa aula de questões musicais, mas sim um livro de questões politicamente corretas ou um livro de primórdios do rock´n roll. Contestador, quem sabe? Sobre a guitarra, o que irá dizer? Como se referir a Jimi Hendrix? Ele fez uma bela frase certa vez, que espero encontrar no livro. Dizia algo como ser impossível tocar blues de barriga cheia. Mas voltando um pouco, a cerca de meses atrás assisti um belo DVD de Clapton, onde ele apresentou da melhor forma possível suas influencias, praticamente um caminho do blues. Aquele DVD é genial. Se sua biografia seguir aquele DVD será uma pérola.

É bom destacar que Clapton é um ótimo músico. Não é aquele que vendeu muitos discos, mas é aquele que tem músicas de enorme sucesso e ainda são consideradas como “clássicos” da guitarra. Detesto essas coisas de ficar glorificando o cara, ele tocou bem, fez coisas interessantes, mas nada de “mito da música”. Ele é uma grande influencia de muitos guitarristas, sem dúvida, e seu trabalho junto ao Cream foi um espetáculo à parte, mas como tudo, com tempo de vida (de produção) limitado.

Existem alguns outros guitarristas que também fizeram essa história da guitarra, mas Clapton conseguiu cativar públicos diferentes, de idades diferentes e o que acho melhor de tudo, é que soube envelhecer com dignidade, sem perder a música como centro de gravidade. Isso sim é difícil, um guitarrista, que fez muito rock´n roll e teve suas passagens pelo mundo das drogas, soube primeiro sobreviver e segundo não ser mais um “jovem-velho”, como alguns contemporâneos seus. Não que isso seja uma virtude maior, pois alguns permaneceram fazendo a mesma coisa a vida toda e nem por isso são ruins, mas, são poucos estes também.

Mas, ainda lembrando, sua maior influencia é o blues. Isso dá aqui um belo parêntese e mostra a importância desse tópico: Os Estados Unidos produziram cultura, a do blues e do rock´n roll, e Clapton, inglês, fez parte como um de seus maiores divulgadores. É bom sempre dizer de que se trata de cultura pop. Quando eu tinha, sei lá, 15, 16 anos, pensava que tinha achado um mundo todo nesse ambiente da música. Acho que ver Clapton naquele seu disco acústico, bem nessa época, foi ótimo para ver que as coisas se renovam. Que aquilo tudo que ele e outros representavam (no sentido de representação, atuação, e não de representatividade) eram talvez passageiras. Aquilo seria só um caminho. E o mito em si, nada diz. Não existe mito em Clapton, mas sim um enorme prazer de tocar guitarra, como sentido de vida e mais nenhuma outra apologia. Daquela forma de tocar com os amigos e não da forma que muitas bandas sobem ao palco, cumprindo contratos, como um trabalho qualquer. Sua composição também não é linear, o que prova a arte de fazer e não a arte de vender discos. Isso serve para vários mitos, inclusive da música brasileira. E isso não desqualifica também ninguém, só mostra que nem tudo é tão distante assim.

Eu também detesto essas coisas de dizer que “ele também é humano”. Odeio e odeio. Esse tipo de coisa como falar sobre a morte de Elvis pelo uso de drogas ou de Jim Morrison ser sempre jovem por sua morte prematura, entre outras besteiras do gênero. Aquelas dramatizações que glorificam o mito. Espero que essa biografia fuja de muitos chatões, ops, chavões (não sei se fugirá, mas se não fugir, deverá pelo menos mostrar a natureza de Clapton, pelo menos. Suas dúvidas, suas opções, seus caminhos, já que se trata de uma autobiografia...).

outubro 15, 2007

Apologia de Sócrates

Sócrates - Museu do Louvre
Amanhã não haverá nenhuma postagem... Estarei numa aula especial sobre o livro de Platão: “Apologia de Sócrates”. Encontro com vocês lá...

Maiores informações sobre “Expedições pelo Mundo da Cultura” e aqui.

Homenagem a Erasmo Carlos

Esta música foi tocada num Programa do Jô... Não tem nada a ver com Erasmo, somente o ritmo de sua conhecidíssima “Festa de Arromba”. Não faço idéia que dia foi ao ar, pois recebi por e-mail. Transcrevo a letra a seguir:

“Veja só que festa de arromba
Fez a turma do mensalão
Pra festejar os saques
Aos cofres da União
E dividir a grana
Que roubaram do povão
Na porta me barraram
E só fui liberado
Porque alguém achou
Que eu era deputado

Hey! Hey!
Que onda, que festa de arromba!

Logo que eu cheguei notei
Marcos Valério com a mala na mão
Simone e David da SMP&B
Entregavam a grana pra galera do PT
Genoíno ria de um assessor careca
Que pegava os dólares
E punha na cueca!

Hey! Hey!
Que onda, que festa de arromba!

Delubio lá no caixa
Contava os convites
O Lula discursava
Culpando as elites...
O Valdemar, de fogo
Dizia: “Onde eu errei?”
“A minha ex-mulher”
“Insinuou que eu sou gay”
Ma veja quem chegou de repente
Silvio Pereira com seu novo carrão
O Jefferson pedia
Pro Zé Dirceu assim:
“Finja que é uma estante”
“E caia sobre mim”
Renilda, animada
Saltou sobre a piscina
Montada num cavalo
Que ela comprou na Argentina...

Hey! Hey!
Que onda, que festa de arromba!"

outubro 14, 2007

Pavarotti

Em breve vários centros culturais do mundo farão homenagens ao tenor italiano Luciano Pavarotti. Espero saber qual centro no Brasil fará a homenagem. Sei de eventos programados em Nova Iorque, Lima e Montevidéu, além de várias cidades na Itália, Lyon, Copenhague e Budapeste.

outubro 13, 2007

DEM e o PFL

Em 2006 falei para um amigo que o partido político (ou paleolítico?) brasileiro onde estariam as melhores cabeças era o PFL. Lógico que com o adendo, retirando a Roseana Sarney e o Antonio Carlos Magalhães. Não é que menos de um ano depois vejo que o PFL realmente se renovou? Agora chama DEM – Democratas – e em sua presidência um novo deputado (novo de idade). Não vou aqui defender seus ideais, ainda mais que estes não são lá muito confiáveis, como em todos os partidos (aqui, claro, não vou me aprofundar nas questões de domínio cultural que impediriam de ter-se realmente um partido com bases ideológicas consistentes). Mas o PFL, que nasceu de uma “frente liberal” de descontentes com o partido da Arena, era naquele momento um dos poucos (o primeiro, talvez) partidos a ter alguma voz contraria ao MDB e à Arena ao mesmo tempo (uma terceira via?).

