janeiro 05, 2008

Não falaram a Sarkozy

Muito provavelmente o presidente da França, Nicolas Sarkozy, não sabe da existência ou dos planos do Foro de São Paulo. Esqueceram de informá-lo. Se bem que tanta gente no Brasil não sabe do que se trata. Mas nem por isso estão menos sujeitas a padecer dos males que esta instituição, em minha opinião, a mais nefasta instituição política da América Latina. Ás vezes, alguém me pede para explicar o que é o Foro e eu, com minha pouca paciência, explico muito por alto e escuto quase sempre aquela velha expressão de que se passa uma teoria da conspiração. Não tenho vocação para explicações longas sobre assuntos que são (ou deveriam ser) de conhecimento geral, principalmente de quem pretende tratar do assunto da política internacional.

Mas esse último episódio, onde figuras conhecidas do Foro de São Paulo estiveram frente a frente (FARC, Hugo Chaves e MAG – Marco Aurélio Garcia), para tentar fazer uma negociação de resgate de reféns das FARC, incluindo representantes franceses, me deu a impressão de não terem avisado a Nicolas Sarkozy do que se tratava. Torço muito para Álvaro Uribe prosseguir em seu caminho e tentar resolver esse problema que são as FARC em seu país. Todo colombiano que conheci, quando morei nos Estados Unidos, estava lá como num auto-exílio, sempre falando que as FARC ao dominar todo o tráfico de drogas são uma das piores organizações já existentes no mundo, em termos de violência (e por que não, atentando aos direitos humanos).

Essa postagem poderia ter quinze páginas e mesmo assim faltaria espaço para falar sobre os males do Foro de São Paulo e o erro do presidente Sarkozy em tentar fazer alguma negociação com essa turma. Imagino como não se fala do Foro de São Paulo na França. É inacreditável que até mesmo aqui no Brasil, falando de pessoas inteligentes, o fato do Foro não é nem sequer debatido. Fora Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho, nenhum outro jornalista fala a respeito com seriedade.
E para finalizar esse pequeno texto, vale a leitura de uma simples postagem, das várias onde Reinaldo Azevedo comenta sobre o Foro de São Paulo: aqui. Na verdade eu nem ia mais falar sobre política aqui no blog. É desgastante e não leva a nenhuma parte. Isso porque eu só me interesso em política internacional. Um tipo de política que não tem esse desprendimento de “metamorfose ambulante” do dia-a-dia. É mais uma postura, um firmamento. Não trata de conjunturas esporádicas. E o que me faz desistir também de falar de política é a Al Qaeda Eletrônica, da qual ainda não fui vítima, mas cedo ou tarde, acabaria sendo. Não me interesso por combate frente a frente, esse desgate; mas sim pela formação de uma cultura que faça pensar por si só. Coisas difíceis nesses tempos de polarização. Não existem mais pensadores libertários. De certa forma, a vontade é a de ir embora daqui. Arrumar as malas e se mandar. Vou pensar mais nisso se no futuro o céu não clarear e continuar a choverem espertalhões e gente ignorante.

Um comentário:

João Batista disse...

É complicado, porque se existe estupidez aqui e no mundo, ao menos nos EUA, por exemplo, existe também quem a combata. Aqui no Brasil não, o combate à estupidez é uma coisa horrorosa, uma monstruosidade autoritária, censura, coisa de gente que não reconhece o direito e a liberdade de expressão de “diferentes pontos de vista”. Diferentes sim, mas em quê? O feio é diferente do belo, e o ponto é que o feio não tem direito nem liberdade para posar de belo. Mundo insano onde tudo está pervertido e à serviço do erro: se há defesa da individualidade humana, é uma defesa “atomizante” que pretende apenas que cada indivíduo exista completamente separado de todos os outros, para que não possa se comunicar e assim se torne inofensivo e indefeso. Se há defesa da comunidade, é sempre o terror coletivista esmagador. Na verdade, estes dois pontos de vista diferentes visam o mesmo objetivo: aniquilar a liberdade, o homem maduro.

O mesmo vale para a cultura. Se tanto no Brasil como no mundo ninguém nem tem nem sabe o que é uma cultura superior, ao menos em certos lugares certas pessoas sabem e a defendem. Aqui no Brasil vale somente a cultura como mais um instrumento da revolução. Bacana é quem o partido assim define, gostamos de quem o partido manda gostar. Como nunca ouvimos música buscando o belo, mas apenas algum prazerzinho menor, uma satisfaçãozinha temporária e condicional somente, ou o fizemos sob influência de ecstasy, o que torna qualquer barulho impressionante porque faz com que o sujeito confunda a hiper-sensibilidade sensorial auditiva com o bom, então não faz muita diferença mesmo. A paixão de São Mateus e Chico Buarque dariam na mesma, não fosse necessário idolatrar este último por ser ícone do bem, do belo, do verdadeiro e do justo, e ignorar completamente o segundo, primeiro porque os bacanas não a estão recomendando, e segundo porque coisa tão impregnada de cristianismo não pode ser coisa boa.

Que se faça o possível. Afinal, há um lado positivo quando se está cercado: pode-se atacar em qualquer direção que você certamente acertará no alvo... Rsrs.

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