dezembro 31, 2007

Zeca Camargo

Estou adicionando o link para o blog de Zeca Camargo, do portal G1. Gostei de seu blog, indicando filmes, livros e discos, além de falar de um show da Sandy & Junior. Para ser mais exato, falou do último show da dupla. Um blog de cultura pop. Um dos problemas que identifico, e identifico também no meu blog, é o tamanho dos textos. Eu realmente estava notando que meus textos são grandes para um blog, mas fazer o que? E pior não vou diminuí-los. Muito pelo contrário, devem aumentar; pois, a idéia é ser quase um artigo. Já Zeca Camargo escreve bastante e em seus textos deixa muita coisa de fora para não ficar maior ainda.

Descobri seu blog numa entrevista sua que assisti no programa “Sempre um Papo” da TV Câmara. Na entrevista notei que não parava de falar. É muita informação para este jornalista de 44 anos de idade... E na lista de coisas que pretende fazer nas férias estava lá rever “Twin Peaks”! Quase delirei na lembrança dessa série do começo dos anos 1990... O engraçado é lembrar dele na MTV, apresentando o “drops MTV” (ou era “MTV no ar”?). Mas ele já havia chamado minha atenção quando do lançamento de seu livro “De A-ha a U2”, de 2006. Na época foi ao Jô Soares e fez uma outra participação no “Sempre um Papo”. Aliás, isso é fantástico na TV Câmara. Reprisam bastante os programas e dão mais de uma hora para o Zeca Camargo falar sobre seu livro e sua profissão de jornalista. É raro isso numa TV que precisa de audiência. Mas o que eu não entendo é por que a Band, a Rede TV e outras não fazem um espaço para entrevistas assim, de uma hora, nas altas horas da madrugada? Isso custaria muito pouco, com certeza. Mas a falta de criatividade é nítida... E bem por isso que a Globo é a Globo... Mesmo não dando uma hora de entrevistas, tem o Jô Soares, o “Altas Horas” e outros programas que dão uma ponta para aparecer quem tem o que falar. Sem contar que o que é melhor: a Globo deixa Zeca Camargo fazer suas reportagens. Muito além de ter o que falar, ele é como naquele comercial antigo: Zeca Camargo “é gente que faz”.

A maior brincadeira que já fiz na vida, e olha que foi muito engraçado mesmo, foi falar com convicção que Zeca Camargo era filho da Hebe Camargo. Não sei dizer, mas acho que até hoje deve ter gente achando que pode ser verdade (Droga! Acabei de estragar a brincadeira agora...).

Brincadeiras a parte, o jornalismo da Rede Globo tem lá duas pessoas que gosto muito: William Waack e Ali Kamel. Mesmo sendo desafetos de muitos jornalistas, as suas opiniões em O Globo, portal G1, ou naquele começo do jornal da noite me são mais interessantes que as carreiras inteiras de certos jornalistas... Assim fica difícil não assistir à Globo...

Feliz 2008

Feliz 2008 a todos!

Bem, ainda não sei quais mudanças farei no blog, mas a priori ficara meio como está. Talvez os textos fiquem maiores ainda. Talvez faça resenhas e deixe um pouco de comentar coisas do cotidiano. Ainda não sei. Preciso de mais tempo para pensar.

dezembro 30, 2007

A volta do Pinóquio

E não é que o Pinóquio voltou? Certa vez comentei aqui que um sanfoneiro chamado Pinóquio estava em dois programas de TV durante o mesmo final de semana. E agora descobri que a dupla sertaneja que o Faustão chama de “o Pavarotti do Sertão” é César Menotti (ou o Fabiano?). Ontem, assisti pela última vez este ano o programa “Altas Horas” e estavam lá três duplas sertanejas: Bruno & Marrone, Edson & Hudson e César Menotti & Fabiano. Eles todos falando e contando os “causos” são mais interessantes que cantando. Um dos melhores casos foi o de um show dentro do presídio, contado por César Menotti, onde ele disse que Fabiano agradeceu a presença e disse que "casa cheia assim que é bom de tocar"... Foi muito engraçado. Não sei por que, mas vendo esses cantores contando essas histórias me deu vontade de ver um programa especial deles todos sem músicas, só com histórias... E lógico, antes de Cesar Menotti & Fabiano cantarem Serginho Groisman pediu para apresentar a banda... E então surge, eis que senão quando, ele, PINÓQUIO!

Destaque 2007

E para mim o melhor apresentador da televisão em 2007 foi Luciano Huck. Sua simplicidade e sua naturalidade de fugir um pouco do roteiro na condução do programa foi para mim um destaque. Talvez porque até então eu não havia prestado maior atenção ao seu programa. Está já há sete anos no ar. Isso realmente não é para qualquer um, nesse mundo competitivo. Lançou um livro contando um pouco das suas viagens. Isso me pareceu um pouco, como dizer, uma futura estratégia da Rede Globo. Zeca Camargo também lançou tempos atrás um livro sobre suas reportagens pela TV Globo. E o mais interessante é Geneton Moraes Neto, que lançou também um livro indo mais além do que as reportagens do fantástico foram. Talvez seja uma idéia, de reforçar o programa com um livro. Sei lá. Bem, mas voltando ao Luciano Huck, está conseguindo ter um público próprio e vamos aguardar suas novas idéias para este ano de 2008.

América 2008

Agora em 2008, George Bush vai para casa. Sim, Hugo Chaves não terá de quem reclamar... É mesmo um palhaço. Fala tanto de Bush, mas quem não vai embora é ele mesmo. Um idiota. Mas voltando a Bush e a América (quase escrevi Amerika – como no romance de Franz Kafka) as primarias ocorrerão já na semana que vem. Estou ansioso para saber quem será o candidato republicano. E digo mais, Hillary deve perder a eleição para ele (se é que ela já não perde as primárias). O problema está sendo ler os comentaristas brasileiros. São meio perdidos, eles torcem em vez de noticiarem. Foi assim com Bush, que ganhou em 2004. Falavam que ele estava perdendo etc. e tal. Nada disso, o homem se reelegeu. Agora quando vejo alguns comentaristas americanos, vejo que a possibilidade de um republicano é simplesmente igual à de um democrata, não pensem que isso é pouco. Os democratas somente ganharam duas vezes na história. Estão fortes, mas equivocados. Tem muito tempo pela frente e deve acontecer sim, no final, uma vitória republicana. Basta saber quem será o candidato.

Liga de Volei

Errei. A Rede Globo passou neste domingo um jogo da liga de vôlei feminino... E eu que ontem mesmo disse que não sabia nem que havia uma liga de vôlei nacional... Quer dizer, saber sabia, mas nunca achei que iriam passar na Rede Globo. E foi um belo jogo, onde destaco a atuação de Érika, no time de Brusque e de Paula Pequeno no time de Osasco. Minha dúvida é se este Osasco não era uma daqueles times com nomes estranhos que existiam antigamente – Bradesco, Leite Moça, etc.

Bem, eu errei em dizer que nem sequer havia uma liga, e até achei inacreditável a arena de Brusque estar lotada num domingo entre Natal e Reveillon para assistir Osasco x Brusque, pela classificação na Liga de sei lá o que. Nem preciso dizer que o campeonato é totalmente confuso, igual à série C do futebol. Mas espero que estes campeonatos se tornem atrações locai e de âmbito maior, assim como os campeonatos de futebol. Pois, uma coisa que me irrita muito é ver jogo de vôlei somente da seleção brasileira. Nunca posso torcer contra...

dezembro 29, 2007

O Caminho

Não é possível. Não descobri ainda, mas parece que em algum momento alguém teve a impressão de que eu tinha alguma simpatia com a esquerda. Não sei de onde tiram essas coisas. Deve ser pela minha profissão; afinal, o arquiteto brasileiro mais conhecido e também o mais velho, sempre foi um defensor da esquerda, assim como muitos outros arquitetos também. Mas como Niemeyer afirmou certa vez no programa Roda Viva, em 1997, contando uma história de quando convidado a dizer o que achava da arquitetura soviética em Moscou, disse que na política estava com eles, mas na arquitetura preferia a forma brasileira...

Eu sou obrigado a dizer que eu também na arquitetura estou do outro lado. Arquitetura se faz com criatividade. Nada tem a ver com convicção política. Agora, é lógico, não se pode desvincular a vontade política dos planos de ação urbana. Mas quanto à obra isolada, a arquitetura está bastante longe de intenções políticas e muito mais perto do mercado. A idéia de um arquiteto-artista esta cada vez mais distante da realidade. Agora, também não é porque a arquitetura é comercial que esta tem que ser um lixão. Para fazer lixo eu prefiro não fazer nada (e morrer de fome, não pagar as contas, etc. – todas as desculpas dos chamados arquitetos comerciais).