Com o tempo o partido inchou e encolheu, estando hoje com mais voz na sociedade (na verdade o que interessa) que dentro do congresso ou senado. É difícil ver isso, lógico, ainda mais que contraria muito a “voz” da mídia corrente, que por inúmeras razões não tem interesse em noticiar isso. Quando do desmonte do PL, o PFL atraiu muitos dos seus quadros, os de boa qualidade, e alguns quadros sérios do PMDB. Isso é patente, só não vê quem não quer. E para alegria de todos, Roseana Sarney foi-se embora (para o PMDB, o mesmo de Quércia e Requião)! E pela tristeza ACM também partiu. ACM, assim como a velha guarda, já estavam mesmo “pendurando as chuteiras”. Só poucas pessoas ainda acreditavam em grandes medalhões, aqueles que acreditam no populismo como vitória em eleição. Hoje os partidos populistas são aqueles que sempre criticaram o tal populismo daqueles tempos (nada mais do que ver algo indo para frente e ao mesmo tempo ver aqueles que se diziam donos da verdade absoluta indo para trás). De certa forma, as amarras do populismo ainda não sumiram da vida política brasileira, vide pensar em algum nome para substituir Lula no próprio PT...

É lógico que minha simpatia com o PFL (coisa que logo passou, afinal de contas, prefiro eu estar em outra casta... hehehe!), que era a identificação no partido das cabeças que pensavam, estava mais na teoria que na prática. O que me dá muita liberdade de criticá-lo. A primeira crítica é a falta de atividade em separado do PSDB. Para muito ignorante, achar que PSDB e DEM é a mesma coisa é uma ofensa à minha inteligencia. Nem vou sair falando quais são as diferenças, mas basta olhar nitidamente para quem forma um partido e quem forma o outro. Quais são as idéias de um e do outro. De onde saiu um e de onde saiu o outro. Estiveram juntos e creio ainda estarão, infelizmente, em muitas eleições, principalmente nas majoritárias de 1994 e 1998, mas não impediu em nenhum momento que suas propostas fossem sim levadas à frente, em separado. Claro, só poderia dar certo com o PSDB, pois uma semelhança entre PSDB e DEM esta no fato que são os dois democráticos (talvez existam outros partidos democráticos, mas não com a história de PFL e PSDB) e longe de serem “golpistas”. E isso é que irrita muito os neo-populistas, golpistas e anti-democráticos, que usaram da democracia para piora-la.

Não é nada fácil falar de política no Brasil, já que as pessoas pensam em pessoas e não em partido, ou ideal. Um das principais questões esta em por que o partido de Paulo Maluf, o PP, é base de apoio do governo Lula? Se um desses “democratas” me explicar isso, de forma bastante clara, eu juro que paro de falar de política... Só para explicar, o PP é o antigo Arena. Isso para mim já se basta para entender o populismo do governo atual busca bases também populistas para sua manutenção de poder. Nada existe de ideologia. Nada existe de ética e muito pouco de uma democracia saudável. Mas, são poucos os jornalistas que escrevem sobre isso. Bem, também, alguns jornalistas que escreviam sobre política, hoje são políticos... E é exatamente ai que eu entro: eu não farei nunca parte de partidos políticos. Não por não simpatizar com eles, mas por estar acima das questões que um partido deva se dedicar. Um partido defende e enfrenta as questões por ele escolhidas, dia a dia. Isso é a essência do que me faz sempre estar afastado dos partidos. Detesto militância, ou qualquer outro tipo de questão relacionada à defesa de idéias, simplesmente dogmáticas. Prefiro contesta-los. Estabelecer uma cultura da crítica.
Queria eu estar aqui com o boletim do ex-blog de César Maia, para informar com nomes e datas, onde nasceu o PFL, sua história. Seria interessante de se tentar fazer paralelos com outros partidos. Assim como algumas instituições, só tempo diz realmente quem fez história e quem faz ladainha. Se eu não acreditasse num caminho, não estaria de cara falando sobre caminhos, como na abertura do blog.

outubro 12, 2007

O Avarento

No começo deste ano, ao participar da elaboração para proposta de estudo preliminar de arquitetura para o Teatro Municipal de Londrina, resolvemos ir a uma peça de teatro, de preferência um que fosse grande e com boa arquitetura. Mas entre as opções, resolvemos assistir ao Paula Autran em “O Avarento”, de Molière. Muitos foram os motivos, mas sou obrigado a dizer que o nome de Paulo Autran foi o argumento mais forte.

A peça foi maravilhosa, mas queria eu estar menos cansado aquele diz. O teatro cheio. Foi até quando eu comentei, mas como tão cheio? Se os atores reclamam tanto de falta de público? Até me dar conta de que estava numa peça com Paulo Autran, onde tudo é diferente. O texto não seguiu a risca a obra de Molière, mas isso pouco importa, pois a graça da peça estava mesmo em torno de Autran. Foi sua última peça.

Hoje ao saber de sua morte – de manhã soube que havia ido para o hospital e estava em estado grave, ao voltar do parque do Ibirapuera soube de sua morte – fiquei bastante triste pela perda de um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos. Lembro do papel maravilho de Autran na novela Guerra dos Sexos, onde era irmão de Fernanda Montenegro. Era eu criança e lembro da cena mais inacreditável, reprisada há alguns anos num programa do Jô, acho que durante a entrevista de Jorge Fernando (que era diretor de Guerra dos Sexos), onde Autran e Montenegro faziam uma guerra de comida durante o café da manhã. Foi a cena da minha infância!

Nota de rodapé

Esse Youtube é uma maravilha! Olha aqui a cena! Eu nem esperava encontrar, é demais!

Uma crítica à Niemeyer

Fotos das obras do Edifício Copan, nos anos 1950.
Não odeio a obra de Oscar Niemeyer (ou o próprio). Ainda mais que isso nem seria necessário, o próprio Niemeyer pode fazer isso por si mesmo. Mas o fato de Niemeyer nos últimos anos vem produzindo muita arquitetura. E essa produção com certeza não se poderá analisar agora, já. Mas com certeza, como ocorre com suas obras de quase 70 anos, fica muito mais fácil de saber o que deu certo e que não deu. E o que interessa é saber o que deu certo. Podia começar falando do Parque do Ibirapuera, da idéia da marquise, atualmente abandonada por Niemeyer em seus novos projetos. Mas ainda essa crítica seria ainda complicada, pois muitos de seus projetos sem marquises são bons e alguns outros como o conjunto da Pampulha, a marquise pequena mostra uma funcionalidade e uma força plástica interessante. Principalmente que tem uma razão forte para ter ou não ter uma marquise. Mas não é dessa obra de Niemeyer, da obra pública, da obra de uso público, que quero criticar, mas sim da obra privada, da residencial.

Certa vez, um arquiteta, professora da FAU-USP, que trabalhou com Niemeyer, me disse que sua obra era dividida em cinco momentos diferentes. Destes momentos não lembro ao certo, já que não se tratava de uma aula e sim de um bate-papo informal, mas seria o primeiro praticamente a busca por uma identidade, começando entre os anos 1930 e 1940, com a obra do Pavilhão do Brasil, em conjunto com Lúcio Costa, com o Conjunto da Pampulha, onde estaria sendo iniciada sua fase mais formal, da busca por uma plasticidade. Outro momento estaria estabelecido pela plasticidade dada pela estrutura, onde a obra, como nos palácios de Brasília, se destaca a estrutura dando corpo à obra. Meu problema em definir estas fases é que não são definidas nitidamente cronologicamente. Por exemplo, o Memorial da América Latina estaria inserido nesta segunda fase. E antes dos edifícios de Brasília, temos toda uma obra urbana, com os edifícios Copan e Montreal, por exemplo. Que esta seria a fase que Niemeyer simplesmente abandonou e cronologicamente seria a segunda fase. E justamente a esta fase que coloco minha crítica. Mas para terminar de expor quais seria as outras duas fases, seria uma obra projetada para o sítio urbano, o local da obra. Seria a fase do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, do Caminho Niemeyer, onde além de dialogar com o sítio urbano, a obra representa toda uma simbologia, adotada até oficialmente pela prefeitura de Niterói. E a última fase é a intervenção na sua obra construída, caso do Museu Oscar Niemeyer de Curitiba e da obra inacabada do Parque do Ibirapuera, intervenção feita cerca de cinqüenta anos depois do projeto original.

