Sempre quis falar sobre o Mackenzie. Mas nunca tive, como dizer, uma oportunidade, ou um tema, que não fosse tendencioso ou que não soasse um pouco de petulância. Mas recebi um comentário em que não entendi absolutamente nada. Comparava alhos com bugalhos numa falta total de lógica. Primeiro que o meu texto era um tanto quando polido, como todos que aqui posto; pois, pode não estar escrito na apresentação, mas a primeira questão aqui levada à máxima potencia é a polidez e o simples desprezo por mal educados. Comentários mil já foram jogados fora e não obtiveram resposta alguma de minha parte, principalmente por não entrar de forma alguma em debate algum de natureza nenhuma. Tem gente demais discutindo o mundo hoje... É simplesmente a minha opinião, se é contrario, escreva educadamente e não haverá nunca uma réplica ou resposta. Minha maior contribuição é justamente refletir e não debater. Mas este comentário que recebi é próximo do descabido. Leiam:
Prezado Fernando,
Você quer perder seu diploma de arquiteto e urbanista?
Á princípio, pelo prezado, parece ser polido. Mas ao tratar de comparar algo que encontra no meu próprio texto resposta, fiquei preocupado (pela primeira vez exponho aqui). A postagem que se refere o comentário é Adeus a obrigação do diploma! onde trato polidamente sobre o final da obrigação do diploma de jornalista para exercer a profissão, defendida na carta maior brasileira, a Constituição, que neste ano faz 21 anos de idade, e era ainda uma das heranças do Período Militar de Exceção, a chamada Ditadura. Artur da Távola, como deputado constituinte lutou para atender estes anseios da liberdade de imprensa, entre outros, além de que desde 2006 já não havia a obrigação, consolidada pelo STF recentemente, conforme link na mesma postagem. Esta tudo lá, com fontes e tudo, além de depoimentos que poderia ter sobre os jornalistas que leio. Aliás, aqui nem precisaria ir aos principais, mas só colocaria que não faço idéia da formação do Zeca Camargo, mas com certeza, com ou sem diploma de jornalista continuaria a ler o que escreve e o acompanharia da mesma forma no Fantástico e No Limite (quer dizer, este novo projeto talvez não por se tratar de reality show, que não sou lá muito amigo). Continuo a ler o Marcos Guterman, formado em Jornalismo talvez na melhor escola de jornalismo, a Cásper Líbero. Assim como também continuo a ler o Daniel Piza, formado em Direito, e trabalha desde o começo dos anos 1990 como jornalista, e também continuo a comprar seus livros. Continuo a ler também o Reinaldo Azevedo, que tem diploma de Jornalismo e de Letras, porque escreve muito bem. Nada mudou.
Talvez a birra esteja na possibilidade de um arquiteto escrevendo sobre a não obrigação de diploma de outra área. Área esta que posso dizer não contribui na divulgação e discussão da arquitetura brasileira. E isso posso cobrar dos caros jornalistas; dos com ou sem diploma da mesma forma.
Agora, a comparação com o diploma de Arquiteto e Urbanista é descabida demais, para qualquer que seja a formação do autor do comentário. No meu texto esclareço: “Não se podem confundir uma profissão orientada por uma Ética com uma profissão onde pode haver danos irreparáveis para a sociedade e ao ser humano, como os recentes exemplos das cirurgias plásticas em clínicas clandestinas ou sem médico especializado.” Ou seja, compara alhos com bugalhos. Mas, ao insistir nessa comparação, tendo a falar um pouco do Mackenzie. O Mackenzie foi fundado em 1870, e foi a segunda Faculdade de Arquitetura do Brasil. Tem uma tradição, como se pode notar no mercado de trabalho, muito além de outras faculdades. E teve durante o tempo em que as faculdades de arquitetura e engenharia eram juntas o diploma de engenheiro-arquiteto, que, com a divisão das faculdades em 1947, sendo a primeira faculdade de Arquitetura do estado de São Paulo, a dissolução deste diploma. Mas os formados com este diploma, nunca “perderam” seu diploma. Inclusive, se vivo ainda estiverem, trabalhariam da mesma forma. Este era o diploma de Oswaldo Arthur Bratke, um dos maiores arquitetos brasileiros, que se formou no Mackenzie nos anos 1930 e trabalhou até o final de sua vida nos anos 1990. Se o autor tivesse o mínimo conhecimento disso, saberia, que, por exemplo, o jornalista Cásper Líbero (1889-1945) conhecia de perto esta história tendo se formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco... Ou seja, ao falar de tradição universitária, posso dizer que o Mackenzie e sua Faculdade de Arquitetura parecem ter uma história um tanto quanto