Nem parece, mas estamos já em novembro. O calor é maior e começam as chuvas. De certo ângulo até gosto dessa situação. Principalmente do calor. Nem tanto das chuvas. Nada dos trovões. É hora de começar a pensar em 2008. De se preparar para novos desafios e esquecer a parte ruim deste ano. Planos é que não faltam... Basta um “choque de gestão” e umas metas para chegar aos meus objetivos. Falando em objetivos, outro dia uma amiga disse que meu blog não tem objetividade... Eu explicando: É proposital! Se existe um caminho e eu não sei qual é, é óbvio que não terá objetividade. O importante está nas sensações e em muitos pequenos detalhes que desde o começo desde blog fui descobrindo e apresentando. Não é ainda algo autoral, tudo ao seu tempo Como sempre dizia Mies van der Rohe, “Deus está nos detalhes”.
Lembrando da minha primeira postagem, em 6 de abril de 2007:
“Do ponto de partida ao ponto final se traça um caminho. Este pode ser curto, longo, sofrido ou mesmo tranqüilo. Nunca saberemos qual caminho realmente tomamos à não ser no ponto de chegada. Assim inicio esse blog, timidamente e sem saber aonde vou chegar. Aqui vou falar de tudo um pouco: da arquitetura, do urbanismo, da literatura, da arte, da vida, da cultura, da música, do cinema e até do futebol. “Tudo ao mesmo tempo”, ou quase tudo, em tempos diferentes. Mas o importante é o caminho, sempre. Caminhar é preciso.” (aqui)
Quase trezentas postagens depois minha avaliação é que se melhora muito com o exercício da escrita. Ter o que dizer eu até tenho. Seguindo uma linha que seria de não falar que sei o que não sei e nem muito menos dizer que não sei o que sei. Que difícil...
Dessa primeira postagem queria complementar que a única coisa difícil de entender e que com o tempo pude comprovar é que não existe ponto de chegada. Ponto de chegada existe para coisas e não para o pensamento. Essa é a parte mais legal de se fazer coisas. Por exemplo, um livro é uma coisa. Um álbum de fotos é uma coisa. Todos têm começo e fim. Mas um álbum de fotos de toda sua vida será sempre sem fim, sem ponto de chegada. Assim como os pensamentos. Hoje gosto de muitas coisas e muitas me desagradam. Tudo pode mudar. Digo, as coisas mudam. O pensamento não muda, ele se amplia e se renova. É o que eu posso chamar de reflexão. Por isso eu chamo de engano aquilo que não sabemos que estava por trás daquele pensamento e que descoberto por reflexão faz mudar um pensamento. Engano nada mais é que um pensamento sem a devida reflexão. Enganos acontecem muito. Faz parte de quem pensa. Quem não pensa não erra e não se engana, mas também não tem opinião.
Outra questão que aprendi a melhorar muito é a pressa. Caminhando e não correndo os tropeços são menores e menos doloridos. Sem contar que hoje quando vejo a quantidade de textos produzida fico feliz de ter tudo isso para compilar no futuro. Quem sabe daqui uns dez anos, como fez o Daniel Piza com sua coluna Sinopse, lançando o livro “Contemporâneo de mim”. Livro este de mais de 400 páginas com textos extremamente variados. Não sei se é a minha cara, mas talvez um dia captar tudo sobre um determinado tema e compilar, como arquitetura que ando um pouco ausente de comentar. Normalmente tenho que ter certa distância para conseguir comentar o que faço atualmente e ainda mais distância para sair da condição do olhar de aluno para o olhar do crítico. Nesse ponto que sinto mais facilidade de escrever sobre música e televisão principalmente, já que tudo o que faço faz parte da minha vida, mas a música e a televisão não são atividades profissionais. Praticamente tudo que escrevo está contido dentro do meu universo, não fazendo apologias maiores e nem muito menos pensando em escala universal. Aliás, isso é extremamente importante. Deve-se conhecer a si mesmo profundamente para depois pensar em algo maior. E é isso que faço. E o mais interessante desse caminho que tomei, em fazer um blog, esta na seriedade em que trato dos temas, mesmo com certas pequeninas pitadas de humor e raiva, coisas naturais de momento.
