São Paulo, mito da metrópole global. Um mito, mesmo. Eu acredito. Em nem um momento sequer acredito ser São Paulo aquela misto de “globalismo” e de “pluriculturalismo” que muitos entusiastas têm da maior cidade brasileira. Tem bons restaurantes de muitas cozinhas, muitos locais de valor histórico e mais que tudo, uma vida pulsante. Mas isso não significa ser global em hipótese alguma. No fundo é uma cidade que vive uma decadência enorme. Uma destruição da sua história e da sua personalidade, criando um grande lugar sem nome. E alguém acha que não ter mais identidade significa ser global. As poucas identidades, das ruas, bairros e avenidas, São Paulo não passa mais do que uma caricatura do que foi no passado. Claro que as muitas visões diferenciadas fazem parecer de tudo uma cidade com uma alma tão grande que possa projetar-se na idéia de um mapinha mundial. Sem falar de nenhuma outra cidade, mostro-lhes que a São Paulo que todos clamam é aquela que fica 80% na área central, ou central expandida, entenda-se como Avenida Paulista. Ali está a cidade. Muitas pessoas moram ali naquele trecho, mas, mais que tudo, muito mais pessoas trabalham ali. E esse fluxo intenso é a tal maravilha da metrópole que não dorme. Nada de mais óbvio tudo acontecer por ali. Desde “Reveilllon na Paulista” como qualquer passeata ou até mesmo a corrida de São Silvestre passa por ali. Um centro com força, mas muito mal conservado.
Culturalmente hoje se acredita que preservando aqueles fragmentos que a cidade do concreto não conseguiu apagar é a “herança cultural”. É quase hipócrita. Mas não é por isso que não se deva conservar, mas tem-se que ter também bom senso para não valorizar a moldura e deixar o quadro se estragar... De que adianta uma bela praça para um monte de mendigos? Seus bancos se tornam é um bom beliche... As praças deveriam seguir a idéia original da cidade colonial, sendo a praça o local de vida social e não um monte de matinhos em meio a umas árvores com meio caule pintado de cal e um chão de terra batida com algum lixo. Falam da falta de verde na cidade e nem sequer fazem o esforço de tentar arborizar as ruas e avenidas de uma forma passível de uso (basta ver o canteiro central da Avenida 23 de maio, onde ninguém consegue chegar... é uma visão para quem está nos carros e ônibus). Tudo parece ser um discurso ditado por alguma moda. No fundo parece que os paulistas querem mesmo é uma casa com tudo ao seu redor (um shopping, um mercado, lojas, etc.) e não uma cidade de setores, como o atual urbanismo fez a cidade se moldar. Aqui é residencial, aqui comercial, aqui industrial, etc... A idéia tão boa dos antigos bairros com as casinhas e as lojinhas intercaladas com a praça simplesmente morreu e com ele as identidades dos bairros. O que era pitoresco virou algo de “massa”. Sem perspectivas, sem vazios, sem valor.
Ao se deparar com caminhos antigos e as perspectivas criadas por estes, parece estar se mostrando uma cidade nova. Aquela cidade que clamam ser a verdadeira São Paulo. Uma dessas visões é o Viaduto do Chá. Sua passagem por cima do Vale do Anhangabaú. Outra poderia ser o percurso pela Avenida Paulista. Ver a cidade do MASP. Este museu que esteve a pouco nas páginas dos jornais devido ao roubo de dois quadros de seu acervo. Um museu que vive um momento ruim. E não poderia ser diferente. A São Paulo que é o MASP não é a São Paulo real. É duro admitir isso, mas São Paulo não é uma cidade culta. Não é uma cidade de pessoas cultas. Não é uma cidade cultural. O MASP é exemplar nisso. Como pode, com o acervo que têm ser um museu sem lá grande visitação? Não são poucas as pessoas que nunca entraram lá (e que trabalham na região da Paulista). E sem contar que além do MASP, só na Paulista deve haver outros montes de pequenos “centros culturais”. No centro então, tudo que não tem função vira centro cultural (se não prédio abandonado). Não é ruim isso, mas também não agrega lá grande feito pela cultura da cidade. A pulsação da cidade é outra. É uma cidade de negócios. E cada vez mais perdendo seu espaço de negócios de mercadorias para serviços. E isso é ruim, uma vez que serviços com novas tecnologias fazem desaparecer pólos. Um exemplo é o tele marketing, que te atente em qualquer lugar do Brasil, de qualquer lugar do Brasil... Enganos são aqueles de achar que os serviços podem se manter longe das manufaturas... O tal termo “potencialidades” é tão subjetivo quanto “serviços”. São Paulo se tornou importante com o café, entre 1890 e 1930. Manteve-se com a industrialização e a manutenção de sedes executivas de empresas e mais que tudo como centro financeiro. Mas nunca deixou de ser centro comercial. Ao passo que o centro comercial vai perdendo espaço, certos serviços também deixam de estar presentes.
