agosto 30, 2007

Ensaio sobre a cegueira

Certa vez lembro de ter lido uma crônica de Mário Prata em que tomava sol olhando para as garotas na piscina fingindo que lia um Saramago. Lembro em 1997, quando Jose Saramago foi ao Mackenzie, junto com Sebastião Salgado e Buarque de Holanda (que ficou por uns 30 minutos na palestra). Lembro também de uma vez questionado sobre o que estava lendo e falei sobre “Ensaio sobre a Cegueira”. Acredito ter entre meus amigos poucos que gostam de Saramago. Lógico, dentro do número de pessoas que lêem.

Não me importo muito com o que se fala sobre Saramago, mas gostei de “Ensaio sobre a Cegueira”. O livro tem uma dinâmica muito boa, com aqueles parágrafos intermináveis, e é um livro bastante duro, triste. Os personagens não têm nome, sendo descritos por suas atitudes, como o ladrão do carro, a mulher de óculos escuros, a mulher do médico, etc. Certa hora acreditava que me perderia, mas não. Bastante denso e com uma mensagem muito curta, o livro é bom. Não presto atenção no que Saramago diz a respeito de política, é melhor preservar meus ouvidos... Aliás, isso sempre me intrigou: por que alguém famoso por ser escritor insiste em mostrar sua opinião sobre política e ainda de forma tão desastrosa? Felizmente sabe como separar sua literatura de sua posição política. O próximo livro dele será “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, muito provavelmente. Sempre tive curiosidade por ele.
De Saramago aprendi uma coisa bastante importante sobre escrever: quando perguntado como escreve tantos livros, simplesmente disse que escreve duas a três páginas por dia. Mas todos os dias. Isso demonstra que uma obra se começa com duas ou três páginas diárias. Não talvez só com o talento. Esse caminho é talvez o mais importante ensinamento que ele pode dar.

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