agosto 18, 2007

Saudades

Estou saudades de Fernando Henrique Cardoso. Seus discursos eram menores e até faziam sentido. Do seu governo, não sei mais o que dizer. Era ruim, eu achava à época, mesmo assim votei no Serra em 2002 (lógico...).

O dólar tava quase no valor correto: R$3,00. Não vejo como benéfico deixar o dólar mais baixo do R$2,40. A “doença” que passa o Brasil de hoje, é muito semelhante à que passava a Holanda de outra década (busquem: doença holandesa). Se com dólar à R$2,40 a indústria brasileira não ia para frente, não vai ser com menos de R$2,00 que irá avançar. Isso é difícil de entender, óbvio. Afnal é muito melhor viajar para Europa e para os Estados Unidos com dólar abaixo dos R$2,00 e comprar tralhas em dólar. Mas ai vai só um detalhe de lógica: O que importa no bolso do produtor de soja brasileiro? Um dólar ou um Real? Melhor três Reais... Com três Reais ele pode pagar o salário mínio para os seus com menos sacas de soja. E com eles ele pode gastar na indústria brasileira de implementos agrícolas e não na indústria alemã nem na americana. Não é uma questão de xenofobia, mas uma questão de lógica. Aqui é produzida a leguminosa (se não me engano maior exportador mundial e segundo maior produtor mundial) e por que não se produz a máquina para ela aqui também? Com dólar à R$3,00 ficaria bem mais difícil comprar uma máquina importada. O que é bom. Não são para isso que se formam aos montes engenheiros mecânicos, agrônomos, melhoradores e cientistas? Se não se formam com qualidade, é ai o foco do problema. E não no dólar a menos de R$2,00. Isso serve para a indústria de calçados de Novo Hamburgo, de Franca, para os produtores de café, açúcar, álcool, suco de laranja, para os suinocultores, para o agro negócio ligado ao frango e carne bovina, em suma, tudo aquilo que realmente é importante no Brasil. Para aquilo que realmente representa o PIB brasileiro. O que faz o Brasil ser alguma coisa. E mais: é muito melhor também para o turismo interno. Vai dizer que não é ótimo ir para a Argentina no momento atual? Quem foi sabe do que estou falando.

Por outro lado, todos pensam imediatamente na questão eletrônica: os computadores ficam mais baratos com dólar a menos de R$2,00. Sim, ficam. Ai que o governo tem que entrar (já que é um “entrão” em tudo) e exonerar impostos naquilo que faz sentido para os interesses de crescimento nacional. Pra que PAC? Esse governo Lula pensa mais no Geisel do que no seu “povo”. As idéias de PAC, assim como a idéia de fazer Angra III, nasceram no mesmo governo Geisel. E isso é fato. Não é questão de opinião. Pergunto a vocês em que governo fora criado o pró-álcool? Em que governo foi criado os projetos nucleares brasileiros? Realmente com Lula, o máximo de avanço que teremos é que na época do Regime Militar de Exceção, apitos e nariz de palhaço não eram instrumentos de subversão. Lembro bem que durante o governo FHC, um manifestante jogou um ovo no ministro da saúde, José Serra. A investigação concluiu que o rapaz que havia jogado o ovo não fazia parte de nenhum grupo de pessoas ligadas à facção dos “jogadores de ovos” e nem muito menos fora coroado pela mídia como “golpista”. Já os rapazes com apitos e nariz de palhaço, que fizeram protesto em Campos (RJ), foram revistados pela guarda do Novo Príncipe.
Dá saudades de algumas coisas, e do Fernando Henrique é uma. Realmente quem quebra um paradigma sempre será lembrado. (O paradigma é este: Ao sair João Figueiredo, pela porta dos fundos, sem passar a faixa presidencial a José Sarney, falaram que nada poderia ser pior que Figueiredo. Vieram plano Cruzado, Cruzado II, fiscal do Sarney e hiper-inflação. Da eleição de 1989, eleito Collor de Mello. Nada poderia ser pior que o Sarney. Veio Casa da Dinda, PC Farias, Lada, Plano verão e sabe-se mais lá o que, culminado em Itamar Franco. Nada poderia ser pior que Collor. Itamar, realmente não foi pior, mas refez o Fusca, e fez o Plano Real, satanizado pela “petralha”. Foi então que o paradigma se rompe, e FHC com certeza foi melhor que seu antecessor. E Lula não poderia ter feito igual. Não, resolver seguir a linha daqueles que eram seus pares. Ou melhor, seus aliados atualmente: Collor, Maluf, Sarney.)

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