Estou a dias pensando na questão principal que envolvia a defesa do diploma do curso de Jornalismo. Não sabia quem era favorável e quem era desfavorável, dentre os jornalistas que leio. Só sabia quais eram suas formações acadêmicas. O que dava uma pista que a minha opinião não seria nenhuma ofensa a eles.
Não acho que o diploma de jornalista é importante para o bom desempenho dos profissionais da comunicação. Para ser mais exato, acho o curso “genérico” demais e um abuso para dar resposta a certas questões técnicas. Textos jornalísticos sobre arquitetura são, em muitos casos fracos, rasos e pobres de conceito e de repertório. Assim como certos arquitetos quando escrevem acabam por se tornar sociólogos, muitos jornalistas acabam por entender conceitos bastante amplos de forma genérica. Não é o caso do arquiteto Sérgio Teperman que escreve mensalmente nas páginas de AU. Tenho colegas que não gostam de seu texto, mas nunca vi ninguém falar que ele escrevia mal. Há outros arquitetos que escrevem muito bem, mas acho que as palavras de Daniel Piza colocam a questão de forma mais abrangente: “(...) Pode ver que temos arquitetos de projeção internacional, a começar por Oscar Niemeyer, mas não temos críticos de arquitetura de porte equivalente. A culpa não é do trabalho de pessoas como Lauro Cavalcanti, Hugo Segawa ou Fernando Serapião, mas da falta de interesse da sociedade em geral, da mídia e das editoras em particular. Não temos Kenneth Frampton, Giulio Carlo Argan, Lewis Mumford – não temos um pensamento sobre arquitetura e seu papel na vida urbana e no desenvolvimento humano. (...)“ (texto completo)
Agora dizer que o diploma de jornalista não é necessário, não quer dizer que o curso deva desaparecer, mas é necessária revisão educacional no curso. Como Marcos Guterman escreveu, “(...) um semestre na História tem uma bibliografia básica mais extensa do que quatro anos de Jornalismo, de longe.” (texto completo). Ele é formado em Jornalismo e em História. Agora, confundir isso com a eliminação de diplomas de outros cursos é uma aberração. Não se podem confundir uma profissão orientada por uma Ética com uma profissão onde pode haver danos irreparáveis para a sociedade e ao ser humano, como os recentes exemplos das cirurgias plásticas em clínicas clandestinas ou sem médico especializado. Falar que um arquiteto ou um médico possam informar melhor os leitores de um jornal sobre medicina ou arquitetura, ou até mesmo sobre cinema, não é nenhuma barbaridade. Isso me lembra a introdução de Stephen King, em Sombras da Noite, que sempre escuta de leitores a grande vontade de serem escritores; e que responde dizendo que sempre quis ser neurocirurgião... E vai além: diz que para ser escritor é só começar a escrever; porém, não recomenda o mesmo caminho a quem deseja ser neurocirurgião...
O melhor de toda esta liberdade é que muita gente incompetente vai perder seus empregos... Muita gente que “assina” textos dos até então “não permitidos” a escrever nos veículos de comunicação. E muita gente vai poder mostrar o rosto. A minha esperança é que a cultura continue a ganhar com a liberdade de expressão. Já havia escrito sobre este tema antes (aqui) e fico feliz com a decisão tomada esta semana pelo STF que derrubou a obrigatoriedade do diploma de Jornalista.
Caminhar é preciso. Três perguntas se tornam importantes: Quem é você? De onde você veio? Para onde você vai? Por todas elas existe um caminho. Nem sempre chegar é o mais importante.
junho 20, 2009
Adeus à obrigação ao Diploma!
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Um comentário:
Prezado Fernando,
Você quer perder seu diploma de arquiteto e urbanista?
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