Estava lendo um texto de Daniel Piza, “Os bésti-sélers” (18/12/98) e pensando em como é bem verdade quando escreve que “(...) grandes escritores (...) só surgem em literaturas que já tenham uma tradição média consolidada e volumosa, “best-sellers” que enraízem o hábito de ler na população e criem pontos de referência para os grandes saltos” (PIZA, Daniel. Contemporâneo de Mim, 2007). E nesse texto fala também de uma questão importante: onde autores brasileiros querem ser “(...) um Mann, um Dostoieviski – o que explica a infinidade de subautores que temos, cada um emulando mal dissimuladamente o ídolo particular.” (PIZA, Daniel. Contemporâneo de Mim, 2007). Essa coisa de autores se esconderem embaixo de um grande autor internacional é a forma que sempre me desestimulou a escrever. Conhecia já alguns livros “clássicos” internacionais, mas era um leitor básico da literatura brasileira e portuguesa, ainda sem muita paciência para certos livros. Não tinha um “ídolo” escritor. Isso me desestimulou a escrever, na época de 1997, 1998, quando montei um site num daqueles provedores gratuitos, onde guardei muitas crônicas e outros textos de outros autores. Esta época que comecei, digamos assim, correr atrás daquilo que não tinha lido. E me dividia entre ler os textos sobre arquitetura moderna ou literatura. A arquitetura acabou ganhando muito mais espaço, pois todo dia era estimulado a ler algo, durante o período de faculdade.
Já a literatura, muito pelo contrário, somente um amigo meu, que muito me apoiou quando comecei a me interessar em fazer sites na internet, me deu apoio a escrever, dizendo que meia dúzia de palavras suas (minhas) valia mais que um livro todo de outra pessoa. Não é a toa que ele mora já quase há uma década em New York, pois aqui no Brasil não tinha espaço para suas idéias mesmo. É uma pena ter perdido seu contato. Mesmo ele sendo fã do guitarrista Zakk Wylde e tendo inventado uma ótima frase (que detestei) a respeito do guitarrista Yngwie Malmsteen - “Malmsteen é o guitarrista mais ecológico do mundo. Reciclou seus dois primeiros discos inúmeras vezes” – foi o único a me estimular a dar minha opinião aos fatos. Claro, não segui seus conselhos... E lembro tão bem que tinha uma visão bastante crítica daquela eleição de 1998, em que o tempo tratou de apresentar a todos que me cercavam os fatos que eu havia exposto. Assim como da mesma forma tive a oportunidade de ver um conhecido mudar de opinião de uma eleição para outra, simplesmente fugindo da questão. Era a farsa de moldar o debate, que hoje, devido ao estudo junto aos apontamentos do filósofo Olavo de Carvalho, venho me distanciando absurdamente. Agora quem foge (para deixar de perder tempo) de discutir esses assuntos sou eu... Mas bem que gostaria de ler meus pensamentos daqueles anos. Morro de rir de minha poesia inacabada – Sombras da Noite – que comecei a escrever em 1993.
Lembrando da minha primeira postagem, em 6 de abril de 2007:
“Do ponto de partida ao ponto final se traça um caminho. Este pode ser curto, longo, sofrido ou mesmo tranqüilo. Nunca saberemos qual caminho realmente tomamos à não ser no ponto de chegada. Assim inicio esse blog, timidamente e sem saber aonde vou chegar. Aqui vou falar de tudo um pouco: da arquitetura, do urbanismo, da literatura, da arte, da vida, da cultura, da música, do cinema e até do futebol. “Tudo ao mesmo tempo”, ou quase tudo, em tempos diferentes. Mas o importante é o caminho, sempre. Caminhar é preciso.” (aqui)
Quase trezentas postagens depois minha avaliação é que se melhora muito com o exercício da escrita. Ter o que dizer eu até tenho. Seguindo uma linha que seria de não falar que sei o que não sei e nem muito menos dizer que não sei o que sei. Que difícil...