Mas voltando, até entendo que a cobrança é muito grande por soluções. Mas eu, quando tomo um estudo, como faço em relação a Santo Amaro, levo tempo para perceber o que realmente está acontecendo, até começar a dar as primeiras idéias de renovação. Praticamente eu busco por fenômenos - fenômeno definido aqui por um conjunto de fatores ou mesmo a introdução de equipamento urbano, que atuando em separado por determinado tempo motivaram a mudança urbana de regiões. Ou seja, nem sempre para os grandes problemas urbanos consigo dar respostas rápidas. Demanda mais tempo para estruturar as “acupunturas urbanas”, como chamaria Jaime Lerner, as intervenções urbanas.

O discurso de cada um é sempre pautado por experiências, isso é um tanto quanto óbvio, mas sempre é bom lembrar... E a arquitetura somente como objeto arquitetônico é uma coisa e a arquitetura em conjunto, inserida no contexto urbano é outra coisa. Para entender sempre faço a seguinte analogia: uma loja num shopping: o banheiro da loja é a arquitetura, enquanto a vitrine já é desenho urbano. Para o banheiro só temos que ter os aspectos técnicos – ventilação, prumadas de água e esgoto - e desenhar os detalhes funcionais seguindo a estética conveniente – se o piso será de cerâmica, mármore, pias de aço inox ou porcelana, etc. Já para a vitrine, necessito saber os fluxos humanos e quem são os concorrentes, para então posicionar o tipo de produto que darei destaque. Ou seja, seria como a construção de um edifício de apartamentos: os pisos dos quartos, salas, cozinhas, assim como se a janelas serão de PVC ou de alumínio, ou se o revestimento será de pastilhas, não interessa a priori para a implantação do mesmo no terreno. Mas sua implantação definirá onde serão os ambientes. Tudo se relaciona, mas no fundo, o que dá a característica ao edifício é em que bairro está o terreno; como são as construções do entorno e qual será o público alvo para este. A arquitetura interfere nesses princípios, mas não os define. É parte num processo maior. Porém, como de uma forma geral os arquitetos são obrigados por sua profissão a entender de assuntos variados, muitas vezes essa erudição transpassa a arquitetura e vai a outras áreas do conhecimento. Nessas horas que muitos arquitetos são lembrados como intelectuais e convidados a dar respostas para tudo. Assim como certos cantores e escritores, alguns arquitetos dão palpite sobre tudo... Mas isso é uma visão romântica e atualmente bastante rara de se ver (felizmente).

No meu caso a coisa se confunde um pouco mais por gostar de outros temas fora da arquitetura, sendo estes a política, a música e um pouco da literatura, cinema e futebol. E escrevo bastante descompromissado, às vezes até ingênuo. Mas não teria nenhuma forma de me confundir com alguém dos defensores do “politicamente correto”. Tanto que se pode analisar qualquer um dos meus textos sobre arquitetura e em nenhum deles defendo temas da “moda”. Muito pelo contrário, defendo ainda algumas convicções de autores como Aldo Rossi, Jane Jacobs, Robert Venturi, que outrora devem ter sido alguma outra moda, talvez... Uma moda que eu não fiz parte... Garanto... Mas para mim o importante é escrever. Fiquei bastante feliz de saber que fui citado num artigo no site Arq!Bacana. Isso me dá mais fôlego para continuar a escrever. Assim é a vida, escrevendo quase anônimo aqui e alguém nem tão anônimo me lendo. São vantagens de tempos modernos.

Dúvidas, dúvidas...

Tenho sempre uma dúvida que nunca consegui saber se é por que sou brasileiro ou por que as pessoas envolvidas não falam a verdade. De qual lado estão os evangélicos no Brasil? São governistas em qualquer governo ou são petistas? Se petistas, o são por convicção ou por conveniência? Não sei dizer, mas quanto mais me interesso pelo tema das religiões mais eu tenho dúvidas de seus membros... E olha que este é um tema duplo: religião e política. Na Igreja Católica a política só estava na atitude, nunca na execução. Não há bispos católicos na política, e não por que não querem; é porque não podem... Em certas horas, acho que são políticos infiltrados nas igrejas e não representantes das igrejas na política... Só tenho dúvidas, por isso não escrevo nada sobre o tema religião.

2008 - Eleições Municipais

Wagner Montes - Foto de Michel Filho
Estou bastante curioso pelas eleições municipais para este ano que se inicia terça-feira. Principalmente nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Para a cidade de São Paulo o debate parece estar caminhando para um quadro bastante novo dos candidatos a prefeito. Teremos, como sempre, polarização. No Rio ainda não sei como vão ser as eleições, mas Wagner Montes e o bispo e senador Marcelo Crivella são os grandes nomes cogitados para a disputa eleitoral.

Para São Paulo é possível que o PSDB entre com candidatura própria, sendo Geraldo Alckmin o escolhido, como também possa apoiar o DEM com a reeleição do atual prefeito Gilberto Kassab. O PT não deve lançar a atual ministra do turismo Marta Suplicy, pois o quadro geral da avaliação de seu governo não é dos melhores e sua frase – “relaxa e goza”, muito mal colocada em qualquer situação - ao se referir ao caos aéreo, esta ainda muito recente e piorada pela tragédia do vôo da TAM, posterior à frase. E se a ex-prefeita entrar nesta disputa, sua frase deve ser lembrada pela campanha eleitoral contraria a ela. Pois a falta de seu uso só provará o quanto a politicagem nacional não está amadurecida, como também é caso de policia, de enganar eleitores quanto à capacidade moral e administrativa de uma pessoa pública. A frase de Paulo Maluf - “estupra, mas não mata” - após mais de vinte anos, ainda é lembrada e assim tem deve ser mesmo. Assim se faz política. Assim se apresentam biografias morais e políticas de pessoas públicas. Assim deve-se agir com estas pessoas idiotas que falam frases estúpidas. Mas em relação a pessoas morais, o candidato do PT deve ser o deputado José Eduardo Cardoso. Está um tanto quanto fora da mídia, mas é um dos poucos petistas que se preservaram de escândalos. Também, estes que se preservaram sempre estão longe de Dirceu e Lula... Cardoso foi um dos mais ativos vereadores da cidade de São Paulo, mas, desde que se tornou deputado federal, sua aparição é cada vez menor dentro e fora do partido. Se ele for mesmo candidato, o quadro de renovação de nomes se inicia.

Voltando ao Rio de Janeiro, temos um atual deputado que é um nome novo na política, porém velho conhecido da mídia. César Maia não conseguiu fazer um sucessor e a renovação de nomes no Rio é péssima. O Rio é um caso urgente de políticas sérias, mas pelo visto... É duro dizer, mas a prefeitura com César Maia a frente, entre 1993 a 1996, como também nestes dois últimos mandatos, é boa, a meu ver, mas os problemas do Rio parecem não terminarem nunca.

Vamos entrar em 2008 e desde já digo que torço pela continuidade do Democrata Gilberto Kassab a frente da prefeitura de São Paulo. E que ele inaugure até agosto o Museu do Futebol, que será no Estádio Paulo Machado de Carvalho – o Pacaembu – com arquitetura de Mauro Munhoz, e que também termine as obra da ponte na Avenida Roberto Marinho, que até hoje continuo chamando de Águas Espraiadas. César Maia deverá inaugurar a cidade da música do Rio, que por sinal chamará também Roberto Marinho.

É... 2008 promete várias postagens a respeito de política. No meu conceito, a eleição para prefeitos e vereadores é aquele que nos atinge mais de perto, pois afinal é a que movimenta realmente os rumos das cidades. Talvez um dia a política brasileira entenda isso de uma vez por todas e pare de sonhar com um ditadorzinho, pai dos pobres, salvador da pátria ou qualquer coisa do gênero e comece a pensar num vereador que lute pela sua cidade, que saiba quem é e de onde veio, um prefeito que esteja engajado em projetos de melhorias e obras para bem estar coletivo, no que precisa ser coletivo.

Uma prévia...