O pior disso tudo é a intromissão governamental para “fomentar potencialidades”. Uma dessas obras de fomento fez uma parte do centro simplesmente ficar mais morta ainda: Parque D. Pedro II. E morta não no sentido de não ter gente passando, mas o tipo de gente que agrega ao seu redor. Assim como o desastre da área da Luz, onde se acreditou que restaurando os edifícios o entorno se renovaria naturalmente. Quase 30 anos de abandono não se reverte com um prédio caro para grupos restritos. Basta ver que tipo de gente freqüenta a Sala São Paulo. Garanto: a maioria do público estaciona seu carro no estacionamento e paga o valor dos ingressos, que se somados ao longo do ano não deve pagar nem o salários dos faxineiros. Um bom dinheiro público para fomentar a cultura universal... De alguns poucos... Não acho, de maneira alguma, que se deva acabar com a orquestra; mas ela deve ser viável. Assim como o MASP. O duro é ter que agüentar a “democratização” da cultura para um grupo pequeno, que se diz grande, como a cidade. Ou melhor, um grupo que quer “de graça” aquilo que todos pagam inclusive os que nunca poderão usufruir dela. Para estes sobra somente as multiplas visões que a cidade oferece. De graça.
Culturalmente hoje se acredita que preservando aqueles fragmentos que a cidade do concreto não conseguiu apagar é a “herança cultural”. É quase hipócrita. Mas não é por isso que não se deva conservar, mas tem-se que ter também bom senso para não valorizar a moldura e deixar o quadro se estragar... De que adianta uma bela praça para um monte de mendigos? Seus bancos se tornam é um bom beliche... As praças deveriam seguir a idéia original da cidade colonial, sendo a praça o local de vida social e não um monte de matinhos em meio a umas árvores com meio caule pintado de cal e um chão de terra batida com algum lixo. Falam da falta de verde na cidade e nem sequer fazem o esforço de tentar arborizar as ruas e avenidas de uma forma passível de uso (basta ver o canteiro central da Avenida 23 de maio, onde ninguém consegue chegar... é uma visão para quem está nos carros e ônibus). Tudo parece ser um discurso ditado por alguma moda. No fundo parece que os paulistas querem mesmo é uma casa com tudo ao seu redor (um shopping, um mercado, lojas, etc.) e não uma cidade de setores, como o atual urbanismo fez a cidade se moldar. Aqui é residencial, aqui comercial, aqui industrial, etc... A idéia tão boa dos antigos bairros com as casinhas e as lojinhas intercaladas com a praça simplesmente morreu e com ele as identidades dos bairros. O que era pitoresco virou algo de “massa”. Sem perspectivas, sem vazios, sem valor.
Ao se deparar com caminhos antigos e as perspectivas criadas por estes, parece estar se mostrando uma cidade nova. Aquela cidade que clamam ser a verdadeira São Paulo. Uma dessas visões é o Viaduto do Chá. Sua passagem por cima do Vale do Anhangabaú. Outra poderia ser o percurso pela Avenida Paulista. Ver a cidade do MASP. Este museu que esteve a pouco nas páginas dos jornais devido ao roubo de dois quadros de seu acervo. Um museu que vive um momento ruim. E não poderia ser diferente. A São Paulo que é o MASP não é a São Paulo real. É duro admitir isso, mas São Paulo não é uma cidade culta. Não é uma cidade de pessoas cultas. Não é uma cidade cultural. O MASP é exemplar nisso. Como pode, com o acervo que têm ser um museu sem lá grande visitação? Não são poucas as pessoas que nunca entraram lá (e que trabalham na região da Paulista). E sem contar que além do MASP, só na Paulista deve haver outros montes de pequenos “centros culturais”. No centro então, tudo que não tem função vira centro cultural (se não prédio abandonado). Não é ruim isso, mas também não agrega lá grande feito pela cultura da cidade. A pulsação da cidade é outra. É uma cidade de negócios. E cada vez mais perdendo seu espaço de negócios de mercadorias para serviços. E isso é ruim, uma vez que serviços com novas tecnologias fazem desaparecer pólos. Um exemplo é o tele marketing, que te atente em qualquer lugar do Brasil, de qualquer lugar do Brasil... Enganos são aqueles de achar que os serviços podem se manter longe das manufaturas... O tal termo “potencialidades” é tão subjetivo quanto “serviços”. São Paulo se tornou importante com o café, entre 1890 e 1930. Manteve-se com a industrialização e a manutenção de sedes executivas de empresas e mais que tudo como centro financeiro. Mas nunca deixou de ser centro comercial. Ao passo que o centro comercial vai perdendo espaço, certos serviços também deixam de estar presentes.
