“Seu garçom faça o favor
De me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo
E um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita
Com muito cuidado
Que eu não estou disposto
A ficar exposto ao sol (...)”
Conversa de Botequim – Noel Rosa
Começo contando uma história de 1992. Existia uma loja de HQ´s, na Avenida Ibirapuera, aqui na cidade de São Paulo. Nem lembro ao certo o nome, mas funcionou por muitos anos naquele mesmo lugar que era a passagem que tinha que fazer até o ponto de ônibus. Certa vez vi também alguns discos de vinil usados à venda. Entrei e fiquei olhando os títulos. Eram muitos deles de bandas dos anos 1980 e 1970. A principio escolhi um para comprar, pois os preços eram convidativos, afinal, naqueles anos muita gente substituía seus discos de vinil por cd´s. Foi um disco de Steve Vai – “Passion and Warfare”. Feliz com a compra sempre passava por lá para ver se havia alguma novidade, algum álbum novo.
Certa vez passando por lá, a pessoa que sempre atendia não estava lá e sim um senhor barbudo, meio anos 1960 (não consigo descrevê-lo melhor). E ele foi conversando comigo sobre as bandas até chegar a ver um vinil de Elis Regina. E ele me disse que escutava tudo até os anos 1960 e, em suas palavras, “até o barulho começar”. Depois me perguntou se conhecia Elis Regina. Eu na verdade nunca havia prestado atenção nela. Meu pai gostava muito e lembro vagamente de sua morte em 1982 (tinha 6 anos na época). Mais ainda, o senhor completou: “Você é um cara inteligente, vai gostar dela.” Ao chegar, fui dar uma “fuçada” nos discos dela que meu pai tem (até hoje, em vinil e muita coisa duplicada em cd). Dentre algumas audições, um concerto dela ao vivo no festival de Montreux, se não me engano de 1979. Foi ali que comecei a gostar de Elis.
Muitos anos depois fazia parte de uma clude de vendas de cd´s, da Editora Abril, chamado Music Club e um especial de Elis (um folder de umas duas páginas) foi escrito por seu filho, João Marcelo Bôscoli. Tentava ali passar a imagem maior que a cantora, dando a vida pessoal certo destaque, ao falar de como Elis dirigia automóveis. E o Music Club tinha uma boa seleção de cd´s de Elis Regina. Tenho um tio que muito posteriormente se interessou muito por bossa nova. Digo posteriormente pois à época dos concertos no Teatro Record, ele não acompanhava meu pai e nem tinha interesse pelas apresentações de muitos músicos da bossa nova. E ele comprou muitos dos títulos sobre bossa nova do Music Club, porém nenhum de Elis Regina. Na época também, lembro de ver o lançamento do primeiro disco de Pedro Mariano, filho de Elis Regina. Estava também disponível também no catálogo do Music Club. Um bom disco, que escutei poucas vezes.
Porém, chega o ano de 2003 e vejo lançarem com muito alarde o primeiro disco de Maria Rita, filha de Elis Regina. Logo chegam as comparações com sua mãe e destaque até em especial exibido pela Rede Globo. Se saiu bem, tem boa voz, porém seu primeiro disco não me agrada. Não sei o que há ali ou o que falta, mas passam algumas faixas e eu não consigo gostar do disco. Os outros dois discos dela nem sequer escutei com atenção, mas destaco que achei péssima a escolha da música “Minha Alma” no segundo disco, de 2005, por considerá-la uma música menor, de um modismo, que sim, deve ter feito parte das recentes valorizações dadas a canções de protesto e tempos de “pré-lulismo”. Algo anos 1990 de um desprendimento bobo e sem maior profundidade. Algo que chamo de Sprite (imagem não é nada, sede é tudo) onde a imagem é maior que a profundidade das letras e das canções. Um lugar onde se perdeu um pouco a melodia para dar espaço a um protesto sem sentido, sem tempo e sem espaço (ou com muito espaço). Algo que Maria Rita foi vítima, para mim (o que não é difícil e nem muito menos pejorativo).
No seu terceiro disco, fico muito feliz com a ideia de valorizar o samba dessa forma que fez. Isso sim é profundo. Não posso me atrever a comentar as músicas, mas digo que a vi dia desses cantando “Conversa de Botequim” (letra acima) numa reprise de um especial sobre Noel Rosa, feito pela Rede Globo de televisão. Foi muito bem, assim como em outras canções. Nada melhor que voltar a valorizar Noel Rosa, morto em 1937. Ainda não sei o que me incomoda na cantora Maria Rita, mas sou obrigado a dizer que ela esta indo cada vez melhor. Só o tempo poderá nos dizer. E com ela as vozes femininas brasileiras estão numa boa fase, completando ainda com as cantoras Céu, Vanessa da Mata, Fernanda Porto e outras, mais experientes, como Ná Ozetti e por que não até Sandy e Luiza Possi?