Fazer um balanço de 2007 é complicadíssimo. Passei por uns momentos mágicos e para mim parece que se passaram uns três anos. Mudanças de emprego, mudança de oportunidade e curiosidades além de ter deixado de fazer coisas por descuido com datas e prazos. Falta de planejamento. Mas como planejar o acaso? Uma busca por algo novo nunca parou, e não seria este 2007 diferente. Mas vou tentar limitar meus comentários mais ou menos à questão que mais trato aqui e que no fundo é a linha guia desse blog: a cultura.

Cultura é difícil de comentar já que em teoria são assuntos abstratos. Mas objetivamente a cultura se expressa na forma de filmes, álbuns, programas de televisão, textos, livros, pinturas, esculturas, fotografias, edifícios, jardins, praças e tudo que pode ser fruto do desenho urbano ou da arquitetura. É difícil comentar, principalmente que vários fatores concorrem juntos.

Fui de certa forma muito pouco a shows, cinemas e mostras este ano. E nas mostras que fui, como no caso da Bienal de Arquitetura, não fui aos fóruns de discussão, o que deixaria a mostra mais rica. Outra mostra, sobre Charles Darwin, diria interessante, mesmo eu não dando lá muita importância para ele. Mas o final do ano mostrou um MASP em plena decadência, com o roubo de dois famosos quadros de seu acervo.

E quanto aos álbuns que lançaram este ano, os que eu escutei logo ao lançamento, não me chamaram lá muito a atenção. Não consigo destacar grande coisa. No caso do álbum do Megadeth – United Abominations - a discussão sobre a capa foi maior ao trabalho propriamente dito. Do bom álbum que o Rush lançou sou obrigado a dizer que me deixou mais saudosista de seus trabalhos anteriores (o Megadeth também). Um bom trabalho foi o de Robert Plant com Alison Krauss. A tal volta do Led Zeppelin, que nem sequer comentei aqui, não achei nada além de uma boa forma de se colocarem na mídia, pois o show foi ruim pelo que pude ver pelos flashs nas redes de TV... Na música a melhor coisa foi mesmo ter aprendido muito com Artur da Távola em seu programa sobre música erudita. Um de seus programas não me sai da mente, e até o comentei aqui. No âmbito nacional digo que o trabalho de acústico continuado com novas músicas dos Engenheiros do Hawaii, intitulado “Novos Horizontes”, foi muito bom. Mereceria uma postagem dedicada a eles, mesmo que a eles dediquei muitas postagens ao longo do ano...

Da televisão não posso dizer que algo novo tenha acontecido. A Record tevês seus altos e baixos. Como entretenimento, um programa como o de Roberto Justos merece destaque e o que me faz ver que a rede ainda está longe de se comparar com o Globo é colocar o tal Simple Life na continuidade do programa de Justus, achando que o público é mesmo imbecil... A TV Globo teve seus momentos, mas está também em decadência. Fez duas mini-séries bem estranhas. Uma com a pseudo-autora Perez, falando sobre uma Amazônia de Chico Mendes e Galvez, muito mal feita e mal escrita... A outra baseada na obra de Ariano Suassuna, era para ser um estouro e não foi nada... Basta ver que para 2008 vão passar em janeiro uma série de filmes e não há projeto algum de novas mini-séries. Quando a Globo está em decadência, nem se espera encontrar em outra TV alguma coisa útil para ver. A Rede TV embarcou na onda de ter um seriado, uma versão nacional do Desperate Housewives, que já transmitia com certo sucesso. Nada de novo... Outra vez...
Bem, em suma, não posso dizer que 2007 foi lá grandioso. Não se discutiu os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro e o Brasil já ganhou uma Copa. O Campeonato Brasileiro foi péssimo, com um time ganhando com rodas à frente do restante e um minguando, acabando rebaixado à segunda divisão. Isso só mostrou a falta de continuidade e de investimento nos esportes, onde, novamente, quando o futebol está em decadência, o resto nem sequer pode ser comentado... Ou alguém viu por aí a final da Liga, Copa, qualquer coisa, dos times nacionais de vôlei? Ou seja, fora os campeonatos de futebol o resto do esporte no país é uma piada. De que adianta uma seleção brasileira de vôlei medalha de ouro se o vôlei nem sequer tem uma Liga Nacional, com algum time de expressão? Bem, que em 2008 algumas das minhas perguntas sejam respondidas, principalmente depois das derrotas nas competições olímpicas...

Na política algumas coisinhas começaram a mudar. Talvez em 2008 seja este uma dos temas mais interessantes do ano. Mas a cultura política está longe de melhorar. Quem sabe com mais coragem a oposição posso realmente existir... E isso é uma previa do que se passou em 2007.

Ainda sobre as motos...

Easy Rider (1969)
Lembro de certa vez ver um daqueles motoqueiros arrogantes definirem quem é motoqueiro e quem é moto-boy. Outro falava da falta de prazer de uma moto de velocidade em relação a uma moto de cruzeiro. Tudo tão vazio como tratar de cavalos... Não à toa, chamam as motocicletas de “iron horse”. Ou seja, para alguém como eu que detesta cavalos, nada mais coerente de não gostar de motos. No fundo até gosto de motos de cruzeiro, uma coisa meio “Easy Rider”... Algo meio gostar, sem muita importância. Nunca teria uma.

Numa época, em 2000, tive vontade de ter uma. Era por não conseguir comprar um carro, certeza. Mas com a popularização das motos, a tendência de ainda existir gente falando delas como se fosse uma forma de viver está ficando cada vez mais datada e sem significado. Igual a se falar de cavalos. Não digo que as competições de cavaleiros e amazonas não são até bonitas de se ver, assim como ir ao Jóquei Clube. Mas exaltar a beleza do cavalo, que foi sem dúvida o animal que fez o mundo se locomover por séculos, hoje é um tanto quanto sem justificativa. De que adianta no mundo atual ter um cavalo maravilhoso ou saber a arte da esgrima? São coisas que até o século XIX eram muito interessantes e úteis.

A moto é até mais antiga que o automóvel, sendo muito utilizada inclusive nos períodos de guerras. Como também é importante o trabalho de entregas feito pelos moto-boys atualmente. Sua função sempre estará presente. O que não está mais presente é a figura do life style que cada vez mais entra em conflito com a função atual desempenhada, muito menos nobre, segundo os nostálgicos admiradores do veículo.

A vida sobre duas rodas...

Vital e sua moto (1983)

Vital andava a pé e achava que assim estava mal
De um ônibus pro outro aquilo para ele era o fim
Conselho de seu pai: "Motocicleta é perigoso, Vital.
É duro de negar, filho, mas isto dói bem mais em mim."
Mas vital comprou a moto e passou a se sentir total
Vital e sua moto, mas que união feliz
Corria e viajava era sensacional
A vida em duas rodas era tudo que ele sempre quis
Vital passou a se sentir total
No seu sonho (de metal)
Vital passou a se sentir total
No seu sonho de (metal)
Os Paralamas do Sucesso iam tentar tocar na capital
E a caravana do amor então pra lá também se encaminhou
Ele foi com sua moto, ir de carro era baixo astral
Minha prima já está lá e é por isso que eu também vou

Podia começar essa postagem falando daquela teoria de Jô Soares sobre as motos que diz, mais ou menos, que a moto tem duas rodas e por isso foi feita para cair. Quando não cai, você ganhou, quando cai, a moto ganhou. A emoção de estar sentido todo o clima no seu rosto, o vento, o barulho e os mosquitos, é para muita gente ainda um estilo de viver a liberdade no limite do perigo. Para mais gente é simplesmente uma curtição tranqüila e para um número muito mais expressivo é o único meio de transporte acessível a sua condição econômica e instrumento de trabalho. O tema nunca termina. A cada ano novas idéias são lançadas a respeito de como trabalhar o meio de transporte nas cidades, de como melhorar a segurança para quem anda e diminuir os abusos.

Hoje a motocicleta é algo quase universal, desde o entregador de pizza até o bandido já se utilizam do meio de transporte. Essa letra dos Paralamas do Sucesso era de uma época ainda em que as motos tinham toda uma atmosfera, um clima de emoção e aquele “estilo” de vida que mencionei no começo. Mas nem por isso ele deixou de colocar, sem crítica, a opinião de um pai que nega a moto ao filho. Como se vê, desde 1983, ou antes, o tema nunca se esgotou. Gostaria de ter uma situação como a italiana, onde as motos estão em todas as partes, pois é difícil se locomover de automóvel pelas pequenas ruas, e dão até um charme com as lambretas espalhadas por toda parte. Para isso é necessária uma segurança pública boa, uma legislação de transito eficiente e uma boa fiscalização. Enquanto isso é melhor andar de moto... Na Itália...

dezembro 23, 2007

A música como barreira

Muitas vezes vejo que certos estilos musicais geram barreiras sociais. Não me refiro a aquela inveja do sucesso de certos músicos por músicos de menor sucesso, mas sim dos públicos específicos. Consigo desde sempre ouvir quaisquer ritmos ou estilos musicais sem perder o senso crítico. Não me importo muito com as barreiras sociais que estão por entre eles. Seria algo que é muito difícil de explicar, mas que faz com que as pessoas se fechem a modismos e a uma falta de vontade maior de conhecer algo além dos seus critérios já adquiridos. Parece às vezes um medo. Não à toa o programa de Artur da Távola chama “quem tem medo de música clássica?”