mais profunda do que qualquer curso de Jornalismo no país, inclusive o da própria Universidade Presbiteriana Mackenzie... Por isso já seriam alhos com bugalhos, e sem lógica alguma a comparação. Isso porque ainda poderia perguntar qual o papel da imprensa durante a idade média, ou no Império Romano, só para talvez colocar onde a categoria das artes e ofícios se coloca como real produtora da História Mundial. Entendo que é informação demais para quem defende um artigo da Ditadura Militar (1964-1985). Mas o pior de tudo é que parece não ter sequer lido meu polido texto até o final. Se o leu, o leu muito mal, o que me deixa preocupado. Preocupado porque em nenhum momento falei em perder o diploma. De onde poderia vir tal aberração? A não obrigação não afeta os cursos, conforme escrevi: “Agora dizer que o diploma de jornalista não é necessário, não quer dizer que o curso deva desaparecer, mas é necessária revisão educacional no curso.” Esta revisão é feita o tempo todo nas áreas de informática, administração e até mesmo (com certeza com menos dinamismo) nas áreas de engenharia, tecnologia e arquitetura. Agora pergunto: você leria um jornal feito por não jornalistas? Se fosse bem escrito, por que não? Agora você se consultaria num feiticeiro e marcaria uma cirurgia plástica com ele? Ou construiria um edifício de 111 andares com um arquiteto ou engenheiro sem formação? Uma categoria de artes e ofícios, assim como categorias superiores, tais como a Medicina e o Direito, tende a carregar consigo conhecimentos específicos demais para que um não iniciado possa revelar ter. E isso não é de hoje. Se possuísse o autor do comentário o conhecimento sobre as artes liberais do trivium e do quadrivium, e sobre as artes superiores, com as titulações de doutores em artes liberais, saberia de onde vem este atual sistema de titulações. Por sinal o mundo não foi criado no século XX e a tradição normalmente foi o maior incentivo a transgressão e a liberdade. Entendo que normalmente um curso acadêmico como o de arquitetura, onde há um ofício a ser aprendido, é de difícil entendimento aos não acostumados a pensar numa cultura um pouco maior que o século XX. E pela primeira vez respondo a um comentário em meu blog... Como dá trabalho... Poderia estar falando sobre cinema, televisão, arquitetura, matemática, filosofia e comportamento, ao invés de, plagiando Reinaldo Azevedo, dar aulas de Massinha I... E mais: acabei de lembrar que o arquiteto Zanine Caldas não tinha diploma de arquitetura, assim como, se não me engano, Tadao Ando também não. E quem falaria um “a” sobre isso?
Prezado Fernando,
Você quer perder seu diploma de arquiteto e urbanista?
Á princípio, pelo prezado, parece ser polido. Mas ao tratar de comparar algo que encontra no meu próprio texto resposta, fiquei preocupado (pela primeira vez exponho aqui). A postagem que se refere o comentário é Adeus a obrigação do diploma! onde trato polidamente sobre o final da obrigação do diploma de jornalista para exercer a profissão, defendida na carta maior brasileira, a Constituição, que neste ano faz 21 anos de idade, e era ainda uma das heranças do Período Militar de Exceção, a chamada Ditadura. Artur da Távola, como deputado constituinte lutou para atender estes anseios da liberdade de imprensa, entre outros, além de que desde 2006 já não havia a obrigação, consolidada pelo STF recentemente, conforme link na mesma postagem. Esta tudo lá, com fontes e tudo, além de depoimentos que poderia ter sobre os jornalistas que leio. Aliás, aqui nem precisaria ir aos principais, mas só colocaria que não faço idéia da formação do Zeca Camargo, mas com certeza, com ou sem diploma de jornalista continuaria a ler o que escreve e o acompanharia da mesma forma no Fantástico e No Limite (quer dizer, este novo projeto talvez não por se tratar de reality show, que não sou lá muito amigo). Continuo a ler o Marcos Guterman, formado em Jornalismo talvez na melhor escola de jornalismo, a Cásper Líbero. Assim como também continuo a ler o Daniel Piza, formado em Direito, e trabalha desde o começo dos anos 1990 como jornalista, e também continuo a comprar seus livros. Continuo a ler também o Reinaldo Azevedo, que tem diploma de Jornalismo e de Letras, porque escreve muito bem. Nada mudou.
Talvez a birra esteja na possibilidade de um arquiteto escrevendo sobre a não obrigação de diploma de outra área. Área esta que posso dizer não contribui na divulgação e discussão da arquitetura brasileira. E isso posso cobrar dos caros jornalistas; dos com ou sem diploma da mesma forma.