Mas voltando àquela obra residencial, constituída praticamente nos anos 1950 e inicio dos 1960, principalmente na cidade de São Paulo, Niemeyer teve até “filial” de seu escritório na cidade. Foi ali um momento que não se pode afirmar categoricamente, mas é a fase mais comercial de Niemeyer, onde talvez seja das poucas vezes que trabalhou para a iniciativa privada, para especulação imobiliária. No Copan, uma das maiores estruturas residenciais construídas pelo movimento moderno, onde atualmente habitam cerca de 5000 moradores, aparecem muitos dos desafios de se construir uma cidade. E é exatamente ai que entra minha crítica: no maior desafio de se consolidar as novas propostas para a cidade, Niemeyer abandona essa nicho de mercado. Hoje tece criticas ao Copan, falando da especulação e da deformação da sua obra pelas lojas que existem no térreo do edifício.

É estranho que toda vez que vou à Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, observo como o edifício de uso misto – lojas, escritórios, consultórios médicos e odontológicos e residências numa mesma estrutura – seja muito bem utilizada e mantenha uma manutenção bastante boa, de seu projeto original. O Conjunto Nacional e o Copan são contemporâneos, dois frutos de uma cidade que se desenvolvia rápido naquelas décadas de 1950 e 1960. É interessante lembrar da obra de David Libeskind, autor do projeto do Conjunto Nacional, praticamente esquecido nos livros sobre a arquitetura moderna.

Agora, duas questões são necessárias para complicar essa minha crítica: a decadência do centro da cidade, onde fica o Copan, diferença de público usual do Conjunto Nacional, e a obra incompleta do projeto original do edifício Copan. O Copan era muito que um simples edifício residencial em seu projeto original. Onde hoje existe um prédio do Bradesco era o local onde seria construído um hotel, completando o conjunto. Olhando o boom dos hotéis ocorrido ao final dos anos 1990, aquele projeto inacabado poderia ter dado outro rumo aquele pequeno pedaço do centro de São Paulo. Com a decadência do centro de São Paulo, praticamente um fenômeno dos anos 1970, tudo o que estava no centro acabou se deteriorando rápido, e, hoje, devido a novas demandas tecnológicas, o centro terá uma dificuldade muito maior de se renovar. Aquelas estruturas todas, hoje sucateadas, se somam a um monte de imóveis vazios e abandonados por todo o centro.

Uma solução, não muito prática e nem barata, é a demolição de muita coisa no centro e intenção de se renovar, mesmo, com novas obras, novas construções. Se existe dinheiro para construir em locais sem infra-estrutura, como Alphaville e Berrini, não faltaria dinheiro para renovar o centro. Mas uma questão emperra esse processo e faz tudo caminhar em sentido contrário. Primeiro que os imóveis no centro, mesmo estando sucateados, velhos e muitas vezes vazios, são caros. Não existe a menor intenção dos donos de imóveis não deixarem de ganhar com a especulação, muitas vezes fomentada pelo Estado (ao contrário do que o próprio Estado se diz a fazer). A cada novo plano estatal de renovação do centro os donos de imóveis esperam por ganhar mais, não importando muito com as questões de qualidade. É um retrocesso, pois as empresas que interessam - as que têm recursos para renovar verdadeiramente - optam por estar em outras regiões onde seu custo de implantação é mais barato. Basta refletir sobre a atual mudança dos escritórios administrativos das indústrias se transferirem para as proximidades de suas próprias fábricas.

Mas deixando a especulação imobiliária burra de lado, pois, diga-se, ela é a geratriz da atividade comercial imobiliária, sem a qual não existe iniciativa comercial na construção civil, a fuga de Niemeyer nesse momento é uma das críticas que praticamente nunca se fizeram, pois esta estava sempre encoberta por uma ideologia. Se foi opção ideológica naquela ocasião, não pode hoje falar da falta de estética das cidades (ainda mais que em nenhum momento real, nos anos 1950, o Brasil teve a menor hipótese de se tornar socialista). Nesse princípio, tanto Vilanova Artigas e Affonso Reidy, não poderiam nunca ser confundidos com Niemeyer, pois os dois trabalharam junto ao Estado para construção de habitações coletivas, buscando soluções para o déficit habitacional (que ainda hoje existe e ninguém sabe nem qual é a quantidade). Era outra forma de atuação, mas a falta destes arquitetos, comprometidos com seus ideais, simplesmente deixou a cidade sob o domínio de construtoras que estavam pensando somente nos números regulamentados pelo burro plano diretor de índices e taxas. Enquanto a poética dominava a arquitetura, a cidade que tinha uma demanda a ser atendida estava abandonada de soluções decentes para arquitetura. E hoje continua... Acertadamente muitos arquitetos envolvidos na construção de uma cidade melhor, veja o claro exemplo do bairro de Higienópolis, onde arquitetos como Vilanova Artigas, Rino Levi, Victor Reif e outros construíram verdadeiras obras de arte para a tal “iniciativa privada”, sem desvalorizar a urbe, muito pelo contrário. A maior prova disso é o edifício Louveira, de Artigas, na Praça Vilaboim. Agora, seguramente eu não sei em que momento se rompeu essa boa qualidade de intervenção dos arquitetos. Mas o momento atual pede intervenção urgente e de forma livre, deixando mesmo o capital atuar (coisa que duvido que aconteça, o que me faz quase pensar em desistir de dar soluções, já que a burra elite pensante acredita que as pessoas são máquinas. Ainda não entenderam que estas idéias coletivistas nunca darão resultado, pois essência da sociedade é o indivíduo em sua relação com outros indivíduos, e não com um grupo único, que costumam chamar de “sociedade”).

outubro 11, 2007

Imagens

O grito da Independencia - Pedro Américo
Na adolescência, lembro de ver as paredes dos quartos das amigas recheadas de fotos. Depois tudo virou clean, óbvio. Afinal, a idéia de quadro de fotos serve até certo momento. Nada contra quem as tenha até hoje, mas duvido que estejam representadas todas as fases da vida. Podem refletir sobre isso, tenho certeza que lá estão fotos de uma época, meio que não se faz um update das fotos regularmente. Isso quando o namorado não implica com as fotos dos ex.

Desde que iniciaram as câmeras digitais, as fotos e os momentos vão se perdendo. Pois, além do fato de não ser impressa, as fotos vão se perdendo em cada formatação dos hard disks. Em alguns anos poucas serão as fotos lembradas daqueles momentos. Tudo passa, nessa nova era tudo passara mais rápido ainda e sem passado. Têm também aqueles que perdem as fotos dos filhos. Imagina não ter as fotos das várias fases dos filhos? As festas de 2, 5, 10 anos de idade. Tudo se perde. Muitos amigos me falam que suas fotos são da infância, depois já adulto, não tem meio do caminho.

