agosto 23, 2007

Como piorar uma disputa

Alguém me perguntou se eu preferia Gilberto Gil ou Caetano Veloso. A disputa era dura já. Eu piorei: cantando ou falando?

Nada contra eles, como pessoas. Mas que eles são ícones de consumo e não intocáveis vertentes da cultura popular. Diga-se de passagem, nada fora de suas músicas tem interesse nessa cultura popular. O fato de Gil ser ministro da cultura não implica que suas idéias realmente ultrapassem sua obra musical. Isso não é impossível, mas não é o padrão, digamos, como teoria. Eu particularmente prefiro ouvir algumas músicas de Gil a muitas de Caetano. Mas não tenho interesse maior por eles. Não consigo ver neles toda essa profundidade, da qual já vi alguns professores de português se referindo.

Existe ai um fenômeno de mitificar certas figuras da dita cultura popular brasileira. Em vez de deixar acontecer, a imposição de certos artistas se dá de forma um tanto autoritária. Não vejo neles maldade, mas que existe um pouco de falta de abertura e de autocrítica (deles) existe.

Esse fenômeno já é antigo. E está nos lugares mais engraçados. Falava eu com uma amiga sobre como eram os fãs da banda Engenheiros do Hawaii. Eram uns quase fundamentalistas. Do outro lado tinham os fãs da Legião Urbana, comentando que seu letrista era espetacular. Só não falavam da música. E nos últimos tempos venho pensando em quanto o Lobão criou mitos pessoais e um discurso. Se tiverem coisas boas nele, não me cabe questionar, pois nos meus onze, doze anos eu gostava de ouvir “Vida Bandida”, “Corações Psicodélicos”, “Chorando pelo Campo”, “Me chama” e principalmente “Vida Louca Vida”, que o refrão me fez refletir bastante. Era um momento para mim, ouvia Titãs, Paralamas, Ultraje a Rigor e, claro, Engenheiros do Hawaii. O que é triste é ver que eles se mantiveram no “mercado” com uma produção um tanto quando mais duvidosa que sua inicial.

Mas Gilberto Gil e Caetano não falavam para esse público, ao qual pertencia. Naquele momento tinha certa diferença entre o que seria a versão nacional de rock´n roll e o que era a tal MPB. Nos anos 1990, a coisa já foi se fundindo mais. Bandas como Skank, Jota Quest ou Cidade Negra, não tocam aquilo que ficou consagrado como uma invenção de rock nacional. Hoje a distância entre Gil e eles é bem menor. Os Paralamas do Sucesso mostram mais essa fusão com a música popular. Outras bandas como Ultraje, Capital Inicial e de certa forma Titãs, praticamente foi parando de produzir material novo. Era uma onda de acústicos, coletâneas e versões de músicas. Claro que estou deixando de lado um monte de bandas novas, mas isso se dá por total desinteresse neles. Não conheço nenhuma banda nova que tenha chamado a minha atenção. O pior é me falarem que estas bandas não aparecem na mídia... Agora virou regra impor a banda via mídia... Tenho certeza que Engenheiros do Hawaii não era “produto de mídia”, principalmente pelo ódio e rejeição de muitos. Se não fosse por seus fãs acho que não teriam chego aonde chegaram. Produto de mídia dos anos 1980 poderiam ser Kid Abelha, talvez e aquelas outras bandas de uma única música. Botar a culpa na mídia é fácil... Quero ver explicar fenômenos populares como Leandro & Leonardo, Zezé di Camargo e outros...

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