Digo que ainda poderia colocar Gordon Cullen e Kevin Lynch nessa postagem, mas ainda não é o momento. Jane Jacobs é autora do clássico livro “Morte e Vida das Grandes Cidades“ (The Death and Life of Great American Cities), de 1961, pede a volta da ordem da cidade pela valorização da rua, a única não arquiteta destes três autores que compõe o tema dessa postagem. Aldo Rossi é autor do livro “A Arquitetura da Cidade” (L´Architettura della Cittá), de 1966 onde, segundo Roberto Segre afirma “(...) Na Europa, Aldo Rossi e os irmãos Krier defendem o valor simbólico dos monumentos e da malha original ainda existente nas cidades européias, como representação do genius loci dos lugares, e a necessidade de novas inserções que dialoguem com as preexistências ambientais. (...)” E por fim Robert Venturi é autor do livro que seria o denominador comum entre os dois primeiros: “Complexidade e Contradição em Arquitetura” (Complexyty and Contradiction in Architecture), de 1966.
Conforme também afirma Roberto Segre: “Na segunda metade do século 20, o acelerado processo de crescimento da população urbana no mundo, nos países industrializados e nos subdesenvolvidos, tornou incontrolável o desenvolvimento de novas estruturas urbanas. O planejamento urbano e regional tentou estabelecer padrões básicos de organização do território pelo Estado central ou pelos governos municipais - lembremos as experiências européias da Inglaterra, França, Holanda e dos países da Escandinávia -, mas a pressão da iniciativa privada, a especulação da terra urbana e da construção de moradias e a ascensão do consumo como função privilegiada pela proliferação dos shoppings impossibilitaram o sucesso das políticas de planejamento territorial.(...)”, se a solução dada por estes três autores e outros tantos mais, teve uma maior valorização, pois não simplesmente ignora que exista uma sociedade que deveria ser mudada, mas simplesmente dá soluções entendendo a sociedade como ela se compõe, se comporta. A idéia não é contrapor uma maneira de viver com uma já tradicional forma de vida. O erro esta exatamente nisso: não representar a sociedade e se criar uma idéia de nova sociedade que nunca aconteceu. O arquiteto Miguel Forte sempre afirmava que a arquitetura é o reflexo de todas as épocas, por ela se consegue saber como os povos viviam quais seus hábitos, suas limitações.
Vamos por partes: Quais as reais soluções dados pelos arquitetos brasileiros para a construção de moradias de interesse social? Elas estavam mesmo valorizando todos os aspectos urbanos? Depois de um tempo como se comportaram? Qual era (ou é) o real déficit habitacional brasileiro? Nota-se que com todas estas perguntas sem suas respostas não se consegue ir muito longe. Acho extremamente fácil atribuir toda a culpa de um urbanismo falho e com pouca qualidade à iniciativa privada especulativa. Ou aos mandatos políticos responsáveis pelas políticas urbanas que nunca foram implantadas. Isso não esvazia o problema, pelo contrário, o piora. Se todos os problemas brasileiros fossem resolvidos pela tríade emprego público, condomínio fechado e plano de saúde...
O difícil de ser arquiteto num país sem cultura não esta na atribuição profissional da arquitetura, mas sim nos objetivos a que ela se propõe. Naqueles objetivos que são os de sua atribuição e aqueles que foram sendo agregados e retirados sem a menor reflexão dos temas. Não existe problema sem solução, pois ai seria uma catástrofe, não problema. Conforme escreveu Edson Mahfuz em seu blog: “(...) É muito comum que alguém se refira ao projeto (...) como “a planta”. Sendo assim, não é de estranhar que o projeto não seja visto como uma das duas partes mais importantes de um processo de construção e, que por conseqüência, encontre dificuldades em ser remunerado condignamente. Que os clientes saibam exatamente do que consiste um projeto me parece importante não apenas para que o nosso trabalho possa ser melhor entendido e valorizado, mas também para que possam exigir dos profissionais que contratam aquilo a que têm direito. A rigor, um projeto é um conjunto de documentos que serve para orientar a construção de um edifício, espaço aberto ou objeto. O sucesso ou fracasso de qualquer uma dessas empreitadas depende do grau de aprofundamento e detalhamento do projeto.(...)” (continua aqui).
Logo, com toda esta lógica, fica um tanto quanto difícil não estranhar a falta de entendimento quando a arquitetura se depara com um público de menor poder aquisitivo. Acredita-se que o trabalho do arquiteto onera a conclusão da obra, assim fazendo a “arquitetura sem arquiteto”, a um custo além de financeiro (igual), social (bastante inferior) diferentes. Não se trata aqui de defender as idéias de Jacobs, Rossi e Venturi, mas acrescentar que a arquitetura não se faz somente de fatores ideais e nem para públicos ideais, nem muito menos médios ou medianos. Se fosse fácil qualquer um faria, não? Assim como a auto-medicação, a “arquitetura sem arquiteto” é também uma prática que merece atenção dentro do contexto brasileiro. Mas voltando aos três autores, é interessante lembrar que existe uma diferença de pensamento entre Europa e Estados Unidos. Um país com distâncias continentais e outro continente com cidades com dinâmicas de espaço bastante complexas, sem contar os aspectos de preservação do patrimônio histórico. O problema (não só no Brasil, como América Latina) é esquecer desses dois aspectos acontecendo ao mesmo tempo. Por questões ideológicas, certas questões urbanas estudadas por americanos não são estudadas nas universidades brasileiras. Seria como se um procedimento médico cirúrgico ou um medicamento fosse menosprezado por ser de origem americana. Não só é misturar problemas, mas total falta de responsabilidade. Basta ler “O Jardim de Granito” (1995), de Anne Whiston Spirn, e notar que muitos dos incidentes naturais como enchentes e alagamentos, poluição dos rios e solo, não são somente realidades urbanas brasileiras. Não quero aqui dizer que o Estado deveria se incumbir disso, mas para que existe o CREA mesmo? Assim como a OAB, o conselho de arquitetos é que deve se preocupar mais com estas questões, principalmente a de popularizar idéias de bom urbanismo e arquitetura entre os mais leigos. Lembrando que bom urbanismo é aquele que cumpre as suas funções e não um estilo de beleza estética.