Mas eu não descobri o porquê as pessoas tem esta certa dimensão do conhecimento de algum estilo musical diferente do que já conhece é desinteressante. E o pior disso é ver a tal nova educação partilhar desse critério. O RAP nasce na periferia. E hoje é celebrado nas rodas como algo de valor cultural, sendo transmitido nas escolas. Mas onde nasce o RAP não se cultiva o conhecimento da música erudita. Isso para mim é matar uma cultura. E quem detesta RAP não tem outra opção? Inicialmente eu também caí nessa facilidade. O RAP na minha adolescência ainda não havia criado artistas nacionais, como Racionais Mc´s, mas já havia influencia externa e era a época do House e algumas manifestações eletrônicas antes da internet. Eu detestava aquilo. Mas que tudo, tive uma professora de artes que incentivava a experiência dos alunos em suas aulas. Ou seja, em vez de aprender novas coisas estava só mostrando o pouco que sabia. Tristeza total lembrar disso hoje, principalmente de um trabalho, ao qual fiz (em grupo) uma pesquisa sobre esculturas e a classe em sua votação do que mais gostava acabou caindo numa daquelas colagens, típicas da adolescência daqueles anos, cheia de figuras de surfistas, marcas de roupas, etc. feitas de recordes de revistas. O ponto mais interessante que naquele mesmo ano fomos à Bienal de Artes e lá estava arte como instalação, trabalhando com os sentidos todos e em três dimensões e não mais aquela coisa passada das colagens bidimensionais. O repertório que deveria ter sido ampliado nas aulas se tornou uma manifestação do pouco conhecimento adquirido. Este por sua vez quando em choque com a mostra de arte se mostrou um abismo muito maior e com pouca visibilidade de ser ultrapassado.

Passando isso para a música, a barreira é muito maior. Não existem mostras de música e os festivais atuais são nada mais que coletâneas de shows de bandas já consagradas. A dificuldade de saber onde acaba uma manifestação popular e se inicia algo de consumo é pequena. A falta de profundidade na música é cada vez maior. Isso deixa um legado de baixa cultura para gerações seguintes. É só parar para ver a música feita nos anos 1980 e identificar a baixa qualidade musical daquilo que se tornou popular. O legado dos anos 1990 foi recorrer aos anos 1970 para buscar alguma qualidade. O detalhe que isso só ocorreu no Brasil, pois mesmo sendo bastante popular a música dos anos 1980 internacional tem um padrão de qualidade muito melhor que o nacional. Nos anos 1990 a música nacional se globalizou mais, sendo mais aberta à incorporação de ritmos brasileiros e deixando de lado certos atributos comerciais e dialogando mais com gerações anteriores. É o caso de Cidade Negra, Skank ou a volta de artistas como Jorge Ben Jor e as novas experiências dos Paralamas do Sucesso, por exemplo. Isso deixava meio de lado aquele rock nacional batido dos anos 1980, com Titãs, Irá, RPM, etc.

Ao mesmo passo, nascia uma onda que chamo brincando de neo-hippies pós-modernos. Um pessoal que defendia a música nacional baseada nas experiências musicais dos anos 1970, como Gil e Caetano, criticando o gosto pelas bandas internacionais. Tinha também uma forma de se vestir (neo-hippie) e de atitudes “politizadas”. Em tempo preferia a onda surfista dos anos 1980... Acontecia então um dos primeiros usos da música como barreira social. Era como uma defesa de idealismos, sendo que a música por mais idealista que seja, continua só sendo música. E então ali existia a diferenciação daqueles que detinham o conhecimento para aqueles que deveriam seguir o “novo” paradigma... Isso aconteceu com punks, rockers, carecas, góticos, metaleiros e cabeludos de uma forma geral. Era a atitude que nada tinha que ver com a música para fazer desde badernas até ataques à emissora de rádio. E praticamente nada disso tinha a ver com os líderes das bandas. Para mim continua sendo um fenômeno sem explicação.

Fala que eu te escuto II

Já comentei aqui sobre como o programa melhorou em termos estéticos. Mas nunca tinha sequer me dado ao trabalho de me aprofundar no conteúdo. Outro dia estavam falando de pessoas ricas e apareceu o arquiteto Ricardo Julião que acabou de comprar um jatinho para melhorar seu deslocamento pelo Brasil, assim podendo atender melhor seus clientes em diversos lugares sem ter que passar por congestionamentos aéreos. E o pastor (ou será bispo?) tentava explicar que essas diferenças de quem tem mais ou menos dinheiro são naturais e tentava expor a diferença entre a inveja e a ambição. Num certo momento disse com todas as letras que a igualdade é um pecado, pois as pessoas que trabalharam mais, que lutaram mais, devem ser recompensadas por isso. E mesmo que eu tenha lá algumas divergências com a IURD – Igreja Universal do Reino de Deus – como o aborto, por exemplo, sou obrigado a dizer que o trabalho dos pastores na maioria das vezes esta sendo benéfico ao seu público.

É difícil ser liberal num país onde as forças políticas tentam interferir em todas as instituições, desde a religião aos costumes populares. Dizer que a IURD faz um trabalho para os seus fieis bem feito nada tem a ver com dizer que eu a defendo. Nada tem a ver com preconceito, muito pelo contrário. A maioria das pessoas tem preconceito em relação aos evangélicos e eu digo que prefiro a eles, pois eles acreditam numa moral cristã, a quem não segue moral alguma, assim como John Locke (1632-1704) já expressara séculos atrás em seu tratado... (lógico que isso tem um tanto de maneirismo). Assim como outras manifestações religiosas, a IURD nunca forçou ninguém a participar de seus cultos, ou seja, quem lá está, está por própria vontade. Como diz o jornalista Reinaldo Azevedo, cada um acredita no que quer, e ele acredita somente em igrejas que sejam mais velhas que o uísque que toma... Faz sentido... Muito sentido... O que não faz sentido é o governo dizer o que se deve ou não acreditar...

Mas voltando ao caso do programa, este é feito pela IURD e para seu próprio público, assim como o Papa Bento XVIII só fala aos fiéis da Igreja Católica. Confundir isso com a palavra da “verdade” é o mesmo que achar que o governo deve ser o condutor da moral do povo... Mas é interessante saber que no programa se fala algo interessante. Isso dá margem para especular até quando a bancada evangélica estará ao lado desse governo. Certo que nas tais estatísticas sobre corrupção esta tem a maioria dos envolvidos nos escândalos.

O interessante que as faculdades de sociologia brasileiras nem sequer estudam o fenômeno da evangelização no Brasil, para entender o que faz existir um crescimento das igrejas evangélicas, quanto mais entender o porquê de representantes dessa comunidade se envolveram nesses casos de corrupção. São dúvidas que a Universidade simplesmente ignora e a mídia de forma geral nem sequer põe na pauta de suas reportagens. Será que é tão irrelevante assim? Estudos americanos existem para essa área. O problema que as especificidades de cada país são distintas, não se podendo saber se aqueles resultados obtidos pelas pesquisas lá tem relevância com as particularidades de cultura brasileira. Aliás, a cultura brasileira é complicada de se entender e com a atual formação das faculdades, mais interessadas em politicagem que em encontrar soluções, deixa um vazio de informações. Isso gera um monte de interpretações erradas e um monte de posturas tão sólidas como uma gelatina. Basta ver com cuidado os dois livros do jornalista Ali Kamel – “Não Somos Racistas” e “Sobre o Islã” – que tentam colocar em debate estes temas. Bem, depois que Gilberto Freyre ficou por muito tempo simplesmente esquecido pela Universidade não se podia esperar que esta tivesse se modificado. Quem sabe, um dia, poderemos ver alguém da área acadêmica falando sobre Mario Ferreira dos Santos... Nesse aspecto é ótimo estudar noutra área do conhecimento, onde a politicagem não pode fazer tanto estrago.

