novembro 12, 2007

Hippies malditos

Nada contra ao visual, os discos, as danças, as modas, mas nada mais interessante de reconhecer quando algo acabou... Vamos pensar na Bossa Nova, acabou. Era boa. Boa produção musical, mesmo às vezes tendo algumas rimas ruins, mais tudo ali tinha uma história. Diga-se de passagem, era uma parte da música brasileira, talvez uma das boas coisas feitas na música brasileira. Mas não sei dizer se motivavam jovens, como a Jovem Guarda. Alias em recente biografia de Tim Maia, escrita por Nelson Motta, há alguns comentários sobre a Jovem Guarda. Tem algumas figuras da música brasileira que mereceriam melhores estudos e muito menos emoção. Acho que essa biografia de Tim Maia inicia isso, muito melhor que a não autorizada biografia emocionada de Roberto Carlos.

Mas voltando a Bossa Nova, um belo livro sobre o período é Chega de Saudade, de Ruy Castro. Começa contando a história de João Gilberto, passando por inúmeras pequenas histórias. Muito boa leitura. Muito melhor que ver os hippies malditos invadirem a cena, perturbando os bons moços da Jovem Guarda e iniciando a peregrinação à Meca brasileira dos anos 1970: Salvador. De lá saíram novidades, a tal “tropicalia”, movimento tropicalista ou qualquer outro nome que foi dado a esta coisa hippie brasileira. Nesse ponto sou totalmente favorável ao que Ozzy dizia em 1970, quando do lançamento de seu primeiro disco com o Black Sabbath, onde lembrava que o mundo não é de paz e nem muito menos de amor... É engraçado como se misturou muito essa idéia hippie em meio ao nascimento do heavy metal e é tão nítida sua diferença. Ta bom que muita coisa estava mesmo misturada, mas depois de algum tempo, principalmente no final dos anos 1970, a diferença era gritante. E no Brasil, nada... Essas coisas de adaptar ao “jeitinho” brasileiro as tendências internacionais sempre saem alguma coisa boa e alguma coisa medonha... O movimento punk me parece ter sido muito bem sucedido no Brasil. O New Wave também, mesmo sabendo que as bandas que eu acho que foram os “brasilians new waves” pedem distância deste rótulo...

O pior é ainda hoje, passados tantas outras tendências e pensamentos, é existir gente que ainda vive num movimento hippie eterno, misturando a natureza com a vida e achando o paradigma de um mundo diferente... Tenho verdadeira aversão a pessoas que querem mudar o mundo. Uma vez, num Globo Repórter, apareceu uma família que mora numa pipa (grande barril de envelhecimento de vinho) em meio a uma enorme área verde, cuja esposa declarava que todos deveriam viver daquela forma. É uma estupidez sem tamanho. Se todos vivessem em pipas em meio a enormes áreas verdes, seria o mesmo de destruir todas as reservas indígenas, todas as reservas florestais e ainda assim teria muita gente morando no meio do gelo... Uma das primeiras questões a serem abordadas está obviamente na questão que o “eremita” nunca desenvolveu nada e que muito do se conhece hoje por tecnologia só foi possível pelo advento das cidades. Como se faria um teatro com todos morando no meio do mato? Ou melhor ainda, uma escola? Existem certas condições que a cidade cria que são inigualáveis.

Não é a toa que hoje o campo é um espaço com cada vez menos gente (tendência mundial) e que as cidades vivem um momento de extrema mudança, onde os pólos industriais se distanciam dos centros urbanos e existe uma onda de novos serviços. Durante o Império Romano, Roma chegou a ter quase um milhão de habitantes. Durante a idade média o povo voltou ao campo, e o sistema feudal mantinha pequenos agrupamentos que hoje poderia declarar como “auto-sustentáveis”. E isso era bom ou ruim? Tinha lados bons e lados ruins, oras. Basta conhecer a história e avaliar. Mas hoje quem tem em mente voltar ao feudalismo deveria rever suas críticas ao capitalismo, única alternativa ao feudalismo, lembrando que o socialismo nada mais é, segundo Karl Marx (que lixo, usei o nome desse infeliz no meu blog, eca!), que a “evolução do capitalismo”.

Garanto que os “brasilians hippies” nunca leram nada e nem sequer entendem os princípios que fez com que existisse um movimento do “não faça guerra, faça amor”, mas nunca, e isso tenho certeza, se preocuparam em saber quais os danos do “não guerra” causou depois. Reflexão só existe sempre de um único lado, impressionante isso... Bem, é fácil de saber, basta pesquisar sobre Pol Pot... E o Ozzy que tinha razão, isso sim!

2 comentários:

João Batista disse...

Não sei nem se é o caso de acreditar que vivam mesmo no barril. Semanas atrás vi um programa na TV à cabo que mostrava a rotina de uma família da África do Sul que fingia morar em cabanas “nativas” e se vestir com trajes tradicionais para ganhar dinheiro de turistas burros que acreditavam estar perante verdadeiros “nativos”, “tribais”, etc. Acho que uma mulher estrangeira falou algo do tipo, elogiando o estilo de vida deles, ou o que fosse. Tudo falso, tudo um teatro. Se acontece na África espontaneamente, apenas porque a família quer dinheiro fácil, por que não aconteceria no Brasil, onde o Nordeste inteiro quer dinheiro fácil, e tem-se movimentos revolucionários organizados para realizar o teatro com mais recursos e facilidade? Claro, uma coisa não excluí a outra. Pode ser que a pessoa more mesmo no barril e haja um outro barril ao lado com uma família trapaceira.

D. Fernandinho disse...

O pior que era uma família no RS... E parecia ter certa grana. Era dona das terras onde estava a tal pipa. Era gigante a pipa, coisa de 10 mil litros... Mas é mesmo uma parte do movimento revolucionario atuando. Sem dúvida nenhuma. E é por isso que são uns malditos!!!! hehehehe

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