Escrevi que gostaria de ser publicitário, que assim não teria que fazer projetos executivos e faria o resto da vida estudos preliminares, etc. e tal. Porém lembrei que, pior que isso, é fazer arte final ou então aquelas apresentações gigantes e intermináveis. Ou seja, sempre haverá algo chato para fazer em todas as profissões.
Mas a decepção não esta nessa questão, mas na descoberta de uma profissão que consegue ser mais complicada que a arquitetura. Complicada, aqui, no sentido de não ser valorizada culturalmente, como ocorre em outros países e como já ocorreu no passado aqui no Brasil. Nem vou entrar nos méritos sobre honorários, pois teríamos que lembrar de algumas estrelas que são bem remuneradas e de outros que conseguem gerir financeiramente bem seus escritórios. Ou mesmo lembrar daqueles que recebem por reserva técnica, o que desvaloriza em muitos casos o projeto em virtude de alguma especificação mais compensadora financeiramente a outra solução técnica simplesmente similar mas de remuneração inferior. Lembro às vezes das palavras de Lúcio Costa, que dizia quanto perguntado sobre que recado daria aos jovens arquitetos, para estes desistirem e fossem fazer outra coisa.
Pois bem, é a profissão de jornalista. Ser jornalista hoje, é sem dúvida encarar um mercado mais competitivo e mais complicado àquele da arquitetura. Um dos fatos que mostra isso claramente está na incrível formação de jornalista. Uma formação generalista, que seria a mais bem dotada em se conhecer a língua portuguesa. Porém sabemos que existe jornalista que não sabe a diferença entre rapto e seqüestro, ou mesmo que defende a teses do “perigo de morte” e não “perigo de vida”. Assim maltratando a inculta e bela. Claro que existem jornalistas muito bons, assim como existem arquitetos, médicos, advogados, dentistas, etc. muito bons também. E, lógico, o sucesso financeiro não é de forma alguma critério para se definir ou não aspectos qualitativos à suas performances. Claro que aqui falo de cursos superiores. Profissões como a de ator, por exemplo, não se exige curso superior, mas seria tão complicada quanto à de jornalista.
Focando nas comparações primarias das dificuldades entre arquitetos e jornalistas, veja que é uma comparação um tanto difícil, pois bem: as únicas profissões que não se ensinam e se aprendem são a medicina e a arquitetura. Por que digo isso. Pois tanto na arquitetura quanto na medicina se aprende fazendo. Outras profissões como o direito, são estudadas e possuem uma parte prática e outra teórica, sendo muito fácil separar uma da outra. Imagine um médico fazendo um transplante de coração somente em teoria? Ou um arquiteto que não desenhe seus projetos. É fácil a um engenheiro civil calcular a armação de um pilar somente sabendo sua dimensão, sem necessariamente ter que desenha-lo. Assim como para um advogado é factível saber todas as leis sobre determinada área e fazer consultoria sem, por exemplo, saber fazer uma audiência ou não conhecer procedimentos de fórum na prática. Assim como acho possível uma pessoa sem diploma de jornalismo saber conduzir uma redação.
Esta seria então a primeira diferença entre um arquiteto e um jornalista: o ofício da arquitetura demanda certa especialização que precisa ser aprendida e praticada enquanto que, como disse antes, a generalização do jornalismo não o especifica para nada. Posso, como este texto tende a um lado científico, e como tal pode ser contestado em inúmeros aspectos, os quais seriam necessários maiores esclarecimentos e detalhamentos, estar completamente enganado. Mas analisando, um arquiteto recém formado tem, mesmo que sua experiência seja pequena, todos os pré-requisitos necessários para exercer sua profissão. Um jornalista recém formado, tende a buscar saber sua vocação ou sua vontade (talvez até oportunidade) e inicia uma busca por aperfeiçoar-se. Ou seja, sua formação carece de aspectos do mercado. Aquele mercado que atualmente não disponibiliza oportunidades e é extremamente competitivo. Aquele que exige cada vez mais especializações de outra ordem (como idiomas). Aquele com critérios cada vez mais subjetivos e cada vez mais próximo das “profissionais de recursos humanos“.
Agora uma das principais vantagens, tanto do jornalismo quanto do arquiteto, que com o passar do tempo se tornam cada vez melhores e não “obsoletos”, como em algumas profissões, onde a idade é fator competitivo. O respeito e a construção mais lenta de uma carreira são exemplos extraordinários dessas profissões hoje tão pouco valorizadas culturalmente. Realmente em tempos onde “O Reino da Quantidade e o Sinal dos Tempos” (para quem ainda não sabe, este é o nome do livro de René Guenón) é substituído por “O Monge e o Executivo” não se podia esperar nada mais que esta realidade decepcionante. Quem seria eu de não reconhecer o valor da arquitetura brasileira. Principalmente no exterior, com a premiação do Pritzker, em 2006, a um arquiteto brasileiro - Paulo Mendes da Rocha. Mas o que padece aqui não é a profissão ou mesmo o resultado da produção arquitetônica, mas sua referencia cultural. Assim como o jornalismo, que não mais esclarece, confundindo aquilo que era sua vocação. Estamos num momento de verdadeira crise cultural, onde vejo saída para arquitetura, mas não para o jornalismo, pelo menos em um prazo aceitável.
Mas a decepção não esta nessa questão, mas na descoberta de uma profissão que consegue ser mais complicada que a arquitetura. Complicada, aqui, no sentido de não ser valorizada culturalmente, como ocorre em outros países e como já ocorreu no passado aqui no Brasil. Nem vou entrar nos méritos sobre honorários, pois teríamos que lembrar de algumas estrelas que são bem remuneradas e de outros que conseguem gerir financeiramente bem seus escritórios. Ou mesmo lembrar daqueles que recebem por reserva técnica, o que desvaloriza em muitos casos o projeto em virtude de alguma especificação mais compensadora financeiramente a outra solução técnica simplesmente similar mas de remuneração inferior. Lembro às vezes das palavras de Lúcio Costa, que dizia quanto perguntado sobre que recado daria aos jovens arquitetos, para estes desistirem e fossem fazer outra coisa.