Conforme também afirma Roberto Segre: “Na segunda metade do século 20, o acelerado processo de crescimento da população urbana no mundo, nos países industrializados e nos subdesenvolvidos, tornou incontrolável o desenvolvimento de novas estruturas urbanas. O planejamento urbano e regional tentou estabelecer padrões básicos de organização do território pelo Estado central ou pelos governos municipais - lembremos as experiências européias da Inglaterra, França, Holanda e dos países da Escandinávia -, mas a pressão da iniciativa privada, a especulação da terra urbana e da construção de moradias e a ascensão do consumo como função privilegiada pela proliferação dos shoppings impossibilitaram o sucesso das políticas de planejamento territorial.(...)”, se a solução dada por estes três autores e outros tantos mais, teve uma maior valorização, pois não simplesmente ignora que exista uma sociedade que deveria ser mudada, mas simplesmente dá soluções entendendo a sociedade como ela se compõe, se comporta. A idéia não é contrapor uma maneira de viver com uma já tradicional forma de vida. O erro esta exatamente nisso: não representar a sociedade e se criar uma idéia de nova sociedade que nunca aconteceu. O arquiteto Miguel Forte sempre afirmava que a arquitetura é o reflexo de todas as épocas, por ela se consegue saber como os povos viviam quais seus hábitos, suas limitações.
Vamos por partes: Quais as reais soluções dados pelos arquitetos brasileiros para a construção de moradias de interesse social? Elas estavam mesmo valorizando todos os aspectos urbanos? Depois de um tempo como se comportaram? Qual era (ou é) o real déficit habitacional brasileiro? Nota-se que com todas estas perguntas sem suas respostas não se consegue ir muito longe. Acho extremamente fácil atribuir toda a culpa de um urbanismo falho e com pouca qualidade à iniciativa privada especulativa. Ou aos mandatos políticos responsáveis pelas políticas urbanas que nunca foram implantadas. Isso não esvazia o problema, pelo contrário, o piora. Se todos os problemas brasileiros fossem resolvidos pela tríade emprego público, condomínio fechado e plano de saúde...
O difícil de ser arquiteto num país sem cultura não esta na atribuição profissional da arquitetura, mas sim nos objetivos a que ela se propõe. Naqueles objetivos que são os de sua atribuição e aqueles que foram sendo agregados e retirados sem a menor reflexão dos temas. Não existe problema sem solução, pois ai seria uma catástrofe, não problema. Conforme escreveu Edson Mahfuz em seu blog: “(...) É muito comum que alguém se refira ao projeto (...) como “a planta”. Sendo assim, não é de estranhar que o projeto não seja visto como uma das duas partes mais importantes de um processo de construção e, que por conseqüência, encontre dificuldades em ser remunerado condignamente. Que os clientes saibam exatamente do que consiste um projeto me parece importante não apenas para que o nosso trabalho possa ser melhor entendido e valorizado, mas também para que possam exigir dos profissionais que contratam aquilo a que têm direito. A rigor, um projeto é um conjunto de documentos que serve para orientar a construção de um edifício, espaço aberto ou objeto. O sucesso ou fracasso de qualquer uma dessas empreitadas depende do grau de aprofundamento e detalhamento do projeto.(...)” (continua aqui).
Logo, com toda esta lógica, fica um tanto quanto difícil não estranhar a falta de entendimento quando a arquitetura se depara com um público de menor poder aquisitivo. Acredita-se que o trabalho do arquiteto onera a conclusão da obra, assim fazendo a “arquitetura sem arquiteto”, a um custo além de financeiro (igual), social (bastante inferior) diferentes. Não se trata aqui de defender as idéias de Jacobs, Rossi e Venturi, mas acrescentar que a arquitetura não se faz somente de fatores ideais e nem para públicos ideais, nem muito menos médios ou medianos. Se fosse fácil qualquer um faria, não? Assim como a auto-medicação, a “arquitetura sem arquiteto” é também uma prática que merece atenção dentro do contexto brasileiro. Mas voltando aos três autores, é interessante lembrar que existe uma diferença de pensamento entre Europa e Estados Unidos. Um país com distâncias continentais e outro continente com cidades com dinâmicas de espaço bastante complexas, sem contar os aspectos de preservação do patrimônio histórico. O problema (não só no Brasil, como América Latina) é esquecer desses dois aspectos acontecendo ao mesmo tempo. Por questões ideológicas, certas questões urbanas estudadas por americanos não são estudadas nas universidades brasileiras. Seria como se um procedimento médico cirúrgico ou um medicamento fosse menosprezado por ser de origem americana. Não só é misturar problemas, mas total falta de responsabilidade. Basta ler “O Jardim de Granito” (1995), de Anne Whiston Spirn, e notar que muitos dos incidentes naturais como enchentes e alagamentos, poluição dos rios e solo, não são somente realidades urbanas brasileiras. Não quero aqui dizer que o Estado deveria se incumbir disso, mas para que existe o CREA mesmo? Assim como a OAB, o conselho de arquitetos é que deve se preocupar mais com estas questões, principalmente a de popularizar idéias de bom urbanismo e arquitetura entre os mais leigos. Lembrando que bom urbanismo é aquele que cumpre as suas funções e não um estilo de beleza estética.
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