Veja que o passado recente já muitas vezes não existe mais. Os lugares mudam, mudam os bares, os restaurantes, as lojas. Imagina só ir a um bar onde Al Capone bebia, quando estava na Florida? Isso, na Florida, existe: o Tobacco Road, estabelecido desde 1912. Quero ver achar algo assim no Brasil... E as pessoas nem se dão conta disso. Outro dia soube de uma resistente, Le Casserole, um restaurante francês no Largo do Arouche, aqui no centro de São Paulo.

Uma vez, andando por Munique, havia uma placa, informando que ali naquele local cinco soldados resistentes ao nazismo morreram. Existe uma placa informando que alguém se escondeu no Mosteiro de São Bento (minha memória não é tão boa assim, para lembrar disso 17 anos depois), onde o Papa Bento XVI se hospedou quando esteve em São Paulo, este ano. Aliás, durante minha vista à Catedral de Salzburg, estava gravada no piso da catedral a data em que o Papa João Paulo II havia celebrado missa.

É duro tentar avisar às pessoas de que a perda de referencia histórica é ruim. Uma cidade sem tradição é uma cidade sem cultura. É um povo sem cultura. Kevin Lynch passou anos estabelecendo conceitos para os landmarks, para hoje se ter uma cidade que os despreza. E olha que São Paulo é mais antiga que muita cidade, onde existe já certa história no imaginário corrente. Basta ver a falta de destaque para o Museu do Ipiranga, onde nas suas proximidades nascia o país independente (certo que há uma mística história ai nesse fato, mas o que importa é nem essa referencia está explicita de forma adequada ao turismo e à memória urbana).

Tratar da cultura e da história começa tratando da própria cultura e da própria história. Se de certa forma o homem comum (homem massa, definido por Ortega y Gasset) não se importa com ela, por que se importaria com a historia coletiva, a história da cidade?

Síndrome da terceira via

É. Deve ser mesmo uma doença. E acho que o culpado foi o Paulo Maluf ou o José Serra. Quando descobrir qual deles eu juro que mando um e-mail. Depois deles eu acabo acreditando em qualquer terceira via. Agora acho que entre Globo e Record a terceira via é o SBT. Triste ilusão a minha.

Lembro-me daquela eleição de 1994, que o falecido médico e deputado, Enéas Carneiro, fora a terceira via. Teve mais votos que Leonel Brizola. E era a primeira vez que assistia a esse fenômeno, mesmo este sendo um caso de humor. Tiveram outros casos, claro, como a eleição de 1986, cujos candidatos Antônio Ermírio de Moraes e Paulo Maluf (sempre ele) foram superados pela então terceira via Orestes Quércia. Mas aquela época não era assim, como direi, uma real terceira via. Mas hoje está na moda a expressão. Antes era a era Mac e PC, agora o PC tem Linux e Windows... Que emoção!

Não consigo é acreditar que terceira via seja a solução para tudo, mas essa pluralidade traz uma boa reflexão. É uma forma de poder mostrar todos os pontos negativos de tudo, talvez uma forma até de não mostrar nada. Mas é bom para ver que nem tudo tem dois lados. E aqui cabe uma frase das melhores, cujo autor desconheço: “os inimigos dos meus inimigos não são meus amigos”. Deve ser essa a frase, mas se não for o sentido é este aí mesmo.

Uma vez uma amiga me falou uma frase: “Você atira para todos os lados no seu blog”. Não diria que é atirar, mas falo de tudo o que me interessa. Textos, televisão, política, arquitetura, futebol... Você me viu falando de religião em algum momento? Já até falei, mas o texto nem era meu. Não que não me interesse, mas estou longe de tratar da questão de forma objetiva. E esse negócio de só tratar de um assunto ou ter um blog para cada assunto é uma tremenda chatice (nada contra os amigos que fazem isso, mas eu não farei isso tão cedo, mesmo sabendo que é uma das formas de ser mais lido dentro desse universo de blogs). Para ser mais exato, os blogs que mais gosto não são específicos. Além do mais existem blogs com tempo de vida, como diários de viagem, que ficam marcados nas nossas mentes e são bons para rememorar aqueles momentos.

Eu até tenho um projeto de blog, seria algo como “eu tenho raiva de...” e lá mostraria minha ira que às vezes passo aqui. O detalhe que logo no começo falava para um amigo que não conseguia expor a minha raiva, que até deixava os textos guardados e nem publicava. E ele me disse para desencanar e soltar o verbo. Mesmo assim acho que sou até comedido. Quem sabe umas vezes, acho que até já comecei postagem com “hoje estou com raiva...”. Ou seja, tem de tudo. Mas opinião não falta principalmente a melhor de todas as opiniões: “eu não sei”. Se eu soubesse não estaria escrevendo, certo? Bem, “a dúvida é o preço da pureza” (assina essa, Jean-Paul Sartre).

Lembrei de uma aula, ano passado na pós-graduação, aonde o expositor, nem vou citá-lo nominalmente, começou a exposição dizendo ser ele um homem dos anos 1970, que ouvia Raul Seixas, e por isso é uma “metamorfose ambulante”. O interessante que o que ele disse foi meio bombástico, pois esperavam (os professores, principalmente) um seguidor convicto dos dogmas do movimento modernista... Não digo que sou uma metamorfose, mas acredito que a opinião é uma formação de aprendizado, não um chute. Ainda mais com minha mania de sistematizar tudo. Teve época da minha vida que achava a música uma formação matemática... E a fantástica professora da pós-graduação, em 2004, me alertou para que não caísse nesse erro, o de “matematizar” o mundo, pois isso é uma metodologia, não a realidade. Bem, deve ser matemática a terceira via... Inclusive, uma dúvida: a matemática foi inventada pelo homem ou é natural? Esta foi a questão mortal... A reflexão dela me acompanha até hoje. Imagine a hora que tiver uns alunos, vou deixá-los loucos, loucos!

Nota da postagem

O que o símbolo do Corinthians está fazendo nesta postagem? Nada, oras. É só para provar que nem tudo existe terceira via. Time é time. Só tem um. Aliás, no caso nem segunda (divisão).

outubro 10, 2007

Mini conto

Sob a luz do pólo petroquímico, a leveza daquela noite quente de verão deixava sua beleza numa atmosfera de graça. Sua silhueta era uma questão de limite da imaginação e da realidade, tudo ao mesmo tempo. O sorriso da minha face não saia. O caminhar naquele pequeno trecho de área pública próxima à avenida proporcionava um prazer incrível, mesmo que com ela a pior encrenca do mundo seria fácil de levar.

O problema que tudo acaba. E acabou para sempre, naquela hora em que a bomba beijou o chão. Ao sair do cinema, no meio da seção, pude ver a cidade em chamas. As chamas que queimavam e não as que ardiam. E hoje só lembro que aquele beijo, era mesmo o fim.