Pois bem, é a profissão de jornalista. Ser jornalista hoje, é sem dúvida encarar um mercado mais competitivo e mais complicado àquele da arquitetura. Um dos fatos que mostra isso claramente está na incrível formação de jornalista. Uma formação generalista, que seria a mais bem dotada em se conhecer a língua portuguesa. Porém sabemos que existe jornalista que não sabe a diferença entre rapto e seqüestro, ou mesmo que defende a teses do “perigo de morte” e não “perigo de vida”. Assim maltratando a inculta e bela. Claro que existem jornalistas muito bons, assim como existem arquitetos, médicos, advogados, dentistas, etc. muito bons também. E, lógico, o sucesso financeiro não é de forma alguma critério para se definir ou não aspectos qualitativos à suas performances. Claro que aqui falo de cursos superiores. Profissões como a de ator, por exemplo, não se exige curso superior, mas seria tão complicada quanto à de jornalista.
Focando nas comparações primarias das dificuldades entre arquitetos e jornalistas, veja que é uma comparação um tanto difícil, pois bem: as únicas profissões que não se ensinam e se aprendem são a medicina e a arquitetura. Por que digo isso. Pois tanto na arquitetura quanto na medicina se aprende fazendo. Outras profissões como o direito, são estudadas e possuem uma parte prática e outra teórica, sendo muito fácil separar uma da outra. Imagine um médico fazendo um transplante de coração somente em teoria? Ou um arquiteto que não desenhe seus projetos. É fácil a um engenheiro civil calcular a armação de um pilar somente sabendo sua dimensão, sem necessariamente ter que desenha-lo. Assim como para um advogado é factível saber todas as leis sobre determinada área e fazer consultoria sem, por exemplo, saber fazer uma audiência ou não conhecer procedimentos de fórum na prática. Assim como acho possível uma pessoa sem diploma de jornalismo saber conduzir uma redação.
Esta seria então a primeira diferença entre um arquiteto e um jornalista: o ofício da arquitetura demanda certa especialização que precisa ser aprendida e praticada enquanto que, como disse antes, a generalização do jornalismo não o especifica para nada. Posso, como este texto tende a um lado científico, e como tal pode ser contestado em inúmeros aspectos, os quais seriam necessários maiores esclarecimentos e detalhamentos, estar completamente enganado. Mas analisando, um arquiteto recém formado tem, mesmo que sua experiência seja pequena, todos os pré-requisitos necessários para exercer sua profissão. Um jornalista recém formado, tende a buscar saber sua vocação ou sua vontade (talvez até oportunidade) e inicia uma busca por aperfeiçoar-se. Ou seja, sua formação carece de aspectos do mercado. Aquele mercado que atualmente não disponibiliza oportunidades e é extremamente competitivo. Aquele que exige cada vez mais especializações de outra ordem (como idiomas). Aquele com critérios cada vez mais subjetivos e cada vez mais próximo das “profissionais de recursos humanos“.
Agora uma das principais vantagens, tanto do jornalismo quanto do arquiteto, que com o passar do tempo se tornam cada vez melhores e não “obsoletos”, como em algumas profissões, onde a idade é fator competitivo. O respeito e a construção mais lenta de uma carreira são exemplos extraordinários dessas profissões hoje tão pouco valorizadas culturalmente. Realmente em tempos onde “O Reino da Quantidade e o Sinal dos Tempos” (para quem ainda não sabe, este é o nome do livro de René Guenón) é substituído por “O Monge e o Executivo” não se podia esperar nada mais que esta realidade decepcionante. Quem seria eu de não reconhecer o valor da arquitetura brasileira. Principalmente no exterior, com a premiação do Pritzker, em 2006, a um arquiteto brasileiro - Paulo Mendes da Rocha. Mas o que padece aqui não é a profissão ou mesmo o resultado da produção arquitetônica, mas sua referencia cultural. Assim como o jornalismo, que não mais esclarece, confundindo aquilo que era sua vocação. Estamos num momento de verdadeira crise cultural, onde vejo saída para arquitetura, mas não para o jornalismo, pelo menos em um prazo aceitável.
2 comentários:
eu não concordo com vc.
um jornalista sem diploma não pode dirigir uma redação, pois ele precisa tanto da teoria adquirida na faculdade , quanto da prática exercida no dia-a-dia .
vc consegue imaginar o trabalho de um arquiteto que não sabe fazer uma planta ou desenhar?
o mesma lei teoria/prática serve para o jornalista.
o profissional que ''acredita'' ser jornalista , mas que não possui o 'know how'' adquirido em um curso superior, é uma pessoa que não vai longe.
para vc ter uma idéia, todos os veículos de comunicação com os quais eu já trabalhei(mídias sérias e de credibilidade), não contratam jornalistas sem o mtb , nem mesmo para eventuais 'freelas''.
o curso de comunicação não oferece conhecimento especifico? isso é uma piada?
só a matéria 'técnica de reportagem'' tem a duração de 6 meses no curso de jornalismo.
Por outro lado, um ''jornalista'' sem diploma consegue escrever para um veículo 'marron'', no qual um 'profissional- fake''
terá suas funções exercidas dentro de um veículo 'fictício''ou anti-ético/profissional. nesse ponto, ele terá condições de dirigir uma 'redaçao''
Hehe, bem que eu os comparei aos médicos!
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