janeiro 19, 2008

Atlântico

E lendo o blogue da revista Atlântico (aqui), me deparei em como estou longe de certas realidades culturais. Já me sentia longe lendo alguns amigos do Rio de Janeiro e de Porto Alegre, mas em termos nacionais e algumas questões internacionais (principalmente a respeito dos Estados Unidos), estávamos em perfeita sintonia. Mas Portugal para mim foi estranho. Sinto estar distante demais das idéias daquele país. Não sei o que escutam de música ou vêem na TV. E o pior que isso gera certo medo, de saber se o João Kleber faz sucesso lá... Que medo!

Mas bom site, mesmo que muita coisa eu não tenha entendido sobre as atualidades daquele país...

E, claro, teve entrevista com Reinaldo Azevedo (aqui). E gente burra tem aqui como em Portugal. Nos comentários não entenderam por que ele disse que José Saramago é um produto do capitalismo, da globalização, do mercado... Coisas da vida...

5 comentários:

margarida disse...

A distância é ultrapassável...; basta ir lendo os blogues destacados pelo Atlântico e ir vendo os jornais, e, sobretudo, ler o João Pereira Coutinho que escreve aí no Folha...; ver outros, de outra forma, é possível! É importante. Este fica aqui marcado para ir vendo também!
Agora o tal de Kleber, 'famoso' aqui?! Nã! É claro que há uma gente marginal que o conhece, mas pelas razões mais lamentáveis. Nada mais. Continuemos a olhar para as estrelas, mesmo (ou sobretudo) que da sarjeta! E parabéns pela área de estudo - a arquitectura é uma magia em concreto...

Miguel Madeira disse...

Para os seus leitores não terem muito trabalho a procurar nos comentários, eis porque não se pode dizer que Saramago é um "produto da capitalismo" (no meu primeiro comentário, não falei em "globalização" nem em "mercado"):

http://www.atlantico-online.net/blogue/2008/01/18/a-pedido-de-varias-familias/#comment-30357



“E o que é Saramago? Um produto do capitalismo, da globalização, do mercado”

Essa é a passagem que tem sido usada para “apresentar” a entrevista.

Mas agora, lendo a entrevista, vejo que o entrevistado não apresenta nenhum argumento a favor da sua tese - limita-se a dizer que Saramago é um produto do capitalismo, sem explicar porquê.

Eu também poderia dizer “Saramago é um produto do processo revolucionário de 1974/75″, e tenho argumentos: creio que o livro que levou Saramago para a fama foi “Levantado do Chão”, que dificilmente teria existido sem a reforma agrária.

http://www.atlantico-online.net/blogue/2008/01/18/a-pedido-de-varias-familias/#comment-30449



“Miguel Madeira diz acima que CRÊ que o livro LEVANTADO DO CHÃO tenha sido o responsável pelo prêmio Nobel que recebeu”

Não - o que eu escrevi é que creio que o livro que o levou para a fama foi o “Levantado do Chão”.

Claro que ele não teria ganho o Prémio Nobel se não fosse (relativamente) famoso, mas a inversa não é verdadeira.

http://www.atlantico-online.net/blogue/2008/01/18/a-pedido-de-varias-familias/#comment-30454



“Reinaldo quis dizer que Saramago escreve livros porquê há pessoas que pagam para que ele os faça!”

Eu não faço a mínima ideia se Saramago escreveria livros se eles fossem distribuidos de graça ou não.

Afinal, duvido que o Rafael Ribeiro seja pago para comentar em blogs.

” Saramago só é Saramago, “O” Saramago, famoso e conhecido praticamente no mundo todo, vencedor de Nobel, só por causa da globalização.”

Se por “globalização” entendermos haver ligação entre os vários países do mundo (como ocorre há séculos), de acordo. Mas imagino que Saramago não seja contra essa “globalização” (afinal, acho que ele é um defensor do “internacionalismo proletário”), logo, por aí a critica não tem pernas para andar.

Se por “globalização” entendermos aqui a que os seus críticos chamam de “globalização capitalista e neo-liberal”, ou seja, a liberalização do comércio e dos movimentos internacionais de capitais, então penso que Saramago é contra ela, mas não é graças a ela que ele ganhou o Nobel e é famoso em todo o mundo - quantos escritores não ganharam Nobeis e/ou foram famosos em todo o mundo antes da “globalização”?

http://www.atlantico-online.net/blogue/2008/01/18/a-pedido-de-varias-familias/#comment-30457



“Para os esquerdopatas entenderem melhor a afirmação ” Saramago é produto do capitalismo”, proponho “imaginarmos” o sucessso que o dito cujo faria se tivesse nascido em Cuba com a “liberdade de expressão” escrita e/ou falada que ali AINDA existe: enterrado sete palmos abaixo do chão pelo Chê ou o proprio Fidel (dependeria apenas do momento em que começasse a colocar as manguinhas do lado de fora).”

Boris Pasternak teve sucesso (cultural, não necessariamente pessoal)… Fazendo um raciocinio talvez um pouco sado-masoquista, os melhores escritores não serão os que são perseguidos? Ou seja, talvez Saramago tivesse escrito coisas melhores se tivesse começado a escrever a sério ainda no tempo de Salazar e tivesse passado umas temporadas em Caxias.

Anônimo disse...

Prazer em conhecê-lo, Fernandinho.

Enviei ao blog Atlântico o comentário transcrito abaixo, no post que eles dedicam a você.

Julio

"Só é possível entender a realidade de um país quando se vive nele.

Dou um exemplo simples. No dia 12 de dezembro um post do Arcebispo de Cantuária remetia ao seguinte post de outro blog:

“E, agora, um post à Arcebispo de Cantuária
Título: Uma prisão sub til

Manuel, debaixo do til, foi condenado a quatro anos de prisão.

Nota: Intendência, não mudar o link do rodapé sem toda a gente perceber a minha piada

publicado por Sofia Bragança Buchholz às 00:46″

Li e reli o texto e não entendi (não “percebi”, como se diz em Portugal) a piada. Fiz várias suposições:
Será que “til” - no Brasil apenas um sinal ortográfico - tem duplo sentido em Portugal? Será que é referência a algum Manuel Til, ou Subtil?

Por fim, desisti de entender a piada.
Tenho certeza de que se morasse em Portugal eu a teria entendido

Anônimo disse...

Manuel Subtil

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=14&id_news=308789

João Batista disse...

Não li a entrevista, mal tenho tempo de visitar seu blog, mas pelo que leio do Reinaldo, suponho que o sentido de sua expressão seja que é graças à economia capitalista com sua classe média esquerdopática que seus livros podem se tornar best-sellers, devido à diversidade de meios de propaganda e à existência de leitores de botequim (com todo respeito a você, freqüentador de botequins. Rsrs).

Os três textos

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