Agora, a comparação com o diploma de Arquiteto e Urbanista é descabida demais, para qualquer que seja a formação do autor do comentário. No meu texto esclareço: “Não se podem confundir uma profissão orientada por uma Ética com uma profissão onde pode haver danos irreparáveis para a sociedade e ao ser humano, como os recentes exemplos das cirurgias plásticas em clínicas clandestinas ou sem médico especializado.” Ou seja, compara alhos com bugalhos. Mas, ao insistir nessa comparação, tendo a falar um pouco do Mackenzie. O Mackenzie foi fundado em 1870, e foi a segunda Faculdade de Arquitetura do Brasil. Tem uma tradição, como se pode notar no mercado de trabalho, muito além de outras faculdades. E teve durante o tempo em que as faculdades de arquitetura e engenharia eram juntas o diploma de engenheiro-arquiteto, que, com a divisão das faculdades em 1947, sendo a primeira faculdade de Arquitetura do estado de São Paulo, a dissolução deste diploma. Mas os formados com este diploma, nunca “perderam” seu diploma. Inclusive, se vivo ainda estiverem, trabalhariam da mesma forma. Este era o diploma de Oswaldo Arthur Bratke, um dos maiores arquitetos brasileiros, que se formou no Mackenzie nos anos 1930 e trabalhou até o final de sua vida nos anos 1990. Se o autor tivesse o mínimo conhecimento disso, saberia, que, por exemplo, o jornalista Cásper Líbero (1889-1945) conhecia de perto esta história tendo se formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco... Ou seja, ao falar de tradição universitária, posso dizer que o Mackenzie e sua Faculdade de Arquitetura parecem ter uma história um tanto quanto mais profunda do que qualquer curso de Jornalismo no país, inclusive o da própria Universidade Presbiteriana Mackenzie... Por isso já seriam alhos com bugalhos, e sem lógica alguma a comparação. Isso porque ainda poderia perguntar qual o papel da imprensa durante a idade média, ou no Império Romano, só para talvez colocar onde a categoria das artes e ofícios se coloca como real produtora da História Mundial. Entendo que é informação demais para quem defende um artigo da Ditadura Militar (1964-1985). Mas o pior de tudo é que parece não ter sequer lido meu polido texto até o final. Se o leu, o leu muito mal, o que me deixa preocupado. Preocupado porque em nenhum momento falei em perder o diploma. De onde poderia vir tal aberração? A não obrigação não afeta os cursos, conforme escrevi: “Agora dizer que o diploma de jornalista não é necessário, não quer dizer que o curso deva desaparecer, mas é necessária revisão educacional no curso.” Esta revisão é feita o tempo todo nas áreas de informática, administração e até mesmo (com certeza com menos dinamismo) nas áreas de engenharia, tecnologia e arquitetura. Agora pergunto: você leria um jornal feito por não jornalistas? Se fosse bem escrito, por que não? Agora você se consultaria num feiticeiro e marcaria uma cirurgia plástica com ele? Ou construiria um edifício de 111 andares com um arquiteto ou engenheiro sem formação? Uma categoria de artes e ofícios, assim como categorias superiores, tais como a Medicina e o Direito, tende a carregar consigo conhecimentos específicos demais para que um não iniciado possa revelar ter. E isso não é de hoje. Se possuísse o autor do comentário o conhecimento sobre as artes liberais do trivium e do quadrivium, e sobre as artes superiores, com as titulações de doutores em artes liberais, saberia de onde vem este atual sistema de titulações. Por sinal o mundo não foi criado no século XX e a tradição normalmente foi o maior incentivo a transgressão e a liberdade. Entendo que normalmente um curso acadêmico como o de arquitetura, onde há um ofício a ser aprendido, é de difícil entendimento aos não acostumados a pensar numa cultura um pouco maior que o século XX. E pela primeira vez respondo a um comentário em meu blog... Como dá trabalho... Poderia estar falando sobre cinema, televisão, arquitetura, matemática, filosofia e comportamento, ao invés de, plagiando Reinaldo Azevedo, dar aulas de Massinha I... E mais: acabei de lembrar que o arquiteto Zanine Caldas não tinha diploma de arquitetura, assim como, se não me engano, Tadao Ando também não. E quem falaria um “a” sobre isso?
2 comentários:
Excelente réplica! E continua polida.
Provavelmente o(a) autor(a) do comentário é jornalista e sentiu-se atingido pelo fim da obrigatoriedade da formação jornalística no exercício da profissão.
Veja você, Fernando, eu, Patrícia Gouveia, redatora publicitária como você bem sabe, muitas vezes senti-me lesada por jornalistas que insistem em serem redatores publicitários. Oras, por que não podemos ser jornalistas, não é mesmo? É mais do que justo!
Deixe estar, meu amigo. A indignação do(a) seu(ua) leitor(a) um dia passa. A minha, por este absurdo de obrigatoriedade, passou. Finalmente assino meus textos editoriais e jornalísticos. Um viva!
PS.: já não era sem tempo enviar um comentário em seu blog, sempre tão polido e muito bem escrito. E o post veio em excelente hora!
Abraços, querido.
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