janeiro 18, 2008

Amazônia Arizona

Muitos filmes americanos tratam do deserto, que se estende desde os estados do Texas, Novo México, Caifornia e praticamente todo o Arizona. Há uns anos atrás alguém me disse que o Arizona era o segundo estado americano de menor densidade demográfica, perdia para o Alasca. Mas veja: até o Hawaii tem mais habitantes por quilometro quadrado... Nos filmes, o deserto se mostra como um desafio, um lugar inóspito, um local onde tudo pode acontecer. Até naquele primeiro filme de Steven Spielberg, “Encurralado”, o deserto desponta como cenário.

Agora, quando se fala de floresta amazônica não. Temos sempre um filme de republiqueta de bananas. Algo infantil como Mr. Magoo que sai do meio da Selva para cair nas Cataratas do Iguaçu... Nada de valorizar a floresta como algo a ser mostrado como aventura. Parece sempre ser a vida abaixo do Rio Grande monótona e cheia de animais e tribos indígenas. Ainda não vi se realizar nenhum filme que valorizasse a floresta como desafio. Falam tanto da Amazônia, mas parece que o Arizona é mais interessante... Pelo menos para o cinema. Isso só inclui o cinema nacional, obviamente. Podiam rodar uma seqüência de “Cinema, Urubus e Aspirinas” na Amazônia, já que o alemão se mandou para lá ao final do filme.

Agora, estarei sendo injusto se não tratar das “obras de arte” como o filme da Xuxa com a “indiazinha” ou o filme da Tizuka Yamasaki que esta em produção (e provavelmente ninguém verá e custarão outros dez milhões de Reais...) Todos falando da floresta... Quanta bobagem... Deveria se fazer algo como um caçador de mulheres no meio da selva. Algo mais criativo e sem vínculos com o povo da floresta. Nada impede de se criar algo além do retrato da vida cotidiana daquela região.

O que falta no cinema brasileiro é criatividade. Depois falam mal do Walcyr Carrasco... E, detalhe, nenhum americano poderá fazer este filme, se não estaria comprando uma briga com toda a camarilha da crítica nacional, que novamente iria querer celebrar os povos da floresta numa obra de entretenimento e de criatividade. Taxar a criatividade a pretexto de fazer “propaganda” da floresta é de uma estupidez sem limites. Seria o mesmo da Rede Globo só passar a praia do Rio de Janeiro, como se o Rio fosse somente uma praia, sempre onde nada acontece sem ter que passar por ali.

Irrita que em muitas vezes o cinema nacional só vive da desgraça brasileira. Se o país se desenvolver não haverá mais cinema... Se a Petrobrás for privatizada então... Aí que o cinema nacional acaba de vez. Uma vez uma pessoa me disse para escrever um roteiro de cinema, então. Só que nem faço idéia de como se escreve um roteiro. Escreveria uma estória. Um livro talvez, mas roteiro não sei como se faz. Fiquei às vezes pensando em como é escrita uma novela, por exemplo. Eis que se não quando, Agnaldo Silva, em seu blog dá alguns detalhes de como é difícil este trabalho. Há quem já escreveu novela e quando pegou uma mini-série para fazer, perdeu-se nos personagens. E para variar tinha que ser uma mini-série sobre “Amazônia”. Mas ver a floresta como algo muito além de seu povo é para mim uma grande esperança. Afinal, ninguém disse que aquele povo que lá habita estará sempre lá.

Um comentário:

João Batista disse...

Que tal Lost? No início, até se passava no mato, mas depois surgiu aquele acampamento-cidade-kibutz dos cientistas-hippies-armados e agora os fulanos já saíram da ilha e foram para o mundo exterior.

Em se tratando de adentrar na mata mesmo, já estive na mata tanto na Ilha do Mel (se contar) quanto no Parque “do” Itatiaia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_do_Itatiaia). Depois daquilo, mata nunca mais. Infelizmente, não posso recomendar que você vá experimentar uma aventura de verdade “no” Itatiaia hoje, porque após anos de direção do PT, o parque conta hoje com rondas de bandidos e/ou assassinos/psicopatas. Quer dizer, seu filme nem seria uma aventura, mas um semi-documentário inspirado em fatos reais...

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