O meu problema é identificar os fenômenos e não ter sequer opinião a respeito deles. E o pior de tudo é nem ter a quem recorrer. Era mais fácil, muito mais fácil, simplesmente sair por aí dizendo que a Record está ótima ou que está uma porcaria. O que eu expresso que tem coisas boas lá e não consigo identificar as coisas ruins, já que até hoje os temas discutidos nos poucos programas que assisti eram de forma geral noticias do cotidiano. O que é interessante é como a IURD está mais conectada com o cotidiano das pessoas que a Igreja Católica. Teve o Papa que vir ao Brasil para temas como o aborto entrassem na pauta dos jornalistas brasileiros... E o engraçado que o povo, de forma geral, estava mais próximo das palavras do Papa que da palavra dos jornalistas. Por que será?

Revista Ibirapuera Life...

Recebi a revista de cultura e compras do Shopping Ibirapuera. Sua primeira edição tem Rodrigo Santoro na capa, confeccionada em papel de primeira linha e 162 páginas recheadas de ofertas das lojas do Shopping. Além das ofertas, boas reportagens sobre esporte, arquitetura, história do bairro de Moema, citando o livro de Lygia Horta, “Moema: Histórias, Pássaros e Índios”, um flash dos mais de trinta anos do Shopping Ibirapuera. E para terminar a revista, nada melhor que uma crônica de ultima página com nada mais, nada menos que Mário Prata.

Mas a edição esta realmente muito bem feita, sem comparação a projetos anteriores. E é assim que tem que ser. Uma revista de cultura e compras, com ofertas para todos os bolsos, como é o Shopping Ibirapuera, projetado pelos arquitetos Jorge Zalzupin e José Gugliota e inaugurado em 6 de agosto de 1976. Foi construído no local da antiga indústria de fiação Indiana e foi o empreendimento que modificou a dinâmica do bairro todo. Vamos ver como serão as próximas edições, ou melhor, que existam próximas edições!

dezembro 22, 2007

Natal

Boas festas a todos! Estes são meus votos a todos os amigos e parentes. Não vou parar de escrever nesse intervalo entre Natal e o Reveillon. Estou um tanto quanto sem tempo de escrever, mas assuntos não faltam. O trabalho me tomou muito tempo nos últimos dois meses, o que é bom também.

Não escrevi ainda sobre alguns assuntos que logo mais estão ficando antigos, mas nunca sem importância. Nessa época de final de ano é algo de inacreditável a quantidade de frases feitas e de lugares comuns que se escuta e se vê. Será que eu gostaria que fosse diferente? Mas o importante é dizer que é muito bom ter os amigos e parentes que tenho.

dezembro 21, 2007

Educação no final do ano...

Ouço sempre falar em educação no trânsito, educação no atendimento e coisas semelhantes. Só não vejo nenhuma das referidas educações acontecendo. Resolvi em parte comprando presentes via internet. Não entendo o que passa com os vendedores. Fui tão mal tratado em tantas lojas e, detalhe, era logo no começo de dezembro. Aí desisti de ir a qualquer loja. O que acho estranho é que naqueles quadros de “Missão da Empresa” tem sempre um item como “melhor atendimento” ou “atendimento em primeiro lugar”. Tudo balela, como sempre.

E o pior são aqueles pseudo-ativistas ateístas que dizem ser o Natal um momento de compras para o comércio. È tão chato isso. Nada melhor que comemorar o nascimento de Jesus Cristo comprando e recebendo presentes de quem se gosta (mesmo aqueles que são ateus devem saber que o feriado é em homenagem ao nascimento de Cristo, uma pessoa que existiu, e não sobre a fé em qualquer que seja o Deus que estes dizem não existir).

Mas voltando às pessoas, não entendo o por que de algumas delas, principalmente mulheres, de parecer ser o que não são. Compram-se presentes nessa época, e elas não são as únicas que fazem isso. Logo, para que aquela cara de sou “a” compradora?

O pior é o comportamento politicamente correto. Recebi dia desses a revista do Shopping Ibirapuera, muito boa por sinal, volto a ela numa outra postagem, onde numa parte atores falam sobre o que dariam se fossem papai Noel. Tudo, sem uma vírgula de exceção, pautado pelo pensamento politicamente correto. Depois eu digo que cada vez mais gosto do programa “fala que eu te escuto” e ninguém entende o por que... (outro dia, assistindo ao tal programa, mostrava que a igualdade é um pecado... volto a isso noutra postagem... Muito engraçado!)

Em suma, o que sempre me irritou desde a infância continua a me irritar: multidões! Só um Roberto Carlos para piorar tudo:

“(...) Olho no céu e vejo
Uma nuvem branca
Que vai passando
Olho na terra e vejo
Uma multidão
Que vai caminhando...
Como essa nuvem branca
Essa gente não
Sabe aonde vai
Quem poderá dizer
O caminho certo
É você meu Pai... (...)”


Roberto Carlos – Jesus Cristo (1970)

dezembro 16, 2007

Voltei de novo...

Bem, eu voltei de viagem na semana passada, mas o tempo continuou escasso, ou seja, continuei sem escrever aqui. Tanta coisa a falar, nem sei por onde começar. O pior que não começarei ainda hoje, mas como tem bastante material para ser lido aqui, não fico tão preocupado com material novo.

Vamos começar a falar da CPMF... Certo que a minha alegria de não ter mais o tributo não quer dizer nada, pois não creio que o tributo realmente não seja alterado ou até mesmo reeditado ano que vem. Ou seja, nada muda e não sei por que o debate é tão calculado para ser tão dramática a atitude de partidários do governo. Se a saúde pública ainda não melhorou não será com o dinheirinho dos próximos anos que irá melhorar. O problema está na falta de vontade de melhorar e na completa incompetência das pessoas responsáveis por ela.

O governo tinha a maioria dos votos, que se perdeu sabe-se lá como... Ou melhor, por quanto. A negociação não foi produtiva e o dinheiro da máquina não conseguiu convencer seus pares. Bons tempos (nem eram, na verdade) em que as oposições que botavam a boca no mundo por causa de compra de votos... São mesmo uns babacas.

Acho que a CPMF é um problema de falta de consciência. Muita gente incluindo-se aí Arnaldo Jabor e outros não davam atenção à importância do valor cobrado pelo tributo. De como a arrecadação desse tributo prejudicava muito mais os mais pobres e de como o preço indireto disso acarretava uma piora no poder de compra. Mas fazer o que... A idéia era melhorar a saúde pública... Pelo visto acho que não deu certo...

Aliás, as coisas que dão certo no Brasil normalmente nada têm a ver com o governo. Agora vamos por partes: educação e saúde pública estão uma boa porcaria. E a habitação de interesse social? Nem debate existe... Ninguém sabe de quantas casas o Brasil precisa. Ninguém faz idéia de qual seja o déficit habitacional brasileiro. Mas sabem que a construção civil está em crescimento... As exportações? Será que o Brasil têm por acaso a estrutura necessária para exportar mais? E o setor elétrico? Em suma, desde 2004 falo constantemente que a infra-estrutura brasileira é a mesma desde os tão falados “anos de chumbo”. Ninguém investe nela.

Na hora que se tenta fazer alguma obra, se escolhe logo a mais duvidosa de todas: a transposição do Rio São Francisco. E o tal padre, cujo nome não lembro, está fazendo greve de fome para paralisar a obra. Nesta hora, digo que se torna extremamente necessária a leitura de um breve texto de Rodrigo Constantino. È uma primeira leitura de como o mundo não é assim tão belo. Para ser mais exato, deve haver outras leituras muito mais profundas, mas esta é rápida e vai quase ao ponto. Não vai ao ponto exato porque este texto foi escrito em março passado, noutro contexto. Leia aqui.

dezembro 08, 2007

Voltei...

Voltei. Não ainda como gostaria. Não vou renovar tudo ainda por aqui. Vai demorar muito. Mas tenho que dizer: estou bastante ansioso. Isso é bom por um lado e péssimo por outro. Estas duas semanas foram bastante agitadas, além da pressão normal que já estou até acostumando. Foi fora do padrão. E paralelo a isso, ainda muita coisa aconteceu. Vai ser difícil colocar tudo por aqui. Pois, lembrando, isso aqui não é um diário. No fundo não gosto dessa coisa de diários. Já pensei muito nos diários; de como eles podem marcar momentos. Mas eu vejo de outra forma: um diário é uma novela da Rede Globo. Se perder três ou quatro capítulos, não faz a menor diferença; cenas que sozinhas talvez digam mais que capítulos inteiros.

