janeiro 26, 2008

Um arquiteto americano...

Outro dia uma pessoa me perguntou quem eu achava o maior arquiteto de todos os tempos. Eu nem sabia o que responder. Primeiro por achar a pergunta meio sem relevância, pois o que é ser o maior arquiteto? Será pela obra construída ou pelas idéias e obras muitas vezes nunca construídas? Uma discussão que começa definindo-se onde já é arquitetura ou não: no projeto ou na obra construída. Bem, muitas definições para no fundo uma pergunta que seria quem você mais admira. Esta é a pergunta. Qual seu gosto pessoal. Não é na verdade para fazer uma perspectiva geral e entender qual foi o maior arquiteto do mundo...

Certa vez, logo no começo aqui do blog, fiz uma lista com dez arquitetos que eu mais gostava ou mais me influenciaram, etc. Relendo a lista hoje, vejo que faltariam mais uns nomes... Fazer o que. Eu gosto muito de arquitetura para simplificar as coisas. Mas hoje gostaria de falar de Antoine Predock especialmente. Ele é considerado o “rato do deserto”, por construir casas no meio do deserto dos Estados Unidos. Tem sede de seu escritório em Albuquerque (Novo México) e tem como hobbie andar de motocicleta. Eu já gostava de algumas casas que havia visto dele, em especial uma na praia de Venice Beach, na Califórnia (foto ao lado). Em 2001, uma amiga foi para Europa e pedi para que me trouxesse uma publicação especial da GG (Editorial Gustavo Gili) sobre Antoine Predock e outra sobre Craig Ellwood. Ela somente conseguiu comprar a de Antoine Predock.

A Europa é uma maravilha, mas em matéria de distribuição e línguas é complicado. Minha amiga tinha ido para Milão, na Itália, onde as livrarias são também muito boas. Mas até achar a parte especializada em arquitetura, precisaria ela ser uma “rata de livrarias”. Sou obrigado a dizer que sou bom nisso, mas nem todos têm essa sorte. Bem, a minha sorte foi ela ter achado pelo menos uma das publicações. Lembro que quando estive em Munique, achei uma versão em alemão, inglês e francês de um livro de Álvaro Siza. Comprei. Foram muito bem gastos os pouco menos de quinze Euros. Se tivesse me preocupado em achar a versão do mesmo livro em espanhol, italiano e português talvez não tivesse a sorte que tive de encontrá-lo por este preço. É engraçado ler em inglês os nomes das cidades portuguesas como Évora e Matozinhos. Outros livros também encontrei na minha estadia na América; dentro da Borders, uma livraria que sempre esta muito bem organizada. Lá encontrei por sete dólares um belíssimo livro sobre Alvar Aalto, entre outros. Não que no Brasil não encontre bons livros, mas os preços nunca são bons (mesmo quando achamos que está bom...). Nem o livro sobre o arquiteto Isay Weinfeld, editado aqui no Brasil, escrito por Daniel Piza, é, digamos, acessível, economicamente falando.

Mas deixando as livrarias de lado e voltando a Antoine Predock. Além de criativo, sua obra não parece ser algo somente plástico, mas sim uma obra cheia de detalhes que vão aparecendo aos poucos. O interessante é ver nele a união de muitos conceitos e ver a imensidão de espaço que tem a trabalhar naquele inóspito sítio que é o deserto. E tirando partido disso, consegue excelente resultado. Pode-se apreciar muito de sua obra em seu site (http://www.predock.com) e ver que sua metodologia de trabalho esta muito relacionada a maquetes e a estudos volumétricos, fazendo um trabalho bastante interessante, ainda nos moldes do arquiteto-artista.

Uma questão que não tenho resposta é que algumas das publicações de suas obras (praticamente todas que conheço) foram de editoras européias. Sendo ele americano, achei muito estranho não haver mais publicações americanas. E o mais interessante é ver como um daqueles primeiros preconceitos infantis da época de faculdade, o de não existe arquitetura americana além de Frank Lloyd Wright, cai por terra ao se conhecer a enorme quantidade de arquitetos americanos e de boas obras, como a de Predock.

É interessante quando lembro do deserto imagino como sua obra se comporta naquele sítio. Além disso, outro dia assisti Gattaca, e lembrei na hora que a ambientação é toda feita por Predock. É um dos arquitetos que mais gosto atualmente. Uma obra sólida que tem vista para uma arquitetura diferente do senso comum. O mais interessante é que sua obra parece ter movimento, além de muita expressão, mas tudo tecnicamente muito bem resolvido. Eis uma questão de importância: como não resolver bem problemas técnicos trabalhando num sitio onde se pode fazer 45ºC à -5ºC (estou chutando, mas o clima do deserto é bem instável...)? Às vezes nos deparamos aqui no Brasil com soluções plásticas boas e tecnicamente muito ruins para suas funções e ninguém se da tanta conta, pois por mais quente ou mais frio, o clima nunca tem uma variação tão grande que chegue a ser incomoda demais. Talvez isso pudesse evidenciar muito mais certas posturas de projeto.

Um comentário:

João Batista disse...

É exatamente isto que iria dizer: parece arquitetura de filme de “ficção científica”. Está explicado: é arquitetura de filme de “ficção científica”. Rsrs.

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