Mas todo fim é na verdade o começo de alguma coisa. E hoje quando passo naquela avenida penso em como tudo poderia ser diferente. Mas se eu soubesse o que sei agora, acho que erraria tudo exatamente igual.
Explicação do mini conto

Nada mais interessante do que escrever um pequeno texto sob um contexto bastante interessante, onde trago uma imagem, logo no primeiro parágrafo. Para quem já passou perto de um pólo petroquímico sabe daquela luz 24 horas por dia, meio amarela, ao longe, com aquelas cercas de alambrado ao redor, como em Paranaguá, ou mesmo em São Sebastião. Uma noite quente de verão, nada mais é que aquela sensação da noite úmida de verão litorâneo. E o passeio naqueles resíduos urbanos que são resultados da instalação destes equipamentos, como no caso o pólo petroquímico, mas poderia ser armazém, porto, aeroporto, até mesmo estação de trem. Mas o importante é que a frase “sob a luz do pólo petroquímico” é da música dos Engenheiros do Hawaii, “Pose – Anos 90” (1992):

“(...) Vamos duvidar de tudo que é certo
Vamos namorar à luz do pólo petroquímico
Voltar pra casa num navio fantasma
Vamos todo mundo, ninguém pode faltar (...)”


No segundo parágrafo começo colocando uma dúvida que tenho sobre os ciclos: Por que tudo acaba? E ai tinha que dar um rumo para acabar aquela boa sensação do verão úmido. Logo pensei em um bombardeio, uma coisa um pouco Kuwait, pensando em como pode ter sido a Guerra do Golfo, em 1991. Nada mais legal que então “roubar esses versos como quem rouba pão” (até para justificar eu roubo palavras dos Engenheiros do Hawaii, essa veio da letra de “A Conquista do Espelho” - 1992). Logo lembrei dos versos de “Cidade em Chamas” (1988):

“(...) Então, só resta uma solução
Sair no meio da sessão
Pra ver a cidade em chamas (...)”

Depois lembrar daqueles versos de Camões, onde falava do amor: “Amor é um fogo que arde sem se ver”. Mais um pouco e lembrei da música do RPM, “A Cruz e a Espada”:

“(...) E agora eu vejo aquele beijo
Era mesmo o fim
Era o começo e o meu desejo
Se perdeu de mim (...)”


Nada melhor que iniciar o terceiro e último parágrafo com a mesma música. E para finalizar colocar a frase completa da música dos Engenheiros do Hawaii, “Surfando Karmas & DNA” (2002), uma que eu não concordo muito, mas fecha o texto de forma espetacular:

“(...) ?Quantas vezes a gente sobrevive à hora da verdade?
Na falta de algo melhor nunca me faltou coragem
Se eu soubesse antes o que sei agora
Erraria tudo exatamente igual (...)”


Eu provavelmente erraria tudo diferente. Mas para fechar o texto a frase cria um efeito interessante. O mesmo efeito que a música gera. E isso que é compilar um texto cheio de pequenas informações. Lógico que muitas delas estão na cara, de qualquer um que conheça um pouco Engenheiros do Hawaii. Mas a pouca profundidade desse texto consegue colocar uma imagem, cuja parte em que falo sobre a silhueta, pensei naqueles filmes onde se usa muito essa técnica, consegue criar uma atmosfera, consegue trabalhar duas questões ainda: a perda e a reflexão, na parte onde estaria a questão de errar tudo exatamente igual. Na verdade sem olhar a minha opinião, fica parecendo pelo texto que eu concordo com essa hipótese de nada mudar se eu pudesse mudar o passado. O que eu, e creio que metade das pessoas, também acredita e até gostaria. Mas tem mais um detalhe ai. Tirei da música as partes que formam o texto. Ou seja, de uma mídia fiz outra. Na literatura não se conseguiria achar estas referencias. Assim como muitas referencias das músicas podem estar na literatura (como acontece muito). Em poucas palavras se consegue transmitir muita coisa, e isso que busco num escritor.

outubro 09, 2007

O SBT está em segundo lugar!

Segundo informações do blog de Cristina Padiglione, o SBT mantém a vice-liderança por uma pequena margem com a Record. Eu acredito que aos domingos até deve ganhar da Globo, a tal programação de entretenimento da televisão de Silvio Santos. Porém, o que interessa é que a fragilidade da Record ainda não conseguiu superar a do rei do improviso. Não que tenha nada contra Rede Record, muito pelo contrário, acho que muitas das séries que adquiriu são de boa qualidade assim como boa parte de sua programação, contando com Milton Neves que gosto muito. Mas é inevitável dizer que se não fosse a cópia ao “padrão Globo de qualidade” a Record estaria à mingua assim como a Band e a Rede TV! (sem contar também o investimento financeiro).

Agora o que acho ruim é todo o resto que vem atrás da TV Record. Essa ligação entre a Igreja, também dirigida por Edir Macedo, etc. Também falam horrores da Rede Globo e até hoje não vi ninguém juntar as provas disso e publicar num livro, por exemplo. Se Silvio Santos também tem uma história cheia de detalhes obscuros, também deveriam publicar. Nos Estados Unidos já teriam inúmeras publicações. Aqui mal se tem uma biografia que não venha a ferir o biografado. O caso mais recente, de Roberto Carlos, já prova o quanto não se quer passar do limite e deixam por causa disso uma história mal contada. Ainda mais que a tal biografia de Roberto era mais um livro de fã do que uma biografia. Será que os biógrafos estão esperando o Edir Macedo, o Silvio Santos, Roberto Carlos morrerem e a Globo acabar para contar a história? Tanta gente com raiva da Globo e nada de escreverem. Ficam só escrevendo suspeitas infundadas. Falam de monopólio da Globo, sendo que se ele realmente existisse não haveria espaço para nenhuma outra rede, e tem pelo menos 4: SBT, Band, Record e Rede TV!. Eu só tenho duas hipóteses para isso: ou mentem ou escondem a verdade. Ou talvez seja a inveja. No fundo acho que querem é trabalhar na Globo.

O sonho de Silvio Santos era ser dono da Record. Quando ele comprou parte da emissora, nunca pode ter total domínio, o que de fato o levou a fazer outra emissora, concorrente. E de certa forma, foi ele que vendeu a Record ao bispo Edir Macedo. Na época, muito mal documentada, Silvio Santos se valeu da falência da TV Tupi para montar sua emissora. Teve também de conseguir apoio do governo militar para seu projeto. Se realmente a Globo fosse um monopólio teria impedido o SBT de acontecer. Coisa que não vou ser sofista de dizer que nem se incomodaram, não, se incomodaram sim, mas nada fizeram fora do profissionalismo que já possuíam. Com o tempo Silvio Santos foi conseguindo um público cativo, talvez na faixa dos 4%. Foi um canal para dar exposição aos seus outros negócios como o Baú da Felicidade. Criou programas, importou outros, desde “Bozo” até “Qual é a Música?”, e até chegou a balançar a audiência da Rede Globo, com filmes como Rambo, cuja seqüência Rambo II pertencia à Globo (isso nos anos 1980), até roubando idéias globais, como foi o caso de “Casa dos Artistas”. Acabou sendo notícia durante o ano de 2001 durante dois momentos na Globo: durante a homenagem que teve no carnaval e depois pelo seu seqüestro e de sua filha. Tudo isso pouco documentado e pouco debatido. Até parece que o SBT um dia falou que a Globo o impediu de ir mais longe.