Dessa primeira postagem queria complementar que a única coisa difícil de entender e que com o tempo pude comprovar é que não existe ponto de chegada. Ponto de chegada existe para coisas e não para o pensamento. Essa é a parte mais legal de se fazer coisas. Por exemplo, um livro é uma coisa. Um álbum de fotos é uma coisa. Todos têm começo e fim. Mas um álbum de fotos de toda sua vida será sempre sem fim, sem ponto de chegada. Assim como os pensamentos. Hoje gosto de muitas coisas e muitas me desagradam. Tudo pode mudar. Digo, as coisas mudam. O pensamento não muda, ele se amplia e se renova. É o que eu posso chamar de reflexão. Por isso eu chamo de engano aquilo que não sabemos que estava por trás daquele pensamento e que descoberto por reflexão faz mudar um pensamento. Engano nada mais é que um pensamento sem a devida reflexão. Enganos acontecem muito. Faz parte de quem pensa. Quem não pensa não erra e não se engana, mas também não tem opinião.
Outra questão que aprendi a melhorar muito é a pressa. Caminhando e não correndo os tropeços são menores e menos doloridos. Sem contar que hoje quando vejo a quantidade de textos produzida fico feliz de ter tudo isso para compilar no futuro. Quem sabe daqui uns dez anos, como fez o Daniel Piza com sua coluna Sinopse, lançando o livro “Contemporâneo de mim”. Livro este de mais de 400 páginas com textos extremamente variados. Não sei se é a minha cara, mas talvez um dia captar tudo sobre um determinado tema e compilar, como arquitetura que ando um pouco ausente de comentar. Normalmente tenho que ter certa distância para conseguir comentar o que faço atualmente e ainda mais distância para sair da condição do olhar de aluno para o olhar do crítico. Nesse ponto que sinto mais facilidade de escrever sobre música e televisão principalmente, já que tudo o que faço faz parte da minha vida, mas a música e a televisão não são atividades profissionais. Praticamente tudo que escrevo está contido dentro do meu universo, não fazendo apologias maiores e nem muito menos pensando em escala universal. Aliás, isso é extremamente importante. Deve-se conhecer a si mesmo profundamente para depois pensar em algo maior. E é isso que faço. E o mais interessante desse caminho que tomei, em fazer um blog, esta na seriedade em que trato dos temas, mesmo com certas pequeninas pitadas de humor e raiva, coisas naturais de momento.
Estava lendo um texto de Daniel Piza, “Os bésti-sélers” (18/12/98) e pensando em como é bem verdade quando escreve que “(...) grandes escritores (...) só surgem em literaturas que já tenham uma tradição média consolidada e volumosa, “best-sellers” que enraízem o hábito de ler na população e criem pontos de referência para os grandes saltos” (PIZA, Daniel. Contemporâneo de Mim, 2007). E nesse texto fala também de uma questão importante: onde autores brasileiros querem ser “(...) um Mann, um Dostoieviski – o que explica a infinidade de subautores que temos, cada um emulando mal dissimuladamente o ídolo particular.” (PIZA, Daniel. Contemporâneo de Mim, 2007). Essa coisa de autores se esconderem embaixo de um grande autor internacional é a forma que sempre me desestimulou a escrever. Conhecia já alguns livros “clássicos” internacionais, mas era um leitor básico da literatura brasileira e portuguesa, ainda sem muita paciência para certos livros. Não tinha um “ídolo” escritor. Isso me desestimulou a escrever, na época de 1997, 1998, quando montei um site num daqueles provedores gratuitos, onde guardei muitas crônicas e outros textos de outros autores. Esta época que comecei, digamos assim, correr atrás daquilo que não tinha lido. E me dividia entre ler os textos sobre arquitetura moderna ou literatura. A arquitetura acabou ganhando muito mais espaço, pois todo dia era estimulado a ler algo, durante o período de faculdade.