Uma vez alguém me disse, já até comentei aqui no blog, que a vida é feita de dias de preparação para alguns dias especiais. E só esses dias fazem a vida ser muito melhor que todos os outros que foram de preparação. È um jeito meio estranho de se ver as coisas. Eu acho que me acontecem coisas boas todos os dias. O mais interessante é que nunca se sabe o que vai acontecer e em que momento.

Uma das coisas mais interessante se dá ao passo que a leitura se incorpora como hábito quase vicioso. Não sei dizer, mas tem horas que acredito naquela hipótese sobre a amizade entre pessoas que não se conhecem, que também já falei aqui. Essa hipótese surgiu numa crônica do ex-senador e apresentador do programa “Quem tem medo de música clássica?”, Artur da Távola. Ele escreve:

Artur da Távola em 17/09/2007

Quem é amigo?

“Amigo é quem, conhecido ou não, vivo ou morto, nos faz pensar, agir ou se comportar no melhor de nós mesmos. É quem potencializa esse material. Não digo que laboremos sempre no pior de nós mesmos (algumas pessoas, sim) mas nem sempre podemos ser integrais para operar no melhor de nós. Há que contar com algum elemento propiciador, uma afinidade, empatia, amor, um pouco de tudo isso. E sempre que agimos no melhor de nós mesmos, melhoramos, é a mais terapêutica das atitudes, a mais catártica e a mais recompensadora. Esta é a verdadeira amizade, a que transcende os encontros, os conhecimentos, o passado em comum, aventuras da juventude vividas junto. Um escritor ou compositor morto há mais de cem anos pode ser o seu maior amigo.
Esse conceito de amizade transcende aquele outro mais comum: a de que amigo é alguém com quem temos afinidade, alguma forma de amor não sexual, alguém com quem podemos contar no infortúnio, na tristeza, pobreza, doença ou desconsolo. Claro que isso é também amizade, mas o sentido profundo desse sentimento desafiador chamado amizade é proveniente de pessoas, conhecidas ou não, distantes ou próximas, que nos levam ao melhor de nós. E o que é o melhor de nós? É algo que todos temos, em estado latente ou patente, desenvolvido ou atrofiado. Mas temos. E certas pessoas conseguem o milagre de potencializar esse melhor. (...)
Somos todos seres carentes de ser vistos e considerados pelo melhor de nós. A trivialidade, a superficialidade, as disputas inconscientes, a inveja, a onipotência, a doença da auto-referência faz a maioria das pessoas transformar-se em vítimas do próprio olhar restritivo. E o olhar restritivo é sempre fruto da projeção que fazem (fazemos) nos demais, de problemas e partes que são nossas e não queremos ver. E quantas vezes isso acontece entre pessoas que se dizem amigas. Essas pessoas (que se dizem amigas), ignoram certas descobertas do velho Dr. Freud e através de chistes passam o tempo a gozar o “amigo”, alardeando intimidade (onde às vezes há inveja) como prova de amizade. O que não é. Mesmo quando é...(...)”

Bem, depois de todas estas palavras, fica até difícil voltar ao tema. Mas é uma verdade que os livros, os filmes, as músicas nos levam para algum lugar e nos fazem gostar e admirar outras pessoas pelo simples fato de conhecer algum escrito delas, algumas música ou sua atuação num filme. E é um tanto quanto atemporal. Assim como temos as lembranças daqueles momentos de certas amizades, temos a impressão igual de que um dia tudo foi melhor. Estava lendo dia destes uma crônica que falava exatamente em como nos prendemos a certas épocas (anos 1960, principalmente) e achamos todo o resto pior, ou melhor, tentamos esquecer um pouco do resto que foi feito depois.
Tudo parece ser tão estranho.

dezembro 05, 2007

Pequenas férias

Pequenas férias... volto sábado...

Mas para não deixar em branco, segue notícia do ex-blog do futuro ex-prefeito do Rio de Janeiro:
"A TORCIDA DO FLAMENGO SERÁ TOMBADA!
No Diário Oficial de quarta-feira, a Prefeitura do Rio publicará decreto Tombando a Torcida do Flamengo como Bem Cultural da Cidade. "
Ai, ai... Nem tenho comentários a fazer...

dezembro 02, 2007

E lá se foi a esperança...

Não dá nem pra confiar no Internacional de Porto Alegre. Como pode perder para o 17º colocado no campeonato? Assim, mesmo com o empate com o Grêmio, o Corinthians disputará o título que, entre os times da capital paulista, só o Palmeiras possui. O Goiás teve uma vitória, fazer o que... O Inter falhou... O fato que depender do Inter para que o Corinthians não caísse para a segunda divisão significava que os limites já estavam mais que estourados. Para ser mais exato era a dependência, de novo, da derrota do Goiás, como na rodada anterior...

Como corintiano sinto em dizer que a única vantagem é poder ver jogos disputados agora na Fazendinha...

Os Palmeirenses estavam felizes hoje à tarde no metrô. A polícia do metrô, aquele bando de homens de negro, estava lá para controlá-los. Não assisti a nenhum dos jogos, estava numa avaliação, por sinal, muito chata... Mais chato ainda que me senti num filme, daqueles dos anos 1970, onde o rapaz anda pela Barra Funda (no meu caso, estava muito próximo ao Memorial da América Latina) e escuta o rádio de uma daquela barracas anunciando o Corinthians na segunda divisão do campeonato brasileiro.

Mas é isso. Agora é levantar a cabeça e torcer para ser campeão da segundona em 2008. Iniciando ano que vem com força para um bom campeonato paulista (para não cair lá também) e ser campeão no desfile de escolas de samba com a Gaviões da Fiel! Isso que é torcedor! Logo que o hino estiver pronto publicarei aqui!

Sou contra!

Sou contra a CPMF. Já expliquei os motivos pessoais em outra postagem e os motivos de “ordem coletiva” são referentes que o mesmo dinheiro é tributado várias vezes e quem paga a conta final é o consumidor final. A idéia inicial do “imposto único” concebida pelo ex-deputado do PL Marcos Cintra (depois do PFL e atualmente sem mandato) foi manipulada e mal interpretada. Não sei nem por que ele ainda defende a CPMF hoje... Sem contar que acredito ser a CPMF um instrumento de pressão fiscal de pessoas direitas... Pois os corruptos preferem dólares na cueca, mala de dinheiro...

Sou contra também a (re)reeleição. Para ser mais claro sou contra a reeleição. Um mandato, e de 4 anos, está mais do que bom. A alternância de poder é algo muito bom para retirar vícios e mordomias. Inclusive acho que se deve estender a não reeleição para os cargos do legislativo...

Se algo que sou mais contra do que tudo é a imposição de uma ditadura, não importando qual seja. E quanto mais tempo passa, mas vejo que o problema de Lula com Fernando Henrique Cardoso se dá pelo fato do último ter feito instituições sólidas e democráticas... Acabando com o plano do PT de impor a ditadura popular que cada vez mais se apresenta em seus planos e discursos. Quem não acredita nestes planos e ditadura, basta saber que Hugo Chavez é o “amigão” do Lula... E que Lula disse certa vez que o problema da Venezuela é excesso de democracia... Até o Paulo Maluf, deputado relator da proposta da entrada da Venezuela ao bloco econômico do Mercosul, desconfia da “democracia” venezuelana...

Vamos ver se hoje, dia 2 de dezembro, a Venezuela aprova a sua “ditadura escancarada”... Num plebiscito pra lá de estranho...

Sou contra o comércio de produtos chineses contrabandeados. Sou contra o uso de drogas. Sou contra as FARC. Sou contra o tráfico de drogas não ser duramente combatido no Brasil. Sou contra os fundamentalistas de qualquer gênero. Sou contra o MST. E quero que se danem todos eles juntos...

Já que me perguntaram certa vez do que eu era a favor, eu vos digo: IURD – Igreja Universal do Reino de Deus. Que lá entra, entra por que quer. Afinal este é um país livre, não é? O que ele faz com o seu dinheiro depois que você deu a ele é problema dele, pois se você deu, já não é mais seu... Digamos, você fez sua parte...