Mesmo durante a compra completa de cast de todas as emissoras, ocorrido em 2000, quando a Globo trouxe Jô Soares, Serginho Groisman, do SBT, Luciano Huck, da Band, Maria Paula e outros, da MTV, as outras emissoras trataram de arrumar novos lideres. Caso da Band que criou Otaviano Costa, depois comprado pela Record, que de certa forma repetiu o feito da Globo de 2000, só que com resultado desastroso para os que ficaram na sua geladeira, caso de Gilberto Barros, Otaviano Costa e Adriane Galisteu. Em suma, só faltou naquele período o SBT se reorganizar e tratar de conseguir formar novos talentos. Hoje sinto que a Record se beneficia da gordura da Globo, mas até quando isso vai durar?

Silvio Santos fez apostas erradas, como contratar a apresentadora Ana Paula Padrão e deixa-la sem valorização. Esse é um problema do SBT, diga-se, nunca valorizou seu jornalismo. Em certas horas até o “Fala que eu te Escuto” é melhor que o jornal noturno do SBT, mesmo com Carlos Nascimento, ex-global. Ele deveria é ter contratado o “Pânico na TV”. Tem tudo a ver com o SBT. Lembrando que eu acho o SBT o pai intelectual da “Rede TV!”. O debate entre Record e Globo atualmente deixa de lado o que foi o SBT, mas nada que o “Patrão” (como fala o Lombardi) não possa fazer uma terceira via. Se conseguir fechar com alguma produtora estrangeira, como a RTP (que já teve negócios com a Band) ou mesmo sua versão (do SBT) latina, a Televisa, o SBT pode se capitalizar e entrar de peito nessa briga. Para tal, seria o fato de contratar o maior talento da Gazeta, Roni Von, trazer o “Pânico na TV”, colocar um jornalismo forte na madrugada ou de manhã, sempre como alternativa, e programas especiais como a Ana Paula Padrão fez sobre o Afeganistão, em sua época de Globo, sem contar que com novelas melhores como as da RTP, poderia ir muito mais longe e talvez até barrar o crescimento da Record. Tudo isso sem gastar lá muito dinheiro.

O fato que o SBT já enfrentou crises financeiras, uma delas sabidamente socorrida pela grande idéia da “tele sena”. Capitalizou-se de fora para dentro. Um processo parecido com a Record, que alugava espaço para programas da Igreja Universal. O fato que Silvio Santos pensa no jogo como forma de entretenimento e os fiéis da Igreja de Edir Macedo como um grande mal a ser combatido.

Eu sou favorável à abertura de cassinos no Brasil. Talvez até mais controlados que nos Estados Unidos. Poucos em poucas cidades. Algo como cerca de 10 em cada cidade, como Águas de Lindóia ou Araxá, inicialmente. Traria turismo, traria o teatro e, infelizmente, traria também a prostituição e seus efeitos colaterais, como tráfico de drogas. Justamente por isso que devem ser mais controlados que nos Estados Unidos. Já com os bingos se teve uma péssima experiência, imagina com cassinos. O fato que qualquer um que tenha já passado por Las Vegas sabe que a cidade é muito, muito mais que o jogo. E esse o sentido que deve ser passado para cá. Entretenimento puro, lazer, convenções, e o jogo como pano de fundo. Já imaginou um “Roletrando” direto de um cassino em Águas de Lindóia? Shows, peças de teatro, tudo para quem passa as férias lá? Temporada de férias com shows nos prováveis novos teatros e novas salas de espetáculo? Isso daria uma margem para muito novo artista começar e muita abertura para novas atrações. Porém isso tudo esbarra na vontade pessoal das pessoas.
Hoje a Globo é a única televisão realmente sem domínio pessoal (poderia até ser S.A.). Mesmo coma morte de Roberto Marinho continuou seguindo em frente, fazendo sua programação. Coisa que duvido muito aconteça com o SBT, ou mesmo a Record, certo que Edir é muito, muito mais novo que Silvio Santos. Exemplo este tomado por Adolfo Bloch, cuja TV Manchete e a editora simplesmente ruíram pouco tempo depois de sua morte, ou mesmo indo mais longe, a TV Tupi, de Assis Chateaubriand, cujo destino foi o mesmo da Manchete.
A Editora Abril já quis entrar nessa briga, porém mantém sua MTV bem longe disso, seguindo a linha mundial das MTV´s. Sua maior concorrente aportou no Brasil há pouco tempo, a VH1. Em suma, o mercado de televisão está mais aberto do que nunca, e o tal monopólio só existe na cabeça de um ser desconectado do mundo real, ou melhor, aquele que não muda de canal de jeito nenhum, mesmo tendo muito mais para ver. Uma prova disso é a MTV. Transmitida somente a cabo, já fez a fama de várias de suas apresentadoras, como Sabrina Parlatore, hoje na Cultura, Maria Paula, Casseta & Planeta (Rede Globo), Fernanda Lima (Globo), Sarah (Globo) e passagens de uma lista sem fim, de Thunder Bird (Globo), Cuca (Disney Channel), Marcos Mion (Record, Band), etc.

Soninha

Querem cassar o mandato de Soninha. E o próprio partido pelo qual se elegeu. Simplesmente por ter trocado o PT pelo PPS. A idéia é o PPS ter uma candidata para disputar a prefeitura em 2008. Na verdade é uma resposta do PT à oposição feita pelo partido de Roberto Freire (PPS). Isso mostra mais uma vez como a esquerda é fracionada, dividida e cada vez mais próxima da “vanguarda do atraso”. Mas felizmente o PPS se une ao PSDB e ao DEM na oposição ao governo Lula. Só falta o PDT. O que fica estranho é ver na base de apoio desse governo PTB e PP... Isso mostra como partidos não representam pensamentos, mas números. Bem, isso fica para outro dia. Mas voltando à Soninha, é uma vereadora que não apostava nada, e continuo não apostando. Mas como candidata, espero ver o bate-boca e a renovação. Mesmo a esquerda querendo acabar com a democracia, eu ainda apoio essa idéia do debate entre essa moça e a civilização (se é que haverá civilização na futura eleição).

Notas de Rodapé

Para quem não conhece o livro “Vanguarda do Atraso”, organizado pelo jornalista Diego Casagrande (aqui).

Não, Soninha não é uma moleca de 20 e poucos anos. Ela só parece ser jovem. Essa aparência que a esquerda tanto gosta de preservar. Gosta porque sua cara envelhecida é muito pior que qualquer outra cara que um dia pode envelhecer. Quem sabe já avisaram a ela que o Muro de Berlin já foi demolido... Vai ver que é por isso que ela saiu do PT...

Tem mais. Se a Soninha é boa vereadora, vamos comparar seus grandes feitos com os do vereador Nabil Bonduki, ambos do PT, para fazer valer quem é que deveria estar lá na Câmara dos Vereadores... O PT não pode se comparar a ele mesmo... Ele não consegue nem se superar... Imagina só comparar com a civilização...