O pior disso tudo é a intromissão governamental para “fomentar potencialidades”. Uma dessas obras de fomento fez uma parte do centro simplesmente ficar mais morta ainda: Parque D. Pedro II. E morta não no sentido de não ter gente passando, mas o tipo de gente que agrega ao seu redor. Assim como o desastre da área da Luz, onde se acreditou que restaurando os edifícios o entorno se renovaria naturalmente. Quase 30 anos de abandono não se reverte com um prédio caro para grupos restritos. Basta ver que tipo de gente freqüenta a Sala São Paulo. Garanto: a maioria do público estaciona seu carro no estacionamento e paga o valor dos ingressos, que se somados ao longo do ano não deve pagar nem o salários dos faxineiros. Um bom dinheiro público para fomentar a cultura universal... De alguns poucos... Não acho, de maneira alguma, que se deva acabar com a orquestra; mas ela deve ser viável. Assim como o MASP. O duro é ter que agüentar a “democratização” da cultura para um grupo pequeno, que se diz grande, como a cidade. Ou melhor, um grupo que quer “de graça” aquilo que todos pagam inclusive os que nunca poderão usufruir dela. Para estes sobra somente as multiplas visões que a cidade oferece. De graça.
Um comentário:
Gostei de crescer em São Paulo. Uma vez crescido, perdeu a graça. Nunca entendi essa gente que mora no cafundó do Judas e resolve inventar desculpas para fingir que é bacana morar no meio do nada, distante horas de qualquer coisa. Para elas não é bom mesmo, mas para mim seria.
É um inferno estudar Sábado aqui, porque montam uma feira na rua da esquina que, digamos, atrapalha só um pouquinho o trânsito, e os canalhas dos motoristas buzinam o dia inteirinho, com maldade mesmo, você percebe que o sujeito está descarregando a raiva, o fato de ele ser um bosta qualquer, sua mulher ser feia e mesmo assim o trair, etc. e tal. Essa gente não tem o menor respeito ou consideração por quem mora nesta rua. Buzinam pouco se lixando. Se é esse tipo de filho da mãe que mora em SP, eu também escolheria sair daqui para bem longe. Primatas não foram feitos para ter carro, ao menos carro com buzina. Existem cidades mundo afora onde buzinar é proibido por lei, sob pena de multa, a não ser em caso de emergência. Como seria bom se tal medida pudesse ser aplicada na gigante São Paulo, ou pelo menos na minha rua... Rsrs. Acontece que quando eu era menorzinho, o Sábado era uma delícia. Você acordava um pouco mais tarde, ou ao menos descansado pelo fato de não ter a obrigação de levantar às 6:00. O dia chegava próximo do meio-dia e aquele sol quentinho começava a brilhar. Silêncio. O som da feira, com aquela gente indo e vindo, sem megafones, sem gritaria desmedida, era baixinho e agradável, o amolador de facas passava com aquele apito bizarro, que dia agradável que era o Sábado. Poucos motoristas conheciam esta rua, havia muitas casas e poucos prédios. Desde sei lá quando, tudo se inverteu (hoje há só prédios e poucas casas). Passei a acordar com o “buzinasso”, e a conviver com o “buzinasso” durante a tarde inteira. Nada melhor do que trocar o dia de Sábado pela madrugada de Domingo. A prefeitura passa lei proibindo megafone e gritaria nas feiras, mas ignora as buzinas?! Essa feira daqui sempre foi bem comportada, e são os motoristas desgraçados (espero que todos tenham uma morte lenta, dolorosa e barulhenta) que enlouquecem a todos. Se eu encontrar buzina de navio ou trem para vender, compro e instalo na janela para mostrar quem é que manda. Infelizmente, dado o absurdo tamanho da buzinação, acho que somente uma buzina de navio de cruzeiro seria forte o suficiente para se sobrepor a todo o resto.
Cultura? Essa gente escrota não respeita o seu semelhante minimamente, não pensa dez metros para além do próprio umbigo, a única sinfonia que aprecia é a das buzinas automotivas. Para um povo de merda, uma cidade de merda. Estou com os eremitas e não abro. Ou com os assassinos em massa e terroristas. Por favor, plantem uma bomba na minha rua!
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