Sou a favor da liberação dos jogos e reabertura dos cassinos. Adoraria ir para Araxá, ficar naquele hotel maravilhoso, tomar banho nas termas e depois, durante a noite, ver um belo show e jogar na roleta uns R$5,00... Poderia ser também em Águas de Lindóia. O que não pode ser é em São Paulo, no Rio de Janeiro e em locais onde a fiscalização para conter as drogas e a prostituição seja complicada... Esse é o problema maior do jogo, o que vem com ele anexado. Quanto aos viciados em jogo, que se tenha avaliação de crédito e que os impossibilite de acabar com a vida jogando, assim como deveriam fazer com aquelas mulheres que torram tudo nas compras... Doença é doença, não é solução fechar as lojas, fechar os cassinos e proibir o cigarro e o álcool...

Devo ser a favor de mais coisas, mas não lembro...

E agora é só jogar...

E hoje teremos o fim do campeonato brasileiro, com um Corinthians muito próximo de ser rebaixado. O maior culpado de tudo isso é o próprio time, que não ganhou quando teve a chance. Por ser tão ruim e depender de Finazzi, ou tão ruim porque depende de Finazzi, que não estará nessa “decisão”.

Vamos ver como serão as coisas... Se ganhar tem a chance de continuar na série A, independente dos resultados dos outros times. É só esperar.

dezembro 01, 2007

Guerrilha brasileira...

É com enorme desprezo que faço esta postagem. Não entendo em que momento se tornou motivo de honra alguém se dizer guerrilheiro. Eu vejo alguém saído de uma guerra, qualquer guerra, alguém sempre muito triste, traumatizado com o que teve de passar. Matar alguém é algo que não tem justificativa. Talvez, sendo um traficante ou assassino, não tenho lá muito certeza se me importaria se fossem mortos. Os monumentos espalhados pelo mundo homenageando os soldados sem nome e as muitas lápides nos cemitérios com datas muito próximas são para mim o máximo que uma guerra construiu.

Se uma guerra normalmente tem motivações econômicas eu creio que a ideologia hippie do “se eles derem uma guerra e ninguém fosse” seria até respeitosa se isso tivesse contrapartida dos dois lados da guerra. Num Vietnã sabemos bem que o desfecho após a saída americana foi péssimo e apoiar isso no Iraque é a mesma coisa que dar sentença de morte para muita gente inocente. Mas no Brasil nunca houve guerra nos moldes como vemos no Iraque e Vietnã. Chamar de guerrilha os movimentos armados constituídos a partir de 1963 (ou seja, antes da Revolução de 64) é uma enorme besteira. No máximo eram grupos terroristas. E bem por isso que eu os desprezo. Fazer terrorismo por “uma causa nobre” é em primeiro lugar ridículo. Primeiro que não existe ato mais covarde que o terrorismo. Ações terroristas só atingem pessoas inocentes. E que “causa nobre” poderia ser esta? A constituição de uma ditadura popular no moldes de Cuba ou China? Não há como não ter desprezo por estes que se auto-intitulam guerrilheiros e invertem o valor de uma luta... Sabe-se que a abertura militar, assim como o seu endurecimento, foi sem lutas, sem guerra e sem o derramar de sangue comum nestas ocasiões. Só para dar uma idéia da desgraça do que defendem esses imorais é conhecer o Holodomor, o holocausto ucraniano, ocorrido entre 1929 e 1932 (veja imagens e informações aqui). Essa é a grande “causa nobre” defendida por esses imorais...

A dimensão cultural

A dimensão cultural que cerca a arquitetura como arte e como expressão não esta associada da mesma forma que uma profissão convencional, mesmo sendo esta também criativa. Colocamos em par duas ou três outras profissões como a de jornalista, publicitário e engenheiro mecânico. Veja que nenhuma das três está desassociada a algum tipo de cultura e muito menos à criatividade.

O fato é que o jornalista, quando ao noticiar um fato precisa ter em mente se o fato é inédito, ter grande conhecimento geral e visão crítica, mas sua opinião pode ser momentânea tanto quanto pode ser eternizado como grande crítico ligado àquele momento. Um jornalista cultural mais especificamente deve ter em mente que sua obra pode estar completamente errada e que isso não é um problema. Um exemplo seria aquele do jornalista que falou durante os anos 1960 que os Beatles eram um fenômeno passageiro e que em alguns anos ninguém se lembraria deles. Isso poderia se aplicar ao caso de bandas como Menudo, New Kids on the Block e tantas outras... Mas sobre Beatles aquele jornalista que não lembro o nome errou. Quanto à criatividade, o jornalista tende a escrever ou noticiar os fatos de forma que estes sejam mais lidos e que desta forma a noticia se propague. Não que ele invente a notícia, mas ai que entra a anedota do “passarinho”, tão conhecida no meio jornalístico.

Já o publicitário, ao redigir uma campanha ou mesmo em acertar sua arte gráfica, ele não chega a empreender algo que tenha um longo período de existência. Mas especificamente está bastante ligado a um modelo arquitetônico, o modelo ativista, que é aplicado na arquitetura de lojas, restaurantes e shoppings. Uma bela campanha fica no ar no máximo alguns anos, assim como as arquiteturas dos shoppings, onde a renovação não passa de uma parte do plano de marketing. No caso dos restaurantes, existe ainda um fator técnico, além deste de marketing, que seria o avanço tecnológico de equipamentos. Logo as agencias criam muitas campanhas que estas vão sendo mudadas e novos produtos são lançados, assim criando ciclos. Tem que estar em direta relação com as culturas para as quais se destinam os produtos. Para usar um termo da área, tem que estar de acordo com o público alvo da campanha. Nada mais é que a cultura desde público alvo. Veja só, se um produto quer o público adolescente, têm que buscar o que os adolescentes consomem em termos de música, televisão e roupa, por exemplo. Assim como da mesma forma pode induzir ao tipo de música, roupa etc., mas sempre por um período razoavelmente curto.

O caso do engenheiro mecânico é o mais difícil para expor, pois muita gente não vê o uso da criatividade em sua produção e nem mesmo a ligação cultural que este tem. Vamos num exemplo próximo de meu conhecimento. Um engenheiro mecânico que trabalhe para uma empresa de máquinas e implementos agrícolas. Tem que estar ligado ao tipo de cultura produzida, ou melhor, se os produtos são destinados à lavoura de soja, necessita saber como cresce a leguminosa e como é feita sua colheita, para assim criar com seus instrumentos técnicos as máquinas especificas para a colheita. Mas nessa criação pode interferir no método de plantio, para, por exemplo, deixar fiadas maiores para a passagem de trator etc., sempre fazendo um calculo a respeito de demanda, tempo, perdas e com uma noção completa de processo. Não é ligado logicamente a uma cultura de momento, mas sim por um conhecimento técnico que por sua vez é ligado a uma cultura maior. Vamos por exemplo no caso da soja. Há mais de 30 anos a soja não tinha sequer o interesse comercial que têm hoje, e a substituição da banha do porco pelo óleo de soja esta intrinsecamente ligada à cultura e não a questões econômicas e técnicas. Bem por isso esse é o exemplo mais complicado de se explicar. Tem que se compor que a cultura de momento, a atual de baixas calorias e alimentos mais saudáveis, tem grande participação nas atividades do agro-negócio e da tecnologia aplicada a este. A criatividade do engenheiro mecânico é tão grande quanto á do arquiteto e do publicitário, porém sempre ligada à atividade técnica. É engraçado como se vê hoje falar na questão eletrônica como tecnologia sem sequer notar que as estruturas onde estão colocados os componentes eletrônicos também avançaram muito em materiais, técnicas e projeto. Basta olhar para seu monitor à frente e comparar como eram dez anos atrás e sua televisão com aquelas dos anos 1980, por exemplo. Veja que falo da estrutura mecânica e não das qualidades técnicas, que de certa forma só vieram a mudar com a tecnologia de LCD. Junto a esta nova tecnologia, a dimensão mecânica do uso dos plásticos e dos processos para que fiquem cada vez mais precisos e de melhor qualidade e resistência mecânica. Isso sem contar a questão do design de produto, que é a característica que mais cresceu dentro da técnica mecânica.