Seguindo a opinião de Giuseppe, começo a colocar umas figurinhas. Realmente eu acho que visual faz mesmo diferença. Eu estou é meio com pressa, sei lá por quê... Aí não me detenho nesses detalhes. É a ansiedade...

outubro 08, 2007

Rápidas XI

Já notaram que todo hipocondríaco fala um monte de nomes de remédios que não faço a menor idéia? Sem contar quando começam a se empanturrar de remédios que os deixam com sono. Eu sempre digo a eles para buscarem um médico homeopata, acupuntura, que virem vegetarianos, tudo de forma natural. Mas como todo hipocondríaco, prefere mesmo se encher de remédios e acabar com o fígado. Não sei se encontram nessa hora o acesso às pessoas, chamam a atenção, ou sei lá o que. Eu prefiro ir comer pizza... Talvez seja por isso que tenho que controlar o colesterol. Melhor isso que se entupir de remédios, normalmente não baratos.

Rápidas X

Será que Milton Neves vai estar feliz de novo com a nova derrota do São Paulo? Eu estou... Mas mais feliz com a vitória do Corinthians...

Quebra Cabeça

Nada melhor que começar algo e saber que indiretamente não estou sozinho no mundo. Lá por volta de 1991, 1992, quando o Van Halen lançou o “For Unlawful Carnal Knowledge”, li uma entrevista na extinta revista Bizz, na qual um dos membros da banda falava sobre o processo de criação da banda. Faziam uma jam session e se os quatro gostassem do resultado, alguém também gostaria lá fora. Eu fiquei imaginando essa jam, o como surgiam as músicas. Sempre me empolgo com processos criativos.

Notei que muitas vezes as luzes das idéias aparecem em momentos mágicos. Um processo nada linear, porém de veras prazeroso. Fazendo a primeira audição do novo disco dos Engenheiros do Hawaii, “Novos Horizontes”, me deparei com uma nova música deles, cujo processo criativo e a intenção da música combinam de certa forma ao que penso. Ao iniciar esse processo de escrever, no qual tento escrever todo dia, sem sofrer da síndrome da página em branco, pois afinal me sinto em certas horas um compilador de idéias e nunca um autor propriamente dito, não estava certo que chegaria a algum lugar. E nem sei se é preciso sempre chegar a algum lugar. E justamente a música “Quebra Cabeça” tem um pouco disso. Qual a graça e para que serve um quebra cabeça montado? Aliás, é exatamente essa frase que inicia a explicação dessa música no site oficial da banda. O resto é “a letra é um convite a esquecer o ponto de chegada e aproveitar a viagem”. Nada mais importante que ressaltar que eu não conhecia a música até este domingo último, quando recebi o disco.

Mais um detalhe da letra é interessante:

“(...) É tudo que eu posso oferecer
É pouco
Mas é tudo que eu posso oferecer
É quase nada
Mas é tudo que eu posso oferecer (...)”

Quebra Cabeça – Engenheiros do Hawaii (2007)

Eu realmente acho que não tenho lá muito que oferecer. Um quase nada, mas estou aqui a escrever. Não sei até quando, mas enquanto der estarei aqui. Falando em quase nada, me lembra uma frase atribuída a Jean Nouvel: “Se menos é mais, sou quase nada.” Onde comentava a mundialmente conhecida expressão “less is more”, do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe, nascido na cidade Aachen, na Alemanha. Robert Venturi também havia feito um trocadinho com a famosa frase: “Less is more, less is bore” (Menos é mais, menos é chato). Ou mesmo lembrando de Frank Lloyd Wright com “less is more only when more is too much” (O menos é mais somente quando o mais é em excesso). Bem, não me sinto sozinho no mundo.

Nota de rodapé
Humberto Gessinger também fez o curso de arquitetura. Outro dia uma pessoa também me disse que Herbert Vianna, Paula Toller e outros também fizeram o curso de arquitetura. Dos antigos sabia somente de Chico Buarque e de Guilherme Arantes que também cursaram a faculdade de arquitetura. Guilherme Arantes se formou, pelo menos.

outubro 07, 2007

Esquerda, direita e direita, esquerda?

“(...) Críticos de arte
Arte pela arte
Pink Floyd sem Roger Waters
WELCOME TO THE MACHINE
Forma sem função
Fascistas de direita
Fascistas de esquerda
Empresas sem fins lucrativos
Empresas que lucram demais
Todo dia a gente inventa e fantasia
A gente tenta todo dia
Feito cegos
Egos em agonia (...)”


Tribos e Tribunais – Engenheiros do Hawaii (1988)

Nos últimos tempos ando escutando novamente aqueles chavões conhecidos como direita e esquerda. O que acho mais estranho disso tudo é que a negação da existência de uma direita e uma esquerda é a falta de visão de um mundo. Explicando melhor, a direita e a esquerda não deixaram de existir com o a queda do muro ou a dissolução da União Soviética. Ou melhor, aí que entra certo problema de ordem estritamente conceitual. O que é esquerda é muito óbvio, mas o que seria direita? Em suma, com o término de algumas ditaduras de esquerda, o pensamento de esquerda, que é um pensamento rígido igualitário, um sistema onde todos são iguais, porém uns mais iguais que os outros, onde existe a presença forte de um estado totalitário e um partido único, onde os opositores são exterminados, como se viu na URSS ou mesmo em Cuba, continua existindo. Também ditaduras de esquerda continuam a existir como Cuba e China.

O que seria a direita então? Todo o resto? É claro que quando entramos nesse tema político no Brasil o que se escutam são aberrações de todo tipo, tanto da esquerda como da direita. A falta de cultura para tal que é tão grande que as pessoas ao falar de uma outra coisa acabam sempre deixando o tema como se fosse capitalismo x socialismo, como se no mundo não existem outras formas de representação, ou mais ainda, tentando dar um dos dois lados para encaixar o resto. Centro então, é algo pintado como uma esquerda light ou uma direita envergonhada. Falar sobre liberalismo é como se insistisse em algo que esta num ou noutro lado, ou os que se acham entendidos tentam falar do neoliberalismo, como se tivesse alguma coisa a ver.

O pior que a falta de capacidade de debate e falta de visão da realidade em que se encontra o Brasil é tão grande que ao se perguntar qual o “lado” dos governos islâmicos a cara de ponto de interrogação chega a ser mais engraçada que a de Mr. Bean e logo depois começam criticas ao George Bush. Isso por que o homem ano que vem vai embora para seu rancho no Texas e a guerra de mais de sessenta anos continuará. Os que tentam debater este assunto têm que começar tão do zero, ser tão didáticos que até dá certo medo de pensar em que nível está a tal esquerda. Pois esta no Brasil é militante, ignorante, fascista. Aliás, fascista é uma expressão que nada tem a ver com direita e esquerda, por exemplo. E é exatamente por isso que começo esta postagem com uma letra de música dos Engenheiros do Hawaii, onde escreve claramente fascistas de direita, fascista de esquerda mostrando que para ser fascista não é necessário ter lado. Outro dia estava lendo uma notícia no site de um jornal, uma pessoa comentou que tudo era culpa do capitalismo. Como se um dia, usando palavras de Daniel Piza, o capitalismo tivesse sido projetado numa prancheta. Quais são os pensadores da direita? Quem desenhou o sistema capitalista? Quem é o Karl Marx da direta?