Já a literatura, muito pelo contrário, somente um amigo meu, que muito me apoiou quando comecei a me interessar em fazer sites na internet, me deu apoio a escrever, dizendo que meia dúzia de palavras suas (minhas) valia mais que um livro todo de outra pessoa. Não é a toa que ele mora já quase há uma década em New York, pois aqui no Brasil não tinha espaço para suas idéias mesmo. É uma pena ter perdido seu contato. Mesmo ele sendo fã do guitarrista Zakk Wylde e tendo inventado uma ótima frase (que detestei) a respeito do guitarrista Yngwie Malmsteen - “Malmsteen é o guitarrista mais ecológico do mundo. Reciclou seus dois primeiros discos inúmeras vezes” – foi o único a me estimular a dar minha opinião aos fatos. Claro, não segui seus conselhos... E lembro tão bem que tinha uma visão bastante crítica daquela eleição de 1998, em que o tempo tratou de apresentar a todos que me cercavam os fatos que eu havia exposto. Assim como da mesma forma tive a oportunidade de ver um conhecido mudar de opinião de uma eleição para outra, simplesmente fugindo da questão. Era a farsa de moldar o debate, que hoje, devido ao estudo junto aos apontamentos do filósofo Olavo de Carvalho, venho me distanciando absurdamente. Agora quem foge (para deixar de perder tempo) de discutir esses assuntos sou eu... Mas bem que gostaria de ler meus pensamentos daqueles anos. Morro de rir de minha poesia inacabada – Sombras da Noite – que comecei a escrever em 1993.
Contradição: é um dos efeitos do leitor não muito atendo ao que escrevo. Tudo tem uma lógica, mas conforme já escrevi aqui não estou ainda apto a detalhar e nem muito menos acho que está devidamente exposta (E por que não? Pode existir sim contradição no que escrevo... Nada que um recado não nos obrigue a falar a respeito, por isso existe a área de comentários).
2 comentários:
Objetividade? Opa! É a minha deixa!
“Se nos perguntarmos de maneira imparcial como a ciência assumiu a forma que tem hoje em dia – o que em si é importante, pois ela nos domina, e nem mesmo um analfabeto está a salvo dela, pois aprende a conviver com incontáveis coisas de origem científica - , já temos dela outra imagem. Segundo tradição fidedigna, isso começou no século XVI, uma era de intensa mobilidade espiritual, quando já não se tentava mais penetrar os segredos da natureza, como se fizera durante dois mil anos de especulação religiosa e filosófica, mas nos contentávamos, de um modo que só pode ser chamado de superficial, com a pesquisa de sua superfície. O grande Galileu Galilei, que sempre é nomeado em primeiro lugar nesses casos, acabou com a questão do motivo imanente que fazia a natureza ter aversão a espaços vazios, de forma que levava um corpo em queda a atravessar um espaço após o outro, preenchendo-o, até finalmente chegar em solo firme; ele satisfez-se com uma constatação muito mais comum: simplesmente pesquisou a velocidade de queda desse corpo, o trajeto que ele percorre, o tempo que consome, e a velocidade crescente que assume. A Igreja Católica cometeu um grave erro ameaçando esse homem de morte, e obrigando-o a se desdizer, em vez de o matar sem muitos rodeios; pois da visão das coisas próprias de Galileu e seus parentes espirituais surgiram – em pouco tempo, se usarmos uma medida de tempo histórico – os horários de ferrovias, as máquinas de trabalho, a psicologia fisiológica e a corrupção moral da atualidade, com as quais ela já não consegue concorrer. Provavelmente a Igreja cometeu esse erro por inteligência excessiva, pois Galileu não foi apenas descobridor da lei da queda dos corpos e do movimento terrestre, mas um inventor pelo qual, diríamos hoje, se interessaram os grandes capitalistas; além disso, não foi o único dominado pelo novo espírito naqueles tempos; ao contrário, relatos históricos revelam que a objetividade que o animava se difundia, ampla e impetuosa, como uma doença contagiosa; e por mais que hoje nos aborreça ouvir chamar alguém de objetivo, uma vez que julgamos estar saturados de objetividade, naquele tempo despertar da metafísica e passar a uma contemplação sóbria das coisas, segundo muitos testemunhos deve ter sido uma embriaguez e um incêndio de objetividade.”
MUSIL, Robert – “O dissimulado sorriso da ciência, ou Primeiro contato detalhado com o mal”. O HOMEM SEM QUALIDADES. Página 217. Tradução de Lya Luft. Editora Nova Fronteira. 1978.
Leitura recomendada, iniciando do capítulo anterior.
Ah sim, sobre humor, aquela conexão do Coronel da NET com o Corinthians foi engraçadíssima.
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