Conversa de Botequim – Noel Rosa
Começo contando uma história de 1992. Existia uma loja de HQ´s, na Avenida Ibirapuera, aqui na cidade de São Paulo. Nem lembro ao certo o nome, mas funcionou por muitos anos naquele mesmo lugar que era a passagem que tinha que fazer até o ponto de ônibus. Certa vez vi também alguns discos de vinil usados à venda. Entrei e fiquei olhando os títulos. Eram muitos deles de bandas dos anos 1980 e 1970. A principio escolhi um para comprar, pois os preços eram convidativos, afinal, naqueles anos muita gente substituía seus discos de vinil por cd´s. Foi um disco de Steve Vai – “Passion and Warfare”. Feliz com a compra sempre passava por lá para ver se havia alguma novidade, algum álbum novo.
Certa vez passando por lá, a pessoa que sempre atendia não estava lá e sim um senhor barbudo, meio anos 1960 (não consigo descrevê-lo melhor). E ele foi conversando comigo sobre as bandas até chegar a ver um vinil de Elis Regina. E ele me disse que escutava tudo até os anos 1960 e, em suas palavras, “até o barulho começar”. Depois me perguntou se conhecia Elis Regina. Eu na verdade nunca havia prestado atenção nela. Meu pai gostava muito e lembro vagamente de sua morte em 1982 (tinha 6 anos na época). Mais ainda, o senhor completou: “Você é um cara inteligente, vai gostar dela.” Ao chegar, fui dar uma “fuçada” nos discos dela que meu pai tem (até hoje, em vinil e muita coisa duplicada em cd). Dentre algumas audições, um concerto dela ao vivo no festival de Montreux, se não me engano de 1979. Foi ali que comecei a gostar de Elis.
Muitos anos depois fazia parte de uma clude de vendas de cd´s, da Editora Abril, chamado Music Club e um especial de Elis (um folder de umas duas páginas) foi escrito por seu filho, João Marcelo Bôscoli. Tentava ali passar a imagem maior que a cantora, dando a vida pessoal certo destaque, ao falar de como Elis dirigia automóveis. E o Music Club tinha uma boa seleção de cd´s de Elis Regina. Tenho um tio que muito posteriormente se interessou muito por bossa nova. Digo posteriormente pois à época dos concertos no Teatro Record, ele não acompanhava meu pai e nem tinha interesse pelas apresentações de muitos músicos da bossa nova. E ele comprou muitos dos títulos sobre bossa nova do Music Club, porém nenhum de Elis Regina. Na época também, lembro de ver o lançamento do primeiro disco de Pedro Mariano, filho de Elis Regina. Estava também disponível também no catálogo do Music Club. Um bom disco, que escutei poucas vezes.
Porém, chega o ano de 2003 e vejo lançarem com muito alarde o primeiro disco de Maria Rita, filha de Elis Regina. Logo chegam as comparações com sua mãe e destaque até em especial exibido pela Rede Globo. Se saiu bem, tem boa voz, porém seu primeiro disco não me agrada. Não sei o que há ali ou o que falta, mas passam algumas faixas e eu não consigo gostar do disco. Os outros dois discos dela nem sequer escutei com atenção, mas destaco que achei péssima a escolha da música “Minha Alma” no segundo disco, de 2005, por considerá-la uma música menor, de um modismo, que sim, deve ter feito parte das recentes valorizações dadas a canções de protesto e tempos de “pré-lulismo”. Algo anos 1990 de um desprendimento bobo e sem maior profundidade. Algo que chamo de Sprite (imagem não é nada, sede é tudo) onde a imagem é maior que a profundidade das letras e das canções. Um lugar onde se perdeu um pouco a melodia para dar espaço a um protesto sem sentido, sem tempo e sem espaço (ou com muito espaço). Algo que Maria Rita foi vítima, para mim (o que não é difícil e nem muito menos pejorativo).
No seu terceiro disco, fico muito feliz com a ideia de valorizar o samba dessa forma que fez. Isso sim é profundo. Não posso me atrever a comentar as músicas, mas digo que a vi dia desses cantando “Conversa de Botequim” (letra acima) numa reprise de um especial sobre Noel Rosa, feito pela Rede Globo de televisão. Foi muito bem, assim como em outras canções. Nada melhor que voltar a valorizar Noel Rosa, morto em 1937. Ainda não sei o que me incomoda na cantora Maria Rita, mas sou obrigado a dizer que ela esta indo cada vez melhor. Só o tempo poderá nos dizer. E com ela as vozes femininas brasileiras estão numa boa fase, completando ainda com as cantoras Céu, Vanessa da Mata, Fernanda Porto e outras, mais experientes, como Ná Ozetti e por que não até Sandy e Luiza Possi?
Um comentário:
Parabens pelo teu blog!
Tenta ouvir o Samba Meu axo muito bom mesmo!
Postar um comentário