Já arquitetura carrega em si muito mais que os três exemplos acima. Vejamos. Quando ao se construir um edifício, este no mínimo tem a duração de mais de vinte anos. Isso, claro, retirando casos de arquiteturas itinerantes, que estão por sua vez colocadas em outro modelo arquitetônico, já citado, o ativista. Ao contrario do modelo ativista, temos o modelo arquitetônico institucional. O império romano teve a maior influencia na história da civilização e por sua vez tudo o que se refere aos símbolos institucionais de poder normalmente está ligado a uma arquitetura de origem clássica (neoclássico – greco-romano). Assim podemos destacar a arquitetura feita par a cidade de Washington D.C., com sua arquitetura em modelo neoclássico, normalmente balizadas por elementos da arquitetura greco-romana, como as colunas com capitéis e os adornos de seus frontões. Da mesma forma Mussolini também elegeu esta arquitetura como o modelo arquitetural de seu governo. A Alemanha que já havia desenvolvido no entre guerras a arquitetura da industrialização, caracterizada pela Bauhaus, nas mãos de Hitler assume também como seu modelo arquitetural formas da arquitetura neoclássica. Mussolini era representado pelo arquiteto Marcello Piacentini e Hitler pelo arquiteto Albert Speer. Assim também a ex-URSS també elegeu como sua a arquitetura neoclássica.

Tanto o modelo ativista quanto o modelo institucional se completam no quesito em que o símbolo é mais forte que a questão técnica e a questão funcional. Lembrando que o conceito definido pelo arquiteto romano Marco Vitruvio Polião, defendido no manifesto da arquitetura, diz ser a arquitetura definida pelos três elementos fundamentais: a firmitas, a utilitas e a venustas. Sendo a firmitas o que se refere à estabilidade, à construção, utilitas que se refere à função, a sua utilidade final e a venustas que se refere à beleza, à estética. Estes três elementos devem sempre estar em equilíbrio.
Mas o campo da arquitetura ainda está muito além destes dois modelos. Tanto o é que a arquitetura de palácios e templos, o que mais se preservou da antiguidade, é somente uma parte da arquitetura. A arquitetura construída para o povo sempre teve características ás vezes não enxergada pelo olho mais desavisado. Basta saber da arquitetura das bandeiras ou bandeirista brasileira. Assim como a arquitetura tradicional ou colonial era diferente da barroca, que de tão diferente e concentrada numa mesma região recebe o nome de barroco mineiro. A arquitetura produzida pelas tribos indígenas está de certa forma concentrada num mesmo modelo arquitetônico chamado vernacular. Assim todas as arquiteturas, por mais diferentes que sejam como as dos Vikings escandinavos, assim como a arquitetura tradicional japonesa, estariam no mesmo modelo arquitetônico. Este seria o modelo da arquitetura de tradição, onde os métodos construtivos são passados de geração a geração, ligados intimamente a culturas regionais. Onde normalmente estes métodos construtivos estão ligados à presença de materiais naturais destas regiões, como madeira, pedras, etc. De outra forma, a arquitetura entendia no modelo arquitetural intuitivo, seriam as arquiteturas feitas de forma expressionista. Esta arquitetura seria a definida por expressões matemáticas ou por traços de expressão como as arquiteturas dos arquitetos Peter Eisenman ou Frank O. Gehry. Estas posturas e de outros arquitetos estariam ligadas ao local e a uma busca por entender as cidades, ou melhor, pontos específicos das cidades. Estes dois modelos arquiteturais estariam ligados a locais específicos, nunca a uma teoria de “modelo internacional”. Suas arquiteturas não fazem sentido fora de seus sítios urbanos. Ou seja, construir um pagode chinês em plena floresta amazônica seria algo sem nenhuma lógica a não ser se alterasse o conceito para aquele do modelo ativista, onde esta arquitetura nada mais fala a respeito dela mesma, mas sim a respeito de um símbolo que ela passou a representar.
Mas que isso, o aspecto atual da arquitetura, que passa a não ser mais relevante em termos culturais, mas somente relevante como símbolo de status. Assim com a dissociação do meio urbano da arquitetura, temos hoje algo que se chama por arquitetura que nada mais é que uma caricatura da arquitetura. O debate de idéias não acontece mais. Conforme boa parte das pessoas desconhece, quando acontece o desequilíbrio entre a arquitetura dita como comercial e daquela ligada a cidade, temos a impressão de que estamos numa cidade de cenários, um parque de diversões. Uma cidade que vive seu espaço urbano de forma alguma perde suas características pela implantação de certas arquiteturas.
No caso, uma teoria bem vinda é a da "terceira era da cidade", do arquiteto Christian de Portzamparc. Nesta teoria critica de forma interessante o chamado urbanismo moderno. Primeiro reflete o que seria a primeira era da cidade, e fala das arquiteturas das cidades medievais, normalmente fortificadas em que a rua e a quadra formavam o espaço urbano. Esta lógica foi alterada durante o movimento moderno, que seria a segunda era da cidade, cuja lógica era a dos objetos isolados. Seria como a implantação de inúmeras edificações isoladas e que seu espaço intermédio seria um espaço vazio. Não teria nada entre elas que se fizesse como ligação. Na sua proposição da terceira era das cidades demonstra que a segunda era queria apagar a primeira era e não conseguiu. Portzamparc sugere então a integração de novos objetos sendo implantados de acordo com o espaço existente e fazendo assim uma ligação pelos espaços intermédios. A valorização da rua é uma de suas metas, assim complementando uma outra teoria que seria a da “quadra aberta”. Onde as quadras teriam acesso aos pedestres e de carros separados. Teria ai a hierarquização dos espaços em público, semi-público, semi-privado e privado, onde sua teoria se encontra com teorias de desenho urbano surgidas nos anos 1960, onde se inicia, digamos assim, as criticas ao movimento moderno.
A cidade que não se apaga com a concentração de uma nova cidade por cima desta é um caso bastante parecido com o da cidade de São Paulo. Por seu crescimento em tão pouco tempo, na introdução do livro de Benedito Lima de Toledo, “São Paulo: três cidades em um século”, Leonardo Benévolo compara São Paulo a um adolescente que cresceu sem trocar suas roupas, assim estas ficando curtas e apertadas.

Em relação à dimensão cultural, que é o foco principal desde texto, temos ai uma nova dissociação entre cultura e arquitetura. São é a toa que a maioria dos edifícios novos residenciais siga uma estética dos neoclássicos. Uma sociedade que não soube guardar o que tinha de valor em seu sítio urbano tenta buscar num símbolo alguma referencia. O fato de edifícios novos residenciais estarem no modelo arquitetônico ativista é péssimo. Diferente por exemplo do edifício da loja Daslú, que é uma loja, e que pode ser renovado a qualquer momento, ele não é um ponto de referencia da cidade, mas sim mais uma loja, mais uma arquitetura efêmera. Por sua vez a Daslú é também muito diferente do edifício da atual loja Fnac, em Pinheiros, antigo Shopping Ática Cultural, projeto do arquiteto Paulo Bruna, que com sua implantação estimulou a renovação daquela área urbana em menos de dez anos.O fato de que um modelo arquitetônico serve bem a uma função, como o ativista para as arquiteturas de lojas e restaurantes, ele pode servir muito mal a outra tipologia arquitetônica como os prédios de apartamentos. Não é a arquitetura que define sucesso ou insucesso de um empreendimento, mas a dissociação ou associação da cultura com a arquitetura sim. No pequeno livro do arquiteto Jaime Lerner, “Acupunturas Urbanas”, podemos ver inúmeros casos onde a arquitetura, o desenho urbano e o urbanismo em conjunto com uma cultura podem fazer para melhorar os espaços urbanos. Tudo isso sem mexer na estrutura de vida das pessoas. Porque mudar a arquitetura para mudar as pessoas é de um autoritarismo sem tamanho e, como toda proposta autoritária, normalmente não encontra eco na sociedade.

Filosofia grega... e cibercultura

Não sei dizer se vale a pena, mas com certeza é melhor a discutir Foucault.

Dia 10 de dezembro, à 19:30h acontecem na Livraria Cultura do Conjunto Nacional:

“Os filósofos pré-socráticos” – com Carlos Eduardo Meirelles Matheus - e “Uma introdução ao pensamento de Platão – O Banquete” – Viktor D. Salis.

Também acontece no mesmo local e hora, o lança mento da biografia do primeiro ditador da república brasileira – “Getulio Vargas, vida e obra”, de Maria Auxiliador Dias Guzzo.

E dia 7 de dezembro, também às 19:30h, na Livraria Cultura do Shopping Market Place, Fábio Fernandes fala sobre “Blade Runner e suas influencias na cibercultura”.

Força Timão II

E a força ao Timão continua... Não acredito, o time perdeu para o Vasco da gama, mas os seus adversários também perderam na rodada, assim ficando a decisão final para quais times serão rebaixados exatamente para a última rodada. Esse ano os campeonatos foram, de certa forma mais emocionantes que os de 2006...

Bem, só espero que o Corinthians, meu time, não seja rebaixado...

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...