Lógico que para isso preciso dar uma pequena base de onde estou partindo. O legal de fazer uma postagem longa, é que poucos vão ler até o fim. E poucos dos poucos que lêem deve ser algo entre um e mais que um. Para introduzir um pouco as pessoas do ponto que comecei a falar nesta postagem vale a leitura destes dois textos de Daniel Piza, cujos links seguem abaixo e transcrevo um texto de hoje de madrugada do jornalista Reinaldo Azevedo. Reinaldo se coloca de um lado, da direita. Piza mostra a total facilidade de se cair num destes lados sem enxergar o todo, mas veja que se for pensar nos textos sobre uma óptica esquerdista, os dois dão nomes aos bois, coisa que a esquerda sempre se esquiva.

Por Daniel Piza:

Meu país à esquerda ou à direita e Diálogo de macacos

Por Reinaldo Azevedo, em seu blog, dia 7 de outubro de 2007, 6:21.

Esquerda, direita?

Também perguntam alguns, afetando espanto: mas você ainda acredita na existência de direita e de esquerda? Claro que acredito. Ademais, não é matéria de crença, mas de fato. E passo longe daquela besteira, infelizmente endossada por Norberto Bobbio, de que esquerdistas se preocupam mais com a justiça social, e direitistas tendem a naturalizar as diferenças. Até porque, dada uma sociedade democrática, em que todos são iguais perante a lei, as diferenças podem não ser naturais, mas são fatais. Distribua a riqueza brasileira, em partes iguais, entre os pouco mais de 180 milhões... Quanto tempo demoraria para que, de novo, houvesse ricos e pobres — e é bem possível que os ricos de agora fossem os futuros ricos da pós-distribuição?
Então a gente acaba com o estado? Não! Ele tem de ser eficiente para garantir direitos que permitam às pessoas competir. E isso supõe, claro, intervir com políticas públicas em áreas como saúde, educação e segurança. Qual é o grau dessa intervenção? Uma que não o transforme numa máquina difícil de carregar, que passe a ser gerador de desigualdades, em vez de corrigi-las. É nisso que acredito. Isso é ser de direita?
Mas não é só. Dada (e isto é um pressuposto) uma sociedade democrática, a direita não solapa a legitimidade das leis para promover o que entende ser justiça social. Já a esquerda não vê mal nenhum nisso porque acredita que o legítimo se sobrepõe ao legal. E quem define o “legítimo”? Ora, ela própria. Sim, ainda existem direita e esquerda. E, nos termos dados neste texto, é óbvio que sou de direita.

Voltando

Após a leitura destes três textos podemos começar a entrar na questão real que quero discutir. Além de existir um pensamento de direita, existem questões universais que estão obviamente fora da esquerda. Em suma, existe um pensamento, e este é dirigido para um lado ou outro. O problema é que qual é o pensamento da direita? Uns mal intencionados acham que o pensamento conservador é um pensamento da direita. Erro fatal. O conservadorismo é autônomo. Em muitos momentos, o pensamento libertário, o liberalismo, anda ao lado do conservadorismo, principalmente no combate ao pensamento de esquerda.

O pior não está em ver que só não existe um pensamento de direita, organizado da forma como a esquerda se posiciona e o discrimina, onde torcem os fatos históricos para conseguir ter algum apelo estético, onde a realidade normalmente costuma ser bastante “malvada” com eles, como também poderia dizer que a própria esquerda é multifacetada. Chamam a parte da esquerda que tende a ser democrata de social democracia. A extrema esquerda normalmente é incomoda a própria esquerda por ter idéias tão atrasadas que simplesmente não fazem mais sentido numa nova sociedade, mais global e mais dinâmica. Esta extrema esquerda é aquela que acusa de direita tudo que estaria um pouco mais próxima de algum valor mais universal. São aqueles que dizem ser Fernando Henrique Cardoso um representante da direita, ou aqueles que tentam identificar no populismo a direita. Naquele populismo de Paulo Maluf, por exemplo. Basta saber que populismo é algo útil para esquerda, sempre o foi. Também é bom lembrar que nenhuma ditadura caiu por falta de apoio popular. Isso é truque esquerdista, clamar a voz do povo para justificar seu lado totalitarista. Paulo Maluf nada mais é do que o herdeiro direto de Jânio Quadros e de Adhemar de Barros, dois grandes populistas de outrora. Nota-se, também eram vistos como direita, erroneamente. E como em toda crise democrática, os populistas ganham enorme projeção, caso da eleição de 1960, onde Juscelino Kubitschek não conseguia controlar a inflação decorrente do crescimento econômico, base real do posterior milagre do crescimento durante o regime militar de exceção.

A falta de cultura geral é sempre o maior problema para entrar nesse caminho. Por exemplo, se não existir capitalismo, o sistema voltaria a ser feudal. Pois na verdade o socialismo sempre teve base na questão de que se o mundo inteiro fosse socialista seria o total suicídio. Prova disso é o quanto Cuba importa do resto do mundo (capitalista) e quanto a China exporta (para o mundo capitalista). Sem o mundo capitalista não haveria dinheiro. As culturas voltariam a ser regionais, não se poderia fazer o comercio das Índias, por exemplo. Se há outra questão que passa ao largo das idéias esquerdistas é a noção de turismo. Qual era o grande pensamento da esquerda relacionado à sociedade de consumo e da sociedade de entretenimento? Quando mais o tempo passa, mas vejo que eles são a “Vanguarda do Atraso”.
Bem, termino por aqui, só comentando que por um tempo o Fascismo, uma de suas versões, o Nazismo, o Comunismo e o resto do mundo aconteceram num mesmo período histórico. Isso já seria suficiente para provar, sem levar em conta o que acontecia na Índia ou no Oriente Médio, para dizer que não só há direita e esquerda, como pode haver muito mais que isso.

Ainda sobre a Playboy

Para ser exato ainda preciso saber se haverá canapés no evento, mas a revista além das fotografias de Mônica Velloso tem também uma entrevista com Diogo Mainardi. Como já afirmei, a Playboy está sendo um dos poucos veículos a ir contra a pasmaceira sem graça dos últimos tempos (tempos bicudos). E quem diria, logo a Playboy...

Uma dúvida: será que FHC tem em seu acervo no iFHC a revista Playboy em que concedeu entrevista?

Bem, informando: Diogo Mainardi lançará em breve um novo livro, “Lula é Minha Anta”. No livro há uma coletânea de textos sobre o caso do mensalão em 2005. Diga-se de passagem, conheço pouco o caso por estar fora do país entre 2005 e 2006.

Arnaldo Jabor também estará lançando novo livro, “Eu sei que vou te amar”. É um romance elaborado a partir de seu filme homônimo de mais de 20 anos. Eu acho que o Jabor quer é voltar a filmar... Já imaginaram a patrulha ideológica nos seus filmes?

Será que o Jabor já foi entrevistado na Playboy? Acho que a Playboy deveria lançar um livro: 20 anos de entrevistas da Playboy. Nesse livro estariam as entrevistas de Zé Dirceu, Diogo Mainardi, FHC e para finalizar o artigo de Olavo de Carvalho.

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...